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WBA0944_v1.

Ética e responsabilidade
profissional
Normas para a atuação em
Psicologia clínica
A importância da Ética no
Processo de Avaliação Psicológica

Bloco 1
Alberto Carneiro Barbosa de Souza
A avaliação psicológica
Objetivo:
Testar e avaliar, por meio de instrumentos aprovados e validados
pelo CFP, diferentes processos psicológicos que compõe a
subjetividade do avaliado.

Avaliação psicológica:
• Espelho da percepçāo da realidade percebida pelo avaliado.
• Busca compreender como esta realidade é construída.
• Proporciona, ao psicólogo, informações que somente o
profissional capacitado poderá interpretar e fazer a devida
devoluçāo.
(ALCHIERI, 2007)
A avaliação psicológica e as implicações éticas
Obrigações éticas:
• O psicólogo possui importantes obrigações éticas ao aplicar testes
psicológicos, a saber:
• Imparcialidade.
• Humanização na aplicaçāo dos testes.
• Preservação da integridade do avaliado.
• Sigilo.
• Avaliar o impacto do diagnóstico final, no contexto sociocultural do
avaliado.
• Ter total consciência das consequências que o diagnóstico pode ter
para o avaliado.
• Não permitir que o diagnóstico sirva como fortalecimento de
exclusão social.
(BAPTISTA, 2019)
O processo de avaliação psicológica
Figura 1 - As etapas do processo de avaliaçāo psicológica

Requisiçāo de
psicodiagnóstico.

Escolha dos instrumentos


adequados à avaliaçāo e
revisão de normas éticas.

Coleta de dados/
aplicaçāo do (s) teste (s).

Interpretaçāo dos
resultados.

Devolutiva.

Fonte: elaborada pelo autor.


Obrigações éticas na aplicaçāo da avaliação psicológica

• Explicar como se dará o teste, seus objetivos e deixar claro que nāo
há julgamento de valor.
• Assinatura de termo de consentimento.
• Fazer com que o avaliado se sinta em ambiente acolhedor e em
segurança.
• Jamais se ausentar do local do teste, sob nenhuma hipótese.
• Aplicar o (s) teste (s) de acordo com as instruções aprovadas pelo
CFP.
• Responsabilizar-se pela aplicaçāo do (s) teste (s).
• Número do CRP em lugar visível no termo de consentimento.
Obrigações éticas na devolutiva da avaliação psicológica
• Valores e crenças pessoais nāo podem contaminar a devolutiva.
• Explicar os resultados de forma que o avaliado compreenda
inteiramente.
• Manter sigilo sobre todo o processo, desde a aplicaçāo até a
devolutiva.
• Usar vocabulário e linguagem adequados para a compreensāo
dos resultados.
• Arquivar os resultaos para consulta posterior, se necessário.
• Ter certeza de que o avaliado compreendeu todo o processo da
devolutiva.
Normas para a atuação em
psicologia clínica
Principais Testes de Avaliação Psicológica

Bloco 2
Alberto Carneiro Barbosa de Souza
Testes de personalidade
Figura 2 - Testes de personalidade

Criatividade.

Organizaçāo de
disciplina.

Maleabilidade
em situações
Busca compreender
Objetivo: sociais diversas.
cacacterísticas
mensurar traços da personalidade emocionais e
do avaliado. sociais. Aderência à
hierarquia.

Introversāo.

Agressividade.

Fonte: elaborada pelo autor.


Testes de raciocínio

• Objetivo: mensurar a capacidade do avaliado em relaçāo ao


seu domínio de comunicaçāo verbal e/ou escrita, capacidade
de abstraçāo, capacidade de pensamento lógico e habilidades
testadas durante a aplicaçāo (ALCHIERI, 2007):
• Capacidades cognitivas.
• Raciocínio especial.
• Raciocínio numérico.
• Atençāo focada e alternada.
• Inteligência emocional.
Testes de habilidades específicas

• Objetivo: mensurar a capacidade do avaliado em relaçāo a


determinado campo do saber.
• Testes para mensurar, sobretudo, memória e atençāo.
• Os testes de habilidades específicas sāo circunscritos
exclusivamente à área para a qual o avaliado será testado.
• Qualquer instituiçāo pode requisitá-los.
• Muito usado em concursos para ingressar em
determinados cursos de graduaçāo, tais como Artes
Visuais, Arquitetura, Dança, Teatro, Música, entre outros.
• Somente psicólogos podem aplicá-los.
Testes projetivos
• Objetivo: conhecer aspectos de personalidade do avaliado, a
partir de conteúdos sem um significado claro, sobre o qual o
sujeito projetará a percepçāo da realidade apreendida por ele
(BAPTISTA, 2019).
• Os testes projetivos mais conhecidos e utilizados sāo:
• Teste de Rorschach.
• Teste de Goodenough.
• Teste House-Tree-Person ou HTP.
• Teste de Apercepção Temática.
• A interpretaçāo dos resultado dos testes projetivos possui,
normalmente, grande complexidade e demora. Somente
psicólogos com conhecimentos específicos podem avaliá-los.
Testes projetivos
Figura 3 - Figura usada no teste de Roschach

Fonte: anankkml/ iStock.com.


