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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO EVANGÉLICO DO LUBANGO ISPEL

CIÊNCIAS DA SAÚDE

MATERIAL DE APOIO

HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA

Lubango, 2023
1. TÉCNICAS HISTOLÓGICAS

A histologia é a ciência que estuda as células no contexto da estrutura tecidual e a


inter-relação delas com os constituintes da matriz extracelular. A técnica histológica
representa um conjunto de procedimentos técnicos que, inicialmente, se difundiu
entre os diversos profissionais das ciências naturais, como os botânicos e zoologistas,
sendo empregada também pelos anatomistas e histologistas da época.

A histologia é o estudo dos tecidos do corpo e de como estes tecidos se organizam


para formar os órgãos. Os tecidos são agrupamentos de células e matriz extracelular
que, actuando de forma integrada, desempenham funções específicas. Entre essas
funções, as de protecção, absorção, secreção de substâncias, percepção de
sensações, sustentação, locomoção, movimentação de órgãos internos, transmissão
de informações, preenchimento, armazenamento, regeneração, defesa, e transporte
de sustâncias são algumas delas.

A matriz extracelular é composta por muitos tipos de moléculas, algumas das quais
são altamente organizadas formando estruturas complexas como fibrilas de colágeno
e membranas basais. Actualmente, sabe-se que existe uma intensa interacção entre
células e matriz extracelular formando uma entidade contínua que funciona
conjuntamente e responde de modo coordenado às exigências do organismo.

Podemos definir os tecidos como um conjunto de células que se organizam de


maneira colectiva, e que em conjunto com a matriz extracelular desempenham
funções em comum para a formação de vários órgãos e sistemas do organismo.

Geralmente, os estudiosos utilizavam um microscópio simples para descrever os


tecidos; porém, somente duzentos anos após a descoberta do microscópio, a
utilização da técnica histológica foi utilizada como ferramenta para
diagnóstico histopatológico. Por volta de 1828, Rudolph Virchow, médico
alemão e antropologista, utilizou a análise histopatológica como ferramenta
básica e essencial em qualquer laboratório de histologia e/ou anatomia
patológica para elaborar as bases da patologia celular.

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Os procedimentos utilizados para se obterem amostras de tecido ou preparados
histológicos retirados de um organismo para exame microscópico incluem: recolha
do material, fixação, clivagem, processamento, inclusão, microtomia (corte) e
coloração. No caso de tecidos calcificados, o material é descalcificado após a
fixação.

1.1. MICROSCÓPIO ÓPTICO COMPOSTO

1.2. EXAME A FRESCO

Conservadores fisiológicos - soluções que proporcionam as células observadas


condições mais próximas do seu ambiente natural - permite observa-las+ durante
mais tempo.

Líquidos naturais

Líquidos artificiais

Vantagens:

✓ Não produz modificações nas estruturas observadas


✓ Método rápido

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1.3. FIXAÇÃO

Operação destinada a matar as células, conservando-as o mais próximas possível do


seu aspecto quando vivas.

✓ Favorecer a observação das estruturas;


✓ Impedir o aparecimento das alterações;
✓ Aumentar a afinidade do tecido pelos corantes
✓ Possuir elevado poder de penetração

1.4. COLORAÇÃO VITAL

Para a observação de células de organismos ainda vivos; nesse caso, é


necessária a utilização de corantes chamados vitais, que não causam danos
às células e também não interferem no metabolismo celular.

A utilização de corantes é fundamental para visualizar os tecidos ao microscópio de


luz. Após a microtomia, as células e o material extracelular são habitualmente
transparentes e os corantes melhoram a visualização das estruturas teciduais.

Corantes: Substâncias que absorvem certos comprimentos de onda da luz visível -


permitindo aumentar o contraste. Têm afinidade com determinados constituintes
celulares. A coloração é um procedimento intermédio entre a observação a fresco e
a observação após fixação.

Uso de corantes não tóxicos

➢ Azul de metileno
➢ Vermelho Neutro
➢ Verde Janus
➢ Carmim Lítico

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1.5. FREZZE - FRACTURE- CRIO - FRACTURA

Técnica de preparação de amostras particularmente importante para estudos da


estrutura da membrana. Usado azoto/nitrogénio líquido (-196º C) e corte feito com
uma lamina.

