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Avaliação Psicológica II

Como se dá o processo da Avaliação Psicológica?


1. Definir o objetivo da avaliação, tendo em conta os motivos e as
expectativas que levam à realização da AP.
2. Consultar literatura específica sobre os construtos ou variáveis a avaliar e
decidir se é necessária a utilização de instrumentos.

Se for necessário utilizar instrumentos, é necessário, então 1) escolher


aqueles a que temos acesso e que são indicados pela literatura; 2) consultar o
manual ou artigo do instrumento; 3) decidir se mede o construto que se
pretende avaliar; e 4) verificar se está padronizada e se estão presentes as
normas de cotação. Se não medir o construto ou se não houver
padronização ou normas, deve-se verificar se existem técnicas alternativas
ou fontes complementares de informação.
Se não for necessário utilizar instrumentos, então podem ser utilizadas
outras técnicas de AP descritas na literatura. Para isso, devemos verificar as
evidências científicas, a validades e as normas dessas mesmas técnicas.

Tendo tomado estas decisões e considerado todos estes aspetos, o


psicólogo deve avaliar se tem o conhecimento suficiente para realizar a AP.
Se não tiver, deve encaminhar o paciente para outro profissional. Se tiver,
elabora o protocolo de AP e realiza a mesma.

Testes psicológicos
O que é um teste psicológico?
Consiste numa medida objetiva e padronizada de uma amostra de
comportamento. Engloba os questionários, os inventários e as escalas.

Quais as classes de variáveis avaliadas?


 Traços, dimensões ou fatores de personalidade.
 Estados.
 Reportórios clínicos comportamentais.
 Reportórios, processos e estruturas cognitivas.

Quais os objetivos de utilização dos testes psicológicos?


 Despistagem.
 Medir os resultados das intervenções.
 Selecionar procedimentos de intervenção.
 Investigação.

Que características não-psicométricas são fundamentais na


avaliação em saúde?
Apropriabilidade: Os benefícios esperados na saúde dos procedimentos
utilizados excedem as consequências negativas por uma margem
suficientemente grande que justifique a implementação do procedimento.
Sobrecarga (burden): Corresponde às exigências, em termos de tempo,
energia e outras, que são feitas aos pacientes. Assim, os instrumentos para
utilização rotineira em cuidados de saúde devem, idealmente, ser breves e
simples de utilizar, embora a validade dos instrumentos tenha de ser
cuidadosamente verificada.
Adequabilidade: O instrumento escolhido deve garantir uma medição de
aspetos úteis para a decisão a tomar. Se não houver nenhum instrumento para
avaliar o aspeto de interesse, o psicólogo pode recorrer a instrumentos que
avaliem aspetos próximos daquele que interessa.
Interpretabilidade: Corresponde ao grau em que é possível atribuir um
significado qualitativo aos valores quantitativos do instrumento. Os testes
devem garantir que a informação que fornecem acerca do indivíduo é
interpretada de modo semelhante por vários utilizadores.
Sensibilidade: Capacidade do instrumento para detetar mudanças
mínimas importantes ao longo do tempo.
Aceitabilidade: O instrumento de avaliação deve ser bem recebido pelo
respondente, sem desconfiança.
Utilidade: A técnica utilizada deve ter utilidade para a
investigação/intervenção.

Quais as vantagens dos testes psicológicos?


 Economia; fácil e rápida aplicação e cotação.
 Facilitam a quantificação dos comportamentos, num formato que
permite a elaboração de dados normativos e que reduz, potencialmente, a
subjetividade das avaliações.
 Possibilitam, dada a diversidade de comportamentos incluídos, a
identificação de problemas omitidos através de outros métodos.

Quais as limitações dos testes psicológicos?


 Fraude e desejabilidade social.
 Respostas aleatórias.
 Estilo de resposta.
 Questões éticas.
 Fonte dos instrumentos.

Questionários de autorresposta
O que são questionários de autorresposta?
Um questionário de autorresposta pressupõe uma mensagem verbal que
um sujeito emite sobre qualquer tipo de manifestação interna. Segue a ideia de
que a forma mais simples e direta de obter informação sobre a experiência
interna de uma pessoa é perguntar-lhe. Assim, os questionários de
autorresposta dão conta de experiências subjetivas que abrangem uma imensa
constelação de fenómenos internos e externos, objetivos e subjetivos. Isto
permite diversidade e riqueza de informação, mas, em contrapartida, torna-se
difícil de valorizar de um ponto de vista científico.
Do ponto de vista da sua construção, grande parte dos questionários de
autorresposta são tomados como um conjunto ou como uma série de itens que
medem ou avaliam um determinado construto. Eles podem envolver
entrevistas, questionários, inventários, escalas de classificação ou a narrativa.

Quais os objetivos dos questionários de autorresposta?


 Como procedimento de despistagem e identificação de
problemas/hipóteses de diagnóstico.
 Seleção de procedimentos de intervenção.
 Avaliação de intervenções.
 Para efeitos de investigação.

Quais as vantagens dos questionários de autorresposta?


 Aplicação e cotação fáceis, rápidas e económicas.
 Dados relativamente fáceis de quantificar.
 Em geral, boas qualidades psicométricas.
 Permitem a obtenção de uma representação global do comportamento de
forma estandardizada e rápida.
 Identificação de problemas omitidos através de outros métodos.
 Informação específica, de natureza qualitativa.
 Versões para pais, professores e para o próprio sujeito.

