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Marlena Salomão Manave

Contribuição da Escala de Aconselhamento Profissional EAP para orientação de


Carreira

Licenciatura em Psicologia Social das Organizações

Universidade Save
Chongoene, Setembro
2022
1

Marlena Salomão Manave

Contribuição da Escala de Aconselhamento Profissional EAP para orientação de


Carreira

Trabalho de pesquisa elaborado no âmbito de


avaliação a ser apresentado na cadeira de
Orientação, Seleção e Formação do Pessoal,
sob orientação do PHD: Paulino Albino
Machava

Universidade Save
Chongoene, Setembro
2022
2

Índice
1.0.Introdução.............................................................................................................................3
1.1.Objetivos...............................................................................................................................4
1.1.1. Geral..................................................................................................................................4
1.1.2.Específicos.........................................................................................................................4
1.2.Metodologia..........................................................................................................................4
2.0.Referencial teórico................................................................................................................5
2.1.Contribuição da Escala de Aconselhamento Profissional EAP para orientação de carreira.5
2.1.1.Interesses profissionais e orientação de carreira................................................................5
2.1.2.Escala de Aconselhamento Profissional (EAP).................................................................7
2.1.3.Descrição das dimensões...................................................................................................8
3.0.Conclusão............................................................................................................................16
Referências bibliográficas.........................................................................................................17
3

1.0.Introdução

O presente trabalho visa fazer uma abordagem em torno da Contribuição da escala de


Aconselhamento Profissional EAP para orientação de carreira, na medida em que Segundo
Carvalho, M.M.M.J. (1995), o campo de atuação da Orientação de carreira pode ser definido
como aquele desenvolvido por profissionais especializados, sendo que entre os principais
objetivos estão o levantamento de características pessoais do sujeito que procura o serviço, a
fim de auxiliá-lo a se conhecer melhor como indivíduo inserido em um contexto social,
econômico e cultural, bem como promover a reflexão sobre as possíveis carreiras em face das
informações ocupacionais, com vistas ao planejamento do projeto profissional. Por outro lado
Arthur, N.; Mcmahon, M. (2005).afirmam que se o processo de orientação de carreira leva o
sujeito a se conhecer, possibilitando uma escolha mais madura e ajustada, então, sob esta
perspectiva, a função do psicólogo seria a de promover a saúde. A avaliação profissional
/vocacional 1 é definida como um tipo específico de avaliação psicológica, que objetiva gerar
reflexões sobre interesses, necessidades e valores de trabalho, desenvolvimento de carreira e
maturidade vocacional. Por outro lado Leitão e Miguel (2004) frisa que a avaliação dos
interesses profissionais ocupa papel de destaque desde as primeiras referências aos processos
da orientação da carreira e é tida como uma prática que faz diferença na escolha ocupacional.
Essa concepção trouxe como consequência a construção de muitos instrumentos de medida
para a quantificação do constructo interesse, dentre outras como, por exemplo, o
estabelecimento da área e a criação de padrões de atuação.

Com os argumentos acima expostos, percebe-se que a Escala de Aconselhamento Profissional


foi construída com base em pesquisas realizadas com estudantes universitários. Tomando
como referência os resultados obtidos com esse segmento da população, foram elaboradas as
normas. Também serão relatados os estudos de validade e de precisão, desenvolvidos quando
da construção do instrumento. Nesta perspectiva o aconselhamento profissional para
orientação da carreira é uma chave de sucesso para futuros profissionais ou mesmo para
profissionais que deparam com certas dificuldades em desempenhar seu papel profissional no
meio organizacional. Estes e outros argumentos serão descritos ao longo do desenvolvimento
do trabalho.
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1.1.Objetivos

1.1.1. Geral
 Compreender a contribuição da escala de Aconselhamento Profissional EAP para
orientação de carreira

1.1.2.Específicos
 Descrever os passos orientativos da escala de aconselhamento profissional para
orientação da carreira.
 Conhecer benefícios da escala de aconselhamento profissional para orientação da
carreira.
 Analisar o impacto da escala de aconselhamento profissional para orientação da
carreira.

