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3/2/2024

Técnicas de Observação e Testes Objetivos (TOTO)

Tema 1: Avaliação Psicológica: Conceituação, Histórico e Instrumentos


Etapas do Processo de Avaliação Psicológica

Prof. Me. José Luís Costa


Aula 2a Centro Universitário Estácio de Sergipe
Curso de Psicologia

Objetivos da Aprendizagem

No final desta aula, o aluno deverá ser capaz de:

1. Compreender as etapas de um processo de avaliação psicológica tradicional.


2. Posicionar-se criticamente quanto à avaliação psicológica, na sua prática tradicional.

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Avaliação Psicológica

Algumas questões necessitam de ser colocadas antes de se elaborar um


processo de avaliação psicológica:

Qual o objetivo da avaliação? Quem será avaliado? Qual construto vou avaliar?
Qual a importância de avaliar esse construto na demanda apresentada?
Quais os métodos, técnicas e instrumentos mais adequados para investigar esse
construto?
Qual o nível de desejabilidade social implicado nessa avaliação?
O meu preparo para usar o recurso é adequado?

Avaliação Psicológica

Dinâmica do processo

Quem é o interessado? (indivíduo, instituição, outro profissional);


Característica da demanda: coercitiva (p. ex., um juiz obrigar o réu a submeter-se a uma
AP), compulsória (quando é de caráter obrigatório por exigência legal) ou voluntária;

Competências do psicólogo: identificar, especificar, elaborar e executar procedimentos,


obter evidências, elaborar documentos escritos prestando informações técnicas para
uma tomada de decisão, entrevista devolutiva.

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Avaliação Psicológica

Principais demandas

• Psicologia da Saúde e/ou Hospitalar; Psicologia Clínica; Psicologia Forense;


• Psicologia Escolar e Educacional; Neuropsicologia;
• Psicologia do Trabalho e das Organizações; Psicologia do Esporte;
• Psicologia Social/Comunitária; Psicologia do Trânsito;
• Orientação e ou aconselhamento vocacional e/ou profissional; etc.

Avaliação Psicológica

Etapas do processo

• Avaliação da demanda (investigar);


• Entrevista(s) psicológica e/ou anamnese;
• Observação comportamental (direta/indireta);
• Enquadramento (planejamento);
• Seleção das ferramentas (p. ex., bateria de testes psicológicos, escalas);
• Aplicação dos testes;
• Correção e interpretação dos escores brutos (testes objetivos) e/ou das respostas
qualitativas (testes projetivos);
• Integração de todos os dados coletados (ao longo do processo) e análise dos resultados;
• Dependendo do tipo de avaliação: confirmação ou não da(s) hipótese(s) inicial(ais) – no
caso do psicodiagnóstico trata-se de uma inferência clínica (diagnóstico);
• Redação do documento escrito (atestado/laudo), devolutiva e encaminhamento.
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Avaliação Psicológica

Critérios para a seleção da bateria de testes:

• Construto(s) a ser(em) avaliado(s);


• Público Alvo;
• Verificar se a padronização do(s) instrumento(s) selecionado(s) é adequado à
demanda e ao cliente;
• Normas adequadas dos testes psicológicos;
• Contexto da Avaliação;
• Tempo de aplicação, correção e interpretação;
• Habilidades do(a) psicólogo(a);
• Tempo e recursos (dinheiro) do cliente.
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Eventuais problemas nos processos de avaliação psicológica,


na sua prática tradicional – reflexão crítica

(Como já estudado) a avaliação psicológica é um processo científico de coleta de dados


que utiliza técnicas e instrumentos da psicologia, escolhidos em função da demanda e
das características idiossincráticas do cliente (em avaliação), embasada numa abordagem
teórica da psicologia:
• No entanto, pode não ser suficiente todo esse procedimento, pois pode dar-se o problema
do cliente, em alguns casos, não se sentir compreendido e motivado para levar adiante as
recomendações derivadas das avaliações;
• Para que o benefício ocorra na vivência do cliente, é preciso mais do que boas técnicas e
testes psicológicos – isso porque, o aproveitamento que um cliente pode ter de um
processo de avaliação psicológica, depende muito da maneira como é conduzido pelo
psicólogo.