Quais as limitações?
 Utilidade limitada para diagnóstico.
 Proporcionam apenas uma estimativa da sintomatologia e uma
estimativa parcial da duração dos padrões de sintomas.
 Problemas de validade (p.e. efeito de halo contaminador).
 Dificuldade face a comportamentos “internalizantes” e/ou que
dificilmente poderão ser observados na escola.
 As estimativas poderão não ser rigorosas por incompreensão dos itens ou
falta de familiaridade com a amplitude ou diversidade do
comportamento normativo.

Instrumentos de avaliação da qualidade de


vida
Há o DISABKIDS 37 e o WHOQOL-BREF, explicitados abaixo.

1. DISABKIDS 37 – Avaliação da qualidade de vida em


crianças e adolescentes

Que construto avalia e com que objetivos?


É um instrumento destinado a crianças e adolescentes com condições
crónicas de saúde (p.e. asma), que visa documentar a qualidade de vida
relacionada com a saúde dos jovens, descrever o impacto de uma doença ou
tratamento no bem-estar, avaliar resultados em saúde pediátrica e envolver os
pais e os jovens na prestação de cuidados de saúde.

Como é a escala?
Está disponível em 2 versões: 1) para avaliação da qualidade de vida
percebida pelas crianças e adolescentes entre os 8 e os 18 anos de idade
(autorrelato); e 2) para avaliação da qualidade de vida percebida pelos pais ou
outros cuidadores (heterorrelato).
Ambas as versões têm 37 itens, com uma escala de resposta tipo Likert de
5 pontos.

Quais os fatores que o instrumento avalia?


O DISABKIDS-37 está dividido em 3 domínios e 6 facetas:
Domínio mental: Inclui as facetas Independência (6 itens) e Emoção (7
itens).
Domínio social: Inclui as facetas Inclusão Social (6 itens) e Exclusão
Social (6 itens).
Domínio físico: Inclui as facetas Limitação Física (6 itens) e
Medicação/Tratamento (6 itens).

A partir do somatório dos 37 itens, pode ser calculado um índice geral de


qualidade de vida relacionada com a saúde, sendo que valores mais elevados
indicam a perceção de melhor qualidade de vida.

2. WHOQOL-BREF (World Health Organization Quality of


Life – Bref)

Que construto avalia?


É uma medida genérica, multidimensional e multicultural para avaliar a
qualidade de vida, podendo ser utilizada num largo espetro de perturbações
psicológicas e físicas, bem como em indivíduos saudáveis.
Descreve a escala.
A escala é composta por 26 itens, sendo que a estrutura do instrumento
integra 4 domínios de qualidade de vida: físico, psicológico, relações sociais e
ambiente.
Domínio I – Físico: Dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso,
atividades da vida quotidiana, dependência de medicação ou de tratamentos e
capacidade de trabalho.
Domínio II – Psicológico: Sentimentos positivos; pensar, aprender,
memória e concentração; autoestima; imagem corporal e aparência;
sentimentos negativos; e espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais.
Domínio III – Relações sociais: Relações pessoais, suporte (apoio) social
e atividade sexual.
Domínio IV – Meio ambiente: Segurança física e proteção; ambiente no
lar; recursos financeiros; cuidados de saúde e sociais (disponibilidade e
qualidade); oportunidades de adquirir novas informações e habilidades;
participação em, e oportunidades de recreação/lazer; ambiente físico (poluição,
ruído, trânsito, clima…); e transporte.

Quais os parâmetros de interpretação?


Cada um dos domínios acima referidos sumaria o domínio particular de
qualidade de vida em que se inserem. Possibilita o cálculo de um indicador
global, nomeadamente a faceta geral de qualidade de vida.

Como se realiza a cotação?


Quais as vantagens deste instrumento?
 Avalia um conceito importante, a qualidade de vida.
 Avalia a adaptação e funcionamento humano através dos resultados
positivos.

Quais as limitações deste instrumento?


 Fragilidade na consistência interna do domínio Relações Sociais.

Instrumentos de avaliação do afeto positivo e


negativo

PANAS-C-P
Qual o construto avaliado?
Avalia o afeto positivo e o afeto negativo de crianças entre os 6 e os 12
anos, a partir da perspetiva dos pais. Quanto mais elevado é o resultado na
subescala específica, maior a perceção parental do estado afetivo
correspondente.
O afeto positivo é entendido como um estado geral de satisfação,
refletindo entusiasmo pela vida. O afeto negativo é caracterizado como um
estado geral de stress emocional.
Descreve a escala.
Possui uma escala tipo Likert de 5 pontos (1 – nada ou muito pouco; 5 –
bastante/sempre) e é composta por 10 itens agrupados em fatores:
Fator 1: Afeto positivo (feliz, animado, ativo, orgulhoso, alegre).
Fator 2: Afeto negativo (perturbado, nervoso, culpado, desgostoso,
desanimado).

Escalas de depressão e ansiedade


Há as escalas de Beck (BAI, BHS, BSI e BDI), as escalas de Hamilton
(HMA-D e HMA-A) e o Inventário de Estado-Traço de Ansiedade (STAI Y-1 e
STAI Y-2).

Escalas de Beck
No que consistem as escalas de Beck (BAI, BHS, BSI e BDI)?
As escalas de Beck foram desenvolvidas por Beck e são voltadas para
clientes psiquiátricos (exceto o BDI), com idades entre os 17 e os 80, sendo que,
embora possam ser utilizadas separadamente, existem vantagens em usá-las
conjuntamente para enriquecer o entendimento clínico.
 BDI: Escala de Depressão.
 BAI: Escala de Ansiedade.
 BHS: Escala de Desesperança.
 BSI: Inventário de Ideação Suicida.

