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A AVAL IAÇÃO DA PERSONALIDADE A avaliação psicológica é um processo técnico e ci entífico

realizado com pessoas ou grupos de pessoas que, de acordo com cada área do conhecimento,
requer metodologias específicas. Ela é dinâmica, e se constitui em fonte d e informações d e
caráter explicati vo sobre os f enômenos psi cológicos, com a finalidade de subsidiar os trabalhos
nos diferentes campos de atuação d o psicólogo, dentre eles, saúde, educação, trabal ho e outros
setores em que ela se fizer necessária. Trata-se de um estudo que requer um planej amento prévio
e cuidadoso, de acordo com a demanda e os fins aos quais a avaliação se destina. Os resultados das
aval iações devem considerar e analisar os condicionantes hi stóricos e sociais e seus efeitos no
psiquismo, com a f inalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o i
ndivíduo, mas na modifi cação desses condicionantes que operam desde a formulação d a
demanda até a conclusão do processo de avaliação psicológica. Cumpre enfatizar que os resultados
d as avaliações psicológicas têm grande impacto para as pessoas, os grupos e a sociedade . A
Avaliação Psicológica é entendida como o processo técnico -científico de coleta de dados, estudos
e i nterpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são r esultantes da
rel ação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, d e estratégias psicológicas –
métodos, técnicas e instrumentos. A Avaliação Psicológica é um processo f lexível e não
padronizado, que tem por objetivo chegar a uma determinação sustentada a res peito de uma ou
mais questões psicológicas através de coleta, avaliação e análise de dados apropriados ao objetivo
em questão. Ao longo da história da Psicologia como ciência e profissão, o psicólogo vem sendo
convidado a realizar avaliações psicológicas nos mais dif erentes contextos, seja na clínica, nas
escolas, nas organizações, instituições de saúde, no âmbito jurídico etc. Os testes de personalidade,
bem como os de inteligênci a são os mais utilizad os pelos psicólogos, devido as demandas destes
di versos contextos de atuação.

Os instrumentos existentes para avaliar personali dade até a década de 1940 eram chamados de
testes projetivos, com avaliação mais impressionista pautados em teorias psi cológicas, em sua
maioria psicanalítica. Após esse período sur giram outras técnicas de investigação da
personalidade, sob uma perspectiva psicométrica, assim, os inventários, escalas e questionários d
e personali dade integraram a categoria de testes com características mais objetivas. Obviamente,
a uti lização de i nstrumentos de avali ação psicológica requer ética e postura profi ssional d
urante todo o processo, seja qual for sua finalidade. Sobretudo, consi dera -se que uma utili zação
inadequada pode acarretar prej uízos imediatos e futuros para o indivíduo avaliado. No que se refere
aos questionários de personalid ade, d iga -se que consistem em conjuntos de i tens, questões ou
af irmações, sobre características pessoais, (sentimentos, comportamentos, atitudes ou
pensamentos) relativamente aos quais os i ndivíduos devem se posici onar, respondendo às
perguntas ou concordando/di scordando com as afi rmações. As vantagens d os questionários d e
personalidade têm a ver com o fato de possuírem normas que per mitem a interpretação d os
resultados do indivíduo, comparando-os com os resultados d o grupo normativo de r eferência. Além
disso, podem, em muitos casos, ser respondi dos em um período relativamente b reve. Por outro l ado, a
captação d e d ados é obj eti va, não depende do examinador e a precisão é g eralmente el evada, ou
pel o menos, aceitável. Trata-se de medi das de autoavali ação porque se pressupõe que o indi
víduo fará uma autoavaliação do seu comportamento. O pressuposto teóric o fundamental por trás d
estes instrumentos é d e que o i ndivíduo é capaz d e se avaliar e será mesmo quem está na
melhor posição para fornecer informação sobre si pr óprio, pelo que se assume que os questionários
serão métodos úteis em avaliação da personalidade. Naturalmente que os questionários não estão
isentos de probl emas, e se destaca a questão do autorr elato. Aquilo que o indivíduo comunica a partir
d e um questionário pode não corresponder ao seu comportamento real. O sujeito pode estar
mentindo quando se autoavalia ou pode saber pouco sobre o seu comportamento, mesmo
quando a sua motivação para proporcionar um autorrelato fiel exi ste.