1.2.Metodologia
Segundo Lakatos & Marconi (2007), a metodologia é a lógica dos procedimentos científicos
em sua génese e em seu desenvolvimento, não se reduz, portanto, a uma “metrologia” ou
tecnologia da medida dos fatos científicos. A metodologia deve ajudar a explicar não apenas
os produtos da investigação científica, mas principalmente seu próprio processo, pois suas
exigências não são de submissão estrita a procedimentos rígidos, mas antes da fecundidade na
produção dos resultados.
Entretanto para a construção do presente trabalho recorreu-se ao estudo bibliográfico, permeio
consulta de obras literárias que versam sobre o tema.
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2.0.Referencial teórico

2.1.Contribuição da Escala de Aconselhamento Profissional EAP para orientação de


carreira

2.1.1.Interesses profissionais e orientação de carreira

À medida que cresce a complexidade da estrutura sócioeconômica, evidencia-se a necessidade


de orientar adequadamente o indivíduo quanto à escolha da futura ocupação, para que possa
ajustar-se ao mundo do trabalho, bem como evoluir e crescer profissionalmente (Leitão e
Miguel, 2004). A escolha profissional supõe um ajuste entre o estilo pessoal e o trabalho.
Frank Parsons, considerado o pai da orientação vocacional, profissional e de carreira, fundou
em 1908 o Vocation Bureau do Civic Service House of Boston, destinado a auxiliar jovens e
adultos a fazerem escolhas adequadas de carreira. Parsons considerava que a harmonia entre
habilidades, aptidões e interesses no desempenho de uma ocupação possibilitava um trabalho
mais agradável, eficiente e produtivo, gerando assim, maior remuneração (Campos, I.F. A
2001).
Essa abordagem iniciada por Parsons recebeu a denominação de Teoria do Traço e Fator, por
se basear na Psicologia Diferencial e na Psicometria, porém por não se preocupar com o
processo de escolha, não é considerada propriamente como uma teoria da escolha
profissional. Os princípios que norteiam o processo de Orientação de Carreira nessa
abordagem referem-se à ideia de que o indivíduo possui características como inteligência,
aptidões, interesses e personalidade, que são passíveis de serem avaliadas pelos testes e que os
conjuntos de características indicam a adequação do indivíduo a áreas profissionais
específicas (Leitão e Miguel, 2004).
Para Leitão e Miguel, (2004), algumas delas são frequentemente mencionadas na literatura
específica da área, a saber, a teoria do traço e fator, a psicodinâmica, a desenvolvimental e a
de tomada de decisão, descritas com mais detalhes a seguir
De acordo com Chartrand, J.M.; Camp, C.C. (1991) o desenvolvimento da Orientação de
Carreira possibilitou a divisão das diversas vertentes teóricas em dois modelos distintos de
avaliação psicológica dentro do processo de orientação:
 Primeiro: o Modelo de Avaliação Psicológica Centrado no Resultado, característico
do início da Orientação de carreira, e relacionado às abordagens do Traço e Fator e
Tipológica
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 Segundo: Modelo de Avaliação Psicológica Centrado no Processo, que surgiu a partir


da segunda metade do século XX. Ainda, para os autores, cada modelo enfatiza
diferentes aspectos da escolha profissional e sugere um papel distinto para o
orientador, estabelecendo objetivos diferentes para o uso de instrumentos de avaliação.
Para Ehrhart, K.H.; Makransky, G. (2007).o destaque do modelo centrado no resultado é o
incentivo que ele gerou ao desenvolvimento de instrumentos psicológicos específicos para
Orientação Profissional e até para avaliação psicológica em geral. Os profissionais utilizavam,
com confiança, os resultados desses instrumentos para oferecer informações aos orientandos
com o objetivo de diminuir as possibilidades de frustração e inadequação. Dentre os
instrumentos mais utilizados dentre deste modelo estão os testes de inteligência, aptidões,
interesses e personalidade.
Sob a perspectiva psicodinâmica, a escolha profissional é concebida como um dos períodos de
transição para a identidade adulta. Assim, ela compreende necessidades ndividuais,
identificações, aptidões e valores, bem como as formas de defesa contra impulsos.

Segundo Holland, J.L. (1963).a escolha profissional é resultante do equilíbrio entre o


autoconceito e o papel profissional, havendo conflito quando o indivíduo percebe que suas
motivações não são compatíveis ao papel profissional pretendido. A orientação profissional
característica dessa abordagem tem como principal foco o conflito motivacional intrapsíquico
entre o autoconceito e o papel profissional. É importante observar que o autoconceito é
concebido como identidade operacional diferenciada, que favoreceria a integração aos papéis
profissionais.

