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Cuidados na Administração da

Avaliação
Há alguns passos a serem considerados para a realização de uma
avaliação psi:

1. Levantar perguntas sobre o motivo da consulta e assim formular


hipóteses iniciais e o objetivo da avaliação;

2. Fazer um planejamento, seleção e utilização dos instrumentos


psicológicos;

3. Realizar uma busca de dados por meio quantitativo e


qualitativo;
4. Fazer uma análise dos dados, integrando as informações
obtidas e inferir uma compreensão do sujeito tendo como base as
hipóteses iniciais e os objetivos da avaliação;

5. Comunicar sobre os resultados advindos da avaliação, orientando


as próximas etapas do caso e finalizar o processo.
Além desses passos, alguns comportamentos devem ser
desempenhados pelo psicólogo para a realização da avaliação:

1. Identificar a razão do encaminhamento e as questões iniciais;

2. Fazer um levantamento de dados psicológicos, sociais, médicos,


profissionais, escolares, entre outros que se fizerem necessários
sobre o sujeito e pessoas significativas;

3. Investigar a história clínica e pessoal do sujeito procurando


similaridades com a situação atual;

4. Realizar um exame do estado mental de maneira subjetiva e


objetiva;
5. Obter uma hipótese inicial e o objetivo da avaliação;
6. Fazer o planejamento da avaliação;
7. Propor um contrato de trabalho;
8. Administrar testes, instrumentos e técnicas psicológicas;
9. Fazer um levantamento de dados quantitativos e qualitativos;
10. Integrar as informações obtidas de forma organizada e
relevante tendo como referência o objetivo da avaliação;
11. Comunicar os resultados, por meio de documentos e uma
entrevista devolutiva na qual, caso pertinente, sejam feitos
encaminhamentos para o benefício do sujeito;
12. Finalização do processo.
Esses passos e comportamentos relacionados são
norteadores, mas não há um formato fechado de como
deve ser realizada a avaliação psi, tanto que na definição
sobre avaliação, um dos pontos é a flexibilidade do
processo, pois tudo irá depender da demanda, dos
objetivos, da população, do contexto, etc.
O Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica – IBAP,
elaborou um documento contendo diretrizes para a
formação em avaliação psi e que contempla as
competências necessárias para se efetuar uma
avaliação psi adequada:
1. Conhecer os aspectos históricos da avaliação psicológica no
âmbito nacional e internacional;
2. Conhecer a legislação pertinente a avaliação psicológica;
3. Cosiderar os aspectos éticos na realização da avaliação
psi;
4. Saber avaliar se há condições de espaço físico
adequadas para a avaliação e estabelecer condições
suficientes para tal;
5. Ser capaz de compreender a avaliação psicológica
enquanto processo, aliando seus conceitos às técnicas de
avaliação;
6. Ter conhecimento sobre funções, origem, naturea e uso
de testes na avaliação psicológica;
7. Ter conhecimento sobre o processo de construção de
instrumentos psicológicos;
8. Ter conhecimento sobre validade, precisão, normatização
e padronização de instrumentos psicológicos;
9. Saber escolher e interpretar tabelas normativas dos
manuais de testes psisológicos;
10. Ter capacidade crítica para refletir sobre as
consequencias sociais da avaliação psicológica;
11. Saber avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva,
afetiva e comportamental em diferentes contextos;
12. Ter conhecimento sobre a fundamentação teórica de
testes psicométricos e do fenômeno avaliado;
13. Ter conhecimento sobre a fundamentação teórica de
testes projetivos e/ou expressivos e do fenômeno avaliado;
14. Saber administrar, corrigir, interpretar e redigir os
resultados de testes psicológicos e outras técnicas de
avaliação;
15. Saber selecionar instrumentos e técnicas de avaliação
de acordo com objetivos, público-alvo e contexto;
16. Saber planejar uma avaliação psicológica de acordo
com objetivo, público-alvo e contexto;
17. Planejar processos avaliativos e agir de forma coerente
com os referenciais teóricos adotados;
18. Identificar e conhecer peculiaridades de diferentes
contextos de aplicação da avaliação psicológica;
19. Saber estabelecer rapport no momento da avaliação;
20. Conhecer teorias sobre entrevista psicológica e saber
conduzi-las;
21. Conhecer teorias sobre observação do comportamento e
saber conduzi-la;
22. Identificar as possibilidades de uso e limitações de
diferentes técnicas de avaliação psicológicas, analisando-as
de forma crítica;
23. Saber comparar e integrar informações de diferentes
fontes obtidas na avaliação psicológica;
24. Fundamentar teoricamente os resultados decorrentes da
avaliação psicológica;
25. Saber elaborar laudos e documentos psicológicos, bem
como sua aplicação a cada contexto;
26. Saber comunicar resultados decorrentes da avaliação
psicológica aos envolvidos no processo, por meio de
devolutiva verbal.
Aspectos Éticos
Nos últimos anos, a maioria das denúncias por procedimentos com infrações éticas ao
Conselho Federal de Psicologia é referente ao exercício da AP, como uso inadequado de
técnicas, encaminhamentos incoerentes e falta de respaldo teórico em laudos. Esta
constatação indica que não se trata da área de conhecimento, mas sim da falta de
preparo por parte dos profissionais, o que caracteriza a necessidade de uma formação
permanente tendo em vista os avanços teóricos.

