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Calatonia
Este material é parte integrante do curso de qualificação em massagem terapêutica e não pode
ser vendido separadamente.
Pethö Sándor
Biografia - Texto redigido por Rosa Maria Farah
“Morte não existe, só transformação de consciência”.
(Pethö Sándor)
Em 1949, decidiu emigrar e recomeçar seu trabalho longe das lembranças da guerra.
Contam seus familiares (**), que ele tentou vários países: Canadá, Estados Unidos e mesmo a
Argentina, onde já vivia uma tia sua. Porém, o Brasil foi o único país que os aceitou sem
restrições.
O Dr. Sándor veio com sua família adotiva: um total de 10 pessoas, composição que
nenhum outro país aceitou.
A caminho do Brasil, a bordo do “Marine Marlise”, navio de origem alemã, o Dr.
Sándor iniciou seus estudos de português. Além do húngaro, falava alemão, inglês e, através
da sólida formação européia, sabia também as línguas clássicas: o grego e mais intensivamente
o latim.
Ele possuía um preciosismo e domínio impressionante de nosso idioma. Com
freqüência usava termos, em suas traduções, desconhecidos para seus alunos. Quando
perguntado, explicava seu significado acrescentando com humor: “Consta do Pequeno
Dicionário da Língua Portuguesa...”.
Chegou ao Brasil em 14 de junho de 1949. Não pôde, porém, atuar como médico por
causa da documentação necessária à validação de seu diploma. Trabalhou então como
laboratorista, por quatro anos na empresa "Nitroquímica" em São Miguel Paulista, zona leste
de São Paulo.
Nos primeiros tempos de sua chegada foi bastante atuante junto à comunidade húngara
de São Paulo, especialmente através da igreja dessa comunidade.
Anos depois, tendo já um maior domínio do idioma, mudou-se para a Rua Augusta,
onde atendia pacientes em terapia psicológica, iniciando o trabalho que se estruturou nos
moldes em que o conhecemos hoje. Passou também a ensinar suas técnicas aos profissionais
brasileiros, basicamente psicólogos, que passaram a introduzir a Calatonia em sua prática
clínica.
O companheiro de emigração Jozseph faleceu pouco depois da chegada do grupo ao
Brasil, mas o grupo familiar manteve-se unido.
Em 1955 o Dr. Sándor casou-se com Irene, assumindo então, por sua vez, a
responsabilidade de cuidar paternalmente da família do amigo, mesmo após o falecimento de
Irene, em 1966.
Seus familiares por adoção e afinidade são hoje, quase todos, profissionais dedicados à
continuidade de seu trabalho.
Nessa época, meado dos anos cinqüenta, ele passou a lecionar "Psicologia Profunda"
na Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mantinha
também, nos grupos já mencionados, o estudo de temas correlatos: desde técnicas básicas de
relaxamento (Shultz, Jacobson, Reich, além da Calatonia) até variados textos de Psicologia
Junguiana, astrologia e temas esotéricos.
Não aceitava pagamento dos grupos de astrologia e estudos esotéricos, mas somente
dos grupos que optassem por temas estritamente acadêmicos. Explicava que não poderia
cobrar por ensinamentos que recebera gratuitamente. Era extremamente exigente quanto à
Curso de formação em massagem terapêutica 7
pontualidade, assiduidade, bem como quanto à dedicação de seus alunos para participarem em
tais grupos.
Nos anos 70, passou a ensinar as técnicas de trabalho corporal no meio acadêmico, no
curso "Integração Fisiopsíquica" da Faculdade de Psicologia, na PUC-SP.
No início dos anos 80, o Dr. Sándor iniciou o Curso de Especialização no Instituto Sedes
Sapientiae de São Paulo, que conduziu até 1992, ano de seu falecimento.
No final dos anos 80, iniciou também a realização dos "Encontros de Final de Ano",
realizados no próprio Sedes Sapientiae, em que seus alunos relatavam os resultados de suas
próprias práticas e pesquisas.
Casado desde 1985 com Maria Luiza Simões, também psicóloga e colaboradora, o Dr.
Sándor dividia seu tempo entre os cursos no Instituto Sedes Sapientiae, os grupos de estudo e
seus pacientes em consultório. Seu “descanso sagrado” eram os finais de semana passados no
sítio de Pocinhos do Rio Verde (próximo à Poços de Caldas) onde se “recarregava” através
do contato com a natureza.