Em que pese a força que o autoconceito tem no momento de escolha profissional, podem
surgir problemas de integração sempre que houver conflitos de identidade ou que o indivíduo
não tiver clareza de foco.

Mattiazzi, B. (1977). (1988), esclarece que o desenvolvimento de papéis ocupacionais adultos


envolve um processo bastante complexo, cujo resultado é o fortalecimento da identidade
profissional.

Segundo Super (1953). a escolha de uma carreira é encarada como um fenômeno


intrinsecamente relacionado ao desenvolvimento geral do ser humano, decorrente da
integração de experiências de vida.

Um de seus principais pressupostos de Super (1953), é a crença de que, à medida que as


pessoas crescem e experimentam a realidade, os interesses mais específicos vão se
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delineando. Nesse contexto, a compreensão dos fatores dificultadores da escolha profissional


depende do conhecimento sobre o desenvolvimento dos estágios ao longo da vida do sujeito
em orientação.

Santos e Santos, C.; Ribeiro, L.; Campos, P. (1997),Consideram que a escolha saudável seria
aquela cujo percurso conduz à maturidade profissional, facilitando o momento da decisão.
Sob essa perspectiva, os autores entendem a maturidade vocacional como um conjunto de
atitudes frente à escolha profissional.

Dela fariam parte elementos como a determinação, a responsabilidade e a independência,


somadas a outros aspectos necessários (autoconhecimento e conhecimento da realidade). A
maturidade, em decorrência, seria o produto resultante de um processo que se dá durante a
vida. Só ao longo do desenvolvimento o indivíduo consegue definir gradualmente o que quer
e o que pode fazer no âmbito profissional.

Quanto aos aspectos perturbadores do desenvolvimento dos estágios, os autores referem-se a


duas categorias, a saber, os aspectos de ordem extrínseca e os de ordem intrínseca à pessoa
(Duarte, 1997; Mangas, 1997; Santos, Ribeiro e Campos, 1997).
Os aspectos intrínsecos ao indivíduo englobam:
 Dimensões afetivas, - como dependência emocional, desmotivação, baixa autoestima;
 Cognitivas, -como rigidez de pensamento, raciocínio infantil, desconcentração;
 Sociais - que estariam relacionadas à pouca informação a respeito da profissão, a
dificuldades de adaptação ao cotidiano profissional, entre outras.
Tais categorias concernem a dois microssistemas presentes na vida do homem o educacional e
o familiar. Assim, a qualidade das relações estabelecidas em cada um deles pode auxiliar ou
dificultar a formação da maturidade vocacional.
Na atualidade a mais conhecida na orientação profissional – é a do processo de tomada de
decisão. Seu pressuposto básico é o de que as dificuldades da escolha estão diretamente
relacionadas à imaturidade da pessoa para tomar uma decisão profissional, bem como à
insuficiência de informações adequadas sobre si mesmo e sobre as áreas profissionais.

2.1.2.Escala de Aconselhamento Profissional (EAP)

Como indicam os dados, para se definir a Escala de Aconselhamento Profissional EAP,


segundo Guilford e Fruchter, (1978), foram catalogadas atividades de 65 profissões:
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Administração; Agronomia; Arquitetura e urbanismo; Arquivologia; Artes cênicas; Artes