Além da formação profissional é necessário que o psicólogo leve em consideração o


contexto da solicitação afim de que possa realizar a interpretação das informações
levantadas com assertividade. Existem ainda outros pontos práticos a serem observados
num processo de avaliação psicológica como informar ao sujeito que será avaliado sobre
o processo que será submetido, suas etapas, implicações, diagnóstico e sigilo profissional.

Tão importante quando informar essas questões é a maneira como serão informadas, em
linguagem clara, compatível com a compreensão do sujeito avaliado. Neste sentido,
diversas iniciativas foram tomadas visando justamente dar suporte a uma prática
adequada, garantindo assim, os preceitos éticos e consequentemente, o respeito ao ser
humano.
A Avaliação Psicológica afeta indivíduos, instituições e a sociedade
como um todo.
Os indivíduos afetados podem ser estudantes, pais, professores,
administradores, pessoas que procuram emprego, trabalhadores,
gerentes, executivos; são também crianças em situação de rua,
adolescentes em conflito com a lei e todos aqueles que vivem em
situação de risco pessoal e social.
Poucos, na nossa sociedade, escapam da Avaliação Psicológica.
Quem deseja dirigir um automóvel, usar uma arma, adotar uma criança
ou obter um emprego está sujeito a ser testado e avaliado.
A falta de treinamento e de formação de qualidade pode levar
um psicólogo a usar testes de forma mecânica, sem um
entendimento claro do que está realmente sendo feito, ou, o
que é ainda mais grave, sem saber exatamente o que deve ser
avaliado.
Só é possível escolher instrumentos ou técnicas para fazer uma
seleção quando se tem um perfil claro do cargo e das funções
envolvidas, quando se sabe exatamente quais são as variáveis e
processos psicológicos que devem ser avaliados e quando se
estabeleceram com razoável precisão pontos de corte.
Avaliação Diagnóstica quando bem feita pode trazer muitos
benefícios. Mas também pode causar danos consideráveis.

- Um erro de diagnóstico leva a um tratamento


inapropriado;
- Uma avaliação inadequada que leve a erro em um
processo de guarda de criança pode trazer prejuízos
irremediáveis;
- A colocação de uma pessoa em uma função em que ela
não terá bom desempenho, pode levar a sua demissão.
Responsabilidade do Psicólogo

É fundamental estar bem preparado tecnicamente mas


também é necessário que a avaliação seja feita
respeitando-se os princípios éticos.

O Conselho Federal de Psicologia publicou uma resolução


que trata de questões éticas na atuação profissional que diz
“o psicólogo deve assumir responsabilidades profissionais
somente por atividades para as quais esteja capacitado
pessoal, teórica e tecnicamente”.
Perguntas a se fazer:

“Estou preparado para fazer isso”


“Conheço a área?”
“Tenho experiência suficiente?”
“Sei quais são os testes mais apropriados para serem usados
nessa avaliação?”
“Conheço bem esse teste e a teoria que o embasa?”