2. TECIDOS

As células do corpo humano não trabalham de maneira independente umas das


outras. Pelo contrário, as células associadas vivem e trabalham juntas em
comunidades de células chamadas tecidos, que são definidos como um grupo de
células com estrutura similar e que desempenham uma função comum. Apesar disso,
os tecidos não são constituídos somente por células: entre elas há uma matéria
inanimada, a matriz extracelular.

A palavra tecido deriva do francês arcaico “tecer”, que reflecte a ideia de que os
diferentes tecidos são entrelaçados e formam o “pano” do corpo humano. Os quatro
tipos básicos de tecido são: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Se fosse
atribuído um único termo abrangente a cada tecido básico, os termos seriam
cobertura (tecido epitelial), sustentação (conjuntivo), movimento (muscular) e
controle (nervoso).

Os tecidos são os componentes básicos dos órgãos do corpo e a maioria destes contem
os quatro tipos de tecidos. O aprendizado da estrutura e das funções dos tecidos
confere uma base solida para a compreensão da estrutura e das funções dos órgãos.

2.1. TECIDO EPITELIAL

Um epitélio (“cobertura”) é uma lamina de células que cobre uma superfície corporal
ou que reveste uma cavidade corporal. O tecido epitelial ocorre em duas formas
diferentes:

1. O epitélio de cobertura e revestimento cobre as superfícies externas e


internas da maior parte dos órgãos do corpo. Entre os exemplos, temos a
camada externa da pele, o revestimento interno de todas as vísceras ocas,
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como o estomago e os tubos respiratórios, o revestimento da cavidade
peritoneal e o revestimento de todos os vasos sanguíneos.

2. O epitélio glandular forma a maior parte das glândulas do corpo.

Os epitélios ocorrem na fronteira entre dois ambientes diferentes. A epiderme da


pele, por exemplo, está situada entre a parte interna e a parte externa do corpo. A
maioria das substâncias que entram no corpo, ou que são liberadas por ele, precisa
passar por um epitélio. Sendo assim, todas as funções dos epitélios reflectem seus
papeis como tecidos de interface. Essas funções incluem:

1. Protecção dos tecidos subjacentes.


2. Secreção (liberar moléculas a partir das células).
3. Absorção (trazer pequenas moléculas para dentro das células).
4. Difusão (levar as moléculas para um nível abaixo dos seus gradientes de
concentração).
5. Filtração (passar pequenas moléculas através de uma membrana similar a uma
peneira).
6. Recepção sensorial.

Essas funções serão discutidas com mais detalhes a medida que forem descritos os
tipos específicos dos epitélios.

2.1.1. CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DOS EPITÉLIOS

Os tecidos epiteliais possuem muitas características que os distinguem dos demais


tipos de tecidos:

1. Celularidade: os epitélios são constituídos quase inteiramente de células, que são


separadas por uma quantidade mínima de material extracelular.

2. Contactos especializados: as células epiteliais adjacentes juntam-se


directamente em muitos pontos, por junções celulares especiais.

3. Polaridade: todos os epitélios possuem uma superfície apical livre e uma


superfície basal acoplada. A estrutura e a função das superfícies apical e basal são

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diferentes, uma característica chamada polaridade. A superfície apical fica ao lado
do espaço aberto de uma cavidade, túbulo, glândula ou órgão oco. A superfície basal
fica em uma fina lamina de apoio, a lâmina basal, que faz parte da membrana basal

4. Suporte do tecido conjuntivo: todas as laminas epiteliais no corpo são


sustentadas por uma camada subjacente de tecido conjuntivo.

5. Avasculares, porém inervados: enquanto a maioria dos tecidos no corpo é


vascularizada (contem vasos sanguíneos), o epitélio é avascular, significando que não
possui vasos sanguíneos. As células epiteliais recebem nutrientes dos capilares no
tecido conjuntivo subjacente. Embora os vasos sanguíneos não penetrem nas laminas
epiteliais, as terminações nervosas o fazem; ou seja, o epitélio é inervado.

