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ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS E SUAS FUNÇÕES – UMA REVISÃO

SISTEMÁTICA

1
Alex Fabrício Cassa Guizard Filho

1
Acadêmico do curso de Medicina Veterinária – Multivix – Castelo

1 INTRODUÇÃO

A célula é a unidade fundamental da vida, e seu funcionamento é regido


por uma série de processos complexos e interdependentes. Desde sua
organização estrutural até os mecanismos de divisão e morte celular, cada
aspecto desempenha um papel crucial na sobrevivência e funcionamento dos
organismos. A teoria celular estabelece que todos os seres vivos são
compostos por células, e essas células são responsáveis por realizar as
funções vitais necessárias para a vida. As células podem ser classificadas em
dois principais tipos: procariotas e eucariotas, sendo que cada um apresenta
características morfológicas, bioquímicas e funcionais distintas. Dentro das
células, diferentes estruturas, como membranas, organelas e componentes
sub-celulares, desempenham funções específicas e trabalham de forma
integrada para manter a homeostase celular e garantir o adequado
funcionamento do organismo. Além disso, a divisão celular é essencial para o
crescimento, desenvolvimento e reprodução dos organismos, enquanto os
processos de morte celular, como a apoptose, necrose e autofagia,
desempenham um papel importante na eliminação de células danificadas e no
equilíbrio celular. Compreender os diferentes aspectos da célula, sua
organização, função e mecanismos de divisão e morte celular, é essencial para
a compreensão dos fundamentos da biologia e da vida em si.

2 ESTADO DA ARTE

2.1 NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS BIOLÓGICAS

Os níveis de organização das estruturas biológicas referem-se à maneira


como os seres vivos são organizados em diferentes níveis, que vão desde as
unidades mais básicas até as estruturas mais complexas. Esses níveis
fornecem uma estrutura hierárquica que descreve como os componentes
biológicos se relacionam e interagem entre si. A seguir, descreverei os
principais níveis de organização das estruturas biológicas, em ordem crescente
de complexidade:

a) Nível subatômico: Este nível é o mais básico e refere-se às partículas


subatômicas que compõem átomos, como prótons, elétrons e nêutrons.
Essas partículas têm uma carga elétrica específica e formam os átomos.
b) Nível atômico: Neste nível, os átomos são a unidade básica de matéria.
Eles podem se combinar para formar moléculas, como a água (H2O) e
os aminoácidos, que são os blocos de construção das proteínas.
c) Nível molecular: Neste nível, as moléculas complexas se unem para
formar estruturas maiores e mais complexas. Exemplos de estruturas
moleculares incluem DNA, RNA, proteínas e lipídios. Essas moléculas
desempenham papéis essenciais na estrutura e função das células.
d) Nível celular: As células são a unidade básica da vida e constituem o
próximo nível de organização. Existem dois tipos principais de células:
as células procarióticas, que são células simples e sem núcleo definido,
como as bactérias, e as células eucarióticas, que possuem um núcleo
definido e são encontradas em plantas, animais e outros organismos
mais complexos. As células possuem uma variedade de estruturas
internas, como o núcleo, as organelas e a membrana celular, que são
essenciais para suas funções.
e) Nível tecidual: Os tecidos são formados por células semelhantes que se
agrupam e desempenham funções específicas. Existem quatro
principais tipos de tecidos nos organismos multicelulares: tecido epitelial
(que reveste superfícies internas e externas do corpo), tecido conjuntivo
(que fornece suporte estrutural), tecido muscular (que permite o
movimento) e tecido nervoso (que transmite informações e coordena
atividades).
f) Nível orgânico: Os órgãos são estruturas formadas por diferentes tipos
de tecidos que se unem para realizar funções específicas. Por exemplo,
o coração é um órgão formado por tecidos musculares, tecidos
conjuntivos e tecidos nervosos, que trabalham em conjunto para
bombear o sangue pelo corpo.
g) Nível de sistema: Os sistemas são formados por diferentes órgãos que
se unem para desempenhar funções complexas em um organismo. Por
exemplo, o sistema circulatório é composto pelo coração, vasos
sanguíneos e sangue, e tem a função de transportar nutrientes, oxigênio
e hormônios para todas as células do corpo.
h) Nível de organismo: Este é o nível mais alto de organização e
representa o organismo completo, como um indivíduo de uma espécie
específica. É no nível do organismo que todas as estruturas e sistemas
trabalham em conjunto para manter a vida e a homeostase.