Normas para a atuação em
psicologia clínica

Práticas Vedadas ao Psicólogo


Bloco 3
Alberto Carneiro Barbosa de Souza
Práticas vedadas ao psicólogo
• A Psicologia, como em qualquer profissāo, exige que o psicólogo,
além de ter conduta ética em conformidade com o código da
categoria, exerça sua funçāo com humanidade e respeito ao
paciente e/ou público atendido. Portanto, para além das normas
éticas, o psicólogo deve:
• Explicar os objetivos e a forma que se dará seu tratamento/
trabalho/ serviço prestado.
• Jamais promover o preconceito ou a discriminaçāo, por meio
de práticas que possam facilitar que isso ocorra.
• Nāo induzir o paciente/ atendido, de acordo com suas
convicções pessoais e políticas.
Práticas vedadas ao psicólogo
O sigilo também é, como sabemos, tema de grande importância
para a ética da profissāo e este nāo se limita às sessões de
psicoterapia, mas também:
• Comentar/ divulgar/ anunciar detalhes de sua rotina
profissional, em redes sociais ou meios de comunicaçāo.
• Realizar testes psicológicos em meios de comunicaçāo.
• No caso de Psicologia clínica, atender pessoas que se
conheçam e tenham alguma relação.
• Não atender ou aplicar testes psicológicos em pessoas que o
psicólogo conheça.
Redes sociais e a ética em Psicologia

O psicólogo nāo está obviamente proibido de usar redes


sociais, desde que respeite determinadas normas e regras
éticas, tais como:
• Não comentar em espaços públicos os valores de suas
consultas ou prestação de serviço.
• Prometer e divulgar resultados de seu tratamento ou de
seus serviços não clínicos.
• Divulgar seu trabalho de forma a menosprezar outras
linhas e abordagens clínicas.
• Criar grupos abertos de terapia on-line (por incrível que
pareça, já aconteceram casos).
Redes sociais e a ética em Psicologia
• O psicólogo deve estar atento em seu comportamento nas redes sociais, como, por
exemplo:
• Se tiver uma página profissional, jamais divulgar sua página pessoal ou emitir
juízos de valor.
• Mesmo em sua página profissional, está proibido de divulgar diagnósticos,
comentar testes psicológicos aplicados ou citar casos clínicos que possam ser
identificados.
• É permitida a divulgação de resultados de pesquisas e estudos em sua página
profissional, mas é preciso ter cuidado para estes não influenciarem
negativamente pacientes que visitem a página. Exemplos de temas de estudos
sensíveis são suicídio, vitimas de racismo, vítimas de homofobia, abuso sexual,
entre outros.
Redes sociais e a ética em Psicologia

Figura 4 - O psicólogo deve seguir normas éticas nas redes sociais

Fonte: ozgurdonmaz/ iStock.com.


Teoria em Prática
Bloco 4
Alberto Carneiro Barbosa de Souza
Resolução de caso proposto
Quadro que se apresenta:
Paciente oncológica, 62 anos, faz tratamento
psicológico e apresenta dores fortes, muito em função
de sua dependência em opioides.
• Problema 1: abuso de opioides.
• Problema 2: dependência escondida de familiares.
• Problema 3: paciente possui fornecedor do
medicamento, burla a recomendação de doses
máximas do médico oncologista.
Resolução do caso proposto
Postura a ser adotada pelo psicólogo:
Por ser paciente de psico-oncologia, o diagnóstico e progressão da doença são
fundamentais para o tratamento e devem ser discutidos nas sessões.
Um dos comportamentos comuns, em alguns pacientes oncológicos, é adotar
uma postura autodestrutiva, por culpa ou raiva.
O abuso de opioides deve ser abordado de forma honesta e livre de tabus e
preconceitos.
Caso a família tenha reuniões com o psicólogo e o paciente oncológico, o
paciente sempre decidirá o que deve ou não ser compartilhado com a família
(INCA, 2014).

Qualquer atitude a ser tomada deve ser aprovada pela paciente.