6. Regeneração: o tecido epitelial possui alta capacidade de regeneração. Alguns


epitélios são expostos ao atrito, e suas células de superfície são removidas. Outras
são destruídas por substâncias hostis do ambiente externo, como, por exemplo,
bactérias e ácidos. Contanto que as células epiteliais recebam nutrição adequada,
elas conseguem repor as células rapidamente por meio de mitose (divisão celular).

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2.1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS EPITÉLIOS

O corpo humano possui muitos tipos de epitélios e são empregadas duas


características para classificar e dar nome a eles: o número de camadas celulares e
a forma das células. Os termos simples e estratificado descrevem o número de
camadas celulares em um epitélio.

Epitélios simples: contem uma única camada de células, com cada uma das células
conectada a membrana basal.

Epitélios estratificados: contem mais de uma camada de células. As células na


superfície basal estão conectadas a membrana basal; aquelas na superfície apical
margeiam um espaço aberto.

Células pavimentosas: são células planas, com núcleos planos em forma de disco.

Células cúbicas: são células em forma de cubo, com núcleos esféricos centralizados.

Células prismáticas: são mais altas do que largas, assim como as colunas. Os núcleos
das células prismáticas estão situados perto da superfície basal e, mais
frequentemente, são ovais e alongados de cima para baixo.

Os epitélios simples são fáceis de classificar pelo tipo celular porque todas as células
na camada costumam ter o mesmo formato. Entretanto, nos epitélios estratificados,
normalmente os formatos das células são diferentes entre as várias camadas
celulares. Para evitar ambiguidade, os epitélios estratificados são denominados de
acordo com o formato das células na camada apical.

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a) Epitélio Simples Pavimentos

b) Epitélio Simples Cúbico

c)
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d) Epitélio Simples prismático

e) Epitélio pseudoestratificado

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f) Epitélio estratificado Pavimentoso

g) Epitélio estratificado cúbico

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h) Epitélio estratificado prismático

i) Epitélio de transição

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EPITÉLIOS ESTRATIFICADOS

Os epitélios estratificados contem duas (ou mais) camadas de células e regeneram-


se a partir da camada de baixo; ou seja, as células basais dividem-se e empurram-
se na direcção apical para substituir as células de superfície mais antigas. Os epitélios
estratificados são mais duráveis do que os epitélios simples e o seu papel principal
(mas não o único) é o de protecção.

EPITÉLIO ESTRATIFICADO PAVIMENTOSO

Consiste em muitas camadas de células; as células da superfície são pavimentosas e,


nas camadas mais profundas, elas são cubicas ou prismáticas. De todos os tipos de
epitélios, esse é o mais espesso e mais bem-adaptado para a protecção, pois cobre as
superfícies do corpo frequentemente sujeitas a abrasão, formando a epiderme da pele e o
revestimento interno da boca, do esófago e da vagina.

EPITÉLIOS ESTRATIFICADOS CÚBICO E PRISMÁTICO

São tipos de tecido raros e ficam localizados nos ductos grandes de algumas glândulas como,
por exemplo, as sudoríferas, as mamarias e as salivares. O epitélio estratificado prismático
também se encontra em pequenas quantidades na uretra masculina.

EPITÉLIO DE TRANSIÇÃO

Reveste o interior dos órgãos urinários ocos (a bexiga), que se estica a medida que se enche
de urina. Quando o epitélio de transição estica, sua espessura diminui de aproximadamente
seis para três camadas celulares, e suas células apicais se desdobram e se achatam. Quando
esta relaxado, porções da superfície apical invaginam-se para dentro da célula,
proporcionando a essa superfície uma aparência recortada.

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2.2. TECIDO CONJUNTIVO

Entre os quatro tipos básicos de tecido, o tecido conjuntivo é o segundo, sendo


também o mais diverso e abundante. Existem quatro classes principais de tecido
conjuntivo e muitas subclasses. As classes principais são:

1. Tecido conjuntivo propriamente dito. Entre os exemplos mais familiares, temos


o tecido adiposo e o tecido fibroso dos ligamentos.

