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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos

Avaliação psicológica: conceituação, histórico e


instrumentos
Guilherme Almentero Marques

Descrição

A relação entre prática profissional e avaliação psicológica:


conceituação, histórico e instrumentos.

Propósito

Compreender, conhecer e analisar os principais pontos entre a realidade


profissional do psicólogo e o uso da avaliação psicológica em termos de
definição, fontes de investigação, tipos de observação e testes, além de
entender os limites éticos e a regulação de seu escopo de trabalho, uma
vez que são aspectos de fundamental importância para o correto manejo
dos instrumentos de avaliação.

Objetivos

Módulo 1

Avaliação psicológica

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Identificar o recorte de definições e conceitos no histórico da


avaliação psicológica.

Módulo 2

Investigação psicológica
Reconhecer as fontes de investigação psicológica.

Módulo 3

Tipos de observação e testes


psicológicos
Identificar os tipos de observação e de testes psicológicos.

Módulo 4

Cenário legal, ético e social


Analisar o cenário legal, ético e social na avaliação psicológica.

meeting_room
Introdução
A prática profissional de qualquer psicólogo é marcada por
inúmeras metodologias e técnicas complexas e abrangentes,
destacando-se a avaliação psicológica referendada como
exclusiva aos psicólogos pela Lei nº 4.119 de 1962.

Neste conteúdo, portanto, trataremos de todo o cenário da


avaliação psicológica na prática profissional do psicólogo, desde

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seu conceito até suas implicações éticas para formar a base


sólida de inserção profissional do psicólogo em âmbito prático.

1 - Histórico da avaliação psicológica


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar o recorte de
definições e conceitos no histórico da avaliação psicológica

Definições e conceituação
Como você toma decisões? Já parou para pensar sobre isso?

É importante refletir sobre o processo de tomada de decisão para


destacar a importância da avaliação psicológica. Imagine seu dia a dia e
suas respectivas decisões, até mesmo as pequenas decisões, desde a
roupa que escolhe para trabalhar até o que vai comer.

Será que toda decisão segue um processo racional e


consciente? Claro que não, certo?

Agora, imagine decisões que afetam a vida de pessoas, chegando a


provocar importantes mudanças. Essas sim precisam de tempo,
detalhamento e precisão. Esse é o ponto crucial da atuação do psicólogo
quando falamos de avaliação psicológica, que nada mais é do que um
processo amplo de investigação em que se conhece o avaliado e sua
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respectiva demanda, fundamentando a tomada de decisão do


profissional.

Trata-se de um processo criterioso, que considera técnica e ciência. Ele


pode ser feito para determinada pessoa ou para um grupo de pessoas e,
dependendo da área de conhecimento, pode demandar metodologias
bem específicas.

A avaliação psicológica consolida uma base de informações que


explicam fenômenos específicos, dando a sustentação necessária aos
inúmeros trabalhos do psicólogo em diversos campos como saúde,
educação e trabalho, por exemplo. São necessários tempo e,
principalmente, planejamento!

Segundo o art. 1º da Resolução CFP nº 31/2022:

Avaliação Psicológica é definida


como um processo estruturado de
investigação de fenômenos
psicológicos, composto de métodos,
técnicas e instrumentos, com o
objetivo de prover informações à
tomada de decisão, no âmbito
individual, grupal ou institucional,
com base em demandas, condições
e finalidades específicas.

(CFP, 2022)

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Em outras palavras, a avaliação psicológica é um processo de


conhecimento, isto é, de busca de informações sobre determinadas
solicitações formuladas, quer seja por um pai ou professor sobre o
rendimento escolar de seu filho, quer seja por um juiz em relação a um
processo em questão, por exemplo. Portanto, trata-se de colher
informações que permitam uma tomada de decisão sobre as
características psicológicas de uma pessoa, buscando responder a
objetivos que orientam todo o processo.

E que tipos de avaliações os psicólogos


podem fazer?

Os psicólogos podem fazer tanto avaliações de características clínicas


espontâneas ou de encaminhamento, como também avaliações
compulsórias. Entenda aqui como exemplo de avaliações compulsórias
a obtenção da carteira nacional de habilitação, o manuseio de armas,
cirurgias, entre outras.

Percebe-se, então, que se trata de um processo importante que suporta o


entendimento do comportamento de uma pessoa a partir de diferentes
construtos, como funções cognitivas, dificuldade de organização de
ideias, aptidões específicas, memória, processos que envolvam decisão
em contextos psicossociais (cirurgias bariátricas, transexualização, por
exemplo) e outros. O objetivo da avaliação psicológica sempre será dar
fundamento à tomada de decisão.

E existe um processo definido para isso?

Claro! Trata-se do chamado processo avaliativo. O processo de


avaliação psicológica é um procedimento que requer uma série de
informações desde o desenvolvimento do indivíduo do ponto de vista
histórico, as características atuais e sua história clínica, além das
dificuldades dentro do contexto de habilidades do indivíduo. É a partir
dessa análise que o psicólogo toma decisões. Considere os seguintes
passos:

1. Levantamento dos objetivos da avaliação e


particularidades do indivíduo ou grupo a ser
avaliado. Tal processo permite a escolha dos

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instrumentos/estratégias mais adequados


para a realização da avaliação psicológica;

2. Coleta de informações pelos meios


escolhidos (entrevistas, dinâmicas,
observações e testes projetivos e/ou
psicométricos etc.). É importante salientar
que a integração dessas informações deve
ser suficientemente ampla para dar conta dos
objetivos pretendidos pelo processo de
avaliação. Não é recomendada a utilização de
uma só técnica ou um só instrumento para a
avaliação;

3. Integração das informações e


desenvolvimento das hipóteses iniciais.
Diante destas, o psicólogo pode constatar a
necessidade de utilizar outros
instrumentos/estratégias de modo a refinar
ou elaborar novas hipóteses;

4. Indicação das respostas à situação que


motivou o processo de avaliação e
comunicação cuidadosa dos resultados, com
atenção aos procedimentos éticos implícitos
e considerando as eventuais limitações da
avaliação. Nesse processo, os procedimentos
variam de acordo com o contexto e propósito
da avaliação.

(CFP, 2013a, p. 9-10)

É importante ressaltar que há casos, inclusive, em que podem ser


desconsiderados os valores aferidos em instrumentos psicológicos, uma
vez que há um entendimento maior e macro sobre as dificuldades do
sujeito ou seu respectivo potencial de habilidades.

E um psicólogo pode recorrer a colegas e grupos


profissionais para realizar avaliações psicológicas?

Sem dúvida! Dependendo do caso, pode ser necessário o suporte de uma


equipe de psicólogos com determinados tipos de conhecimento
específico que podem contribuir com avaliações mais detalhadas. Casos

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de avaliações cognitivas de grandes instituições (hospitais) são


exemplos comuns onde se encontram grupos de psicólogos.

Talvez você esteja se perguntando se avaliação


psicológica é o mesmo que testagem psicológica. E a
resposta é não!

A avaliação psicológica é, como descrito, um processo bem mais amplo


que envolve integração e consolidação de dados e informações oriundos
de inúmeras fontes como os próprios testes, entrevistas, observações,
análises de documentos. Já a testagem psicológica pode ser
considerada um processo diferente, e sua principal fonte de informação
são os testes psicológicos de diversos tipos (CFP, 2013a).