Esses níveis de organização das estruturas biológicas permitem que os


seres vivos tenham complexidade e funcionalidade, e mostram como as
diferentes partes se relacionam para formar um todo funcional.

2.2 ORGANIZAÇÃO DA CÉLULA PROCARIOTA E EUCARIOTA ANIMAL E


VEGETAL

2.2.1 Célula Procariótica

Uma célula procariótica é caracterizada por sua simplicidade estrutural.


Ela não possui um núcleo definido, nem organelas membranosas internas. A
estrutura básica de uma célula procariótica é composta pelos seguintes
componentes:

Parede Celular: A maioria das células procarióticas possui uma parede


celular rígida, que envolve a membrana plasmática. Essa parede fornece
proteção e rigidez estrutural à célula. A composição da parede celular varia
entre diferentes tipos de bactérias.

Membrana Plasmática: A membrana plasmática é uma fina camada


lipídica que envolve a célula e atua como uma barreira seletiva, controlando a
entrada e saída de substâncias. Ela também contém proteínas que
desempenham funções importantes no transporte e na comunicação celular.
Citoplasma: O citoplasma é uma região gelatinosa que preenche o
interior da célula. Nele, encontramos ribossomos, que são responsáveis pela
síntese de proteínas, além de DNA circular e plasmídeos, que são moléculas
de DNA independentes do cromossomo principal.

Material Genético: Nas células procarióticas, o material genético está


presente no citoplasma na forma de uma única molécula de DNA circular,
conhecida como cromossomo bacteriano. Essa região contém as informações
genéticas necessárias para a sobrevivência e reprodução da célula.

Flagelos: Algumas células procarióticas possuem flagelos, que são


apêndices em forma de fio que se estendem da superfície celular. Eles são
responsáveis pelo movimento da célula e ajudam na locomoção.

2.2.2 Célula Eucariótica Animal:

As células eucarióticas animais são mais complexas em comparação


com as células procarióticas. Elas possuem um núcleo definido e diversas
organelas membranosas internas. A estrutura básica de uma célula eucariótica
animal inclui os seguintes componentes:

Membrana Plasmática: Assim como nas células procarióticas, a


membrana plasmática é responsável pelo controle da entrada e saída de
substâncias na célula. Ela também possui proteínas que desempenham
funções de transporte e comunicação celular.

Núcleo: O núcleo é uma estrutura membranosa que abriga o material


genético da célula, organizado em cromossomos. Ele controla a expressão dos
genes e é responsável pela síntese do RNA.

Citoplasma: O citoplasma é uma região gelatinosa que preenche o


interior da célula e contém várias organelas, como o retículo endoplasmático, o
complexo de Golgi, as mitocôndrias, os lisossomos e os ribossomos.

Retículo Endoplasmático (RE): O retículo endoplasmático é um sistema


de membranas interconectadas que está envolvido na síntese de proteínas e
lipídios. Existem dois tipos de RE: o rugoso, que possui ribossomos aderidos à
sua superfície e está envolvido na síntese de proteínas, e o liso, que está
envolvido na síntese de lipídios e na desintoxicação celular.

Complexo de Golgi: O complexo de Golgi é uma organela composta por


sacos achatados de membrana. Ele processa, modifica e classifica as
proteínas e lipídios sintetizados nas células antes de serem direcionados para
o seu destino final dentro ou fora da célula.

Mitocôndrias: As mitocôndrias são organelas responsáveis pela


produção de energia na forma de ATP (adenosina trifosfato) por meio do
processo de respiração celular. Elas possuem uma membrana externa e uma
membrana interna altamente invaginada, conhecida como cristas mitocondriais.

Lisossomos: Os lisossomos são organelas envolvidas na digestão


intracelular. Eles contêm enzimas digestivas que degradam e reciclam
componentes celulares, bem como digerem materiais ingeridos pela célula.