2. Tecido cartilagíneo.

3. Tecido ósseo.

4. Sangue.

Os tecidos conjuntivos fazem muito mais do que apenas conectar os tecidos e órgãos
do corpo: eles também formam a base do esqueleto (osso e cartilagem), armazenam
e transportam nutrientes (tecido adiposo e sangue), circundam todos os vasos
sanguíneos e nervos do corpo (tecido conjuntivo propriamente dito) e lideram a luta
do corpo contra infecções.

2.2.1. CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DOS TECIDOS CONJUNTIVOS

1. Relativamente poucas células, grandes quantidades de matriz extracelular. As


células dos tecidos conjuntivos são separadas umas das outras por uma grande
quantidade de material extracelular, conhecido como matriz extracelular (matriz =
“lugar onde algo e gerado”). Isso e nitidamente diferente do tecido epitelial, cujas
células se agrupam de modo extremamente coeso.

2. Matriz extracelular composta de substância fundamental e fibras. A matriz


extracelular e produzida pelas células do tecido conjuntivo, sendo composta de algum
tipo de substância fundamental com fibras de proteína incorporadas. A substância
fundamental varia de acordo com cada classe de tecido conjuntivo. Em muitos tecidos,
ela e uma substância macia, similar a um gel, que abriga o líquido intersticial. No osso,
ela e dura — calcificada pelos sais de cálcio inorgânicos. A parte fibrosa da matriz
fornece suporte para o tecido conjuntivo.
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3. Origem embrionária. Outra característica comum aos tecidos conjuntivos e que
todos eles se originam do tecido embrionário chamado mesênquima.

2.2.2. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DOS TECIDOS CONJUNTIVOS

Os tecidos conjuntivos são compostos de células e uma quantidade significativa de


matriz extracelular. Eles se diferem quanto as suas propriedades físicas por causa das
diferenças nos tipos de células e de composição da matriz extracelular. No entanto,
todos eles compartilham dos mesmos elementos estruturais: células, fibras e
substância fundamental.

CÉLULAS

Na maioria dos tecidos conjuntivos, o tipo de célula primário produz a matriz


extracelular. No tecido conjuntivo propriamente dito, essas células são chamadas
fibroblastos. No tecido cartilaginoso, as células que secretam a matriz são os
condroblastos e no osso são os osteoblastos. Como essas células formadoras de
tecido não secretam activamente a nova matriz, elas são chamadas fibrócitos,
condrócitos e osteócitos. Elas agem mantendo e reparando a matriz do tecido,
preservando a saúde desse tecido.

As células encontradas no sangue são uma excepção. Essas células não produzem a
matriz plasmática do sangue, uma vez que os componentes celulares do sangue agem
transportando os gases respiratórios, combatendo infecções e auxiliando a
coagulação sanguínea.

Outros tipos de células são encontrados em muitos tecidos conjuntivos.

Células adiposas armazenam energia.

Leucócitos (neutrofilos, linfócitos, eosinófilos) reagem aos agentes infecciosos e


proporcionam protecção contra eles.

Macrófagos são especializados em fagocitose. Eles englobam e destroem uma ampla


variedade de materiais estranhos, desde uma bactéria inteira a moléculas estranhas,
partículas de pó e células teciduais mortas.
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Mastócitos tem um papel fundamental na inflamação e promovem a cicatrização.

FIBRAS

A matriz extracelular de um tecido conjuntivo é composta de fibras e substância


fundamental. São encontrados três tipos de fibras nos tecidos conjuntivos: fibras de
colágeno, fibras reticulares e fibras elásticas. Em geral, as fibras actuam como
suporte, embora cada tipo de fibra contribua com propriedades únicas para o tecido
conjuntivo.

As fibras de colágeno (apresentadas como fibra espessa e cinza esbranquiçada são


os tipos de fibra mais fortes e abundantes nos tecidos conjuntivos. As fibras de
colágeno resistem a tensão (forcas de tracção) e contribuem para a resistência de
um tecido conjuntivo.

As fibras reticulares São feixes de um tipo especial de fibrila de colágeno. Essas


fibras curtas se agrupam em uma rede parecida com uma rede que protege e apoia
as estruturas que margeiam o tecido conjuntivo.