Objetivos
Os objetivos da avaliação psicológica envolvem:

Classificação simples expand_more

O exame da avaliação psicológica compara a amostra do


comportamento do examinado com resultados de outros sujeitos
da população geral ou de grupos específicos com um cenário de
condições demográficas equivalentes. Esses resultados são
fornecidos em dados quantitativos, classificados sumariamente,
como em uma avaliação de nível intelectual. Esse é um exemplo
tipicamente usado em testes psicotécnicos para concursos
públicos, classificando candidatos de forma quantitativa de
acordo com a sua pontuação.

Descrição expand_more

Ultrapassa a classificação simples, interpretando diferenças de


resultados, identificando forças e fraquezas e descrevendo o
desempenho do paciente, como em uma avaliação de déficits

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neuropsicológicos. É o caso, por exemplo, de uma avaliação


escolar mais detalhada e menos comparativa.

Classificação nosológica expand_more

Aqui é abordada a Nosologia, isto é, os critérios diagnósticos. As


hipóteses iniciais serão testadas, tomando como referência
critérios de diagnósticos do DSM-5 (Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders ou Manual diagnóstico e estatístico
de transtornos mentais) ou CID-10 (International Statistical
Classification of Diseases and Related Health Problems ou
Classificação estatística internacional de doenças e problemas
relacionados com a saúde). É comum, por exemplo, quando um
médico psiquiatra solicita ao psicólogo a confirmação de um
diagnóstico de esquizofrenia.

Diagnóstico diferencial expand_more

São investigadas irregularidades ou inconsistências de um


quadro sintomático para diferenciar alternativas diagnósticas,
níveis de funcionamento ou natureza da patologia. Imagine um
caso de um sujeito que apresente sintomas de bulimia, porém
essa bulimia pode estar associada à depressão. Então, é preciso
que o psicólogo descarte a depressão para assim fechar um
diagnóstico de bulimia, por exemplo.

Avaliação compreensiva expand_more

Permite determinar o nível de funcionamento da personalidade.


São examinadas as funções do ego, em especial a de insight,
condições do sistema de defesa, para facilitar a indicação de
recursos terapêuticos e prever a possível resposta a eles. Perceba
que aqui se abordam aspectos qualitativos do sujeito, havendo
uma tendência de uso de testes qualitativos e não quantitativos
na avaliação psicológica, como testes de personalidade, por
exemplo.

Perícia forense expand_more

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Fornece subsídios para a tomada de decisão do magistrado (juiz)


em questões relacionadas com “insanidade”, competência para o
exercício das funções do cidadão, avaliação de incapacidades ou
patologias que podem se associar a infrações legais. Geralmente,
quem demanda esse tipo de avaliação é o poder judiciário. O
psicólogo pode ser requisitado a realizar uma avaliação
psicológica para verificar a possibilidade de ocorrência de
alienação parental, por exemplo.

Prognóstico expand_more

Busca determinar o provável curso de um caso. Imagine, por


exemplo, um sujeito que apresente determinados sintomas e
quem demandou a avaliação psicológica observe a análise do
psicólogo de maneira a verificar se o cenário de sintomas pode
tender a evoluir para um quadro clínico ou patológico mais agudo
ou não.

Prevenção expand_more

Procura investigar problemas precocemente, avaliar riscos, fazer


uma estimativa de forças e fraquezas do ego, de sua capacidade
para enfrentar situações novas e estressantes.

Insight
Compreensão ou solução de um problema pela súbita captação mental de
elementos e relações adequados.

Histórico
As histórias da Psicologia e da avaliação psicológica se cruzam e se
mesclam no final do século XIX e início do século XX.

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Francis Galton

Na Inglaterra, o antropólogo Francis Galton (1822-1911) deu a


largada em seus estudos sobre as diferenças individuais.

Alfred Binet

Na França, o governo encomendou aos psicólogos Alfred Binet


(1857-1911) e Théodore Simon (1873-1961) o desenvolvimento
de avaliações de crianças em idade escolar.

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James M. Cattell

Em Leipzig, na Alemanha, o psicólogo norte-americano James


McKeen Cattell (1860-1944) concluiu sua pesquisa de
doutorado com o título de Psychometric investigation, sendo
orientado por Wundt e fundando mais tarde a Psychological
Corporation.

Wundt
Um dos fundadores da Psicologia Experimental

Psychological Corporation
Uma das mais influentes editoras de testes psicológicos até os dias atuais
(CFP, 2010).

E o que esses famosos pesquisadores queriam afinal?

Eles queriam que a Psicologia fosse reconhecida pela comunidade


científica como ciência de fato. Suas contribuições são exemplos da
relação inseparável entre o estabelecimento da Psicologia como ciência
e profissão e o desenvolvimento dos testes, entre outros procedimentos
de avaliação psicológica.

A evolução e o desenvolvimento da avaliação psicológica se apoiaram


fortemente em estratégias que possibilitavam inferir sobre o
funcionamento do psiquismo humano, sendo divididas em três grandes
grupos que vamos conhecer a seguir.

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Construção de testes por


amostragem de comportamentos
ou processos
Essa estratégia ganhava corpo durante o desenvolvimento progressivo
da psicometria e, inclusive, a partir do surgimento de medidas
psicológicas novas. Entretanto, surge ao longo desse processo outra
estratégia, que não será baseada na amostragem de comportamentos e
processos associados a um construto, isto é, a uma ideia ou um conceito
que é resultado da sintetização de ideias mais simples. Agora, haverá
uma articulação de indicadores indiretos que se relacionam na prática
ao fenômeno em questão.

O que acontece na prática é que essa estratégia começa a depender


menos da relação aparente entre o conteúdo do indicador e o construto
de interesse.

A importância de um indicador desse tipo é a possibilidade de identificar


pessoas pertencentes a grupos relevantes nos quais a presença desse
construto ― ideia construída, isto é, o que permite relacionar conceitos
com a realidade ― fosse conhecida. Sujeitos para esses grupos são
escolhidos com base em critérios independentes relacionados ao
construto de interesse. O processo de validação da relação entre os
indicadores e o grupo relacionado ao construto é conhecido como
validade de critério.

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E quais seriam exemplos de construtos em


Psicologia?

Podemos citar alguns cientificamente interessantes como felicidade,


inteligência, criatividade, liderança, empatia, amor, dor e personalidade,
entre outros.

Construção de testes por relação a grupos


selecionados por critério definido

Essa estratégia foi decisiva na seleção de parâmetros para medidas


objetivas marcadas pelos questionários e inventários, e na
demonstração de exatidão dos indicadores nas técnicas chamadas de
testes projetivos.

O Inventário Multifásico Minnesota da Personalidade (MMPI), elaborado


pelo psicólogo Starke Rosecrans Hathaway (1903-1984) e pelo
neurologista John Charnley McKinley (1891-1950), talvez seja o maior
exemplo dentro das medidas objetivas. Esses estudiosos legitimaram
suas escalas pela chamada “chave empírica”, que é um processo em que
não importava qual era o conteúdo do item, mas, sim, a forma de
resposta de cada pessoa identificada em certa condição ou
apresentando uma característica específica.

Exemplo
Determinado item capaz de distinguir grupos de pessoas com relevantes
índices de paranoia passa a formar a escala de paranoia,
independentemente da relação direta (teórica) entre o conteúdo do item e
o construto paranoia.

O Método de Rorschach é outro grande exemplo no uso de grupos de


critério. As distorções das formas, por exemplo, foram relacionadas à
esquizofrenia; os sombreados ou a cor acromática, à angústia ou à
depressão.