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Eventuais problemas nos processos de avaliação psicológica,


na sua prática tradicional – reflexão crítica

• Importa destacar, que o modelo mais tradicional de avaliação psicológica, trás em muitos
casos benefícios diretos para o cliente, no sentido de que ele consiga aprender algo novo
e verdadeiro sobre si mesmo – tal ocorre, mais em função da capacidade empática do
psicólogo, do que da qualidade das técnicas, dos instrumentos ou do modelo de avaliação
usado. Embora se reconheça a importância do cuidado a ter-se no planejamento da
intervenção e, consequentemente, das ferramentas selecionadas;
• Deduz-se que, apesar da qualidade das ferramentas utilizadas pelo psicólogo no
processo avaliativo, o mesmo também deve voltar a sua atenção para o que torna a
experiência benéfica e terapêutica para o cliente, o que está alinhado com o conceito de
validade consequencial.

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(Villemor-Amaral; Resende, 2018)

Eventuais problemas nos processos de avaliação psicológica,


na sua prática tradicional – reflexão crítica

• Fischer (1979) apud Villemor-Amaral e Resende (2018) enfatiza a avaliação psicológica


como um processo intersubjetivo de construção:
• Para a autora, os testes são versões simplificadas dos desafios comuns que os clientes
enfrentam nas suas vidas – o que ela quer dizer, é que o desempenho dos clientes nos
testes é semelhante ao seu desempenho em eventos e situações similares fora do
consultório;
• De acordo com Fischer, nada melhor que transformar a avaliação numa experiência de
interação entre o psicólogo e o cliente, mediada por algumas tarefas, os testes e outros
procedimentos.

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Eventuais problemas nos processos de avaliação psicológica,


na sua prática tradicional – reflexão crítica

É possível elencar várias razões que podem fazer com que um processo de avaliação
psicológica tenha um efeito iatrogénico, i.e., uma espécie de “tiro que sai pela culatra”:

É como se a avaliação psicológica fosse simplesmente desperdiçada no seu potencial


transformador:
• Ou seja, uma avaliação que, justificada ou não, resulte em algum dano para o bem-estar
do cliente – o que pode proporcionar que o processo termine com o cliente se sentindo
mal compreendido, envergonhado das suas dificuldades e com total descrédito dos
profissionais da Psicologia, o que implicará que o cliente denote indisposição para seguir
as orientações recebidas na entrevista devolutiva.

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Eventuais problemas nos processos de avaliação psicológica,


na sua prática tradicional – reflexão crítica

Finn (2017) apud Villemor-Amaral e Resende (2018), chama a atenção para mais
dois fatores frequentemente ignorados, que por si só podem trazer consequências
negativas no processo de avaliação psicológica:
• O fraco engajamento do cliente;
• A dificuldade do cliente de rever velhas crenças.

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Eventuais problemas nos processos de avaliação psicológica,


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O fraco engajamento do cliente no processo é mais comum do que se pensa:


• Consiste no fato do cliente não estar suficientemente preparado ou motivado para
uma boa avaliação:
• p. ex., o cliente vir às consultas para atender aos interesses de terceiros e não por
uma demanda pessoal;
• Outros entraves por parte do cliente: não se “abrir” no processo, devido ao fato de
estar numa situação defensiva; ou não ter devidamente entendido o quanto se trata
de uma experiência que poderia ser efetivamente enriquecedora para si mesmo.

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Eventuais problemas nos processos de avaliação psicológica,


na sua prática tradicional – reflexão crítica

Conclusão

A avaliação psicológica tradicional, denota muitas vezes fragilidades que nem sempre
são consideradas ao se planejar uma determinada avaliação (p. ex., psicodiagnóstico):
• As consequências disso, é que frequentemente o cliente não sente os reais benefícios
do processo avaliativo para si mesmo ou para a sua vida;
• Pode mesmo acontecer o inverso e o processo se transformar numa experiência
negativa de sentimento de incompreensão, desesperança e baixa motivação para que
o cliente siga as orientações finais (p. ex., encaminhamento, etc.).

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Referências

URBINA, S. Fundamentos da Testagem Psicológica. Porto Alegre: Artmed, 2007.


VILLEMOR-AMARAL, Anna Elisa de; RESENDE, Ana Cristina. Novo Modelo de Avaliação
Psicológica no Brasil. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 38, n. spe, p. 122-132, 2018. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141498932018000400122&lng=pt&nrm=is
o>. Acesso em 23 mar. 2021.

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