As fibras elásticas contêm uma proteína “emborrachada”, chamada elastina, a qual


permite que se comportem como elásticos.

SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL

O outro componente da matriz do tecido conjuntivo é a substância fundamental. As


moléculas que compõem a substância fundamental são produzidas e secretadas pelo
tipo de célula primário do tecido conjuntivo (fibroblastos, condroblastos ou
osteoblastos).

A substância fundamental na maioria dos tecidos conjuntivos e um material similar


a um gel, que consiste em grandes moléculas de açúcar e proteína. Essas moléculas
absorvem líquido como uma esponja. A substância fundamental cheia de líquido
serve para amortecer e proteger as estruturas do corpo (tecido conjuntivo
propriamente dito), suportar forcas de compressão (cartilagem) ou reter o líquido
tecidual que banha todas as células no nosso corpo (tecido conjuntivo frouxo). No
tecido ósseo, a substância fundamental secretada possui sais minerais calcificados

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incorporados, tornando a matriz dura e contribuindo para a sua função de dar suporte
ao corpo.

2.2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS CONJUNTIVOS

Tecido conjuntivo propriamente dito dividido nas subclasses tecido conjuntivo


frouxo e tecido conjuntivo denso, são diferenciadas, por sua vez, pela densidade
de suas fibras. Alem desses, existe o tecido conjuntivo especializado (ou de
propriedades especiais).

2.2.3.1. Tecido conjuntivo frouxo

Também conhecido como areolar, e o tipo mais disseminado de tecido conjuntivo


propriamente dito. Esse tecido sustenta quase todos os epitélios do corpo e circunda quase
todos os nervos e vasos sanguíneos pequenos, incluindo os capilares. A estrutura desse tecido
reflecte suas funções básicas:

1. Sustentar e ligar outros tecidos.

2. Reter os fluidos corporais.

3. Defender o corpo contra infecções.

4. Armazenar nutrientes em forma de gordura.

O tecido conjuntivo frouxo é a primeira linha de defesa do corpo contra os


microrganismos invasores, como as bactérias, vírus, fungos e parasitas. Situando-se
logo abaixo dos tecidos epiteliais que revestem as superfícies corporais e envolvendo
os capilares, e um lugar ideal para destruir os microrganismos em seu local de
entrada — antes de adentrarem os capilares e utilizarem o sistema vascular para se
espalharem a outros locais. O tecido conjuntivo frouxo contem uma serie de células
de defesa que reagem aos agentes infecciosos.

2.2.3.2. Tecido conjuntivo denso

O tecido conjuntivo denso, ou tecido conjuntivo fibroso, contem mais colágeno do


que o tecido conjuntivo frouxo. Com suas fibras de colágeno espessas, consegue
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resistir a forças de tracção extremamente fortes. Existem dois tipos de tecido
conjuntivo denso: modelado e não modelado.

Tecido conjuntivo denso não modelado.

Semelhante ao tecido conjuntivo frouxo, porém com fibras de colágeno muito mais
espessas. Essas fibras seguem planos diferentes, permitindo que esse tecido resista
a tensões fortes provenientes de várias direcções. Esse tecido predomina na derme
coriácea da pele, que normalmente e esticada, puxada e golpeada a partir de vários
ângulos.

Tecido conjuntivo denso modelado

Todas as fibras de colagénio no tecido conjuntivo denso modelado costumam seguir


na mesma direcção paralela a de tracção. Existem agrupamentos de fibras de
colágeno entre as fileiras de fibroblastos que fabricam continuamente as fibras e
uma substância fundamental insuficiente. Quando esse tecido não esta tensionado,
suas fibras de colágeno são ligeiramente onduladas. Ao contrário do tecido
conjuntivo frouxo, o tecido conjuntivo denso modelado é mal vascularizado e não
contem células adiposas ou células de defesa.

Com essa enorme resistência a tensão, o tecido conjuntivo denso modelado e o


componente principal dos ligamentos, que são faixas ou laminas que ligam os ossos
entre si.

2.2.3.3. Tecido conjuntivo especializado

Formado pelos tecidos adiposo, reticular e elástico, inclui também os tecidos ósseo
e cartilaginoso.