E foi nesse sítio no dia 28 de janeiro de 1992, onde passava as férias de verão, que veio
a falecer em seu sono.
Para o grande grupo de alunos o primeiro sentimento foi de incredulidade. Logo após,
o sentimento de uma grande perda. Mas em seguida, prevaleceu a mensagem essencial do
exemplo de vida do Dr. Sándor. Houve uma intensa mobilização do grupo no sentido de dar
continuidade ao trabalho por ele iniciado.
Os grupos de estudos continuam através de vários profissionais e o curso de
especialização, bem como os Encontros de Cinesiologia (todo final de ano), ainda acontecem
no Instituto Sedes Sapientiae.
(*) Referimo-nos ao livro "Técnicas de Relaxamento", em que Sándor apresentou a Calatonia. A indicação
completa desta publicação encontra-se na nossa bibliografia.
(**) Agradecemos à Agnes Geöcze (filha “de coração” de Sándor) por pacientemente nos auxiliar na
ordenação e complementação das informações aqui contidas.
“... indica um tônus descontraído, solto, mas não apenas do ponto de vista estático e muscular. No
original grego o verbo khalaó indica relaxação e também alimentação, afastar-se do estado de ira, fúria,
violência, abrir uma porta, desatar as amarras de um odre, deixar ir, perdoar aos pais, retirar todos os véus
dos olhos, etc”.
Origem
Calatonia foi o termo cunhado pelo Dr. Sándor para designar o método de trabalho corporal
por ele desenvolvido desde suas primeiras observações sobre a atuação terapêutica do toque.
Como já vimos, o Dr. Sándor foi um médico húngaro, que na época da segunda guerra
mundial, trabalhava no atendimento a feridos e refugiados em deslocamento pela Europa.
Naquela época, devido às precárias condições geradas pela guerra, com freqüência se
encontrava, diante de situações em que os recursos médicos, além de precários, eram de
pouca ajuda no atendimento de seus pacientes. Mesmo sendo especialista em ginecologia e
obstetrícia, foi designado para o atendimento de pessoas com os mais variados tipos de
traumatismos, conforme ele mesmo relatou, ao falar sobre a origem do seu método:
“Idealizou-se este método durante a segunda guerra mundial, com base nas observações feitas em casos de
readaptação de feridos e congelados, no período posterior à grande retirada da Rússia. Num hospital da Cruz
Vermelha foram atendidas as mais diferentes queixas na fase pós-operatória, desde membros fantasma e
abalamento nervoso, até depressões e reações compulsivas”.
“Percebeu-se então, que além da medicação costumeira e dos cuidados de rotina, o contato bipessoal,
juntamente com a manipulação suave nas extremidades e na nuca, com certas modificações leves quanto à
posição das partes manipuladas, produzia descontração muscular, comutações vasomotoras e recondicionamento
do ânimo dos operados, numa escala pouco esperada”.
É sabido, como já vimos anteriormente, que o Dr. Sándor e sua família também foram
duramente atingidos pelos horrores da guerra. No entanto, percebemos nas entrelinhas da sua
descrição, o tipo de conduta que o levou a estas observações: a atitude compassiva e
amorosa que assumia diante do sofrimento de seus pacientes...!
Por mais três anos o Dr. Sándor trabalhou na Alemanha, nesta época cuidando de
pacientes com queixas psicológicas ou neuropsiquiátricas. Neste período, já começava a
sistematizar e fundamentar sua técnica de trabalho, com base nos conhecimentos da
Psicologia e da Neurologia.
Em São Paulo, como Terapeuta e Professor, passou a aplicar e ensinar a Calatonia, que
passou a ser conhecida por seus alunos, como um “método de relaxamento”. E, como tal,
passou a ser utilizada no atendimento psicoterapêutico.
Como atua?
A reatividade e o estado de alerta constante que o indivíduo usa para defender-se, está
relacionado com o fato de nosso cérebro estar o tempo todo recebendo informações captadas
por todos os sentidos: tato, visão, audição, olfato, paladar e até, e tão importante quanto, o
que chamamos de 6.° sentido (intuição, premonição, etc.). Todas essas informações chegam e
ficam registradas no corpo (nosso corpo é uma memória). Como o indivíduo reagirá a elas,
depende de como ele as recebe e interpreta, utilizando para isso suas crenças e vínculos
formados através de sua herança genética e social.
