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Disciplina Anatomia e Fisiologia N° da Aula 2

Tópico Introdução (2) Tipo Teórica


Conteúdos Diferenciação Celular Duração 2h

Objectivos de Aprendizagem
Até ao fim da aula os alunos devem ser capazes de:
1. Descrever os mecanismos de diferenciação celular
2. Explicar os mecanismos de organização das células em tecidos
3. Diferenciar os principais grupos de tecidos: epitelial, conjuntivo, muscular,
nervoso e outros
4. Classificar os tipos de epitélio: simples, estratificado, pseudoestratificado,
escamoso, cúbico, colunar, ciliado, de transição
5. Listar os tipos de tecidos conjuntivos
6. Diferenciar células dos seguintes tecidos conjuntivos: osso, cartilagem, sangue,
tecido adiposo, tecido conjuntivo frouxo e denso
7. Diferenciar os tipos de tecidos musculares (esquelético, cardíaco e liso)
8. Diferenciar neurónios e neuroglia

Estrutura da Aula
Bloco Título do Bloco Método de Ensino Duração
1 Introdução à Aula

2 Mecanismos de Diferenciação Celular

3 Tecidos: Generalidades

4 Tecido Epitelial

5 Tecido Conjuntivo

6 Tecido Muscular

7 Tecido Nervoso

8 Pontos-chave

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Equipamentos e meios audiovisuais necessários:

Trabalhos para casa (TPC), Exercícios e textos para leitura – incluir data a ser
entregue:

Bibliografia (referências usadas para o desenvolvimento do conteúdo):


 De Robertis. Biologia celular e molecular. 8ª edição. Fundação Calouste
Gulbenkian; 1996.
 Jacob SW. Anatomia e fisiologia humana. 5ª edição. Brasil: Guanabara Koogan;
1990.
 Junqueira C. Biologia celular e molecular. 6ª edição. Brasil: Guanabara Koogan;
1997.
 Universidade Nacional del Comahue. Apuntes de Morfofisiologia (espanhol). 2007.
Disponível em: http://essa.uncoma.edu.ar/academica/materias/morfo/ARCHIVO
%20PDF%202/.
 Wecker J. Aula de Anatomia. Disponível em www.auladeanatomia.com.

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BLOCO 1: INTRODUÇÃO À AULA

1.1. Apresentação do tópico, conteúdos e objectivos de aprendizagem


1.2. Apresentação da estrutura da aula
1.3. Apresentação da bibliografia que o aluno deverá dominar para ampliar os
conhecimentos

BLOCO 2: MECANISMOS DE DIFERENCIAÇÃO CELULAR

2.1. O corpo humano tem cerca de 200 tipos de células diferentes. Todas têm a
informação genética completa, mas cada uma utiliza apenas uma pequena parte
desta informação para desenvolver uma morfologia particular encaminhada a cumprir
com uma função específica.

2.2. Diferenciação celular. Processo pelo qual se estabelecem diferenças morfológicas e


funcionais entre as células, a partir de uma única célula totipotencial, o “zigoto” (óvulo
fecundado), para dar origem aos vários tecidos, órgãos e sistemas do organismo.
O processo envolve dois mecanismos de controle principais. Por uma lado, os genes que
mantém o embrião no seu estado totalmente potencial são desligados e, ao mesmo tempo,
os genes específicos de cada tecido, são ligados. Assim, activando um determinado
conjunto de genes, o embrião pode produzir células musculares e, activando um conjunto
diferente de genes, as mesmas células imaturas podem gerar células do fígado, e assim
por diante, com cada conjunto de genes sendo responsável pela produção de um
determinado tipo de tecido. Este processo é regulado por mecanismos intrínsicos
(genéticos e citoplasmáticos) e mecanismos extrínsicos (factores locais: sinais bioquímicos
que se transmitem entre células iguais, e factores ambientais: radiação, temperatura,
tóxicos, medicamentos, vírus)
2.2.1. A diferenciação aumenta a eficiência das células, que se especializam em
funções específicas diferentes.
2.2.2. Uma vez definida o tipo de célula, o seu estado diferenciado é muito estável e
vai persistir nas seguintes gerações celulares.
2.2.3. “Potencialidade” é a capacidade que uma certa célula tem de originar outros
tipos celulares. A maior diferenciação, menor potencialidade, e vice-versa.
 Os primeiros blastómeros (células divididas do zigoto), ainda nada
diferenciados, têm uma potencialidade do 100% e darão origem a todos os tipos
celulares.