Quais as suas vantagens?


Têm a vantagem de serem medidas objetivas, rápidas e padronizadas;
com uma interpretação fácil e objetiva; e com boas evidências de qualidades
psicométricas. Contudo, possuem as desvantagens de as respostas serem
suscetíveis à influência de diversas variáveis, não sendo a sua exclusiva
aplicação suficiente para elaborar um diagnóstico.
BDI - Depressão
Avalia o construto da depressão e consiste numa escala de autorrelato
com 21 itens (atenção às questões 9 e 19). Os seus itens medem: tristeza,
pessimismo, sentimento de fracasso, insatisfação, culpa, punição, autoaversão,
autoacusação, ideias suicidas, choro, irritabilidade, indecisão, autoimagem,
dificuldades no trabalho, isolamento social, insónia, fadiga, alteração de peso e
apetite, preocupações somáticas e alteração da libido.

Quais os pontos de corte?


Existe o BDI-I e o BDI-II, sendo que a pontuação de ambos consiste em:
 <=13: Depressão mínima.
 14 a 19: Depressão ligeira.
 20 a 28: Depressão moderada.
 >=29: Depressão severa (no BDI-I) ou 29 a 36: Depressão severa (no
BDI-II).

BAI - Ansiedade
Avalia o construto da ansiedade e consiste numa escala de autorrelato
com 21 itens, elaborada originalmente para pacientes psiquiátricos, que possui 4
pontos: 0 = absolutamente não; 1 = levemente; 2 = moderadamente; 3 =
gravemente. Avalia sintomas físicos e cognitivos.

Que sintomas avalia?


Sintomas físicos. Dificuldades em respirar, suores e sensação de calor,
dormência, tonturas e tremores e alterações abdominais.
Sintomas cognitivos. Incapacidade de relaxar, medos diversos,
nervosismo, assustado.

Quais os pontos de corte?


A pontuação consiste em:
<=7: Ansiedade mínima.
8 a 15: Ansiedade ligeira.
16 a 25: Ansiedade moderada.
>=26: Ansiedade grave ou severa.
BHS - Desesperança
Operacionaliza o construto da desesperança (medida de dimensão do
pessimismo ou extensão das atitudes negativas face ao futuro) e é utilizada
essencialmente em pacientes psiquiátricos (p.e. indivíduos sem soluções para
resolver problemas, que acreditam que nunca vão alcançar as metas propostas
ou ter sucesso). Consiste numa escala de autorrelato com 20 itens e atribui-se 1
ponto por resposta, sendo que o máximo são 20 pontos.
A escala C corresponde aos itens 2, 4, 7, 9, 11, 12, 14, 16, 17, 18 e 20. Já a
escala E corresponde aos itens: 1, 3, 5, 6, 8, 10, 13, 15 e 19.

Quais os pontos de corte?


<=3: Sem desesperança.
4 a 8: Desesperança média.
9 a 14: Desesperança moderada.
>=15: Pessimismo severo.

Escalas de Hamilton
Foram criadas por Max Hamilton e colaboradores e, nos últimos 50 anos,
são consideradas como “padrão-ouro” de referência para estudos de validação
de outras escalas. Existe a Escala de Avaliação da Ansiedade (HAM-A [HAS]) e a
Escala de Avaliação da Depressão (HAM-D [HDS]).

HAM-D - Depressão
Foi criada na década de 1960 para ser utilizada exclusivamente em
pacientes previamente diagnosticados com perturbação afetiva do tipo
depressivo. Os itens servem para identificar a gravidade dos sintomas
depressivos, não a sua existência.

Como é constituída a escala?


A escala original era composta por 21 itens, mas o próprio autor sugeriu,
posteriormente, que os últimos quatro itens fossem retirados, pois eram menos
frequentes e contribuíam para definir o tipo de depressão, e não a sua
intensidade. Por isso, hoje em dia, a escala mais utilizada é constituída por 17
itens, sendo que se realiza em entrevista com cerca de 15 a 30 minutos de
aplicação.

Quais as desvantagens?
As desvantagens desta escala é que falta a padronização e procedimentos
de pontuação precisas. Além disso, não abrange todos os critérios diagnósticos
presentes no DSM, tais como a anedonia, indecisão e sinais vegetativos e podem
ocorrer vieses do entrevistador.

Quais os pontos de corte?


<=3: Sem depressão.
4 a 7: Depressão limítrofe.
8 a 15: Depressão ligeira.
16 a 26: Depressão moderada.
>=27: Depressão grave ou severa.

HAM-A – Ansiedade
É um instrumento de heteroavaliação, desenvolvido originalmente como
uma forma de medir as componentes psíquicas e somáticas da ansiedade, não
determinando o diagnóstico. É aplicado em forma de entrevista.

Como é constituída a escala?


É uma escala tipo Likert de 5 pontos (0=nenhum; 4=máximo). Possui 14
itens e pode ser divida em 2 dimensões: ansiedade psíquica (item 1-7) e
ansiedade somática (8-14).

Quais os pontos de corte?


<=17: Ansiedade leve.
18-24: Ansiedade moderada.
25-30: Ansiedade severa.
>=31: Ansiedade incapacitante.