Portanto, primeiro se demonstra a relação entre um indicador e o


fenômeno, depois começa toda a tratativa teórica para entender os
motivos dessa relação.

Construção de testes com base na


análise da fantasia

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O desenvolvimento da Psicanálise desencadeou o surgimento de um


conjunto de testes projetivos. O psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl
Gustav Jung (1875-1961) foi pioneiro nesse sentido ao trazer o Teste de
Associação de Palavras. Atualmente, os mais notórios são os que
envolvem técnicas de complementação de frase, técnicas de apercepção
temática, além do Teste das Relações Objetais, o Teste das Fábulas de
Duss e outros.

Determinadas técnicas de avaliação permitem, ainda, as chamadas


estratégias mistas. Um exemplo é o Método de Rorschach e os testes
gráficos, que avaliam indicadores apoiados em critérios práticos,
empíricos e na análise de componentes de fantasia. Pesquisas recentes
têm trazido indicadores objetivos relevantes em técnicas que dependiam
quase que exclusivamente da análise da fantasia, como é o caso do
Teste de Apercepção Temática (TAT).

A prática clínica é marcada pela importância desses instrumentos na


medida em que permitem uma interpretação de critérios e aspectos
relacionais, estruturais e dinâmicos da personalidade, aproximando-se
do processo analítico e interpretativo que acontece necessariamente na
relação terapêutica (CFP, 2010).

Comentário
Note que a evolução da avaliação psicológica sempre foi marcada
decisivamente pela tentativa de fundamentá-la nos critérios científicos
relevantes, o que exatamente encontramos no surgimento da Psicologia
como ciência e profissão regulamentada.

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Atualmente, temos maneiras para avaliar praticamente todos os


construtos psicológicos, passando por afetos, comportamentos,
processos cognitivos, sintomas, valores e atitudes, e diversas questões
que envolvam a intimidade dos sujeitos. Podemos observar ainda,
diversas medidas para conceitos, mesmo em áreas nas quais há
dificuldade para uma avaliação padronizada. Um bom exemplo disso
seria a Psicanálise, que possui conceitos como mecanismos de defesa,
transferência, narcisismo etc.

Métodos mais novos propiciaram a elaboração e o desenvolvimento de


medidas que podem ser aplicadas sem qualquer interferência no
percurso terapêutico. As entrevistas semiestruturadas, por exemplo,
elevam significativamente o nível de precisão e validade do
psicodiagnóstico.

Essas inovações tiveram e têm uma enorme fatia de contribuição no


desenvolvimento do escopo e do poder de avaliação e diagnóstico em
Psicologia. Além disso, a utilização e as respectivas aplicações não
ficaram paradas, elas se desenvolveram. Atualmente, a avaliação está
presente nos hospitais, nas escolas, nas empresas e nas organizações,
bem como nos processos seletivos, na Psicologia jurídica, na Psicologia
do esporte e da religião e em muitos outros locais onde existe a
Psicologia.

video_library
A evolução e o
desenvolvimento da
avaliação psicológica
Neste vídeo, o especialista reflete sobre as estratégias observadas
historicamente na evolução e no desenvolvimento da avaliação

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

No que tange à definição de avaliação psicológica, escolha a


alternativa correta:

Processo informal e dependente do relato do


A
avaliador.

Processo estruturado de investigação de fenômenos


B
psicológicos.

Processo que considera técnica e ciência, mas não


C
suporta a tomada de decisão.

Processo que mede o comportamento do sujeito


D
avaliado.

Processo que interfere na realidade psíquica do


E
sujeito.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A avaliação psicológica é um processo minucioso que envolve uma


estruturação criteriosa para que os fenômenos psicológicos sejam
investigados de forma coerente e técnica.

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Questão 2

Qual alternativa representa um dos objetivos da avaliação


psicológica?

A Classificação simples.

B Determinar responsáveis.

C Prescrição de medicação.

D Juízo de valor.

E Determinar causas fisiológicas.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Não se pode cair na armadilha do juízo de valor. O psicólogo


avaliador deve ativamente respeitar os limites científicos e as
técnicas para que sua análise não seja tendenciosa. Em adição, os
testes não procuram responsabilizar, medicar ou determinar causas.
Eles podem facilitar um processo de compreensão por meio de
dados específicos e objetivos que nos permitem a descrição e
classificação das pessoas, para um melhor entendimento dos
comportamentos evidenciados.

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2 - Investigação psicológica
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as fontes de
investigação psicológica.

Fontes de investigação
psicológica
A Resolução nº 9/2018 trata em seu artigo 2º sobre os tipos de fontes
de investigação psicológica. Ela nos diz que o psicólogo deve basear
sua decisão apoiando-se de forma obrigatória em metodologias e/ou
técnicas e/ou instrumentos psicológicos reconhecidos pela comunidade
científica para respectivo uso profissional, compondo o que se denomina
fontes fundamentais de informação. Além disso, é possível que o
psicólogo recorra a procedimentos e recursos auxiliares de acordo com o
contexto, que são chamados de fontes complementares de informação
(CFP, 2018a).

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Note o teor mandatório da resolução, ou seja, é obrigatório que a tomada


de decisão do psicólogo tenha critério e embasamento científico.

Aqui vale trazer exemplos:

I - Fontes fundamentais:

a) Testes Psicológicos aprovados pelo CFP


para uso profissional da psicóloga e do
psicólogo e/ou;

b) Entrevistas psicológicas, anamnese e/ou;

c) Protocolos ou registros de observação de


comportamentos obtidos individualmente ou
por meio de processo grupal e/ou técnicas de
grupo.

(CFP, 2018a)

E o que fazer caso haja dúvida em relação a se o teste ou instrumento a


ser utilizado tenha validade realmente?

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Cabe aos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) submeter o


instrumento psicológico ou não psicológico à Comissão Consultiva em
Avaliação Psicológica (CCAP) do CFP para a devida análise.

II - Fontes complementares:

a) Técnicas e instrumentos não psicológicos


que possuam respaldo da literatura científica
da área e que respeitem o Código de Ética e
as garantias da legislação da profissão;

b) Documentos técnicos, tais como


protocolos ou relatórios de equipes
multiprofissionais.

(CFP, 2018a)

Além disso, são fontes complementares as informações e os dados


obtidos por pessoas não relacionadas diretamente com o avaliado.

É importante destacar que as fontes de informações consideradas no


processo de avaliação psicológica vão depender da demanda, isto é, do
que o indivíduo traz como situação-problema ou questões a serem
tratadas nas sessões. O psicólogo deve investir tempo em planejamento
e análise da demanda para decidir de que instrumentos ele efetivamente
fará uso. Entretanto, o curso da avaliação psicológica é dinâmico, o que
pode alterar o planejamento inicial sobre quais metodologias e técnicas
o psicólogo irá utilizar, isto é, o psicólogo pode perceber durante o
andamento que necessitará incorporar mais elementos para a tomada
de decisão, o que é natural.

A observação como
instrumento de coleta de
dados

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A observação psicológica, como instrumento de coleta de dados em


processo de avaliação, é de fundamental importância. A observação,
segundo Batista (1996 apud PASQUALI, 2010), pode ser entendida como
uma coleta de dados sem realização de procedimentos experimentais,
colhendo informações de forma natural, conforme os eventos se
sucedem frente ao nosso olhar.