2.2.3 Célula Eucariótica Vegetal:

As células eucarióticas vegetais possuem a maioria das estruturas


encontradas nas células eucarióticas animais, além de algumas características
distintas. As principais diferenças são:

Parede Celular: As células vegetais possuem uma parede celular rígida


composta principalmente de celulose, que confere suporte e proteção à célula.

Cloroplastos: Os cloroplastos são organelas responsáveis pela


fotossíntese, processo pelo qual as células vegetais convertem energia solar
em energia química. Eles contêm pigmentos, como a clorofila, que capturam a
luz necessária para a fotossíntese.

Vacúolo Central: As células vegetais possuem um grande vacúolo


central, uma estrutura envolvida no armazenamento de água, nutrientes,
pigmentos e outras substâncias. O vacúolo também desempenha um papel
importante na manutenção da turgidez da célula vegetal.

Essas são as principais características e estruturas das células


procarióticas, eucarióticas animais e eucarióticas vegetais. Cada tipo de célula
possui adaptações específicas que lhe permitem desempenhar funções
especializadas em um organismo multicelular.

2.3 EVOLUÇÃO CELULAR

A evolução celular refere-se ao processo pelo qual as células evoluíram


e diversificaram-se ao longo do tempo, originando diferentes tipos de células
eucarióticas e procarióticas que existem hoje. A compreensão da evolução
celular é baseada em evidências de registros fósseis, estudos comparativos de
diferentes organismos e análises genéticas.

A teoria atualmente aceita sobre a evolução celular é conhecida como


teoria endossimbiótica, que postula que as células eucarióticas se originaram a
partir de uma simbiose entre diferentes células procarióticas primitivas. Essa
teoria foi proposta pela primeira vez por Lynn Margulis em meados do século
XX e é amplamente aceita pela comunidade científica.

De acordo com a teoria endossimbiótica, acredita-se que as


mitocôndrias, organelas responsáveis pela produção de energia nas células
eucarióticas, se originaram a partir da incorporação de uma bactéria aeróbica
por uma célula hospedeira primitiva. Essa bactéria aeróbica passou a viver
dentro da célula hospedeira, estabelecendo uma relação simbiótica benéfica.
Com o tempo, a célula hospedeira e a bactéria desenvolveram uma
dependência mútua, onde a célula hospedeira fornecia proteção e nutrientes à
bactéria, enquanto a bactéria fornecia energia à célula hospedeira.

A endossimbiose também pode explicar a origem dos cloroplastos nas


células vegetais e algumas células protistas. Acredita-se que os cloroplastos se
originaram a partir da incorporação de uma cianobactéria fotossintética por
uma célula hospedeira. Assim como no caso das mitocôndrias, a cianobactéria
estabeleceu uma relação simbiótica com a célula hospedeira, fornecendo a
capacidade de realizar a fotossíntese.

Ao longo do tempo, as células hospedeiras e as células simbiontes


passaram por mudanças genéticas e evolutivas, resultando em uma integração
cada vez mais estreita. Gradualmente, as células hospedeiras perderam parte
do seu material genético e se tornaram dependentes das organelas simbiontes
para desempenhar funções essenciais.

Além da endossimbiose, a evolução celular também envolve outros


processos, como mutações genéticas, recombinação genética e seleção
natural. Esses processos permitem que as células adquiram novas
características e se adaptem a diferentes ambientes ao longo do tempo.

A evolução celular é um tema complexo e em constante estudo pela


ciência. A compreensão dos mecanismos e processos envolvidos na evolução
celular não apenas nos ajuda a entender a diversidade e complexidade da vida,
mas também pode ter aplicações práticas em áreas como medicina,
biotecnologia e ecologia.

2.4 A TEORIA CELULAR: AS CÉLULAS E AS FUNÇÕES CELULARES

A teoria celular é um princípio fundamental da biologia que estabelece


que todos os organismos vivos são compostos por células e que a célula é a
unidade básica da vida. Essa teoria foi formulada no século XIX por Matthias
Schleiden e Theodor Schwann e é amplamente aceita e reconhecida até hoje.

A teoria celular possui três principais postulados:

Todos os organismos são compostos por uma ou mais células: Essa


afirmação significa que todas as formas de vida, desde os organismos
microscópicos até as plantas, animais e seres humanos, são compostos por
células. As células são as unidades estruturais e funcionais básicas dos
organismos vivos.