Se a resposta a qualquer uma dessas perguntas for “não”, ou


“não sei”, ou “não tenho certeza”, o profissional deve recusar
a avaliação ou procurar supervisão.
CARTILHA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 2022

Quais são os princípios éticos básicos que regem o uso da avaliação


psicológica?
Os princípios é,cos básicos que regem a prá,ca da avaliação psicológica são os mesmos
que regem todas as prá,cas da psicologia e das condutas das(os) psicólogas(os): os
princípios norteadores do Código de É*ca da Profissional da Psicologia.
Destacam-se aquelas rela,vas à prá,ca da Avaliação Psicológica e referidas nos arts. 1º,
2º, 9º e 18.
ART. 1º: São deveres fundamentais do Psicólogo:

b) Assumir responsabilidades profissionais somente por a,vidades para as quais esteja


capacitado pes- soal, teórica e tecnicamente;
c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e
apropriadas à natu- reza desses serviços, u,lizando princípios, conheci- mentos e técnicas
reconhecidamente fundamenta- dos na ciência psicológica, na é,ca e na legislação
profissional;
f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de servi- ços psicológicos, informações
concernentes ao tra- balho a ser realizado e ao seu obje,vo profissional;
g) Informar, a quem de direito, os resultados decor- rentes da prestação de serviços
psicológicos, trans- mi,ndo somente o que for necessário para a tomada de decisões que
afetem o usuário ou beneficiário;
i) Zelar para que a comercialização, aquisição, doa- ção, emprés,mo, guarda e forma de
divulgação do material priva,vo do psicólogo sejam feitas confor- me os princípios deste
Código;
Art. 2º Ao psicólogo é vedado:

g) Emi,r documentos sem fundamentação e qualidade técnico cienYfica;


h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas psicológicas, adulterar
seus resultados ou fazer declarações falsas;
k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou
profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado
ou a fidelidade aos resulta- dos da avaliação;
q) Realizar diagnós,cos, divulgar procedimentos ou apresentar resultados de serviços
psicológicos em meios de comunicação, de forma a expor pessoas, grupos ou
organizações.
Art. 9º É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da
confidencialidade, a in,midade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha
acesso no exercício profissional.

Art. 18. O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, emprestará ou venderá a leigos
instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da
profissão.
Princípios norteadores para questões éticas em AP:

A AP é equivalente a uma pesquisa: ela é planejada, dado


são coletados, analisados, interpretados. Seus resultados
testam hipóteses e geram novos conhecimentos sobre
pessoas. Esses resultados são utilizados com os mais diversos
propósitos e podem gerar benefícios para os avaliados se o
trabalho for bem feito.
Alguns princípios éticos da pesquisa podem ser aplicados na
AP:
- Respeito pelas pessoas
- Beneficência
- Justiça
Respeito pelas pessoas:

A pessoa tem direitos, inclusive escolher participar ou não


da AP. Para que o indivíduo possa decidir se deseja ou
não participar, ele precisa ser informado do que será feito.
É necessário informar como será feita a avaliação, que
tipo de dados serão coletados, o que será feito e quem
terá acesso a eles.
Beneficência:

É um princípio fundamental e central para a pesquisa e AP: não


maleficência.
A AP deve ser feita sempre em benefício do participante, mas nem
sempre isso é totalmente possível, e pode haver riscos significativos
envolvidos na avaliação. O Psicólogo deve sempre considerar essas
situações e possibilidades e tomar as medidas necessárias para manter
um padrão ético em seu trabalho.
Toda AP que não for realizada de forma adequada, em ambiente
apropriado, com instrumentos, métodos e técnicas fidedignas e válidas
para o uso pretendido, ou ainda realizada por um profissional não
preparado ou qualificado para esse fim, tem elevada probabilidade
de gerar resultados equivocados que podem levar a erros nas
intervenções, podendo causar danos, prejuízos ou sofrimento para as
pessoas.
Justiça:

O princípio da justiça requer que as pessoas sejam tratadas


de forma igualitária.
Na AP aplica-se de forma direta nos procedimentos de
adaptação ou desenvolvimento de testes. As amostras
devem ser representativas, na medida do possível.
A ÉTICA NA AP:

• Utilização de teste não reconhecido pelo CFP constitui uma


falha ética, como consta no atual Código de Ética Profissional;
os testes a serem utilizados devem constar na lista do SATEPSI;
• O psicólogo deve ter familiaridade com o instrumento para que
o avaliado não seja prejudicado (conhecimento técnico e
teórico prévio);
• O objetivo da avaliação deve sempre ser ajudar ao indivíduo
avaliado, e por isso, deve-se ter atenção ao processo como um
todo, desde o planejamento, a análise, reunião e devolução
de informações coletadas durante o processo.
QUESTÕES ÉTICAS EM AP

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