Considere, por exemplo, um caso de demanda de avaliação psicológica e


emissão de laudo por conta da necessidade de uma cirurgia bariátrica.
Por meio da observação, o psicólogo pode realizar as primeiras
hipóteses do caso, e os dados colhidos dessa forma podem servir para
serem contrastados com os dados colhidos pelos testes.

Segundo Batista (1996 apud PASQUALI, 2010), os registros de


observação utilizados podem ser:

Contínuos

O observador descreve tudo o que está acontecendo, do início


ao fim do contato com o sujeito

Por evento

Quando envolve a contagem - frequência de determinado


comportamento ou sinal.

Por duração

Registro do tempo que dura determinado comportamento.

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Por intervalo

Quando o registro é realizado em períodos nos quais se


determina que será feita a observação.

Por plachecks

Implica uma contagem em intervalos determinados dos


comportamentos ou indivíduos que estão apresentando certo
comportamento.

Quando há escalas de observação, o psicólogo pode verificar a


presença/ausência de certos indicadores comportamentais importantes,
como aqueles relativos à ansiedade, às resistências e às atitudes
defensivas, indicadores motivacionais, entre outros. As escalas de
observação permitem também descrever a intensidade dessas
manifestações, por exemplo, quando se avalia o nível de cooperação dos
sujeitos com os procedimentos e o plano de intervenção do médico, para
compreender a forma como o sujeito pode colocar em perigo o sucesso
do procedimento cirúrgico.

No entanto, a observação pode ser feita de forma não estruturada,


apresentando uma abordagem mais ecológica e qualitativa, quando o
psicólogo considera a dinâmica da interação clínica, a forma como o
sujeito se apresenta e a forma como ele interage durante a troca de
informações. Esses dados são fundamentais inclusive na aplicação dos
testes psicológicos.

Saiba mais
Em muitos testes, os dados obtidos são complementados pelas
observações que o psicólogo realiza durante o processo de avaliação.
Por exemplo, na aplicação das escalas Wechsler, é muito importante que
o psicólogo registre a forma como o sujeito reagiu durante a aplicação
dos diferentes subtestes. Essas observações permitem, posteriormente,
uma melhor compreensão dos resultados e podem também modificar as
conclusões.

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A entrevista psicológica
No caso das entrevistas, podemos fazer também uma diferenciação
entre as entrevistas estruturadas, semiestruturadas e não estruturadas.

forum O tipo de entrevista mais usado é a entrevista


semiestruturada, que consiste na abordagem do
sujeito a partir de um plano prévio que serve de
norte, mas que não limita as interações e questões
que podem ser abordadas ao longo do processo.

forum No caso da entrevista estruturada, temos como


exemplo as entrevistas estruturadas do DSM - IV, a
entrevista motivacional de William Miller, e a
entrevista lúdica de Aberastury e de outros autores.
Esse tipo de procedimento é mais utilizado com
crianças (CUNHA, 2000).

forum A entrevista não estruturada foca uma abordagem


mais espontânea, na qual o psicólogo tem maior
flexibilidade para formular as perguntas, e o sujeito,
para construir a resposta.

Em uma primeira entrevista, o psicólogo pode avaliar qual é a real


demanda, o que essa pessoa precisa. Além disso, pode tomar mais
tempo e explorar minuciosamente nas demais sessões a condição
psicológica do sujeito avaliado. É possível compilar a entrevista com a
observação psicológica a partir do comportamento não verbal do sujeito
submetido à avaliação, constituindo dados muito válidos no percurso de
elaboração de documentos como laudos ou pareceres.

Voltando ao exemplo de cirurgia bariátrica, é possível usar testes nesse


caso? Sim! Mas repare que os testes não necessariamente conseguem

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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos

embasar por si o resultado de uma avaliação psicológica. Eles


complementam a análise e podem fundamentar a correspondência com
fatos objetivos da realidade observados durante as entrevistas
psicológicas e anamnese.

O psicólogo precisa aliar investimento de tempo no contato com o


sujeito aos instrumentos para que o desdobramento da avaliação
psicológica seja coerente e responsável. Compete a ele avaliar
criticamente se os resultados obtidos realmente forneceram elementos
seguros e suficientes para a tomada de decisão.

Além disso, as fontes complementares, apesar de não psicológicas, têm


papel fundamental na composição da avaliação. O psicólogo precisa
avaliar, por exemplo, a legislação penal, os instrumentos da área da
saúde, a legislação do Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de fazer
um levantamento de documentos e normas que podem sustentar a
elaboração de um documento como resultado da avaliação psicológica.

Fique calmo! Não é preciso que saiba todas as fontes


possíveis para a elaboração da avaliação psicológica.

Como abordado, é preciso investimento de tempo para planejar,


investigar e efetivamente realizar a avaliação. Isso também se tornará
cada vez mais natural durante seu percurso profissional a partir do
ganho de experiência, conhecimento e, claro, rede de relacionamento na
comunidade profissional.

Tenha sempre em mente que o psicólogo tem a prerrogativa de decidir


quais os métodos, as técnicas e os instrumentos empregados na
avaliação psicológica, considerando sua validade na literatura científica
da Psicologia e nas normas vigentes do Conselho Federal de Psicologia.

video_library
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A observação, a entrevista e
os testes no processo de
avaliação
Neste vídeo, o especialista reflete sobre a importância dos diferentes
instrumentos no processo de avaliação.

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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Assinale a única opção que corresponde a uma fonte de


investigação psicológica fundamental:

A Testes acadêmicos.

B Entrevistas psicológicas.

C Observações realizadas por colegas do paciente.

D Relatório de equipe multiprofissional.

E Instrumentos pedagógicos avaliativos.

Parabéns! A alternativa B está correta.

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Fontes fundamentais precisam de respaldo de literatura científica


psicológica específica, o que não necessariamente acontece quando
temos informações de outras fontes e equipes de diferentes ramos
de atividade.

Questão 2

Para tomar uma decisão, o psicólogo deve

apoiar-se obrigatoriamente em fontes fundamentais


A
de investigação psicológica.

somente recorrer a recursos auxiliares ou fontes


B
complementares.

C usar os testes como instrumentos únicos de análise.

consultar um médico para decidir quais métodos


D
utilizará.

E verificar informações apenas com os pais do sujeito.

Parabéns! A alternativa A está correta.

É mandatório que o psicólogo utilize fontes fundamentais para


basear sua decisão, apoiando-se de forma obrigatória em
metodologias e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos
reconhecidos pela comunidade científica para respectivo uso
profissional. Mas claro que informações complementares são
sempre importantes!

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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos

3 - Tipos de observação e testes psicológicos


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os tipos de
observação e de testes psicológicos.

Vantagens e desvantagens
da observação
A princípio, é preciso entender que a observação, como técnica para
coletar dados, não consiste apenas em ver e ouvir o fenômeno
observado, mas também em examiná-lo, ou seja, estudar, avaliar,
examinar os fatos e comportamentos observados. Não se esqueça de
que o chamado exame de fatos é o elemento básico de toda e qualquer
investigação científica.

Lembra-se da importância de se ter critério e embasamento científico?

Considerando essa premissa básica, podemos destacar que a


observação é utilizada em pesquisa de campo como uma abordagem
qualitativa, podendo ser uma técnica complementar ou exclusiva para
determinada investigação. O grau de participação do observador é muito
relevante, bem como a duração das observações, e é imprescindível
planejar o que e como observar.

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E quais são as vantagens e desvantagens de utilizar a observação como


técnica de coleta de dados?

Vantagens

Possibilita elementos para delimitação de problemas.