A célula é a unidade básica da vida: A célula é considerada a menor


unidade funcional de um organismo vivo. Ela possui a capacidade de executar
as funções vitais necessárias para a vida, como reprodução, metabolismo,
resposta a estímulos e crescimento.

Todas as células surgem de células pré-existentes: A reprodução celular


ocorre por meio de divisão celular, seja por mitose (divisão celular que resulta
em duas células geneticamente idênticas) ou meiose (divisão celular que
resulta em células sexuais, como espermatozoides e óvulos). Isso significa que
as células são formadas a partir da divisão de células pré-existentes, dando
continuidade à vida.

As células desempenham diversas funções para manter a vida de um


organismo. As principais funções celulares incluem:

a) Reprodução: As células são capazes de se reproduzir, dando origem


a novas células. Esse processo permite o crescimento, a substituição
de células danificadas e a reprodução de organismos.
b) Metabolismo: As células realizam uma variedade de reações
químicas que permitem a obtenção e utilização de energia. Essas
reações são responsáveis pelo metabolismo celular, que inclui
processos como a respiração celular e a síntese de biomoléculas.
c) Homeostase: As células têm a capacidade de manter um ambiente
interno estável, apesar das mudanças nas condições externas. Isso é
conhecido como homeostase, e as células regulam sua composição
química e condições físicas para garantir o equilíbrio necessário para
o seu funcionamento adequado.
d) Transporte de Materiais: As células são responsáveis pelo transporte
de moléculas e íons através de sua membrana plasmática. Esse
processo permite a entrada de nutrientes e a eliminação de resíduos,
mantendo o equilíbrio químico dentro e fora da célula.
e) Resposta a Estímulos: As células podem responder a estímulos
externos e internos, alterando sua atividade metabólica ou fisiológica.
Isso permite que as células se adaptem às mudanças do ambiente e
coordenem respostas apropriadas.
f) Comunicação Celular: As células podem se comunicar entre si por
meio de sinais químicos. Isso é essencial para a coordenação de
atividades em tecidos e órgãos, permitindo a integração de funções e
a manutenção do organismo como um todo.

A teoria celular é uma base fundamental para a compreensão da biologia


e tem implicações significativas em áreas como medicina, genética,
biotecnologia e pesquisa científica em geral. Ela nos ajuda a entender a
complexidade e a unidade dos organismos vivos, mostrando que todos os
seres vivos compartilham uma estrutura celular comum.

2.5 ASPECTOS MORFOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E FUNCIONAIS DA


CÉLULA, DE SEUS REVESTIMENTOS E DE SEUS COMPARTIMENTOS E
COMPONENTES SUB-CELULARES

Membrana Plasmática: A membrana plasmática é uma estrutura


fundamental presente em todas as células. Ela consiste em uma bicamada
lipídica composta por fosfolipídios, colesterol e proteínas. A membrana
plasmática atua como uma barreira seletiva, controlando a entrada e saída de
substâncias da célula. Ela também desempenha papéis importantes na
comunicação celular, transporte de nutrientes e na interação com o ambiente
externo.

Parede Celular: A parede celular é encontrada em células vegetais,


fungos e algumas bactérias. Ela é composta principalmente de celulose nas
células vegetais, quitina nos fungos e peptidoglicano nas bactérias. A parede
celular fornece rigidez e suporte estrutural às células, protegendo-as de danos
mecânicos e auxiliando na manutenção da forma celular.

Citoplasma: O citoplasma é uma região gelatinosa que preenche o


interior da célula. Ele é composto por água, íons, proteínas, carboidratos e
lipídios. No citoplasma, encontramos diversas estruturas, como o citoesqueleto,
ribossomos, retículo endoplasmático, complexo de Golgi, mitocôndrias,
cloroplastos (em células vegetais), lisossomos e vacúolos. Essas estruturas
desempenham funções específicas no metabolismo e na manutenção da
célula.

Núcleo: O núcleo é um compartimento presente nas células eucarióticas.


Ele abriga o material genético da célula, organizado em cromossomos. O
núcleo é separado do citoplasma pela membrana nuclear e contém o
nucleoplasma, onde se encontram o DNA, RNA e proteínas associadas. O
núcleo controla a expressão dos genes e é responsável pela síntese do RNA.

