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VIAS DE ACESSO

AO
INCONSCIENTE
Julia Garcia Durand
As vias de acesso ao sistema
inconsciente
■ Chistes
■ Atos falhos
■ Associação livre
■ Sonhos

■ Resistência e deslocamento: Freud parte do pressuposto que quanto mais


incompatível for o desejo com a vida consciente, maior será a deformação que o
elemento irá sofrer para atingir a esfera consciente

■ As resistências aumentam conforme a incompatibilidade do conteúdo


■Trata-se de uma forma de
expressão de desejos inconscientes
■Por meio da piada, o indivíduo –
via substituição- exprime “a injúria
que lhe estava no íntimo” (p.44)

OS ■ A consciência não permite a


expressão direta por questões
morais ou de autoconservação
CHISTES
■ Dito espirituoso gerador de humor.
■ Jogo de palavras, uma brincadeira com humor,
que expressa “aquilo que, de outra forma, não
ganharia expressão no plano consciente”.
(Freud, 1905)
Chiste X lapso de linguagem
■ “Se alguém conversa comigo e diz algo que não
queria dizer, se rio disso e quem falou ri junto,
fez-se um chiste. No entanto, se alguém
conversa comigo e diz algo que não queria

OS dizer e um de nós ou os dois ficamos


envergonhados, como se tivesse sido pego em
flagrante, houve um lapso”.

CHISTES
■Trata-se da ‘essência’ do método
psicanalítico e a regra fundamental
que o analisando deve seguir

ASSOCIAÇÃ ■“Mandamos o doente dizer o que


quiser (...) sem nenhuma seleção
deverá expor tudo o que lhe vier ao
O LIVRE pensamento, mesmo que lhe pareça
errôneo, despropositado ou absurdo e,
especialmente, se lhe for
desagradável a vinda dessas idéias à
mente” (p. 45)
■“Esse material associativo que o doente rejeita como
insignificante (...) representa para o psicanalista o minério de
onde com simples artifício de interpretação há de extrair o
material precioso” (p.46)
■Para Freud, a principal via de acesso
ao inconsciente
■“A interpretação de sonhos é a
INTERPRETAÇÃ estrada real para o conhecimento do
inconsciente, a base mais segura da
O DOS SONHOS psicanálise” (p.46)
■O sonho representa a satisfação de
um desejo infantil e inconsciente de
natureza sexual (psicossexual)
■Realização direta do desejo: “A criancinha sonha sempre com a
realização de desejos que o dia anterior lhe trouxe e que ela não
satisfez” (p.47)

■Maior influência dos restos diurnos

■O sonho apresenta:

■a) conteúdo manifesto: as imagens oníricas


■b) conteúdo latente: o conteúdo existente no inconsciente.
Trata-se do material que constitui a ‘trama’ do sonho

■Deformação: o conteúdo manifesto do sonho é o substituto


deformado para os pensamentos inconscientes do sonho

■Deformação: produto do conflito: resistências do eu (censura)


x retorno de desejos reprimidos do inconsciente
■ Interpretar um sonho: convite para o analisando associar
livremente a partir das imagens de que se recorda (conteúdo
manifesto) para, desta forma, acessar o conteúdo latente

■ “O sonho manifesto...pode ser descrito como uma realização


velada de desejos reprimidos” (p.48)
■ Elaboração onírica

■ Trata-se da forma que os pensamentos latentes se transformam em


conteúdo manifesto

■ Pensamentos latentes: matéria- prima de que é feito o sonho


manifesto

■ Conteúdo manifesto: o sonho ‘sonhado’; aquilo que a pessoa se


recorda ao acordar
■Faz parte da elaboração onírica:

■a) censura: a responsável pela deformação a que são


submetidas os pensamentos latentes pelo trabalho do sonho

■É responsável também pelas lacunas e distorções no conteúdo


manifesto
■b) condensação: o conteúdo manifesto é uma versão abreviada
do latente.

■Várias representações latentes se condensam em uma única


representação manifesta

■Ex: uma pessoa no sonho condensa as características de várias


outras (aparência de A, atitudes de B, vestida como C, profissão
de D...)
■c) deslocamento: opera pela substituição de um elemento
latente por um outro mais remoto que faz apenas uma
‘insignificante’ alusão ao conteúdo que ‘realmente importa’

■Há uma substituição das representações devido à censura

■Ex: o ferreiro de uma vila comete um crime. Como era o único


ferreiro e haviam 3 alfaiates, decide-se enforcar um deles.
■ Em termos linguísticos:

■ Condensação (metáfora): simbolismo; associação por semelhança

■ Deslocamento (metonímia): ligação de contiguidade; translação


de significados pela proximidade de ideias (trono= rei; havana =
charutos; níquel = moeda)

■ O desejo é eminentemente constituído por metonímia (Lacan)