 A maioria das células do adulto tem mínima potencialidade (uma célula


muscular não pode dar origem a células nervosas, por exemplo). Mas existem
algumas células que ainda tem potencialidade para se diferenciar em tipos
celulares distintos, como as da medula óssea, que podem originar diferentes
células do sangue dependendo das necessidades do organismo.

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2.2.4. “Divisibilidade” é a capacidade que a célula tem de dividir-se e dar gerações de
células iguais. Quanto maior diferenciação, menor será a divisibilidade, e vice-
versa.
 Certas células do adulto (como as da pele ou as que recobrem o
estômago) têm muita capacidade de se dividir, e continuamente estão sendo
renovadas. Outras células, como as nervosas, não têm nenhuma capacidade de
se dividir, pelo que quando morrem, não são substituídas por outras novas.

Figura 1. Diferenciação celular.

BLOCO 3: TECIDOS: GENERALIDADES

3.1. Tecidos são grupos organizados de células semelhantes que desenvolvem


colectivamente uma função comum. Têm como características principais:
 Estão compostas por múltiplas unidades com função semelhante, células do
mesmo tipo ou tipos celulares parecidos.
 A função conjunta do tecido é possível pela comunicação física (eléctrica) e
química (moléculas transitam por comunicações intercelulares) entre as células.
 Vários tecidos diferentes organizam-se para formar níveis superiores de
organização (órgãos, sistemas).
Os tecidos não só se compõem de células, mas também de materiais intercelulares
(“matriz extracelular”) com funções estruturais do tecido (como no osso), de
alimentação e limpeza das próprias células, e de comunicação e coordenação
molecular.

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3.2. Principais Grupos de Tecidos
Existem mais de 200 tipos de células no corpo humano, que podem ser agrupadas em
quatro tecidos fundamentais:
3.2.1. Tecido epitelial. Grupos celulares compactos, sem quase matriz extracelular e
sem vascularização, que formam lençóis que recobrem o corpo, cavidades e
órgãos ocos (como o epitélio da pele, do interior do estômago ou da bexiga) ou
se agrupam em órgãos sólidos que sintetizam e secretam diferentes produtos
necessários para as funções do organismo (como o fígado e o pâncreas para a
digestão).
3.2.2. Tecido conjuntivo ou conectivo. Inclui uma variedade de tecidos diferentes, com
abundante matriz extracelular (na qual se realizam grande parte das suas
funções). No geral, dão suporte, recheio e estrutura aos outros tecidos (como
as fáscias, tendões e ligamentos que facilitam a função móvel dos músculos e
articulações) ou a todo o organismo (como o tecido ósseo que forma o
esqueleto). As células do sangue, muito especializadas, também são
consideradas neste grupo.
3.2.3. Tecido muscular. Células altamente especializadas, com propriedades
contrácteis, que produzem o movimento geral do organismo (músculos ligados
ao esqueleto) e a mobilidade de certos órgãos que facilita a sua função
(contractilidade do intestino, para a digestão e absorção dos alimentos, ou da
bexiga, para o esvaziamento de urina).
3.2.4. Tecido nervoso. O mais altamente especializado do organismo, capaz de gerar
e transmitir impulsos eléctricos pelo corpo com função de transmissão de
informação entre outros tecidos, órgãos e sistemas.

Figura 2. Tecidos fundamentais.