Ribossomos: Os ribossomos são responsáveis pela síntese de proteínas


na célula. Eles podem estar livres no citoplasma ou associados ao retículo
endoplasmático rugoso. Os ribossomos são compostos por duas subunidades,
uma grande e uma pequena, que se unem durante a síntese proteica.

Retículo Endoplasmático (RE): O retículo endoplasmático é um sistema


de membranas interconectadas que está envolvido na síntese, modificação e
transporte de proteínas e lipídios. O retículo endoplasmático pode ser liso (RE
liso) ou rugoso (RE rugoso), dependendo da presença ou ausência de
ribossomos em sua superfície. O RE liso está envolvido na síntese de lipídios,
metabolismo de carboidratos e detoxificação celular, enquanto o RE rugoso
está envolvido na síntese de proteínas.

Complexo de Golgi: O complexo de Golgi é uma organela composta por


sacos achatados de membrana chamados de dictiossomos. Ele processa,
modifica e classifica proteínas e lipídios sintetizados nas células antes de
direcioná-los para seu destino final dentro ou fora da célula. O complexo de
Golgi também está envolvido na síntese de moléculas de glicose e na formação
de lisossomos.

Mitocôndrias: As mitocôndrias são organelas responsáveis pela


produção de energia na forma de ATP (adenosina trifosfato) por meio do
processo de respiração celular. Elas possuem uma membrana externa e uma
membrana interna altamente invaginada, chamada de cristas mitocondriais. As
mitocôndrias contêm seu próprio material genético e têm a capacidade de se
replicar independentemente do restante da célula.

Lisossomos: Os lisossomos são organelas envolvidas na digestão


intracelular. Eles contêm enzimas digestivas que degradam e reciclam
componentes celulares, bem como digerem materiais ingeridos pela célula. Os
lisossomos têm uma membrana resistente a enzimas digestivas, impedindo
que as enzimas vazem para o citoplasma.

Vacúolos: Os vacúolos são organelas encontradas em células vegetais e


algumas células protistas. Eles são espaços preenchidos por fluidos, que
podem conter água, nutrientes, pigmentos e resíduos. Os vacúolos
desempenham papéis importantes no armazenamento de substâncias, na
manutenção da pressão osmótica e na regulação do volume celular.
Esses são alguns dos aspectos morfológicos, bioquímicos e funcionais
das células, seus revestimentos e componentes subcelulares. Essas estruturas
e funções são essenciais para o funcionamento e a sobrevivência das células,
permitindo que elas desempenhem suas diversas atividades e mantenham a
homeostase.

2.6 INTEGRAÇÃO MORFOFUNCIONAL DOS COMPONENTES CELULARES

A integração morfofuncional dos componentes celulares é essencial para


o funcionamento adequado da célula como um todo. Cada componente celular
desempenha funções específicas e, juntos, eles trabalham em conjunto para
manter a homeostase, executar processos vitais e garantir a sobrevivência da
célula.

Aqui estão alguns exemplos de como os diferentes componentes


celulares se integram morfofuncionalmente:

Membrana Plasmática e Transporte Celular:

A membrana plasmática é responsável por controlar a entrada e saída


de substâncias da célula. Ela possui proteínas transportadoras e canais que
permitem a passagem seletiva de íons e moléculas específicas. Essa
seletividade é crucial para manter um ambiente interno adequado e regular o
transporte de nutrientes, resíduos e moléculas sinalizadoras.

Retículo Endoplasmático (RE) e Complexo de Golgi:

O RE e o complexo de Golgi trabalham em conjunto na síntese,


modificação e transporte de proteínas e lipídios. O RE rugoso é responsável
pela síntese de proteínas e pela adição de grupos de carboidratos
(glicosilação) às proteínas. Em seguida, essas proteínas são transportadas
para o complexo de Golgi, onde passam por processos de modificação
adicional, empacotamento em vesículas e direcionamento para diferentes
destinos celulares, como lisossomos, membrana plasmática ou secreção
extracelular.
Mitocôndrias e Respiração Celular:

As mitocôndrias desempenham um papel central na produção de


energia na forma de ATP através da respiração celular. Durante a respiração
celular, as moléculas de nutrientes, como a glicose, são degradadas em
presença de oxigênio nas mitocôndrias, produzindo ATP. Esse processo
envolve a participação de diferentes componentes celulares, como a
membrana plasmática para a captação de nutrientes e a liberação de dióxido
de carbono, o citoplasma para a produção de moléculas intermediárias e as
mitocôndrias para a geração final de ATP.