Quais as desvantagens?
 Não mede a preocupação excessiva e incontrolável.
 Alguns sintomas são comuns a outras perturbações e não específicos da
ansiedade.
 A escala é pobre em discriminar entre sintomas de ansiedade
generalizada e sintomas de depressão.
 Vieses do entrevistador.

Inventário de Estado-Traço de Ansiedade


Foi criado por Spielberger, que acreditava que a ansiedade é um estado
complexo psicológico do organismo humano, constituída por propriedades
fenomenológicas e fisiológicas diferentes de estados emocionais como o stress e
o medo, sendo estes possíveis causadores de estados de ansiedade.

No que consiste?
Ela foi criada com o intuito de avaliar não só a ansiedade traço, mas
também a ansiedade estado, e para auxiliar na distinção entre quadros de
ansiedade e quadros depressivos. Consiste numa escala de autorrelato,
composta por 40 itens (20 para cada subescala), que pode ser administrada a
indivíduos com idades compreendidas entre os 15 e os 80 anos.

Quais as subescalas?
Existe o Inventário de Ansiedade-Estado (STAI Y-1) e a Escala de
Avaliação da Depressão (STAI Y-2), sendo que a primeira avalia a ansiedade
estado, e a segunda avalia a ansiedade traço. Elas podem ser administradas em
conjunto ou em separado. A análise da escala deve conter já os itens invertidos.

STAI Y-1 – Ansiedade-Estado


É composta pelos primeiros 20 itens, numa escala de Likert de 4 pontos
(1=nada; 4=muito). A pontuação máxima são 80 pontos.

Quais as instruções que devem ser dadas pelo psicólogo?


“Em baixo encontra uma série de frases que as pessoas costumam usar
para se descreverem a si próprias. Leia cada uma delas e coloque uma cruz ou
um círculo no número das colunas mais à direita que indica como se sente
agora. Isto é, neste preciso momento. Não há respostas certas ou erradas. Não
demore muito tempo com cada frase, dê a resposta que lhe parece que descreve
melhor os seus sentimentos neste momento.”

STAI Y-2 – Ansiedade-Traço


É composta pelos últimos 20 itens, numa escala de Likert de 4 pontos
(1=quase nunca; 4=quase sempre). A pontuação máxima também são 80
pontos.

Quais as instruções que devem ser dadas pelo psicólogo?


“Em baixo encontra uma série de frases que as pessoas costumam usar
para se descreverem a si próprias. Leia cada uma delas e coloque uma cruz ou
um círculo no número das colunas mais à direita que indica como se sente no
geral. Não há respostas certas ou erradas. Não demore muito tempo com cada
frase, dê a resposta que lhe parece que descreve como se sente geralmente.”

Como é feita a cotação das subescalas STAI?


Cada item é cotado com um valor de 1 a 4 pontos, sendo que se deve ter
em conta a inversão de determinados itens (os da ansiedade ausente). Assim, as
respostas marcadas com 1 2 3 4 devem ser cotadas com a escala invertida 4 3 2
1.
Itens de ansiedade ausente: “Sinto-me calmo”, “sinto-me descontraído”.
Pode indicar a ausência de ansiedade nos primeiros itens de Y-1 e nos restantes
9 do Y-2.
Itens de ansiedade presente: “Sinto-me assustado”, “sinto-me
perturbado”. Podem indicar a presença de altos níveis de ansiedade. Isto
acontece em 10 dos itens do Y-1 e em 11 itens do Y-2.

Quais os itens relacionados com ansiedade ausente e com ansiedade


presente?
Na subescala STAI Y-1 são:
Ausente: Itens 1, 2, 5, 8, 10, 11, 15, 16 e 19.
Presente: Itens 3, 4, 6, 7, 9, 12, 13, 14, 17, 18 e 20.
Na subescala STAI Y-2 são:
Ausente: Itens 21, 23, 26, 27, 30, 33, 34, 36 e 39.
Presente: Itens 22, 24, 25, 28, 29, 31, 32, 35, 37, 38 e 40.

O que fazer em caso de omissão de itens nas subescalas STAI?


Em caso de omissão de 3 ou mais itens em qualquer das escalas, o
protocolo deve ser eliminado. Em caso de 1 ou 2 omissões em uma das escalas,
atribui-se o valor médio do conjunto da amostra no respetivo item.

Questionário de Esquemas de Young (YSQ)


Como evoluiu a construção deste questionário?
1990: As primeiras versões do questionário incluíam 123 itens destinados
a avaliar 16 Esquemas Mal Adaptativos Precoces (EPM). Estes itens surgiram
das observações feitas pelo autor em doentes com perturbações da
personalidade.
2002: Young disponibiliza o YSQ-RE2R que avalia 15 esquemas: 1)
privação emocional, 2) abandono, 3) desconfiança/abuso, 4) isolamento
social/alienação; 5) defeito/vergonha; 6) fracasso; 7)
dependência/incompetência; 8) vulnerabilidade ao mal e à doença; 9)
emaranhamento/eu subdesenvolvido; 10) subjugação; 11) autossacrifício; 12)
inibição emocional; 13) padrões excessivos de realização/hipercriticismo; 14)
grandiosidade; 15) autocontrolo/autodisciplina insuficientes.
2003: Young publicou uma versão de 205 itens (em 2003), da qual se
extraiu uma versão curta de 75 itens. Esta é a que se utiliza com maior
frequência por ser a que menos tempo de preenchimento consome.
2005: Surge a versão final do YSQ, o YSQ-S3, constituído por 18
esquemas em fatores: F1) privação emocional; F2) abandono; F3)
desconfiança/abuso, F4) isolamento social/alienação; F5) defeito/vergonha; F6)
fracasso; F7) dependência/incompetência; F8) vulnerabilidade ao mal e à
doença; F9) emaranhamento/eu subdesenvolvido; F10) subjugação; F11)
autossacrifício; F12) inibição emocional; F13) padrões excessivos de
realização/hipercriticismo; F14) grandiosidade; F15)
autocontrolo/autodisciplina insuficientes; F16) procura de
aprovação/reconhecimento; F17) negativismo/pessimismo; F18)
auto-punição.