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BLOCO 4: TECIDO EPITELIAL

4.1. Tecido epitelial. Composto por células adjacentes sem quase matriz extracelular, que
se organizam em dois tipos de arranjos:
 Dispostas em camadas, para formar membranas conexas, que recobrem
externamente o organismo e internamente órgãos e cavidades, ou
 Dispostas em estruturas ramificadas (“ácinos”) para formar órgãos compactos
(“glândulas”) que produzem substâncias necessárias para o funcionamento do
organismo.
4.1.1. Têm funções de:
 Protecção, como na epiderme da pele.
 Absorção, como no epitélio intestinal, que recobre o tubo digestivo.
 Metabolismo, como no parênquima hepático.
 Secreção e Excreção, como nas glândulas digestivas e endócrinas
(secreção) e as glândulas da pele (excreção do suor).

Figura 3. Células epiteliais: revestimento e glandulares.

4.1.2. Não tem vasos sanguíneos, pelo que recebe o oxigénio e nutrientes desde os
capilares do tecido conjuntivo que o sustêm, através da membrana basal.
4.1.3. “Membrana basal” é um manto proteico que ancora a face interna da camada
epitelial com o tecido conjuntivo subjacente. Composta pela “lâmina basal” (em
contacto com o epitélio e secretado por este) e a “lâmina reticular” (em baixo da
anterior, em contacto com o conjuntivo e secretado por este). Tem várias
funções:
 Sustêm o epitélio e ancoragem ao conjuntivo que dá a estrutura.
 Guia nos processos de cicatrização e de regeneração do epitélio (agressões
mecânicas ou químicas levam à morte as células, pelo que se precisa a
reposição com outras novas).
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 Filtragem molecular passiva entre os capilares e o epitélio (deixa passar
algumas moléculas e outras não).
 Filtragem celular (deixa passar células de defesa desde o sangue para
proteger de microrganismos invasores).
4.1.4. A superfície livre (em contacto com o exterior ou com as cavidades) pode ser
plana ou ter estruturas especializadas:
 Microvilosidades e Cílios
4.1.5. O epitélio é compacto graças aos diferentes tipos de “junções ou
comunicações intercelulares”.

Figura 4. Célula epitelial.

4.2. Pela forma das células, o epitélio pode ser:


4.2.1. Plano ou Pavimentoso, células aplanadas com funções de protecção (como nas
mucosas oral e vaginal) ou revestimento (como o endotélio que recobre os
vasos).
4.2.2. Cúbico, células de igual altura e largura, típicas dos epitélios glandulares (como
túbulos renais, glândulas de secreção externa)
4.2.3. Cilíndrico, células altas, típicas de ductos (como o epitélio urinário) e de tecidos
que secretam muco (como o epitélio digestivo e respiratório)
4.3. Pelo arranjo das camadas, o epitélio pode ser:
4.3.1. Simples, com uma única camada de células (como os epitélios de revestimento
do tubo digestivo).
4.3.2. Estratificado, com várias camadas celulares, geralmente planas as mais
superficiais e cúbicas as mais profundas (como a epiderme da pele).

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4.3.3. Pseudoestratificado, aparentemente com várias camadas celulares (por
estarem estas deitadas), mas todas elas em contacto com a membrana basal
(como o epitélio de revestimento do aparelho respiratório).
4.3.4. De transição (entre plano estratificado e cilíndrico simples), com várias camadas
de células flexíveis, mais ou menos aplanadas com a contracção do epitélio
(como a transição entre o esófago e o estômago).

Figura 5. Tipos de epitélio: pela forma e arranjo das células.

4.4. Pela função, o epitélio pode ser:


4.4.1. Epiderme, epitélio plano estratificado queratinizado (as células mais
superficiais estão endurecidas), que protege toda a superfície do corpo. É a
camada mais superficial da pele, pela qual o corpo entre em contacto com o
meio ambiente, que deve ser de grande resistência.
4.4.2. Epitélio mucoso, membranas que revestem as vias digestivas, respiratórias,
urinárias e genitais, com função de revestimento (protecção e suporte) e
intercâmbio moleculares com o exterior (absorção de nutrientes, secreção de
muco, enzimas,…). Inclui vários tipos histológicos, pela forma e arranjo das
células, como foi visto anteriormente.
4.4.3. Epitélio glandular. “Glândulas” são órgãos compactos, formados pela
invaginação de membranas epiteliais em “ductos” digitiformes simples ou
ramificados, com função de sintetizar e secretar determinados compostos
especializados.
Além do componente epitelial activo (“parênquima”), as glândulas têm também
associado tecido conjuntivo para dar estrutura e sustentação. As glândulas
podem ser:
 Exócrinas, com ductos por onde excretam os seus produtos para o
exterior (pele) ou para cavidades corporais (como o tubo digestivo).
Podem ser “tubulares” (simples com um ducto, como as glândulas da
pele) ou “acinares” (ramificadas com múltiplos ductos, como glândula
mamária, salivares, pâncreas,…).