Finalmente os métodos projetivos. Apesar das muitas críticas a que foram sujeitos ao longo da
história, continuam a ser métodos privilegiados em avaliação da personalidade. As vantagens da sua
util ização prend em-se, sobretudo, com a riqueza da informação que permitem obter e com o
aspecto holístico e i ntegrativo d as análises que são possíveis a partir d os protocolos. Mas também
se prendem com o fato de serem medid as indiretas, em oposição aos questionários. Proporcionam
informação que de outro modo estaria i ndisponível, simplesmente porque a pessoa não tem
acesso a ela (não tem consciência de determinadas características em si), ou não quer r evelá-la,
por exemplo, quando pretende f alsificar os resultados de uma avaliação. Este úl timo aspecto rel
aciona-se com uma das características que permite definir a especi ficidade destes tipos de
métodos, que é o f ato de um desconhecimento por parte dos ind ivíduos dos objeti vos da
avaliação ou pelo menos, sobre quai s e como os elementos das respostas se relacionam com
aspectos específicos da personalid ade. A riqueza da informação que permi tem obter e o f ato
de serem medid as indiretas, bem como a relatividade das críticas que são normalmente
apresentadas, tornam, para a grande maioria dos estudiosos, os métodos projetivos, ou pel o
menos alguns d eles, métodos importantes em avali ação da personalidade. No entanto, li mitações
psicométricas e as d ificuldades na interpretação e consequentemente, a necessid ade de uma
exigente formação d o utilizad or são fatos importantes que têm sido apontadas e que tem que
ser levadas em consid eração nos resultados . A utilização de vários tipos de métodos em avaliação
da personalidade tem como obj etivo uma descrição válida e o mai s completa possível do
funcionamento psíquico d o i ndivíduo. É uma exigência básica para uma melhor compreensão d a
complexidade da pessoa. Há um aspecto i mportante que é o d a independência entre métodos,
ou seja, diferentes métodos proporcionam tipos de i nformação distintos. Muitas vezes pr oduzem inf
ormação discrepante que é necessário integrar e dar sentido. Por outro lad o, diferentes métodos
permitem obter tipos de i nformação qualitativamente dif erentes ou específicos
(independentemente

de a i nformação r ecolhida ser ou não contradi tória) e poderão ser todos necessários para um
entendimento sobre o indivíduo. Pode citar-se ainda as potenciali dades e as limitações específicas
de cada método, pel o que se torna necessário r ecorrer a vários métod os para validação das
interpretações que se realizam. Difer entes métodos proporcionam informação qualitativamente dif
erente, ainda que falemos de um mesmo construto. Apesar de se poder af irmar que os métodos d
e autoavaliação (os questionários) e os métodos indiretos (projetivos) medem este construto, na
verdade medem diferentes aspectos do construto. Os primeiros medem as necessidades
autoatribuídas de depend ência e os segundos, as necessidades i mplícitas de dependência. Preveem
também difer entes tipos de comportamentos. Medidas de autoavaliação da d ependência preveem o
comportamento dependente em situações em que a característica d ependente é saliente , e as
medid as indiretas de dependência preveem o comportamento em situações mais espontâneas em que
a d ependência não é saliente. Os dois tipos de medidas estão apenas moderad amente
correlacionados, o que faz pensar na importância de utilizar d iferentes instrumentos para avaliar
difer entes aspectos do mesmo construto e verificar a existência d e eventuais discrepâncias entre
resultados. Além de considerar as vantagens de utilizar diferentes ti pos de métodos em aval
iação, a possibilidade d e recorrer a vários informadores é também um aspecto central do
processo. Consideramos que esta q uestão é especialmente r elevante no caso d a avali ação de cri
anças ou, quando por motivos diversos, os indivíduos não estão em condições de proporcionar i
nformação fi el e válida. Não há métodos melhores e métodos pi ores, há métodos com
vantagens, mas sempre com li mitações, métodos que avaliam diferentes aspectos psicológicos ou o
mesmo construto psicoló gico a níveis diferentes, e ai nda, métodos que se adequam mais a um
indivíduo do que a outro. Vejamos agora este último ponto. Apesar d e assumirmos claras
vantagens nos métodos pr ojetivos na avaliação da personalidade, reconhecemos também que
apresentam diversas limitações já descri tas, nomeadas as dificuldades na interpretação,
sobretudo para quem se i nicia na tarefa d e avaliação psicológica, e limitações psicométricas.

Acrescente-se que a situação menos estruturada e a ambiguidade dos estímulos dos métodos
projetivos nem sempre são sinônimo de uma expr essão produtiva e rica e podem mesmo ser fator
de inibição para alguns indivíduos. Por vezes, indivíduos que se pensa que iriam reagi r mal, r
espondem favoravelmente a itens estruturados sob a forma d e um inventário ou questionário e
mal aos estímulos de um método projetivo, sendo o contrário também verdade. Alguns indivíduos
preferem a ‘liberdade’ de resposta da situação projetiva quando, no começo, se supunha que
reagiriam melhor à estrutura imposta por um questionário. Daí pensarmos que métodos mai s
estruturados, como os questionários, ou no caso de crianças, também as escalas de avaliação d e
comportamentos, a serem respondidas por pais e professores, d evem ser combinados com
metodologias mais abertas, com os métodos indir etos, nas dif erentes situações de avaliação e di
agnóstico psicológico. Esta é uma di scussão que clar amente se liga com a anterior, a da
necessidade de utilizar difer entes tipos de métodos em avaliação psicológica, remetendo para a
questão da complementaridade d os diferentes métodos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1 -
CÁCERES, N. L.; STALIANO, P. Avaliação da Personalidade: Contribuições dos Testes Psicológicos no
Contexto Brasileiro. 9ºENEPE UFGD – 6º EPEX UEMS – 2 - CAMPOS, Rui C. Do Processo de Avaliação
da Personalidade em Contextos Clíni cos ao Diagnóstico Psicodinâmico: Con tributos para uma
Avaliação Psicológica Psicodinâmica. Revista Iberoamericana d e D iagnóstico y Evaluación – e
Avaliação Psicológica. RIDEP · Nº44 · Vol.2 · 44- 56 · 2017 3 - MACHADO, Adriane Picchetto Manu al de
Avaliação Psicológica / Adriane Pichetto Machado, Valéria Cristina Morona. – Curitiba : Unificado, 2007.

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