Favorece a construção de hipóteses.

Aproxima-se das perspectivas dos sujeitos observados.

É útil para descobrir elementos novos de um problema.

Auxilia a obtenção de dados sem interferir no grupo pesquisado.

Permite a coleta de dados em situações de comunicações


impossíveis.

Apresenta um meio direto para estudar uma ampla variedade de


fenômenos.

Depende menos da introspecção ou da reflexão.

Permite a evidência de dados que não constam no roteiro de


entrevistas ou questionários.

Desvantagens

A presença do observador pode provocar alterações no


comportamento dos sujeitos observados, diferenciando aquilo que
seria espontâneo em relação a esse comportamento.

Criação de juízo de valor ou interpretação pessoal pelo observador,


isto é, ele pode criar impressões favoráveis ou desaforáveis sobre o
observado. É importante não julgar o comportamento.

Uma visão distorcida pode ser gerada pelo envolvimento, levando a


uma representação parcial da realidade.

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Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do observador.

A duração dos comportamentos é variável, o que pode dificultar a


coleta de dados, já que eventos muito fugazes podem fugir do
intervalo de observação, e eventos muito longos podem não ser
observados de forma completa.

Se os registros não forem bem organizados, o processo dependerá


da memória do observador, o que pode gerar uma interpretação
subjetiva ou parcial do fenômeno estudado.

É importante entender como se podem caracterizar os diferentes tipos de


observações em termos dos meios utilizados, da participação do
observador, o número de observações e o lugar de realização. A
observação é uma técnica menosprezada muitas vezes. Isso ocorre
porque a maioria das pessoas acredita que sabe observar. Por ser algo
que faz parte do cotidiano de todos, é possível cair no erro de achar que
se domina a técnica. A observação pode enganar em determinados
aspectos, então, é importante que se tenha em mente o percurso crítico
dessa técnica como instrumento de coleta de dados.

Não se esqueça de que a observação é uma técnica do “aqui e agora”,


não necessariamente na hora em que um fato surge pela primeira vez,
mas no momento do acontecimento, do fato. Além disso, vale ressaltar
que haverá um ímpeto de somente descrever o comportamento durante o
processo, mas é vital que se vá além na análise.

Exemplo
Você quer entender como funciona o comportamento das pessoas na
utilização da faixa de pedestres, considerando tanto os pedestres quanto
os motoristas. O que fazer para observar? É possível ficar próximo à
faixa, mas é vital que tenha em mente o que você quer olhar. Você vai
focar os pedestres? Os motoristas? As duas coisas? Sua presença
influencia ou altera o comportamento dos sujeitos? Para que isso fique
mais claro, vamos conhecer os tipos de observação possíveis.

Tipos de observação
A seguir, conheça quais os tipos de observação:

Considerando os meios utilizados expand_more

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Observação estruturada (sistemática, planejada e controlada):


O observador sabe exatamente o que busca e o que não é
importante, utilizando instrumentos de coleta de dados (como as
escalas de observação) ou fenômenos observados.

Observação não estruturada (assistemática, espontânea,


informal, ordinária, simples, livre, ocasional, acidental): O
observador coleta dados sem

Considerando a participação do observador expand_more

Observação não participante: Não há integração direta entre


observador e sujeitos observados.

Observação participante: Há a incorporação do observador ao


grupo de sujeitos observados, e o observador pode, até certo
ponto, ser considerado membro do grupo. A observação pode
ocorrer de forma natural (observador já faz parte do grupo
observado, e a observação é feita no ambiente natural) ou
artificial (integração do observador ao grupo a ser investigado, e
a observação acontece em ambiente artificial, recriado ou
simulação).

Considerando o número de sujeitos observados expand_more

Observação individual: O foco da investigação se resume a um


sujeito.

Observação coletiva: Há a investigação em um grupo de sujeitos


ou equipe.

Dentre esses tipos de observação, podemos destacar em Psicologia:

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visibility Observação simples


O observador é muito mais um espectador que
propriamente um ator, ou seja, ele fica mais à
margem da comunidade, do grupo ou da situação
que pretende analisar e investigar.

visibility Observação participante


Pode-se aqui chegar a um nível de entendimento da
vida real de determinado grupo, por exemplo, em
meio ao interior desse grupo. O observador pode,
ainda, decidir se revela ao grupo o processo, sempre
atentando ao cuidado de não tornar tendenciosa
sua investigação.

visibility Observação sistemática


A ideia é a obter uma descrição precisa de
fenômenos ou hipóteses. O observador elabora um
planejamento sobre a coleta de dados,
estabelecendo os métodos de registro de dados e as
categorias de análise.

Note que a observação como instrumento de coleta de dados é, no fim, o


que nos permite capturar o que não é visível pelo senso comum, isto é, o
que determina, direciona e poderia explicar o comportamento. É preciso
romper a barreira da descrição fria e expandir a análise para gerar um
produto dinâmico e multifatorial que embasa, de forma mais
consistente, a tomada de decisão.

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Definição de testes
psicológicos
Os testes são fonte de informações muito relevantes para as avaliações
psicológicas e são parte viva e integrante de seu processo.

Você já parou para pensar como é difícil materializar o que é subjetivo,


isto é, tentar tornar explícito aquilo que é fundamentalmente tácito?

É aqui que entram em cena os testes psicológicos. Eles são um dos


instrumentos de avaliação psicológica e possuem características
específicas de uso, dependendo daquilo que se quer mensurar e avaliar.
Dentro do contexto de uma avaliação neuropsicológica, por exemplo,
existirão testes específicos que focarão a medição e a avaliação das
funções mentais do sujeito.

Dessa maneira, pode-se dizer, de forma bem resumida, que os testes


psicológicos são instrumentos padronizados. Eles buscam fornecer
amostras de comportamento ou do funcionamento cognitivo na
tentativa de mensurar e descrever processos psicológicos em diversas
áreas como emoção, cognição, motivação, personalidade, memória,
percepção.

E qual seu objetivo geral?

A resposta a esse questionamento está na Resolução nº 9/2018:

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Art. 4º - Um teste psicológico tem


por objetivo identificar, descrever,
qualificar e mensurar características
psicológicas, por meio de
procedimentos sistemáticos de
observação e descrição do
comportamento humano, nas suas
diversas formas de expressão,
acordados pela comunidade
científica.

(CFP, 2018a)

Os testes psicológicos são aliados dos


psicólogos! E o que isso quer dizer?

Isso significa que eles possibilitam que o profissional possa esclarecer


aspectos psicológicos de um sujeito, dando sustentação materializada,
padronizada, criteriosa e clara ao processo de tomada de decisão.
Entretanto, é importante não esquecer que os testes são específicos, isto
é, tratam de temas determinados, e não necessariamente conseguem dar
conta da avaliação de todas as características de uma pessoa.

O teste avalia amostras de comportamento relacionadas ao construto


de interesse. Para que isso fique mais claro, suponhamos que exista um
teste que avalie a personalidade (claro que há vários), mas somente
consigamos avaliar as características de personalidade que são foco
desse teste específico.

O teste em si possui um caráter muito prático, mas não se esqueça de


que para se chegar à prática sempre existirá uma teoria que fundamenta
a criação de cada teste e suporta a interpretação dos resultados. Esse
teste vai se orientar, então, em determinada teoria para tentar entender

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qual é a estrutura da personalidade de cada sujeito. Mas lembre-se de


que existem outras definições do construto personalidade que o teste em
questão não considera!