Núcleo e Síntese Proteica:

O núcleo é responsável pelo controle da expressão gênica e pela


síntese de proteínas. O DNA localizado no núcleo contém as informações
genéticas necessárias para a produção de proteínas. O RNA mensageiro
(mRNA) é sintetizado no núcleo a partir de uma sequência de DNA específica
e, em seguida, transportado para o citoplasma, onde é traduzido pelos
ribossomos em proteínas funcionais. Essa integração entre o núcleo, o
transporte do mRNA e os ribossomos é fundamental para a síntese adequada
de proteínas na célula.

Citoesqueleto e Movimento Celular:

O citoesqueleto é uma rede de filamentos proteicos que proporciona


estrutura, suporte e movimento para a célula. Ele é composto por microtúbulos,
filamentos intermediários e microfilamentos. Esses componentes do
citoesqueleto interagem com proteínas motoras, como a miosina e a cinesina,
para permitir o movimento celular, o transporte intracelular de organelas e
vesículas e a formação de estruturas especializadas, como os cílios e flagelos.

Esses são apenas alguns exemplos da integração morfofuncional dos


componentes celulares. A célula é uma entidade altamente organizada, na qual
cada estrutura desempenha um papel específico e interage com outras
estruturas para garantir o funcionamento coordenado e eficiente da célula
como um todo. Essa integração é fundamental para a sobrevivência e
adaptação dos organismos em seu ambiente.

2.7 DIVISÃO CELULAR

A divisão celular é o processo pelo qual uma célula se reproduz,


resultando na formação de duas células filhas idênticas. Esse processo é
essencial para o crescimento, desenvolvimento e reparo dos tecidos nos
organismos multicelulares, bem como para a reprodução assexuada em
organismos unicelulares. A divisão celular ocorre em duas etapas principais: a
divisão do núcleo, chamada de mitose, e a divisão do citoplasma, chamada de
citocinese.

Aqui está uma descrição completa da divisão celular:

Interfase:

Antes da divisão celular, a célula passa por uma fase chamada de


interfase. Durante a interfase, a célula realiza suas funções normais, como
crescimento, síntese de proteínas, replicação de DNA e preparação para a
divisão celular. A interfase é subdividida em três fases: fase G1 (crescimento
celular), fase S (síntese de DNA, na qual o DNA é replicado) e fase G2
(preparação para a divisão celular).

Mitose:

A mitose é a divisão do núcleo celular e ocorre em quatro fases: prófase,


metáfase, anáfase e telófase.

Prófase: Nessa fase, a cromatina, que é o DNA da célula, se condensa


em cromossomos visíveis. O envelope nuclear começa a se desintegrar, e os
centríolos se movem para os polos opostos da célula, formando o fuso mitótico.

Metáfase: Os cromossomos se alinham no equador da célula, formando


uma placa equatorial. As fibras do fuso mitótico se conectam aos centrômeros
dos cromossomos.
Anáfase: Os centrômeros se dividem, separando as cromátides-irmãs.
As fibras do fuso encurtam, puxando as cromátides-irmãs para os polos
opostos da célula.

Telófase: Os cromossomos atingem os polos opostos da célula e se


descondensam, voltando ao estado de cromatina. Um novo envelope nuclear
começa a se formar ao redor dos cromossomos em cada polo. A citocinese, ou
divisão do citoplasma, também começa nessa fase.

Citocinese:

A citocinese é a divisão do citoplasma que ocorre após a mitose. Ela


resulta na formação de duas células filhas separadas. Em células animais, um
anel contrátil composto por filamentos de actina se forma no equador da célula,
contraindo-se e dividindo a célula em duas. Em células vegetais, uma nova
parede celular começa a se formar no meio da célula, dividindo-a em duas
células filhas. Essa parede celular é formada por síntese de celulose e outros
materiais.