YSQ-S3
É composto por 90 itens e avalia 18 esquemas. Para cada esquema é
apresentado um conjunto de 5 itens não consecutivos. A escala é do tipo Likert
de 6 pontos (1=completamente falso; 6=descreve-me perfeitamente).

Quais os itens correspondentes aos fatores?

Avaliação de sintomas psicopatológicos em


contexto clínico
Há o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI), o Inventário de
Depressão Infantil (CID), a Escala Revista de Ansiedade Manifesta para
Crianças (RCMAS) e o Inventário de Esquemas para Crianças e Adolescentes
(IEC).

Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI)


Foi criado por Derogatis em 1982 e validado para a população portuguesa
em 2007 por Canavarro e colaboradores. Destina-se a sujeitos com perturbações
psiquiátricas ou psicológicas e população geral, com 13 ou mais anos, sendo a
sua aplicação individual/coletiva.
É composto por 53 itens, que englobam 9 dimensões de sintomatologia e
3 índices globais. A escala é do tipo Likert de 5 pontos, indo de 1 (nunca) a 5
(muitíssimas vezes).

Quais as 9 dimensões de sintomatologia?


1. Somatização: 2, 7, 23, 29, 30, 33 e 37.
2. Obsessões-compulsões: 5, 15, 26, 27, 32 e 36.
3. Sensibilidade interpessoal: 20, 21, 22 e 42.
4. Depressão: 9, 16, 17, 18, 35 e 50.
5. Ansiedade: 1, 12, 19, 38, 45 e 49.
6. Hostilidade: 6, 13, 40, 41 e 46.
7. Ansiedade fóbica: 8, 28, 31, 43 e 47.
8. Ideação paranóide: 4, 10, 24, 48 e 51.
9. Psicoticismo: 3, 14, 34, 44 e 53.

O que permitem estas dimensões avaliar?


O mal-estar sintomático ao longo de um continuum que vai desde o mal-
estar psicológico, com pouco ou nenhum significado clínico, até ao mal-estar
mórbido, formalmente característico das perturbações psiquiátricas.

Quais os 3 índices globais?


 Índice Geral de Sintomas (IGS): Pondera a intensidade do mal-estar
experienciado com o número de sintomas assinalados. Conta: Soma das
pontuações de todos os itens / nº total de respostas.
 Total de Sintomas Positivos (TSP): Número de queixas sintomáticas
apresentadas. Conta: Soma do nº de itens assinalados com resposta
positiva, ou seja, acima de 0.
 Índice de Sintomas Positivos (ISP) : Média da intensidade de todos os
sintomas assinalados. Conta: Somatório de todos os itens / TSP.

Inventário de Depressão Infantil (CID)


É um instrumento utilizado para avaliar a existência e intensidade de
sintomas depressivos, sendo composto por 27 itens que se agrupa em 5
subescalas. É destinado a indivíduos com idades compreendidas entre os 7 e os
17 anos.

Quais são as 5 subescalas?


1. Humor disfórico: 1, 6, 8, 10, 11 e 13.
2. Problemas no relacionamento interpessoal: 5, 12, 26 e 27.
3. Ineficácia: 3, 15, 23 e 24.
4. Anedonia: 4, 16, 17, 18, 19, 20, 21 e 22.
5. Baixa autoestima: 2, 7, 9, 14 e 35.

Quais os pontos de corte em Portugal?


16 pontos para as idades entre os 7/12.
20 pontos para as idades entre os 13/17.

Escala Revista de Ansiedade Manifesta para


Crianças (RCMAS)
É um instrumento de medida da ansiedade crónica (ansiedade traço)
composto por 37 itens destinados a determinar a presença ou ausência de uma
grande variedade de sintomas, em crianças e adolescentes. Utiliza-se em idade
escolar do 3º ao 12º ano.
A cada resposta “sim”, soma-se 1 ponto e cada resposta “não” vale 0
pontos. A pontuação máxima é de 37. Há 8 fatores.

Quais os 8 fatores?
1. Insegurança ou ansiedade antecipatória: 11, 15, 27, 35 e 37.
2. Preocupação: 10, 14, 22 e 26.
3. Problemas relacionados com o sono: 13, 29 e 30.
4. Sintomas orgânicos: 5, 17 e 25.
5. Sensibilidade: 9, 18 e 24.
6. Ansiedade generalizada: 1, 6 e 21.
7. Concentração: 2, 31 e 33.
8. Medo ou sentimento de inferioridade: 3, 7, 19 e 23.
Inventário de Esquemas para Crianças e
Adolescentes (IEC)
Baseia-se na noção e tipologia de esquemas propostos por Young. Em
Portugal, utiliza-se para a população com idades entre os 8 e os 19 anos.
Este inventário é constituído por 40 itens que se agrupam em 11
esquemas e 5 fatores, havendo uma escala tipo Likert de 4 pontos, indo de 1 –
Discordo fortemente, a 4 – Concordo fortemente. Não existe uma pontuação
geral.