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 Endócrinas, sem ductos, pois secretam seus produtos directamente ao
sangue (tiróide, supra-renais,…).
4.4.4. Endotélio. Epitélio pavimentoso simples de cobertura de toda a árvore
circulatória (coração, veias, artérias, capilares e linfáticos).
4.4.5. Mesotélio. Epitélio pavimentoso simples de cobertura das cavidades corporais,
unido a uma camada conjuntiva de suporte para formar as “membranas
serosas” (peritónio, pleura, pericárdio). Estas têm função de protecção dos
órgãos e de facilitação dos seus movimentos, diminuindo o atrito (secretam os
líquidos serosos, lubrificantes das cavidades).
BLOCO 5: TECIDO CONJUNTIVO

5.1. Tecido conjuntivo. Inclui uma grande variedade de tecidos especializados, tendo em
comum a presença de uma matriz extracelular abundante e funcionalmente
fundamental. Desempenham muitas funções diferentes:
 Estrutura do organismo, mediante o endurecimento da matriz, como no tecido
ósseo (com calcificação) e cartilagem.
 Facilitação da mobilidade, como tendões e tecidos articulares.
 Sustentação e nutrição de outros tecidos. Formam a estrutura da maioria dos
órgãos.
 Recheio e protecção de espaços entre tecidos e órgãos, como a gordura
subcutânea, e as fáscias e tegumentos que dividem as cavidades.
 Defesa do organismo, como no sistema imune.
 Transporte de substâncias por todo o corpo, como o sangue.
5.1.1. A matriz extracelular esta constituída por uma “substância fundamental”
(água com mucopolissacárido), muito viscosa, com grande capacidade
lubrificante e adesiva; e por três tipos de “fibras glicoprotéicas”, arranjadas
em proporções e disposições diferentes, dependendo do tipo de tecido:
 Fibras colágenas (“colagénio”, proteína trançada), as mais comuns,
altamente resistentes e pouco elásticas (tendões e fáscias).
 Fibras elásticas (“elastina”, proteína enrolada), muito elástica, capaz de se
alongar e de se retrair sem romper (parede de vasos e tubo digestivo).
 Fibras reticulares (diferentes proteínas arranjadas em rede), capazes de dar
suporte e sustentar outras estruturas (membranas, órgãos,…).
5.1.2. Os diferentes tecidos conjuntivos podem-se classificar em três grandes
grupos:
 Tecido conjuntivo frouxo;
 Tecido conjuntivo denso;
 Tecido conjuntivo especializado.