Plásticas; Astronomia; Audiovisual; Biblioteconomia; Ciências da Computação; Ciências
Aeronáuticas; Ciências biológicas; Ciências biomédicas; Farmácia e bioquímica; Ciências
Contábeis; Ciências Econômicas; Ciências Sociais; Cinema e Vídeo; Dança; Desenho
Industrial; Direito; Ecologia; Educação; Educação física; Enfermagem; Engenharia
Aeronáutica; Engenharia Agrícola; Engenharia de Alimentos; Engenharia Ambiental;
Engenharia Civil; Engenharia da Computação; Engenharia Elé-
trica; Engenharia Física; Engenharia Florestal; Engenharia Mecânica; Engenharia Naval;
Engenharia de Produção; Engenharia Química; Estatística; Filosofia; Física; Fisioterapia;
Fonoaudiologia; Geografia; Geologia; História; Hotelaria; Jornalismo; Letras; Matemática;
Medicina; Medicina Veterinária; Meteorologia; Moda; Música; Nutrição; Oceanografia;
Odontologia; Pedagogia; Psicologia; Publicidade, Propaganda e Marketing; Serviço Social;
Teologia e Turismo.
Para se analisar os dados foram organizados por aqueles que eram semelhantes, ainda que
representassem profissões distintas, de tal modo que foram eliminados os itens repetidos e
aqueles que, mais frequentemente, representavam profissões distintas. Com isso, chegou-se a
uma escala de 61 itens, que incluem todas as áreas e representa várias possibilidades
profissionais. O formato da escala é Likert, com cinco pontos, de frequentemente (5) a nunca
a desenvolveria (1).
O instrumento foi estudado a partir da aplicação em 762 universitários, sendo 59% mulheres,
com idades entre 17 e 73 anos, com uma média de 24,14 (DP=7,14). Houve uma nítida
concentração entre os 18 a 22 anos, faixa que incluiu 55,3% da amostra. No que se refere aos
cursos, o de Psicologia esteve mais representado (21,9%), seguido de Engenharia (10,4%) e
administração (10,4%).
Quanto aos estudos psicométricos, procedeu-se a análise fatorial exploratória pelo método dos
componentes principais e rotação varimax. Nenhum item precisou ser eliminado,
considerando-se os índices de saturação superiores a 0,30; no entanto, alguns saturaram em
vários fatores, o que era esperado, dado que a escolha de atividades poderia ser comum a
várias carreiras. Dessa forma, foi alcançado o valor de 57,31% de variância explicada, para os
sete fatores encontrados, que a partir de agora receberão o nome de dimensões. (Guilford e
Fruchter, 1978).

2.1.3.Descrição das dimensões


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Dimensão 1 (Ciências Exatas) – refere-se a atividades inerentes a pesquisas espaciais,


montar bancos de dados digitais, controlar propriedades físicas dos solos, desenvolver
equipamentos para monitoramento e controle das condições ambientais, divulgar e vender
softwares, analisar e interpretar dados numéricos, planejar e implantar linhas automatizadas
de produção alimentícia, criar programas de computadores, projetar satélites e foguetes,
estudar propriedades físicas da atmosfera, construir e montar instrumentos e peças de
aeronaves, projetar robôs e sistemas digitais para fábricas, desenvolver semicondutores de
fibra ótica, produzir equipamentos de captação de energia solar, elétrica e nuclear”
A Dimensão 2 (Artes e Comunicação) - reuniu itens que investigam “o interesse por estudar
a origem e evolução do homem e da cultura”( desenhar; escrever e revisar textos; entreter
hóspedes, associados e turistas em hotéis, spas e clubes; desenhar logotipos e embalagens;
dublar; recuperar obras e objetos de arte; produzir desfiles, catálogos, editorias de moda e
campanhas publicitárias; criar uma vinheta; criar, mixar e editar trilhas sonoras de filmes ou
vídeos; coordenar a apresentação de um espetáculo de dança; ensaiar artistas para um
espetáculo; responsabilizar-se pela direção teatral; fazer a montagem das cenas de um filme).

A Dimensão 3 (Ciências Biológicas e da Saúde) caracteriza-se pelas atividades de “orientar


a população sobre prevenção de doenças; realizar cirurgias; participar de equipas de
salvamento; analisar o metabolismo dos seres animais e vegetais; fazer pesquisas genéticas;
auxiliar no tratamento de pacientes com derrame cerebral, paralisias, traumatismo, entre
outros; investigar a natureza e a causa de doenças; prevenir lesões e reabilitar sujeitos
machucados; dar atendimento ambulatorial em empresas”

A Dimensão 4 (Ciências Agrárias e Ambientais) composta pelas seguintes atividades:


“analisar e controlar produtos industrializados, como medicamentos, cosméticos, insumos ou
alimentos; orientar a população sobre prevenção de doenças; elaborar plano diretor de
zoneamento de região ou cidade; realizar turismo ecológico; investigar a natureza e a causa de
doenças; desenvolver equipamentos para monitoramento e controle das condições ambientais;
controlar propriedades físicas dos solos; prevenir doenças em lavouras e rebanhos; empenhar-
se na preservação do meio ambiente; analisar e elaborar relatórios sobre impacto ambiental;
elaborar laudos sobre o impacto de atividades humanas no ambiente marinho; reduzir o
impacto de atividades industriais, urbanas e rurais no meio ambiente; dirigir unidades de
preservação ecológica”
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Dimensão 5 (Atividades Burocráticas) - analisar e controlar produtos industrializados, como


medicamentos, cosméticos, insumos ou alimentos; elaborar plano diretor de zoneamento de
região ou cidade; participar de processos de seleção, admissão e demissão; criar programas de
computadores; estruturar e manter base de dados; gerenciar os serviços de aeroportos;
classificar e organizar documentos; analisar e interpretar dados numéricos; conduzir relações
entre empresa e empregados; divulgar e vender softwares; coordenar as operações fiscais e
financeiras de empresas; montar bancos de dados digitais; cuidar de princípios e normas
relativos à arrecadação de impostos, taxas e obrigações tributárias”

A Dimensão 6 (Ciências Humanas e Sociais - Aplicadas) composta por itens condizentes


com atividades de “conduzir relações entre empresa e empregados; recuperar obras e objetos
de arte; classificar e organizar documentos; atender instituições que realizem trabalhos sociais
voltados para a religião; escrever e revisar textos; estudar origem e evolução do homem e da
cultura; classificar e indexar livros, documentos ou fotos; estudar o passado humano em seus
múltiplos aspectos; analisar a sociedade em questões éticas, políticas e epistemológicas;
colaborar na elaboração de programas educacionais
A Dimensão 7 (Entretenimento), a última, engloba “produzir desfiles, catálogos, editorias de
moda e campanhas publicitárias; gerenciar os serviços de aeroportos; atender
hóspedes, associados e turistas em hotéis, spas e clubes; promover a instalação de hotéis;
coordenar a preparação de refeições em hotéis e restaurantes; gerenciar flats, pousadas, hotéis,
parques temáticos”
O objetivos dos autores era investigar em que medida as dimensões encontradas se ajustariam
às carreiras universitárias cursadas pelos estudantes. Com vistas à investigação dessa
problemática, as médias obtidas pelos participantes em cada dimensão foram comparadas,
tomando-se como referência os respectivos cursos. Os resultados obtidos permitiram observar
que pessoas de diferentes carreiras podem se interessar por atividades que não são
características de suas dimensões.
Conforme apresentam-se estes fenómenos a Tabela 1 abaixo ilustra a distribuição das
maiores e menores médias em cada uma das dimensões. Assim sendo, reforça o argumento de
que algumas atividades podem ser interessantes para as pessoas independentemente do curso
que escolheram. Também mostram que há casos em que se interessem por atividades
pertencentes a mais de uma dimensão.
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Tabela 1: Carreiras com maiores e menores médias nas diferentes dimensões

Fonte: Ana Paula Porto Noronha, Acacia Aparecida Angeli dos Santos e Fermino Fernandes Santos

Os resultados permitiram a organização dos dados em três grupos de perfis, caracterizados


com base nos escores identificados em cada uma das dimensões. O primeiro apresentou um
percentual alto em apenas uma dimensão, com percentuais baixos nas demais, sugerindo uma
tendência à rejeição das atividades que as compõem. Um segundo grupo apresentou um
percentual mais acentuado em uma ou duas dimensões, que poderiam ser caracterizadas como
escolhas secundárias, mas específicas. O último grupo ficou integrado por carreiras cujos
participantes não apresentaram preponderância nítida em nenhuma das dimensões, mas
percentuais médios em várias delas.

A Tabela 2 oferece as distribuições em percentual dos estudantes de educação artística pelas


diferentes dimensões. Para facilitar a leitura da tabela, as dimensões serão apresentadas pelos
respectivos números, ou seja, Ciências exatas (1), Artes e Comunicação (2) e assim
sucessivamente.
Tabela 2: Percentual do nível de preferência das atividades das diferentes dimensões pelos
participantes de Educação Artística
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Fonte: Ana Paula Porto Noronha, Acacia Aparecida Angeli dos Santos e Fermino Fernandes
Santos

Conforme ilustra a tabela 2 acima a preferência dessas pessoas foi pela Dimensão 2 (Artes e
Comunicação), sendo que não revelaram interesse pelas atividades das Dimensões 1 (Ciências
Exatas), 3 (Ciências Biológicas e da Saúde) e 5 (Atividades Burocráticas), 4 (Ciências
Agrárias e Ambientais) e 7 (Entretenimento). Quanto à Dimensão 6 (Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas), a distribuição foi homogênea.