Agora que você entendeu o que são os testes psicológicos, vamos


conhecer suas propriedades.

Propriedades dos testes


psicológicos
Nesta seção, abordaremos as propriedades dos testes psicológicos. As
propriedades são características psicométricas que precisam ser
cumpridas com todo o rigor científico.

A criação ou adaptação de um teste está


condicionada à pesquisa científica.

Esse é um fato importante porque nos dá confiança de que os resultados


encontrados são verdadeiros. Dessa forma, as quatro principais
características dos testes psicológicos são:

Validade expand_more

O teste mede aquilo que se propõe a medir. Atualmente, fala-se


sobre evidências de validade, entendendo esse conceito de uma
forma mais fluida e abrangente. Trata-se do critério mais
importante. Em linhas gerais, a validade nos informa se
determinado teste avalia o conceito psicológico pretendido.

Entenda que a validade assegurará que um teste de


personalidade, por exemplo, está efetivamente avaliando a
personalidade, e não outro conceito como a inteligência ou a
flexibilidade cognitiva.

Precisão expand_more

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Também denominada como confiabilidade, indica basicamente


se o teste é confiável, não produzindo variações de resultados de
um mesmo sujeito em momentos distintos de aplicação.

A validade é, de certa forma, mais importante que a precisão


porque não adianta um teste ser confiável se ele não estiver
medindo aquilo que se propõe. Isso não significa que as duas
características não sejam essenciais. Para simplificar a definição
de confiabilidade, imagine que você tenha uma balança e que, a
cada medição de peso, obtenha um resultado completamente
diferente do anterior, ainda que se pese no mesmo dia. Você
confiaria nessa balança? Não! Ela provavelmente apresenta
algum problema que faz com que os resultados obtidos não
sejam adequados, especialmente a falta de estabilidade no
resultado do peso corporal, quando se espera que essa variável
seja relativamente estável em uma pessoa.

Observe que um instrumento, para ser válido, precisa ser primeiro


fidedigno, mas de nada adianta ser fidedigno se não é válido.

Normatização expand_more

Refere-se à forma como o teste precisa ser administrado, de


maneira que os procedimentos usados sejam os mesmos,
uniformizados, para todos os sujeitos que passem a ser
avaliados. Esse procedimento uniforme permite assumir que a
diferença nos resultados obtidos responde às diferenças
individuais e não a diferenças no processo de avaliação.

Padronização expand_more

Corresponde ao processo de interpretação do resultado do teste.


O teste padronizado conta com resultados que servem de padrão
para podermos interpretar se o resultado em determinado sujeito
está acima, dentro ou abaixo da média esperada. Em outras
palavras, os testes padronizados contam com tabelas de
resultados de um grupo que servem de padrão para interpretar
qualquer sujeito avaliado. Por exemplo, quando fazemos um
exame de sangue para determinar o nível de colesterol, sempre
comparamos nosso resultado com dados referenciais, certo?
Esses dados são obtidos por um grupo de sujeitos, amostra

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numerosa, que também foi submetido ao mesmo exame e que


nos permite estabelecer o resultado esperado nesse exame.
Assim, podemos afirmar se nosso resultado está acima ou dentro
da média.

Portanto, testes psicológicos são instrumentos utilizados para


coletar um número maior de informações. Considere, por
exemplo, um teste de inteligência. Esse teste permite entender um
processo de pensamento e, a partir desse entendimento, é
atribuída uma métrica, isto é, uma pontuação que permitirá ao
psicólogo estabelecer um valor, ou seja, uma inteligência média,
inteligência média-superior ou superior à quantidade de
indivíduos que participou na confecção das normas do
instrumento.

Tipos de testes psicológicos


A Resolução nº 9/2018 introduz os tipos de testes da seguinte maneira:

Art. 1º
§1 - Os testes psicológicos abarcam
também os seguintes instrumentos:
escalas, inventários, questionários e
métodos projetivos/expressivos,
para fins de padronização desta
Resolução e do SATEPSI (Sistema
de Avaliação de Testes
Psicológicos).

(CFP, 2018a)

Essa perspectiva é muito importante para que sejam bem definidos os


objetivos de cada avalição dentro de determinado contexto. Existe uma
infinidade de testes psicológicos, mas basicamente podemos dividi-los
nas seguintes classificações:

- Quando os critérios adotados são objetividade e padronização

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Testes psicométricos

Avaliação de construtos psicológicos a partir de critérios


objetivos. São baseados em tarefas padronizadas com foco
nos resultados, os quais são normalmente quantitativos.
Exemplo: escala de inteligência.

Testes projetivos

Avaliação a partir da apresentação de estímulos ambíguos,


adotando critérios mais subjetivos para a interpretação dos
resultados. Exemplos: TAT (Teste de Apercepção Temática) e
HTP (House, Tree, Person).

Quando o critério de classificação é a variável


ou o construto avaliado

É importante ressaltar que os testes como instrumentos dos psicólogos


em sua prática profissional são utilizados, de modo geral, para avaliar as
seguintes condições:

psychology
Personalidade
psychology
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Inteligência
psychology
Aptidões específicas
O psicólogo pode fazer uso de um instrumento para tomar decisões
sobre características cognitivas de um indivíduo. Considere uma pessoa
idosa com dificuldade de memória, por exemplo. O psicólogo pode
utilizar um teste de memória para verificar a quantidade de erros ou
acertos na memória a partir de um valor estabelecido, tendo um ponto de
corte que abaixo de dez questões teria prejuízo de memória, e se o idoso
acertar mais do que dez questões, o psicólogo poderá inferir que não há
prejuízo maior de memória.

Isso é a medida do instrumento, que proporciona o valor ao psicólogo,


mas o processo de tomada de decisão pelo profissional deve levar em
conta o estabelecimento de relações com outros fatores.

Saiba mais
Existem muitos critérios de classificação, como os que consideram o tipo
de resposta do sujeito, o tipo de item usado, entre outros critérios.

video_library
Tipos de testes psicológicos:
utilidades
Neste vídeo, o especialista apresenta as diferentes formas de classificar
os testes psicológicos, destacando a utilidade de cada tipo.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

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Considerando os meios utilizados, a técnica de observação pode ser


classificada em

A observação normativa e observação estruturada.

observação estruturada e observação não


B
estruturada.

C observação válida e observação não estruturada.

D observação atual e observação normativa.

E observação subjetiva e observação normativa.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A técnica de observação pode ser classificada pelos meios


utilizados (estruturada e não estruturada) e considerando a
participação do observador (participante e não participante).

Questão 2

Qual das opções abaixo é uma desvantagem em se utilizar a


observação como método de coleta de dados?

A ossibilita elementos para delimitação de problemas.

B Favorece a construção de hipóteses.

Permite a coleta de dados em situações de


C
comunicações impossíveis.

A presença do observador pode provocar alterações


no comportamento dos sujeitos observados,
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D diferenciando aquilo que seria espontâneo em
relação a esse comportamento.

Dificulta a coleta de informações complementares,


E
por ser uma forma rígida e pouco clara de coleta.

Parabéns! A alternativa D está correta.

A observação, quando usada como técnica de coleta de dados, pode


ser classificada, segundo o nível de planejamento prévio e definição,
em estruturada e não estruturada. Sendo a observação estruturada
aquela que contempla listas de verificação e outros registros. A não
estruturada acaba sendo mais livre e funciona em contextos
naturais.