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5.2. Tecidos conjuntivos frouxos. Com fibras pouco entrelaçadas, que deixam muita
matriz livre. Tem função de preenchimento de espaços entre tecidos e órgãos. Pode
ser: tecido areolar, tecido adiposo e tecido reticular.
5.2.1. Tecido areolar. O mais frequente, muito flexível, com uma rede de filamentos
pouco compacta, relativamente elástico e resistente. Inclui vários tipos
celulares:
 “Fibroblastos”, aplanadas e irregulares, com pouco citoplasma, produtoras
das fibras. Muito activos nos processos de regeneração de tecidos e
cicatrização.
 “Macrófagos” ou “Histiocitos”, irregulares, capazes de engolir (“fagocitose”)
estruturas nos seus vacúolos digestivos, com função de protecção
imunológica.
 “Mastócitos”, arredondados, em volta dos capilares sanguíneos da pele,
aparelho digestivo, respiratório, entre outros, onde controlam a
permeabilidade dos vasos e, portanto, a saída de plasma ao interstício
durante os fenómenos de inflamação (defesa inespecífica do organismo).
 “Células mesenquimais”, células conjuntivas pouco diferenciadas, que
podem-se desenvolver e especializar em outros tipos celulares.
5.2.2. Tecido adiposo (gordura). Tipo de tecido areolar especializado na protecção
mecânica dos órgãos e no isolamento térmico destes. Composto principalmente
de:
 “Adipócitos”, células grandes, arredondadas por um conteúdo massivo de
gordura, que desvia o resto do citoplasma à periferia da célula (aspecto de
anel).
5.2.3. Tecido reticular. Com uma matriz de fibras reticulares que suportam “células
reticulares primitivas”, pouco diferenciadas, capazes de originar células
fagocitárias (macrófagos). Forma a estrutura do tecido linfóide, fígado e medula
óssea.
5.3. Tecidos conjuntivos densos. Com fibras colágenas e elásticas, compactas (com
pouca matriz livre), intimamente arranjadas, com células menores que as anteriores.
Inclui: tecido conjuntivo denso irregular, tecido conjuntivo denso regular e tecido
conjuntivo elástico.
5.3.1. Tecido conjuntivo denso irregular: Grandes quantidades de colagénio em
cordões grossos, formando uma rede. Exemplo: na derme da pele e nas
cápsulas dos órgãos.
5.3.2. Tecido conjuntivo denso regular: Colágeno ordenado em paralelo, com grande
resistência às forças de tracção. Exemplo: nos tendões, ligamentos e fáscias.
5.3.3. Tecido conjuntivo elástico: Elastina ordenada em paralelo, com grande
elasticidade. Exemplo: nas cordas vocais, brônquios, entre outros.

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Figura 6. Tipos de tecido conjuntivo básico.

5.4. Tecidos conjuntivos especializados. Incluem uma série de tecidos de origem


comum, mas com funções muito diferentes, para as que se adaptaram
morfologicamente.
5.4.1. Cartilagem. Matriz muito firme, com fibras colágenas e elásticas organizadas,
que dão propriedades de elasticidade e resistência. Com células grandes
arredondadas produtoras da matriz (“condrócitos”). Não têm vasos, pelo que
recebe o oxigénio e os nutrientes desde os tecidos vizinhos. Há três tipos de
cartilagem:
 “Hialina”. Base do sistema esquelético no embrião (sendo substituído por
tecido ósseo durante a infância), têm matriz muito celular e pouco fibrosa.
No adulto está apenas nas superfícies articulares, anéis traqueio-bronquiais,
costelas e nariz.
 “Fibrosa”. Cordões colagénios com células em fileiras, em um tecido pouco
elástico e muito resistente, que une ossos (sínfise pubiana, intervertebrais,
…)
 “Elástica”. Predominam fibras elásticas, como nas orelhas e na laringe.
5.4.2. Osso. Matriz endurecida (“ossificada”) pelos depósitos de sais (Ca ++ e H2PO4-)
sobre as fibras extracelulares. Muito activo, bem vascularizado e em constante
remodelação. Tem dois tipos, presentes ao mesmo tempo em todos os ossos,
em diferentes proporções e arranjos (que definem o tipo e função de cada
osso):
 “Compacto”, com fibras ossificadas mais densamente apertadas, na parte
mais periférica do osso, dando a dureza típica do osso. Está recoberto pelo
“periostio”, membrana de tecido conjuntivo denso, que o protege e nutre.
 “Esponjoso” ou “Trabecular”, com estrutura mais leve, no interior do osso,
para diminuir o peso deste e dar suporte à medula óssea.
5.4.3. Membranas sinoviais. Revestem as cavidades de articulações e bolsas e
bainhas de tendões, diminuindo a fricção e facilitando os movimentos entre
tecidos. São vascularizadas e produzem o “líquido sinovial”, que é o lubrificante
das articulações.