Resultado:

Após a divisão celular, duas células filhas idênticas são formadas. Elas
têm o mesmo conjunto de cromossomos e informações genéticas da célula-
mãe. Essas células filhas passarão pela interfase e poderão, eventualmente,
iniciar um novo ciclo de divisão celular.

É importante ressaltar que a divisão celular é um processo altamente


regulado e complexo, controlado por uma série de mecanismos moleculares e
sinalização celular. Esses mecanismos garantem a fidelidade da divisão e a
preservação da informação genética durante a reprodução celular.

2.8 PROCESSOS DE MORTE CELULAR

Existem diferentes processos de morte celular que podem ocorrer em


um organismo, sendo os mais estudados a apoptose, a necrose e a autofagia.
Cada um desses processos tem características distintas e é regulado por
diferentes vias moleculares. Abaixo, descreverei detalhadamente esses três
processos de morte celular:

Apoptose:A apoptose, também conhecida como morte celular


programada, é um processo altamente regulado e controlado geneticamente
que ocorre durante o desenvolvimento normal do organismo, bem como em
resposta a estímulos fisiológicos e patológicos. A apoptose desempenha um
papel importante na manutenção da homeostase e na eliminação seletiva de
células indesejadas ou danificadas, sem causar inflamação. O processo de
apoptose envolve uma série de eventos morfológicos e bioquímicos.

Iniciação: A apoptose pode ser desencadeada por diferentes vias, como


a via intrínseca e a via extrínseca. Na via intrínseca, sinais intracelulares, como
dano no DNA ou estresse celular, levam à ativação de proteínas pró-
apoptóticas, como as proteínas da família Bcl-2. Essas proteínas ativam a
liberação de moléculas pró-apoptóticas, como o citocromo c, do espaço
intramitocondrial para o citosol. Na via extrínseca, a apoptose é iniciada por
sinais externos, como ligação de ligantes específicos aos receptores de morte
celular na superfície da célula.

Execução: Após a ativação das vias apoptóticas, várias etapas ocorrem


para induzir a morte celular. Isso inclui a ativação de caspases, enzimas que
desmontam a célula, levando à fragmentação do DNA, à quebra de proteínas e
à alteração da morfologia celular. As caspases também ativam proteínas que
promovem a fagocitose das células apoptóticas, evitando a liberação de
conteúdo celular no ambiente extracelular.

Fagocitose: As células apoptóticas são reconhecidas e fagocitadas por


células vizinhas, como macrófagos e células dendríticas. Isso ocorre por meio
do reconhecimento de moléculas presentes na superfície das células
apoptóticas. A fagocitose das células apoptóticas é um processo silencioso,
que não causa inflamação.

Necrose: A necrose é um processo de morte celular não programado


que ocorre como resultado de danos graves e irreversíveis à célula, como
trauma físico, infecções, isquemia e envenenamento. A necrose é caracterizada
por alterações morfológicas como aumento de volume celular, ruptura da
membrana plasmática e liberação do conteúdo celular no ambiente
extracelular. Diferentemente da apoptose, a necrose é um processo
inflamatório que pode desencadear uma resposta imunológica e inflamatória.

Inchaço celular: Durante a necrose, a célula sofre um inchaço devido à


entrada de água e solutos no citoplasma. Isso leva ao aumento de volume
celular e à ruptura das organelas e da membrana plasmática.

Ruptura da membrana plasmática: A necrose é caracterizada pela


ruptura da membrana plasmática, resultando na liberação de enzimas,
proteínas e conteúdo citoplasmático no ambiente extracelular. Essa liberação
de conteúdo celular pode desencadear uma resposta inflamatória.

Inflamação: A necrose causa uma resposta inflamatória devido à


liberação de substâncias quimiotáticas, como citocinas e fatores de
crescimento, que atraem células inflamatórias para o local. A resposta
inflamatória pode levar à ativação de células fagocíticas, como macrófagos,
que removem os restos celulares.

Autofagia: A autofagia é um processo celular conservado evolutivamente


que envolve a degradação e reciclagem de componentes celulares, como
organelas e proteínas danificadas ou desnecessárias. A autofagia desempenha
um papel importante na manutenção da homeostase celular, na resposta ao
estresse celular e na adaptação às condições ambientais adversas.