Norte para a resolução...
• A ética tem sido repensada sob diferentes enfoques ao longo dos
anos, na Psicologia e em diferentes contextos. Contudo, quando
analisamos a psico-oncologia, percebemos que, apesar de poder
haver mudanças pontuais aqui e ali, de forma geral, nāo há
alterações significativas (CAMPOS, 2010).
• Isso se explica, entre muitos outros fatores, pela difícil tarefa de se
lidar com o luto por alguém que não morreu (CAMPOS, 2010).
• O conflito é enorme. É comum ouvirmos, de parentes, a frase
ela/ele descansou, quando o paciente vem a óbito. A pergunta que
o psicólogo se faz ao ouvir isso é: quem realmente será que
descansou? O paciente ou seu interlocutor?
• Esse sentimento tão comum em famílias de pacientes oncológicos
pode gerar, ao mesmo tempo, alívio e culpa. Sentimentos
ambíguos, naturais ao ser humano e, por isso mesmo, podemos
contar com a ajuda da psico-oncologia para bem elaborá-los
(INCA, 2014).
Dica do (a) Professor (a)
Bloco 5
Alberto Carneiro Barbosa de Souza
Dica do (a) Professor (a)
• Três filmes sobre Terapia de Conversão:
1) O experimento de aprisionamento de Stanford. Direção de KyLe Patrick Alvarez. Los
Angeles: Paramount Films, 2016. 1 DVD (180 min.).
O filme narra um dos episódios mais conhecidos de falha ética em Psicologia, quando
um professor confina um grupo de alunos em um galpāo, no qual metade deles fazia o
papel de guardas e a outra metade de prisioneiros. As consequências psicoemocionais
foram devastadoras.
2) As sessões. Direção de Bem Lewin. Los Angeles: Such Much Films, 2013. 1 DVD (95
min.).
O filme narra a história verídica de um terapeuta que se envolve sexualmente com sua
paciente.
3) O mínimo para viver. Direção de Marti Noxton. Netflix, 2017. Netflix (110 min.).

O filme descreve métodos nāo convencionais adotados por um profissional com sua
paciente, diagnosticada com anorexia, e discute questões éticas quanto ao tratamento.
Três livros e um artigo sobre Psico-oncologia
• Três livros e um artigo sobre Psico-oncologia:

1) Livro: Ética, política e sociedade (2017).

O livro discute questões de ética em nossa sociedade e como a política, presente a todo momento em nossas
vidas, interfere, modifica e ratifica.
Referência: CIZOTO, S. A.; CARTONI, D. M. Ética, política e sociedade. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.

2) Livro: Ética e orientação professional (2016).


Excelente leitura para uma compreensāo da ética voltada às diversas categorias profissionais, inclusive
Psicologia. O autor discorre sobre como a ética e a moral, na sociedade, diferem da ética profissional e, ao
mesmo tempo, estāo tāo entrelaçadas.
Referência: VALLE, P. H. C. do. Ética e orientação profissional. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.

3) Livro: Temas em Psico-oncologia (2018).

Excelente livro voltado total e exclusivamente ao estudo da psico-oncologia na atualidade no Brasil. Além da
relaçāo do psicólogo com o paciente e a família, o organizador convida especiallistas em psico-oncologia para
abordae a importancia da psicologia para a equipe de saúde no ambulatório de oncologia. Leitura essencial
para aqueles que pensam em seguir neste campo da psicologia.
Referência: CARVALHO, V. A. et al. (org.). Temas em Psico-oncologia. São Paulo: Summus, 2008.
Referências
ALCHIERI, J. C. Avaliação psicológica: perspectivas e contextos. 1 ed. São Paulo:
Vetor, 2007.

BAPTISTA, M. N. et al. (org.). Compêndio de avaliação psicológica. Rio de Janeiro:


Vozes, 2019.

CAMPOS, E. M. P. A Psico-oncologia: uma nova visão do cancer - uma trajetória.


São Paulo: Universidade de São Paulo, 2010.

CARVALHO, V. A. et al. (org.). Temas em Psico-oncologia. São Paulo: Summus,


2008.

CIZOTO, S. A.; CARTONI, D. M. Ética, política e sociedade. Londrina: Editora e


Distribuidora Educacional S.A., 2017.
Referências
GOMES, S. M. et al. O SUS fora do armário: concepções de gestores municipais de
saúde sobre a população LGBT. Saúde e Sociedade, v. 27, n. 4, p. 1120-1133,
2018. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/sausoc/a/GS8FXSvb3ZvvGvGKqkCXSJS/abstract/?lang=pt.
Acesso em: 3 fev. 2022.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Hospital do


Câncer I. Seção de Psicologia. Sofrimento psíquico do paciente oncológico: o que
há de específico? Rio de Janeiro, 2014.

VALLE, P. H. C. do. Ética e orientação profissional. Londrina: Editora e


Distribuidora Educacional S.A., 2016.
Bons estudos!

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