4 - Cenário legal, ético e social


Ao final deste módulo, você será capaz de analisar o cenário legal,
ético e social na avaliação psicológica.

Implicações sociais na
avaliação psicológica
Antes de mais nada, é preciso que o psicólogo reflita sobre o seguinte:

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As inúmeras formas de se planejar e realizar uma avaliação psicológica


mostram que tipos de concepção o psicólogo pode ter sobre o ser
humano, a sociedade, a ciência e a própria Psicologia. Isso impacta
diretamente a vida das pessoas, na medida em que cria ou diminui
possibilidades, desmistifica ou mistifica, amplia ou restringe o campo de
atuação da Psicologia para seus usuários, dependendo das alternativas
adotadas pelo psicólogo e da maneira como ele realiza a interpretação
dos respectivos resultados.

Isso significa que o raciocínio adotado por um psicólogo durante o


percurso de uma avaliação é basicamente marcado por normas, valores,
crenças, conhecimentos, atravessados por racionalidade e afetos, que
obviamente vão se transformando junto com a sociedade (CFP, 2010).

Atenção!
É importante não esquecer que a ética estará sempre na base
fundamental da Psicologia. Cabe ao psicólogo avaliar constantemente a
dimensão ética de sua atuação, avaliar continuamente os benefícios de
sua atuação profissional na sociedade, as relações do código de ética
profissional e dimensões éticas na atuação, além de diferenciar moral e
ética continuamente e manter o sigilo e a confidencialidade das
informações.

Não esqueça que isso conversa diretamente com o Código de Ética


Profissional do Psicólogo na seguinte passagem da Resolução CFP nº
10/2005:

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Art. 2º - Ao psicólogo é vedado:


a) Praticar ou ser conivente com
quaisquer atos que caracterizem
negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade ou
opressão;
b) Induzir a convicções políticas,
filosóficas, morais, ideológicas,
religiosas, de orientação sexual ou a
qualquer tipo de preconceito,
quando do exercício de suas
funções profissionais; [...].

(CFP, 2005)

Não podemos esquecer que o processo de avaliação implica a


possibilidade de tomar decisões que afetarão direta ou indiretamente os
envolvidos no processo, psicólogo e sujeito avaliado, as pessoas
relacionadas diretamente com os envolvidos, familiares, colegas de
trabalho, professores, amigos; a população como um todo que pode se
beneficiar indiretamente das decisões envolvidas e a credibilidade nos
testes psicológicos e no campo da Psicologia, pois um processo sem
ética ou inadequado abala a imagem do psicólogo e da Psicologia como
campo de saber. Entende agora toda a responsabilidade implícita? Por
isso é muito importante que todo profissional psicólogo cuide, respeite e
use de forma racional e consciente os testes psicológicos!

O papel do Conselho Federal


e da ética na avaliação
psicológica
E qual o papel do CFP nessa história?

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O Conselho Federal de Psicologia tem mobilizado inúmeros esforços


para consolidar a Psicologia como uma profissão de preceitos
humanizados e transformadora da sociedade. Inclusive, o atual Código
de Ética Profissional do Psicólogo traz claramente esse compromisso. É
claro que existem diversas críticas à avaliação psicológica sobre forma,
conteúdo e impacto do uso de testes psicológicos sobre a vida dos
sujeitos submetidos. Muito vem sendo discutido entre comunidade
profissional, Sistemas de Conselhos, CFP e entidades parceiras para
sejam construídas referências bem claras para esse campo de atuação.

Uma grande iniciativa foi o SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes


Psicológicos), criado pela comissão consultiva do CFP em 2003, que
divulga o resultado dos testes à comunidade de psicólogos. O SATEPSI
qualifica os instrumentos utilizados em situação avaliativa ou
investigação, como mostra o esquema a seguir:

Fluxo de decisões no planejamento da avaliação psicológica (AP).

Para o teste ser considerado favorável, ele deve passar, necessariamente,


pelo crivo do rigor científico e da avaliação dos Direitos Humanos, no
qual os parâmetros psicométricos são estimados. Para garantir a
qualidade técnica desses instrumentos e o atendimento aos princípios
éticos e aos Direitos Humanos, SATEPSI reúne as principais informações
referentes ao assunto:

list_alt A lista completa dos testes.

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list_alt A lista dos testes psicológicos aprovados


para uso.

list_alt A lista dos testes desfavoráveis.

list_alt A lista dos testes sem avaliação do CFP.

Além disso, é possível ter acesso a várias outras informações sobre o


processo de avaliação dos testes psicológicos realizado pelo CFP.

Saiba mais
No site do SATEPSI, é possível verificar quais testes estão favoráveis ou
desfavoráveis para o uso profissional. O CFP, junto aos Conselhos
Regionais de Psicologia, atua em comissões de avaliação psicológica
para proposições e análises de práticas e premissas de atuação.

A Resolução nº 9/2018, que estabelece diretrizes para a realização de


avaliação psicológica no exercício profissional da Psicologia e
regulamenta o SATEPSI, informa o seguinte:

Art. 1º
§ 2º A psicóloga e o psicólogo têm a
prerrogativa de decidir quais são os
métodos, técnicas e instrumentos
empregados na Avaliação
Psicológica, desde que devidamente
fundamentados na literatura
científica psicológica e nas
normativas vigentes do Conselho
Federal de Psicologia (CFP).

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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos
(CFP, 2018a)

Agora fique atento:

Isto é extremamente importante: Você sabe o


que significa a palavra prerrogativa?

Se buscar em qualquer dicionário, verá que basicamente significa direito


especial inerente a determinado cargo ou determinada profissão.
Portanto, é vital que tenha sempre em mente que a avaliação psicológica
é uma prática restrita aos psicólogos, pois envolve um processo
científico baseado em teorias e métodos devidamente reconhecidos
pela Psicologia.

A implicação prática disso é que seus instrumentos - destacando os


testes psicológicos - são de uso restrito aos psicólogos e, assim, o CFP
alerta que seu uso por outros profissionais que não estejam habilitados e
credenciados para tal finalidade acaba levantando o exercício ilegal da
profissão, uma vez que o emprego indevido desses instrumentos pode
acarretar sérios riscos às pessoas e à sociedade (CFP, 2013b).

Saiba mais
Além disso, a Lei Federal nº 4.119/1962, no art. 13, dispõe que a
utilização de métodos e técnicas psicológicas com os objetivos de
diagnóstico psicológico, orientação e seleção profissional, orientação
psicopedagógica e solução de problemas de ajustamento constitui
função privativa do psicólogo.

Avaliação psicológica
remota?
Como é feita a avaliação psicológica em tempos de pandemia,
afastamento social e vida on-line?

Já existia a possibilidade de se usar recursos tecnológicos a distância


mesmo antes da pandemia da covid-19. A Resolução nº 11/2018
“regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios
de tecnologias da informação e da comunicação”, autorizando os
seguintes serviços psicológicos a serem realizados desta forma:

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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos

Art. 2º

I - As consultas e/ou atendimentos


psicológicos de diferentes tipos de maneira
síncrona ou assíncrona;

II - Os processos de Seleção de Pessoal;

III - Utilização de instrumentos psicológicos


devidamente regulamentados por resolução
pertinente, sendo que os testes psicológicos
devem ter parecer favorável do Sistema de
Avaliação de Instrumentos Psicológicos
(SATEPSI), com padronização e normatização
específica para tal finalidade.

IV - A supervisão técnica dos serviços prestados por psicólogas e


psicólogos nos mais diversos contextos de atuação.