Podemos reforçar essas informações, tomando como base a teoria Reichiana de que:
“...todas as emoções mal “trabalhadas” deixam “marcas” no corpo e na musculatura, retesando e
comprimindo-os e portanto, comprometendo a vitalidade...”.
O que esta acontecendo nesse estágio, é a regulação do tônus do corpo com uma maior
desconcentração muscular, gerando com isso a expansão e recondicionamento do ânimo.
(1) É importante notar, que os conteúdos que surgem têm, de alguma forma, ligações com os problemas do
momento, igualmente ao que acontece com os sonhos. São conteúdos prontos para aflorarem à consciência e
estão relacionados ao processo que o indivíduo está vivenciando.
Os pés
Na Calatonia, os pés são a principal ferramenta de trabalho.
Se, por qualquer motivo os pés não puderem ser trabalhados, usa-se as mesmas
técnicas nas mãos e antebraço.
O simples fato de se ter os pés cuidados com tanta delicadeza e atenção dirigida já
desencadeia um círculo de com fiança e bem querer, aspectos básicos num relacionamento
que visa ao reequilíbrio e à cura.
A quem se destina
Qualquer pessoa pode se beneficiar da Calatonia para obter um relaxamento profundo.
A Calatonia nas mãos também já esta sendo bem utilizada, e com resultados bem
satisfatórios em pessoas com problemas de LER, bursite, dores musculares nos braços, no
restabelecimento de braços fraturados, luxados, problema de articulações nos dedos, etc.
O terapeuta deve utilizar ambas as mãos, e vai trabalhar na ponta de todos os dedos
simultânea e uniformemente. Deve-se tocar cada dedo como se fosse SEGURAR UMA
BOLHA DE SABÃO.
Os toques nas pontas dos dedos dos pés, com as pontas dos dedos das mãos deverão
ser efetuados da seguinte forma: por baixo, com a base do polegar encostando-se à região da
polpa, e por cima com os dedos correspondentes tocando a raiz da unha (na altura da
cutícula). Desta forma, o dedo médio do pé vai ser tocado pelo dedo médio e o polegar da
mão, o indicador do pé pelo indicador e o polegar da mão, etc. A posição do toque em cada
dedo lembra uma pinça, mantendo suave e constante abertura.
Já no hálux (dedo maior), a posição dos dedos lembra uma cestinha com todos dedos
em sua volta na altura da raiz da unha e o polegar na região da polpa.
Os demais toques são efetuados com as mãos em forma de concha e tocando com a
polpa dos dedos indicador, médio, anular e mínimo juntos, sempre com suavidade.
2.° toque
4.° toque
5.° toque
6.° toque
7.° toque
9.° toque
10.° toque
Visto desta forma, podemos considerar a pele como o nosso principal aparelho
sensorial. Não só porque os órgãos dos sentidos sejam, na verdade, tecidos cutâneos que se
diferenciaram (como as mucosas da boca, na percepção do paladar); mas, principalmente,
porque cada milímetro de nossa pele é munido de inúmeros “receptores nervosos”, ou seja,
estruturas neurológicas capazes de captar e conduzir os variados tipos de estímulos (calor,
frio, pressão, etc.) como se fossem minúsculos radares que nos mantêm informados sobre a
infinidade de estímulos à que somos submetidos a cada instante.
Outra característica, também muito importante da pele, diz respeito à sua própria origem
e formação, ou seja: durante nosso desenvolvimento, ainda no útero materno: As células que
lhe dão origem provêm da mesma camada embrionária da qual se forma nosso sistema
nervoso central, ou seja, a ectoderme. A descrição deste fato levou o pesquisador Montagu a
escrever esta curiosa observação: “Portanto, o sistema nervoso é uma parte escondida da pele, ou ao
contrário, a pele pode ser considerada como a porção exposta do sistema nervoso”.
Para ilustrar esse comentário, apresentamos no quadro a seguir, uma síntese das
descrições feitas pelo mesmo pesquisador Montagu, sobre a constituição da estrutura da nossa
pele.
“Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza”.
Clarice Lispector
Técnicas de relaxamento.
Pethö Sándor. Editora Vetor
Apostila de Calatonia.
Humaniversidade Holística
Sites da Internet.
www.calatonia.net
www.geocities.com/~toquesutil
www.netlinks.com.br/psicologia
www.psicologiaastrosevoce.com.br
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