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Resumo

TEXTO: Modelos e Instrumentos de Avaliação em Orientação Profissional: Perspectiva


Histórica e Situação no Brasil

1. A avaliação psicológica desempenha papel crucial em diversos campos


profissionais, especialmente na Orientação Profissional, contribuindo para
identificar características relevantes do objeto de estudo.

2. Ao longo do desenvolvimento da Orientação Profissional, houve mudanças


significativas na forma como os profissionais utilizam instrumentos psicológicos,
refletindo uma evolução na função e importância atribuída a esses recursos.

3. É fundamental reconhecer que a avaliação psicológica não é uma prática


isolada, dependendo de conexões teóricas para orientar o que deve ser
avaliado, como deve ser feito e qual o uso dos resultados obtidos.

4. A análise histórica revela a existência de dois modelos distintos de avaliação


psicológica na Orientação Profissional: o Modelo de Avaliação Psicológica
Centrado no Resultado, associado às abordagens do Traço e Fator e Tipológica;
e o Modelo de Avaliação Psicológica Centrado no Processo, surgido mais tarde,
cada um enfatizando aspectos específicos da escolha profissional.

O Modelo de Avaliação Psicológica Centrado no Resultado:

5. O Modelo de Avaliação Psicológica Centrado no Resultado tem como


característica principal a preocupação com a definição da escolha profissional,
utilizando testes psicológicos para traçar um perfil detalhado do orientando e
indicar as áreas profissionais mais adequadas.

6. Relacionado aos anos iniciais da Orientação Profissional, esse modelo surge na


passagem do século XX, coincidindo com o auge do desenvolvimento de testes
psicológicos e da Psicometria.

7. O marco inicial da Orientação Profissional é atribuído a 1907, quando Frank


Parsons criou o primeiro centro de orientação profissional nos Estados Unidos,
propondo três passos no processo: análise das características do orientando,
análise das características das ocupações e síntese entre características
individuais e ocupacionais.
8. A Teoria do Traço e Fator, associada ao modelo, baseia-se na avaliação de
características individuais (inteligência, aptidões, interesses e personalidade)
para definir as áreas profissionais mais adequadas, embora não foque
diretamente no processo de escolha.

9. No Brasil, a Orientação Profissional seguiu o desenvolvimento internacional,


iniciando-se nos anos 1920, e o Modelo de Avaliação Psicológica Centrado no
Resultado foi o primeiro utilizado pelos profissionais, ganhando destaque a partir
dos anos 1940 com o papel central dos testes psicológicos, especialmente no
Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP).

10. O Modelo de Avaliação Psicológica Centrado no Resultado impulsionou o


desenvolvimento de diversos instrumentos específicos para Orientação
Profissional, priorizando a confiança nos resultados desses instrumentos para
indicar profissões alinhadas às características individuais.

11. Internacionalmente, esse modelo continua sendo amplamente utilizado na


orientação profissional, com constante desenvolvimento de novos testes para
avaliação de aptidões e interesses, destacando-se a ênfase na definição da
escolha e no papel diretivo do orientador.

12. No Brasil, a perspectiva centrada no resultado permanece forte na Orientação


Profissional, com os inventários de interesse sendo instrumentos privilegiados
pelos profissionais, embora muitos deles careçam de estudos de validação e
normas atualizadas.

13. Muitos instrumentos que avaliam aptidões ou interesses carecem de uma teoria
subjacente, resultando na exploração centrada na combinação de perfis
individuais com perfis profissionais, sendo a exceção o modelo tipológico de
Holland, baseado em traços de personalidade.

14. No contexto brasileiro, foram identificadas quatro baterias de aptidões comuns e


sete inventários de interesse tradicionalmente utilizados na área
vocacional/profissional, embora alguns não tenham sido avaliados
favoravelmente pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). O modelo de
Holland também está presente no Brasil, com dois instrumentos baseados em
suas premissas.

Transição Entre os Modelos:


15. A partir da segunda metade do século XX, ocorreu uma mudança de paradigma
na Orientação Profissional, reduzindo o uso de testes psicológicos em favor das
teorias evolutivas da escolha e do aconselhamento psicológico não-diretivo.
16. Influenciada por teorias evolutivas, como a de Donald Super, a Orientação
Profissional no Brasil passou por uma transformação paradigmática nas décadas
de 1970, diminuindo a ênfase nos testes psicológicos e valorizando mais os
processos de aprendizagem na escolha profissional.
17. O declínio na confiança nos testes psicométricos reflete a percepção de
insuficiência do modelo que busca combinar características individuais com
atribuições profissionais, especialmente devido às mudanças constantes no
mundo do trabalho.
18. A complexidade do mundo profissional, com fronteiras entre carreiras em
constante mudança, levou a uma dificuldade crescente para oferecer
alternativas precisas de escolha profissional com base apenas no diagnóstico de
características pessoais.
19. O uso de testes de inteligência, aptidões e interesses passou a ter um papel
mais inicial, fornecendo informações sobre o sujeito, enquanto a avaliação
psicológica central passou a focar nas condições gerais do indivíduo para o
processo de escolha, configurando um Modelo de Avaliação Psicológica
Centrado no Processo da Escolha.

20. Modelo de Avaliação Psicológica Centrado no Processo: Prioriza o momento


diagnóstico na orientação profissional, enfocando a aprendizagem da escolha de
maneira não-diretiva.
21. Orientação Profissional Centrada no Processo: Aborda processos internos e
externos que levam à escolha profissional, enfatizando o autoconhecimento e
limitando-se a obter uma definição fechada da opção de carreira.
22. Modelos Teóricos: Destacam-se dois modelos teóricos dentro desse contexto:
o evolutivo, com base nos trabalhos de Donald Super, e o clínico, introduzido no
Brasil por Rodolfo Bohoslavsky.
23. Instrumentos de Avaliação: Tanto o uso facultativo de testes psicológicos
quanto a ênfase em entrevistas marcam esses modelos, que utilizam
instrumentos focados na maturidade vocacional, indecisão e exploração.
24. Exploração Vocacional e Indecisão: Instrumentos como o Career Exploration
Survey (CES) e o Behavioral Indecision Scale (BIS) são mencionados para
avaliar exploração e indecisão vocacional.
25. Testes Projetivos na Orientação Profissional: Destacam-se o Teste de Fotos
de Profissões (BBT) e o Teste Projetivo Ômega (TPO), além do Teste de
Apercepção Temática (TAT), que, embora não específico, é utilizado em
diagnósticos.
Considerações Finais:

1. Desenvolvimento de Instrumentos na Orientação Profissional: Ao longo do


tempo, profissionais da área enfatizaram a criação de testes específicos para a
problemática vocacional, resultando em uma variedade expressiva de
instrumentos. Contudo, ressalvas incluem a necessidade de qualificação dos
instrumentos, a disponibilização de ferramentas internacionais validadas e
adaptadas, a capacitação dos futuros psicólogos e a agilidade na divulgação de
instrumentos desenvolvidos em pesquisas universitárias.
2. Transformações na Orientação Profissional: Profissionais aplicados devem
acompanhar as mudanças teórico-práticas na Orientação Profissional,
considerando a evolução dos métodos de intervenção e a redefinição da escolha
profissional e desenvolvimento de carreira. A avaliação psicológica, além de não
se limitar a testes vocacionais, deve analisar variáveis relevantes para otimizar a
eficácia da intervenção.

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