Quais os 11 esquemas?
1. Isolamento (ISOL): 10, 15, 19, e 40 / 4.
2. Vulnerabilidade/abandono (VUL): 4, 9, 16, 17, 23 e 27 / 6.
3. Desconfiança (DESC): 20, 30, 31 e 35 / 4.
4. Defeituosidade (DEF): 2, 3, 11 e 39 / 4.
5. Fracasso (FALH): 18, 36 e 38 / 3.
6. Emaranhamento (ENM): 1, 8 e 12 / 3.
7. Noção de direitos (ENT): 24, 32 e 34 / 3.
8. Autocontrolo insuficiente (AC): 6, 7, 14 e 37 / 4.
9. Autossacrifício (SACR): 21, 25 e 33 / 3.
10. Submissão (SUB): 13, 22 e 28 / 3.
11. Padrões elevados (PE): 5, 26 e 29 / 3.

Cotação: 1) identificar o valor do item, 2) somar os valores todos, 3)


dividir resultado pelo número de itens.

Quais os 5 fatores?
1. Desconexão e rejeição: 2, 3, 11, 18, 20, 26, 28, 36, 38, 39 e 40. Engloba
defeituosidade, fracasso, padrões elevados, autossacrifício e isolamento.
Faz referência ao sentimento de não ser desejado ou amado, de ser
defeituoso, imperfeito, o que leva a um forte sentimento de vergonha e
fracasso e, por sua vez, ao isolamento.
2. Performance e autonomia deficitárias : 4, 6, 7, 14, 18, 21, 22 e 37.
Caracteriza-se por um forte sentimento de fracasso e medo de falhar,
associado a uma dificuldade em exercer suficiente autocontrolo e
tolerância à frustração. Verifica-se um foco excessivo em satisfazer as
necessidades dos outros, o que está associado à instabilidade percebida
ou falta de fiabilidade nos recursos disponíveis para o apoio ao indivíduo.
3. Foco excessivo nos outros: 9, 10, 15, 19, 20, 24, 25, 28, 30, 31, 32 e 34.
Caracteriza-se pela falta de consciência sobre os próprios sentimentos e
necessidades, levando à utilização da realidade dos outros como termo de
comparação para a sua própria realidade. Além disso, surge um conjunto
de preocupações relacionadas com os outros, da sua atenção e opinião,
relacionado com alguma desconfiança, receio de fracasso e tendência
para o isolamento por duvidar das próprias capacidades.
4. Emaranhamento: 1, 8, 12 e 13. Corresponde ao emaranhamento e
autossacrifício. Sugere uma tendência para um envolvimento emocional e
proximidade excessivos com os outros significativos, nomeadamente os
pais, não conseguindo sobreviver ou ser feliz sem o seu apoio constante.
Verifica-se, ainda, um foco excessivo em satisfazer as necessidades dos
outros, sendo que o indivíduo tem a sensação de que tem muita pouca
identidade individual ou orientação interna.
5. Vulnerabilidade ao dano ou à doença : 17, 23 e 27. Caracteriza-se pela
instabilidade percebida ou falta de fiabilidade nos recursos disponíveis
para o apoio ao indivíduo. Desta forma, por receio de perder o apoio
emocional e a proteção fornecida pelos outros significativos, surge a
crença de que o próprio ou os outros, está à beira de sofrer uma
catástrofe.

Nota: Os restantes itens são considerados apenas na pontuação dos esquemas.

O que se pode dizer sobre a evolução dos esquemas desde a infância


até à idade adulta?
As crianças apresentam os mesmos esquemas que adolescentes e adultos,
no entanto há esquemas que são funcionais numa determinada idade, e noutra
não (p.e. emaranhamento não é disfuncional na infância). À medida que
envelhecemos, os esquemas tornam-se mais elaborados, pelo que é expectável
encontrar aglomerados de diversos esquemas em crianças.
Questionário de Regulação Emocional
Comportamental (BERQ)

No que consiste?
O BERQ é um instrumento de autorresposta que pretende avaliar as
estratégias de regulação emocional comportamental recorridas em situações
negativas ou stressantes. Mede os estilos comportamentais face a
acontecimentos stressantes de um modo geral (coping disposicional) ou face a
um acontecimento stressante específico (coping situacional).
Tem 20 itens, avaliados numa escala Likert de 1 (quase nunca) a 5 (quase
sempre).

População-alvo: A partir dos 12 anos.

Quantos fatores/subescalas tem?


Tem 5, que são:
1. Procurar distração: Refere-se a lidar com a situação através de
comportamentos distratores.
2. Afastar-se: Afastar-se de situações e contactos sociais para lidar com a
situação stressante.
3. Abordar ativamente: Refere-se ao comportamento ativo de resolução da
situação stressante.
4. Procurar apoio social: Inclui a partilha de emoções e a solicitação de
apoio de outros.
5. Ignorar: Refere-se a comportar-se como se a situação stressante não
tivesse acontecido.

As subescalas que, supostamente, são mais adaptativas são 1) procurar


distração, 2) abordar ativamente e 3) procurar apoio social. Já as menos
adaptativas são 1) afastar-se e 2) ignorar.

Como é feita a cotação?