(CFP, 2018b)

A Resolução nº 11/2018 também destaca que consultas e atendimentos


psicológicos são um conjunto sistemático de procedimentos, utilizando
métodos e técnicas psicológicas de maneira a cobrir diversas áreas da
Psicologia com o objetivo de avaliação, orientação e/ou intervenção em
processos individuais ou grupais.

Dica
É obrigação do psicólogo indicar quais serão os recursos tecnológicos
considerados, de maneira a garantir o sigilo das informações e manter o
cliente com total esclarecimento do processo.

Entretanto, essa resolução ainda contemplava diversas categorias de


atendimentos que deveriam ser obrigatoriamente presenciais, como em
situações de risco, acometimento e calamidade. Para que isso fosse
flexibilizado durante a pandemia, o CFP emitiu a Resolução nº 4/2020,
que “dispõe sobre regulamentação de serviços psicológicos prestados
por meio de Tecnologia da Informação e da Comunicação durante a
pandemia do COVID-19” e suspende essa premissa, desburocratizando o
processo de adoção de medidas tecnológicas.

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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos

Comentário
De modo geral, avaliar é uma atividade com relevante complexidade,
demandando do profissional muita reflexão, atenção e análise para que
ele não caia na armadilha de seu juízo de valor. Por isso, é vital que os
psicólogos sejam extremamente criteriosos e rigorosos na escolha e no
emprego de técnicas, considerando as pesquisas produzidas sobre o
construto de interesse antes de emitir qualquer forma de parecer e sobre
a melhor forma de estabelecer o percurso da avaliação. Esse exercício
exige dos psicólogos muita atualização na área e dos órgãos de classe
maior atenção ao ensino do processo de avaliação psicológica.

A imperícia no uso dos instrumentos de avaliação é, por exemplo, uma


das infrações éticas com maior impacto social. O bom resultado da
avaliação depende fundamentalmente do conhecimento de sua
finalidade e, obviamente, do contexto no qual seus respectivos
resultados poderão ter utilidade. Nesse sentido, para atender às
demandas sociais, é imprescindível também que o psicólogo avaliador
esteja antenado quanto aos avanços de outras áreas, como, por
exemplo, os estudos sobre Bioética ou sobre o uso de tecnologia
informatizada na prática de psicólogos. A discussão dessas novas
pesquisas pode contribuir para futuras atualizações sobre os preceitos
éticos e deontológicos que devem nortear a profissão (CFP, 2010).

video_library
A possibilidade de avaliação
remota existe?
Neste vídeo, o especialista reflete sobre vantagens e desvantagens da
avaliação psicológica remota e suas possibilidades.

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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos

Na avaliação psicológica, o psicólogo deverá

A induzir convicções.

B pautar sua avaliação na ciência.

consultar às vezes o SATEPSI para a decisão de


C
escolha de testes psicológicos.

desrespeitar os Direitos Humanos na aplicação de


D
testes psicológicos.

E realizar qualquer tipo de atividade remota.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O psicólogo não deve induzir a convicções políticas, filosóficas,


morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer
tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções
profissionais, bem como deverá respeitar os Direitos Humanos,
realizar atividades remotas e aplicar testes psicológicos que sejam
autorizados pelo Conselho Federal de Psicologia. A avaliação
psicológica será feita com base no conhecimento científico.

Questão 2

Qual é o papel do SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes


Psicológicos)?

Divulgar os resultados de testes à comunidade de


A
psicólogos, garantindo aderência científica.

Mostrar a terapeutas não psicólogos os testes


B
disponíveis para serem usados.

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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos
C Listar os testes que estão na moda.

Tirar a autonomia dos psicólogos em relação ao uso


D
de testes psicológicos.

Delimitar os testes que podem ser considerados


E
importantes em cada área de avaliação.

Parabéns! A alternativa A está correta.

O SATEPSI garante a padronização e os preceitos científicos dos


testes psicológicos no Brasil.

Considerações finais
Neste conteúdo, aprendemos questões centrais básicas da avaliação
psicológica que envolvem a relação dinâmica entre definição, conceitos
e tipos, além da legislação e ética sobre o tema. Vimos que a avaliação
psicológica tem como fundamento principal a ciência em termos de
teoria e prática, e as fontes de investigação e suas respectivas técnicas
também são fundamentais para o percurso crítico de desenvolvimento
da avaliação psicológica.

Conhecemos diversos tipos de avaliação psicológica e como esta deve


se manter firme aos princípios norteadores da profissão,
independentemente de sua atuação em escolas, hospitais, organizações
ou consultórios. Também abordamos a importância de se estar
antenado com os Conselhos Federais e Regionais para acompanhar
qualquer novidade ou atualização e amparar a atuação do psicólogo.

Por fim, entendemos que o principal objetivo da avaliação psicológica é


garantir um processo de tomada de decisão consistente que garanta a
dignidade, o bem-estar e a saúde de cada pessoa que passar pela vida
do psicólogo.

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28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos

headset
Podcast
Neste podcast, o especialista irá expor a avaliação psicológica em
termos de sua evolução histórica, instrumentos, princípios éticos e
perspectivas.

Explore +
Sempre que o assunto envolver técnica e atuação profissional, é
importante que tenha a curiosidade de navegar no site do Conselho
Federal de Psicologia. É lá que encontrará os padrões predefinidos de
atuação do psicólogo no Brasil a respeito da avaliação psicológica.

Acesse o site da Organização das Nações Unidas e leia a Declaração


Universal dos Direitos Humanos (1948).

Pesquise e leia os materiais publicados pelo CFP:

Ano da avaliação psicológica - textos geradores (2011)

Prêmio profissional - avaliação direcionada a pessoas com


deficiência (2019)

Cartilha de boas práticas para avaliação psicológica no contexto da


pandemia (2020)

Referências
BRASIL. Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre os cursos
de formação em Psicologia e regulamenta a profissão de psicólogo.

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02312/index.html# 54/56
28/02/2024, 15:23 Avaliação psicológica: conceituação, histórico e instrumentos

Brasília, 1962.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Avaliação psicológica:


diretrizes na regulamentação da profissão. Brasília: CFP, 2010.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Cartilha avaliação


psicológica. Brasília, 2013a.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Nota técnica do Conselho


Federal de Psicologia sobre o uso indevido de testes psicológicos.
Brasília, 2013b.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Resolução CFP nº 10/2005.


Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília, 2005.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Resolução CFP nº 15/2022.


Estabelece diretrizes para a realização de avaliação psicológica no
exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o
Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos - SATEPSI. Brasília, 2022.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Resolução CFP nº 11/2018.


Regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios
de Tecnologias da Informação e da Comunicação. Brasília, 2018b.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CFP. Resolução CFP nº 4/2020.


Dispõe sobre regulamentação de serviços psicológicos prestados por
meio de Tecnologia da Informação e da Comunicação durante a
pandemia do COVID-19. Brasília, 2020.

CUNHA, J. et al. Psicodiagnóstico - V. 5. ed., rev. e ampl. Porto Alegre:


Artmed, 2000.

PASQUALI, L. et al. Instrumentação psicológica. Fundamentos e


práticas. Porto Alegre: Artmed, 2010.

SCHNEIDER, A. M. A. et al. Planejamento do processo de avaliação


psicológica: implicações para a prática e para a formação. Psicologia:
Ciência e Profissão, v. 40, p. 1-13, 2020.

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02312/index.html# 55/56
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