■ d) figurabilidade: o sonho é uma escrita psíquica feita de imagens
(e não de palavras)

■ Os pensamentos latentes são expressos como uma ‘encenação’ (os


pensamentos são transformados em imagens)

■ O trabalho do sonho não é uma atividade ‘criadora’ mas apenas


transformadora do conteúdo latente

■ Ex: um aristocrata é representado por uma torre alta


■e) elaboração secundária: consiste na modificação imposta ao
sonho, pelo sonhador, a fim de que apareça sob a forma de uma
história coerente e compreensível

■A finalidade é fazer com que o sonho perca sua aparência de


absurdo, aproximando-o do pensamento diurno (é o relato do
analisando)
■ f) sobredeterminação: designa o fato de uma formação do inconsciente, seja ela um
sonho, um sintoma ou um ato falho, ter uma multiplicidade de fatores
determinantes

■ O sentido de uma formação do inconsciente nunca se esgota numa única


interpretação

■ Não há interpretação ‘definitiva’. Pode haver várias interpretações ‘completas’ sem


que uma exclua o valor da outra

■ “A interpretação dos sonhos leva ao conhecimento dos desejos ocultos e reprimidos”


(p.50)
E quanto aos pesadelos?

■Pesadelos: é também a realização de um desejo. Causa prazer


ao inconsciente e desprazer à consciência.

■“a ansiedade que os acompanha é uma das reações do ego


contra desejos reprimidos violentos, e daí perfeitamente
explicável a presença dela no sonho, quando a elaboração deste
se pôs excessivamente a serviço da satisfação daqueles desejos
reprimidos” (p.49)
■ Definição: ato em que o resultado explicitamente
visado não é atingido, mas se vê substituído por outro.
Fala-se de atos falhos não para designar o conjunto das
falhas da palavra, da memória e da ação, mas para as
ações que o sujeito consegue realizar bem, e cujo
fracasso ele tende a atribuir à sua distração ou ao
acaso.

■ Freud demonstrou que os atos falhos eram, assim


como os sintomas, formações de compromisso entre
a intenção consciente do sujeito e o recalcado.

Ato falho Ex:

■ Esquecimento,

■ Lapso de linguagem,

■ Erro de leitura,

■ Equívoco da ação (os franceses consideram ato falho


apenas os equívocos da ação - Acte manqué)

■ Perda de um objeto.
■Falhas comuns que ocorrem a
qualquer indivíduo
■Porosidade na fronteira normal\
patológico (Psicopatologia da vida

OS LAPSOS cotidiana)
■Lapsos de escrita e linguagem,
esquecimento de nomes, perda ou
quebra de objetos, atos e gestos que
executamos sem perceber, melodias
que repetimos...
■ As formações do inconsciente

■ a) exprimem impulsos e intenções que devem ficar ocultos à


consciência

■ b) emanam dos desejos reprimidos

■ c) revelam os mais íntimos segredos

■ d) testemunham a existência da repressão e da substituição mesmo na


saúde perfeita
DETERMINISMO E
PSICANÁLISE
■“o psicanalista se distingue pela rigorosa fé no
determinismo da vida mental. Para ele não existe
nada insignificante, arbitrário ou casual nas
manifestações psíquicas” (p.50)
■Determinismo mecanicista: causa- efeito (se\
então). Isso não é psicanálise!
■Determinismo funcional: dinamismo psíquico e
sobre determinação etiológica
■“a nossa técnica já é suficientemente
capaz de fazer aquilo que se propôs:
conduzir à consciência o material
INTERPRETAÇÃ psíquico patogênico, dando fim (...)
O aos padecimentos ocasionados pela
produção dos sintomas (...)”
■Onde havia o id, o ego deve advir
RESISTÊNCIAS À
PSICANÁLISE
■“Quer a psicanálise tornar conscientemente
reconhecido aquilo que está reprimido na vida
mental, e todo aquele que a julga é homem com as
mesmas repressões, mantidas talvez à custa de
penosos sacrifícios. Neles devem levantar-se, pois,
as mesmas resistências, como nos doentes, e estas
se revestem facilmente das roupagens da
impugnação intelectual (...)” (p.51)
CS X ICS

■ O orgulho da consciência e sua


tendência a desprezar as formações do
inconsciente são, de fato, mecanismos
de defesa.
■“Esta é a razão porque tão dificultoso
é convencer os homens da realidade do
inconsciente e dar-lhes a conhecer
qualquer novidade em contradição com
seu conhecimento consciente” (p.51)
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
■BECHARA, E. Moderna Gramática
Portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2009.
■FREUD, S. Terceira lição de psicanálise.
In:_____. Edição Standard brasileira das Obras
Completas de Sigmund Freud. 6. ed. Rio de
Janeiro: Editora Imago, Vol XI, 1996.
■LAPLANCHE, J; PONTALIS, J.B. Vocabulário
de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

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