É feita por dimensões/subescalas, sendo que valores mais elevados
equivalem a uma maior frequência na utilização de estratégias de regulação
emocional comportamental. A utilização mais frequente de estratégias menos
adaptativas estão associadas à manutenção de sintomatologia ansiógena e/ou
depressiva.

Quais as vantagens do BERQ?


 Boas propriedades psicométricas.
 Permite uma análise menos generalista do que outros instrumentos de
regulação emocional.
 Permite avaliar unicamente o coping comportamental.
 Possibilidade de adaptar o enunciado conforme o objetivo da avaliação
(de avaliar o coping disposicional ou o situacional).

Quais as suas limitações?


 A amostra do estudo português é constituída apenas por estudantes do
Ensino Superior e maioritariamente por mulheres – impacto na
generalização de resultados.
 Necessidade de mais estudos de validade e com diferentes populações.
ASEBA
O que difere entre a perspetiva do DSM-5 e a perspetiva ASEBA?
DSM-5: Está presente uma perspetiva categórica da patologia, ou seja,
existe uma descontinuidade entre o normal e o patológico, sendo que o desvio
comportamental é sempre encarado como uma perturbação.
ASEBA: Está presente uma perspetiva dimensional da patologia, havendo
uma continuidade entre o “normal” e o patológico e consideração dos contextos
do indivíduo. O que distingue normal/patológico está mais relacionado com a
frequência e intensidade do que com o tipo de comportamentos. Além disso,
não avalia apenas os problemas, mas também as competências.

Quais as vantagens da abordagem dimensional utilizada no ASEBA?


 Permite ajudar a ultrapassar o problema da comorbilidade, do
tratamento de casos subclínicos e da natureza adultocêntrica do DSM-5.
 Agrupa comportamentos por síndromes.
 Permite uma compreensão contextual, considerando o ponto de vista de
diferentes informadores e dando relevância às competências.

O que é o Modelo Multiaxial de Achenbach (ASEBA)?


É um modelo de avaliação, com racional pós-positivista, que considera
que a patologia pode ser mais bem entendida de modo dimensional do que
categorial. Deve, por isso, considerar as diferentes expressões sintomáticas das
patologias ao longo do desenvolvimento.
Isto, porque o comportamento difere em função dos contextos; diferentes
informadores observam diferentes amostras de comportamento; diferentes
informadores produzem diferentes efeitos na criança; e os informadores
diferem na sensibilidade aos vários problemas da criança.

Quantos eixos há e que instrumentos são usados para cada um?


Eixo 1: Relato dos pais.
Eixo 2: Relato dos professores.
Eixo 3: Avaliação cognitiva.
Eixo 4: Avaliação médica.
Eixo 5: Avaliação da criança.
Quais as síndromes e escalas do ASEBA?
Os itens que integram o questionário descrevem tipos específicos de
problemas comportamentais, emocionais e sociais que são pontuados em
escalas de síndromes e em escalas orientadas pelo DSM-5. As síndromes são 7:
1. Reatividade emocional: Síndrome relativo à intensidade da resposta
emocional face a estímulos percebidos como ameaçadores.
2. Ansiedade/Depressão: Associada a diagnósticos categoriais de ansiedade
e depressão.
3. Queixas somáticas: Tendência para a somatização.
4. Isolamento: Relacionada com o isolamento ou mal-estar interpessoal.
Surge, frequentemente, em quadros depressivos ou de ansiedade social.
5. Problemas de sono.
6. Problemas de atenção: Associada ao diagnóstico categorial de
perturbação de hiperatividade e de défice de atenção.
7. Comportamento agressivo: Representa comportamentos de desafio
aberto. Surge associada, entre outras, à perturbação de oposição.

Todos são comportamentos internalizantes, exceto os problemas de


atenção e o comportamento agressivo, que são externalizantes.

Qual a diferença entre a internalização e a externalização?


A internalização engloba problemas essencialmente relacionados com o
indivíduo e sintomas de natureza subjetiva como isolamento, ansiedade,
medos…
Já a externalização engloba uma ação no ambiente, normalmente
impulsiva ou hostil, envolvendo também conflitos com outras pessoas e com as
expectativas que estas têm da criança.

Técnicas projetivas
Qual a diferença entre as técnicas psicométricas e as técnicas
projetivas?
Técnicas psicométricas: Existe uma expressão numérica dos resultados,
que passa por verificação matemática; uma relativa independência da
subjetividade da pessoa que aplica ou interpreta para com os resultados; e
relação neutra entre examinador-examinado.
Técnicas projetivas: Os resultados não se expressam numericamente, não
se ordenam em escalas métricas e não se prestam a verificação matemática; não
há uma formulação matemática da validade, mas uma validação inter-
avaliadores; e permitem uma ampla margem de interpretação pessoal.

Quais as características gerais das técnicas projetivas?


 Relativamente não estruturadas, permitindo uma variedade quase
ilimitada de respostas possíveis.
 Instruções breves e gerais, para permitir liberdade total à fantasia.
 Os estímulos tendem a ser vagos ou ambíguos, para não evocar reações
defensivas.
 Segue o pressuposto que a forma como o indivíduo percebe e interpreta o
material de teste, reflete aspetos fundamentais do seu funcionamento
psicológico.
 Caracterizam-se por uma abordagem global à avaliação da personalidade.
 Revelam aspetos da personalidade encobertos, latentes ou inconscientes.

Quais os tipos de técnicas projetivas?