A Tabela 3 abaixo revela os achados referentes ao curso de fisioterapia. Concluiu-se que as


pessoas nitidamente preferem atividades relacionadas à Dimensão 3 (Ciências Biológicas e da
Saúde). Em contrapartida, há rejeições pelas dimensões 1 (Ciências Exatas), 2 (Artes e
Comunicação), 5 (Atividades Burocráticas) e 6 (Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) e, em
menor intensidade, pelas dimensões 4 (Ciências Agrárias e Ambientais) e 7 (Entretenimento).
Entre as carreiras com uma dimensão nítida, mas com aceitação de outras atividades, das
investigadas, sete encaixaram-se nesse perfil. Assim, nas carreiras de Engenharia,
Administração, Jornalismo, Medicina, Pedagogia, Turismo e Veterinária, houve um foco em
dimensões específicas, e um interesse menor, mas considerável, foi mostrado para outras
dimensões. Também rejeições de atividades em certas dimensões foram observadas

Tabela 3: Percentual do nível de preferência das atividades das diferentes dimensões pelos
participantes de Fisioterapia
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Fonte: Ana Paula Porto Noronha, Acácia Aparecida Angeli dos Santos e Fermino Fernandes
Santos

Já na Tabela.4 é possível observar com mais clareza essas constatações. Mostra que os
futuros engenheiros expressaram forte preferência pelas atividades da Dimensão 1 (Ciências
Exatas) e secundariamente pela Dimensão 5 (Atividades Burocráticas), Nessa mesma direção,
as atividades da Dimensão 3 (Ciências Biológicas e da Saúde) não são esco lhidas, assim
como as das Dimensões 2 (Artes e Comunicação), 4 (Ciências Agrárias e Ambientais), 6
(Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) e 7 (Entretenimento), cujo percentual de escolha foi
ainda menor. Dessa forma, suas atividades preferidas são bastante específicas, assim como as
preteridas.

Tabela 4: Percentual do nível de preferência das atividades das diferentes dimensões pelos
participantes de Engenharia

Fonte: Ana Paula Porto Noronha, Acácia Aparecida Angeli dos Santos e Fermino Fernandes
Santos.

Por outro lado na Tabela 5 Observou-se uma predileção pelas atividades da Dimensão 5, e
pela 7 em menor grau. Quanto às rejeições, as atividades da Dimensão 3, em maior
intensidade, e as Dimensões 2 e 6 em menor intensidade, destacaram-se. A Dimensão 4
apresentou uma distribuição homogênea.

A Dimensão 6 (Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) foi a que mais se destacou entre os
participantes do curso de jornalismo.

Tabela5: Percentual do nível de preferência das atividades das diferentes dimensões pelos
participantes de Administração
14

Fonte: Ana Paula Porto Noronha, Acácia Aparecida Angeli dos Santos e Fermino Fernandes
Santos.

Não Tabela 6 a Dimensão 2 (Artes e Comunicação) pode ser considerada secundária. Em


relação às maiores rejeições, estiveram representadas as atividades das dimensões 3 (Ciências
Biológicas e da Saúde) e 5 (Atividades Burocráticas), em maior intensidade, e as dimensões 1
(Ciências Exatas) e 4 (Ciências Agrárias e Ambientais) em menor intensidade. Em relação à
Dimensão 7, qual seja, Entretenimento, há uma distribuição razoavelmente homogênea. Os
estudantes de medicina preferiram claramente as atividades da Dimensão 3 (Ciências
Biológicas e da Saúde) e, secundariamente, da 4 (Ciências Agrárias e Ambientais).

Tabela 6: Percentual do nível de preferência das atividades das diferentes dimensões pelos
participantes de Jornalismo.