Formação do autofagossomo: Durante a autofagia, ocorre a formação de


um compartimento membranoso chamado autofagossomo. O autofagossomo
envolve o material celular a ser degradado.

Fusão com lisossomos: O autofagossomo funde-se com os lisossomos,


formando o autofagolisossomo. Os lisossomos contêm enzimas hidrolíticas que
degradam os componentes celulares capturados pelo autofagossomo.

Degrad Preparação do compartimento perinuclear: A célula se prepara


para a divisão, que ocorre durante a mitose. Isso envolve a duplicação do
material genético, a duplicação dos centríolos e a formação do fuso mitótico.
Prófase: Durante a prófase, a cromatina condensa-se em cromossomos
visíveis, os centríolos migraram para os polos opostos da célula e os
microtúbulos do fuso mitótico começam a se formar.

Metáfase: Na metáfase, os cromossomos alinham-se no plano equatorial


da célula, chamado de placa equatorial. Os microtúbulos do fuso mitótico se
ligam aos centrômeros dos cromossomos.

Anáfase: Na anáfase, os centrômeros se dividem, separando as


cromátides-irmãs. Os microtúbulos do fuso encurtam, puxando as cromátides-
irmãs para polos opostos da célula.

Telófase: Durante a telófase, os cromossomos atingem os polos opostos


da célula. Um novo envelope nuclear começa a se formar ao redor de cada
grupo de cromossomos e a cromatina se descondensa. A citocinese, ou divisão
do citoplasma, também ocorre, separando as duas células filhas.

Resultado: Após a divisão celular, duas células filhas idênticas são


formadas, cada uma contendo um conjunto completo de cromossomos e
componentes celulares. Essas células filhas podem então entrar em interfase,
retomando suas funções normais ou iniciar um novo ciclo de divisão celular.

Em resumo, a divisão celular é um processo complexo e altamente


regulado que envolve a replicação e distribuição do material genético e dos
componentes celulares para formar células filhas. Essa divisão celular é
essencial para o crescimento, desenvolvimento, reparo e reprodução dos
organismos.

3 CONCLUSÃO

Ao explorarmos os diversos aspectos da célula, desde sua organização


estrutural até seus processos de divisão e morte celular, percebemos a
complexidade e harmonia intrínsecas à vida. A teoria celular, que estabelece
que todos os seres vivos são compostos por células, fundamenta nossa
compreensão da biologia e nos permite desvendar os segredos do
funcionamento dos organismos.

A diferenciação entre células procariotas e eucariotas, tanto animais


quanto vegetais, revela as variações morfológicas, bioquímicas e funcionais
que existem entre esses grupos. Cada tipo de célula possui características
específicas que lhes permitem desempenhar funções especializadas e
essenciais para o organismo como um todo. As membranas, organelas e
componentes sub-celulares desempenham papéis cruciais na manutenção da
integridade, na comunicação intracelular e na realização de processos vitais.

A divisão celular é um processo meticulosamente regulado que permite o


crescimento, desenvolvimento e reparo dos tecidos. Através da mitose, a célula
assegura que cada célula filha receba a quantidade adequada de material
genético e componentes celulares para funcionar de maneira autônoma.
Compreender os mecanismos e a regulação da divisão celular é fundamental
para o estudo de doenças, regeneração tecidual e desenvolvimento de
terapias.

Os processos de morte celular, como a apoptose, necrose e autofagia,


desempenham papéis críticos na eliminação de células danificadas, no
equilíbrio celular e na resposta a estímulos ambientais. Cada um desses
processos apresenta características distintas e desempenha funções
específicas no organismo.

Em suma, o estudo dos aspectos morfológicos, bioquímicos e funcionais


da célula, assim como de seus revestimentos, compartimentos e componentes
sub-celulares, nos proporciona uma visão mais profunda da natureza da vida e
da complexidade da biologia. A integração morfofuncional dos componentes
celulares é essencial para a sobrevivência e funcionamento adequado dos
organismos, e a compreensão desses processos é fundamental para
avançarmos no campo da biologia e aplicar esse conhecimento em diversas
áreas, como medicina, biotecnologia e ecologia. A célula é, verdadeiramente, o
alicerce de toda a vida.
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