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5.4.4. Tecido linfóide. Matriz reticular, que suporta células linfóides (“linfócitos”) que
desempenham um papel principal na defesa do organismo (sistema imune).
Forma órgãos completos (gânglios linfóides, baço, timo, tonsilas) ou está
presente em outros tecidos (mucosas respiratórias e digestivas).
5.4.5. Sangue e Medula óssea. Considera-se o sangue como um tecido conjuntivo
líquido (o plasma é a matriz extracelular) com três estirpes celulares
sanguíneas:
 “Eritrócitos” ou células vermelhas (glóbulos vermelhos), com função de
transporte de oxigénio;
 “Leucócitos” ou células brancas (glóbulos brancos), com função de defesa
(sistema imune);
 “Plaquetas”, com função na coagulação do sangue.
A medula óssea contém as células precursoras dos tipos sanguíneos, sendo
uma autêntica fábrica de sangue (“tecido hematopoiético”).
5.4.6. Sistema retículo-endotelial (SER). Tecido conjuntivo dispersado em todos os
tecidos do corpo, com função de limpeza de restos celulares e corpos
estranhos, mediante fagocitose.
São os “macrófagos”, presentes no tecido conjuntivo frouxo (cavidades e
aparelhos digestivo e respiratório), nos alvéolos pulmonares, no sangue
(“monócitos”), no fígado (“células de Kupfer”), na medula óssea, no baço e
gânglios, e no sistema nervosos (“microglia”).

Figura 7. Tipos de tecido conjuntivo especializado.

BLOCO 6: TECIDO MUSCULAR

6.1. Tecido muscular. Formado por “fibras musculares”, células muito compridas
contrácteis especializadas, organizadas para movimentar outras partes do organismo
(ossos, principalmente) ou para modificar o formato de órgãos (útero, tubo digestivo,
vasos, entre outros).
6.1.1. Têm abundantes vasos sanguíneos e nervos, que circulam pelo tecido
conjuntivo associado, o qual divide os grupos de fibras em “feixes”.
6.1.2. A célula muscular é muito alongada (filamentosa), com um ou vários núcleos
periféricos, com membrana sensível a estímulos eléctricos e com citoplasma

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preenchido por elementos contrácteis (“miofibrilas”), proteínas filamentosas com
capacidade para se deslizar umas com outras, produzindo a contracção da
célula.
6.2. Existem três tipos de tecido múscular, com diferenças morfológicas e funcionais:
6.2.1. Tecido muscular estriado, estimulado voluntariamente, basicamente para
movimentar o esqueleto. Fibras cilíndricas muito grandes, polinucleadas, em
feixes paralelos, com estriações transversais. Por exemplo, são os músculos
palpáveis dos membros que movimentam seus ossos.
6.2.2. Tecido muscular liso, estimulado involuntariamente pelo sistema nervosos
autónomo, para adaptar a função de vísceras ocas, vasos. Fibras fusiformes
pequenas, mononucleadas, sem estriações. Por exemplo, são as fibras
musculares que provocam a contracção da bexiga para seu esvaziamento ou
que fazem a contracção do útero durante o parto.
6.2.3. Tecido muscular cardíaco, estimulado involuntariamente intrinsicamente
(sistema eléctrico cardíaco) e pelo sistema nervoso autónomo. Fibras curtas
ramificadas, mononucleadas, com estriações transversas. É o que forma o
miocárdio (músculo do coração).

Figura 8. Tipos de tecido muscular.

BLOCO 7: TECIDO NERVOSO

7.1. Tecido nervoso é o mais altamente organizado do organismo, iniciando, controlando


e coordenando a capacidade do corpo de adaptar-se ao seu meio ambiente, e
dirigindo a função do resto dos tecidos do corpo.
7.1.1. O tecido nervoso encontra-se em:
 Encéfalo (cérebro e estruturas intracraniais associadas), responsável pelo
controle superior de todas as funções do corpo,
 Medula espinal (estrutura nervosa de dentro da coluna vertebral),
responsável pela transmissão dos comandos desde o encéfalo e pela
produção de comandos simples independentes chamados “reflexos”
 Nervos periféricos (fios nervosos que se estendem desde o encéfalo e a
medula até todos os tecidos corporais), que transmitem informação desde a
periferia até os órgãos centrais (nervos sensitivos ou aferentes) e que