 Estruturais: Material visual de escassa estruturação que o sujeito deve
estruturar dizendo o que vê ou ao que se assemelha (Rorschach).
 Temáticas: Material visual com diferentes graus de estruturação formal
de conteúdo humano ou parahumano, sobre o qual o sujeito deve narrar
uma história (TAT).
 Expressivas: Instrução verbal ou escrita de desenhar figuras.
 Construtivas: Material concreto que o sujeito deve organizar de acordo
com diferentes instrumentos (teste da aldeia).
 Associativas: Instrução verbal ou escrita para que o sujeito manifeste
verbalmente associações de palavras, frases ou contos (frases
incompletas).

Quais as vantagens das técnicas projetivas?


 Efeito “quebra-gelo”.
 Grande aplicabilidade.
 Menor suscetibilidade à simulação.

Quais as desvantagens?
 Ateóricas.
 Baixa fidelidade.
 Baixa validade.
 Grande amplitude no número de variáveis medidas.
 Grande quantidade de variáveis parasitas.

Teste de Aperceção Temática (TAT)


Avalia, genericamente, a personalidade, permitindo conhecer impulsos,
emoções, sentimentos e conflitos da personalidade, bem como aspetos ou
tendências subjacentes ao sujeito que este não reconheceria de outra forma por
não serem conscientes. É uma técnica recomendada como introdução a
entrevistas psicoterapêuticas e/ou psicanálise de curta duração.
Cada cartão contém um material manifesto (descrição neutra da imagem)
e solicitações latentes (o que pode significar).

A quem aplicar? A sujeitos com perturbações do comportamento,


distúrbios psicossomáticos, neuroses, psicoses e, em geral, a qualquer adulto
quando se deseja conhecer a estrutura da sua personalidade.
Aplicação individual, preferencialmente.

Quais os pressupostos deste teste?


Quando se pede ao sujeito que conte uma história com princípio, meio e
fim, pressupõe-se que as histórias/narrativas revelam componentes
significativos da personalidade, uma vez que:
1) As pessoas tendem a interpretar uma situação ambígua de acordo com as
suas experiências passadas e desejos atuais.
2) Quando se criam histórias, há tendência a recorrer às experiências e a
introduzir nelas sentimentos e necessidades, conscientes e inconscientes.
O que se deve atentar na análise das histórias?
 Protagonista ou “herói”: Aquele com o qual o indivíduo se identifica.
 Motivos, tendências e sentimentos dos heróis.
 Forças do ambiente que exercem influência no herói.
 Desfecho da história.
 Análise dos temas: Se há temas comuns ou relacionados.
 Interesses.

Teste de Aperceção Infantil – Animais (C.A.T. – A)


É um teste destinado a crianças dos 3 aos 10 anos, sendo equivalente ao
TAT. É constituído por 10 cartões com imagens representando animais em
diversas situações, que procuram provocar respostas relacionadas com
problemas como: alimentação, linguagem, rivalidades fraternas, atitudes face às
figuras parentais, fantasias agressivas, aceitação do mundo adulto, medos,
masturbação, comportamentos diversos, assim como a atitude dos pais face a
esses problemas infantis.

Diferenças para a TAT nas normas de aplicação: Deve-se apresentar o


teste como se fosse um jogo.

Teste de Aperceção Infantil – Figuras Humanas


(C.A.T. – H)
Esta versão com figuras humanas surgiu devido a um estudo que
postulava que os estímulos com figuras humanas eram mais promotores da
projeção do que os estímulos com animais. Algumas crianças, entre os 7 e os 10
anos, consideram os cartões com figuras animais como inadequados para o seu
nível intelectual.

População-alvo: Crianças dos 3 aos 10 anos.

Teste Pata Negra (PN)


O teste destina-se à avaliação de crianças e explora a estrutura dinâmica
da personalidade, estudando especialmente aspetos das primeiras etapas de
vida e enfatizando a análise dos mecanismos de defesa e das tendências
instintivas.
O racional teórico assenta na perspetiva teórica do desenvolvimento
humano e na estrutura da personalidade proposta pela abordagem
psicodinâmica.

O que diferencia este teste de outros semelhantes?


A liberdade de projeção, em termos de fantasia, caracterização das
personagens, ordem dos cartões, cartões preferidos e recusados e narrativa.

Quais são os grandes temas presentes nos cartões?


 Oralidade.
 Analidade.
 Sexualidade.
 Agressividade.
 Conflitos de dependência-independência.
 Culpabilidade.
 Sexos invertidos.
 Pai nutridor e mãe ideal.

Desenho
Quando utilizar?
No início do exame psicológico, para facilitar a relação
sujeito/examinador. Pode ser aplicado a crianças, adolescentes e adultos.

Deve-se ter em conta as fases do desenvolvimento gráfico:


1) Garatuja (6 meses-3 anos).
2) Pré-esquemática (3-7 anos).
3) Realismo intelectual (6-7 anos).
4) Realismo visual (+9 anos).
Que considerações básicas devemos ter em conta na interpretação?
 Não fazer interpretações isoladas com base em símbolos, mas com base
na interação das partes, integradas na globalidade.
 Atentar aos elementos expressivos (o que expressa o desenho), mas
também aos elementos de conteúdo.

O que são os elementos de conteúdo?


 Sequência.
 Pressão ao desenhar.
 Simetria.
 Traço.
 Tamanho.
 Localização no papel.
 Movimento.
 Uso de borracha.
 Detalhes.
 Sombreado.

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