Fonte: Ana Paula Porto Noronha, Acácia Aparecida Angeli dos Santos e Fermino Fernandes
Santos.
Conforme ilustra a tabela 7 as atividades das dimensões rejeitadas (Entretenimento, Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas, Atividade Burocráticas, Ciências Exatas, Artes e
Comunicação). A última carreira incluída nesse grupo (uma dimensão nítida, mas com
aceitação de outras atividades) é a pedagogia.
Tabela 7: Percentual do nível de preferência das atividades das diferentes dimensões pelos
participantes de Medicina.
15

Fonte: Ana Paula Porto Noronha, Acácia Aparecida Angeli dos Santos e Fermino Fernandes
Santos.

A tabela 8 mostra que a carreira de pedagogia teve reações de aceitação de atividades de três
dimensões, ao longo dos estudos realizados pelos autores, ainda que sua preferência tenha
sido pela Dimensão 6 (Ciências Humanas e Sociais Aplicadas). Observou-se de maneira
secundária que houve alto interesse por atividades das Dimensões 7 (Entretenimento) e 2
(Artes e Comunicação). A maior rejeição se deu pela Dimensão 3 (Ciências Biológicas e da
Saúde) e, em menor intensidade, pelas Ciências Exatas (Dimensão 1), Ciências Agrárias e
Ambientais (Dimensão 4) e Atividades Burocráticas (Dimensão 5).
Tabela 8: Percentual do nível de preferência das atividades das diferentes dimensões pelos
participantes de Pedagogia

Fonte: Ana Paula Porto Noronha, Acácia Aparecida Angeli dos Santos e Fermino Fernandes
Santos.
Conforme indicam os dados acima, já fim encontram-se as carreiras nas quais não foi possível
estabelecer uma dimensão muito clara. Nesses aspectos, em particular, podem ser incluídas as
carreiras de direito, educação física e psicologia, cujas preferências e rejeições não se
mostraram, em geral, altas. Em síntese, há prevalência de certas dimensões, mas não há
tendência marcada de escolha por parte dos participantes.
16

3.0.Conclusão

Dado por encerradas as atividade da realização do presente estudo, conclui-se que a


Contribuição da Escala de Aconselhamento Profissional EAP para orientação de carreira
envolve múltiplas direções das quais o estudante pode escolher para erguer a sua carreira.
Conforme vimos as direções 1 a 7 existem carreiras menos aderidos por apresentar baixa
percentagem de aderência em todas direções estudadas como é o caso: na Dimensão 1 temos
a Fisioterapia; na Dimensão 2 temos, Veterinária e Medicina; na Dimensão 3 (Educação
física, Jornalismo e Engenharias) na Dimensão 4 temos (Educação artística, Jornalismo,
Engenharias, Fisioterapia, Educação física, Psicologia), na Dimensão 5 temos Educação
artística, Medicina, Fisioterapia, na Dimensão 6 temos a Veterinária e Dimensão 7 temos a
Medicina). O que se espera é que em um futuro próximo, as pesquisas realizadas nesta área
sejam incorporadas e consumidas pelos orientadores profissionais. Assim, seria possível dizer
que os dados mais recentes seriam usados a favor de um serviço psicológico de mais
qualidade. Seria bastante oportuno que os psicólogos estivessem mais atentos às relações
encontradas entre os diferentes instrumentos, uma vez que facilitaria o trabalho deles de
integração e interpretação dos dados quantitativos. Algumas limitações desta pesquisa devem
ser consideradas, como a amostra por conveniência alocada apenas em uma universidade
particular. Salienta-se que sejam realizados futuros estudos com amostras maiores e de
diferentes regiões, para uma melhor compreensão dos resultados. No entanto, evidencia-se a
necessidade de estudos com a população universitária local com a realidade moçambicana,
tendo em conta que cada carreira tem o seu impacto e sua aderência mediante o mercado
17

nacional, como podemos observar na realidade moçambicana existem cursos ou carreiras que
tem pouco mercado.

Como análise do estudo é importante compreender a escala de aconselhamento profissional e


tem maior impacto positivo ao individuo, olhando sobre tudo a vocação do individuo e o
mercado da carreira que possa escolher. Nesta perspetiva o individuo poderá saber escolher
melhor o seu ramo de atuação com vista a ter sempre bons resultados. É nesta perspectiva que
a EAP contribui positivamente para o desenvolvimento das carreiras.

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