O tecido adiposo é similar ao tecido conjuntivo frouxo em estrutura e função, mas


a sua função de armazenamento de nutrientes e muito maior. Consequentemente,
ele é densamente povoado por células adiposas que contribuem com 90% de sua
massa. Essas celulase adiposas reúnem -se em grandes grupos chamados lóbulos.

O tecido adiposo é ricamente vascularizado, reflectindo a sua alta actividade


metabólica. Ele remove lipídios da corrente sanguíneas após as refeições e mais

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tarde os libera no sangue, conforme a necessidade. Sem os depósitos de gordura em
nosso tecido adiposo não conseguiríamos sobreviver mais do que poucos dias sem
comer.

Grande parte do tecido adiposo do corpo ocorre na camada abaixo da pele, chamada
hipoderme. O tecido adiposo também é abundante nos mesentérios, que são camadas
de membranas serosas que mantem o estomago e o intestino em seus lugares.

O tecido conjuntivo reticular lembra o tecido frouxo, mas as únicas fibras em sua
matriz são as fibras reticulares. Essas fibras finas formam uma ampla rede
tridimensional, como a estrutura de uma casa. Os espaços da estrutura criam um
labirinto de cavernas que abriga muitas células livres. A medula óssea, o baco e os
linfonodos, que contem muitas células sanguíneas livres fora de seus capilares,
consistem praticamente em tecido conjuntivo reticular.

No tecido elástico as fibras elásticas são o tipo de fibra predominante, e os feixes


dessas fibras superam em quantidade os feixes das fibras de colágeno. Esse tecido
esta situado nas estruturas onde é importante o recuo após o alongamento: dentro
das paredes das artérias, em certos ligamentos (ligamento nucal e ligamentos
amarelos, que conectam as vertebras sucessivas) e em volta dos brônquios nos
pulmões.

2.2.3.4. Tecido cartilaginoso

Como foi visto, o tecido conjuntivo propriamente dito tem capacidade para resistir
a tensão (tracção). A cartilagem e o osso são os tecidos conjuntivos firmes que
resistem a compressão (pressão) e também a tensão.

Assim como todos os tecidos conjuntivos, eles consistem em células separadas por
uma matriz que contêm fibras, substância fundamental e líquido intersticial.

No entanto, esses tecidos esqueléticos acentuam as funções de sustentação do tecido


conjuntivo e não desempenham nenhum papel no armazenamento de gordura ou na
defesa contra doenças.

A cartilagem é mais simples do que os demais tecidos conjuntivos: ela não contem
vasos sanguíneos ou nervos e possui apenas um tipo de célula, o condrócito. Cada
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condrócito reside em uma cavidade na matriz, chamada lacuna. Os condrócitos
imaturos chamam-se condroblastos, células que secretam activamente a matriz
durante o crescimento da cartilagem.

2.2.3.5. Tecido Ósseo

Em razão de sua dureza pétrea, o tecido ósseo tem uma tremenda capacidade para
sustentar e proteger as estruturas do corpo. A matriz óssea contem sais de cálcio
inorgânicos que habilitam o osso a resistir a compressão e uma quantidade abundante
de fibras de colágeno, as quais permitem que o osso suporte fortes tensões.

As células ósseas imaturas, chamadas osteoblastos, secretam as fibras de colágeno e


a substância fundamental da matriz. Depois, os sais de cálcio precipitam nas fibras
de colágeno e entre elas, endurecendo a matriz.

2.2.3.6. Tecido sanguíneo

O sangue, que é o fluido existente nos vasos sanguíneos, e o tecido conjuntivo mais
atípico.

Ele não une estruturas e também não fornece suporte mecânico. O sangue e
classificado como um tecido conjuntivo porque ele se desenvolve a partir do
mesenquima e consiste em células sanguíneas circundadas por uma matriz
inanimada, o plasma sanguíneo líquido. Suas células e sua matriz são muito
diferentes das encontradas em outros tecidos conjuntivos. Ele actua como veiculo
de transporte para o sistema cardiovascular, transportando pelo corpo inteiro células
de defesa, nutrientes, resíduos, gases respiratórios e muitas outras substancias.

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