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transmitem comandos desde os órgãos centrais até a periferia (nervos
motores ou eferentes).
7.2. Composto por dois grupos de células morfológicas e funcionalmente diferentes:
7.2.1. Neurónios. Unidades estruturais e funcionais nervosas, especializadas na
transmissão rápida de informação, mediante impulsos electroquímicos
(excitáveis electricamente). Compostas por:
 “Corpo celular”, que contem o núcleo e a maior parte do citoplasma
 “Axónio” e “dendritos”, extensões citoplasmáticas capilares, que transmitem
os impulsos, estando ligados a outros de outros neurónios nas “sinapses”
(pontos de contacto entre neurónios) pelos que transitam sinais químicas
mediante moléculas especializadas ou “neurotransmissores”.
o Dendritos – actuam como receptores de estímulos levando o impulso
na direcção do corpo celular
o Axónios – actuam como condutores de impulsos nervosos para
longe do corpo celular e só possuem ramificações nas
extremidades. Em toda sua extensão, o axónio possui um envoltório
por fora da membrana celular constituído por um tipo celular
denominado “célula de Schwann”. Em muitos axónios, as células de
Schwann determinam a formação de bainha de mielina – invólucro
lipídico que actua como isolante térmico e facilita a transmissão do
impulso nervoso. Entre uma célula de Shwann e outra, existe uma
região de descontinuidade da bainha de mielina, que acarreta a
existência de uma constrição denominada de nódulo de Ranvier. A
parte celular da bainha de mielina, onde está o citoplasma e o núcleo
da célula de Schwann, constitui o neurilema.

7.2.2. Neuroglia, também chado de nevróglia ou células da glia – são células não
excitáveis, que formam a estrutura de suporte, sustentação, defesa, limpeza e
alimentação das células neuronais. As células da glia são: astrócitos,
oligodendrócitos, glioblastos, células ependimárias e as células de Schwann.

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Figura 9. Neurónio

Figura 10. Células da Neuróglia

BLOCO 8: PONTOS-CHAVE

8.1. A Diferenciação Celular é o processo pelo que se estabelecem diferenças


morfológicas e funcionais entre células para dar origem aos diferentes tecidos do
organismo.
8.2. Quanto mais diferenciada estiver uma célula, têm menor capacidade de originar outros
tipos celulares (“potencialidade”) e menor capacidade de dividir-se para dar outras
células iguais.

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8.3. A diferenciação celular se faz através da expressão génica selectiva controlada por
factores intrínsecos (genéticos e citoplasmáticos) e extrínsecos (locais e ambientais).
8.4. Tecidos são grupos organizados de células iguais, comunicadas, com função
conjunta, que depois se combinam para formar órgãos e sistemas. Podem ser
classificados em quatro grupos: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso.
8.5. O tecido epitelial está organizado em membranas ou ácinos de células comunicadas e
apoiadas numa membrana basal. Tem funções de protecção, de secreção de muco,
de secreção de moléculas activas, e de cobertura.
8.6. O tecido conjuntivo inclui uma grande variedade de tecidos, com matriz extracelular
rica em fibras colágenas, elásticas ou reticulares. Tem funções básicas de sustentar e
preencher os outros tecidos, e de protecção e mobilidade.
8.7. Existe tecido conjuntivo muito especializado: de estrutura corporal (osso e cartilagem),
de defesa imune (tecido linfóide e células do sangue), de circulação, limpeza e
remodelação (sangue e medula óssea).
8.8. O tecido muscular está formado por fibras, células muito alongadas com capacidade
contráctil, que forma tecidos que movimentam voluntariamente a estrutura do corpo
(músculo estriado) ou involuntariamente vísceras móveis como coração (músculo
cardíaco) e como vasos, tubo digestivo,… (músculo liso).
8.9. O tecido nervoso é o mais especializado do organismo, capaz de dirigir acções de
adaptação ao meio ambiente, mediante actividade electroquímica transmitida numa
rede celular excitável (neurónios).

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