CRP 06/96910 Wilhelm Reich (1897-1957) é considerado pioneiro das psicoterapias corporais. Sua obra compreende a Medicina, a Antropologia, a Economia, a Psicanálise e a Sociologia.
Nascido no Império Austro-Húngaro em uma família
judia não-ortodoxa, passou a infância e a adolescência nas grandes fazendas de seu pai. Relata que este possuía caráter fortemente autoritário, fenômeno que se tornou preocupação central em sua obra.
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Perde sua mãe em 1910 e seu pai em 1914. A Primeira Guerra Mundial começou em seu País, e as áreas agrícolas passaram a ser ameaçadas pela Rússia. O país foi fragmentado ao fim do conflito. Reich lutou na Guerra e não conseguiu reaver suas terras. Em 1918, ingressa no curso de Medicina da Universidade de Viena. Dois anos depois, é aceito na Sociedade Psicanalítica de Viena. Trabalha na Policlínica Psicanalítica de Viena até 1930, quando muda-se para Berlim.
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Entre 1927 e 1934, dedicou-se a trabalhar com educação sexual para o proletariado. Defendia a adoção dos seguintes pontos: distribuição gratuita de contraceptivos e manutenção de programas de controle de natalidade; liberação do aborto e sua oferta gratuita pelo Estado; liberação irrestrita do divórcio; programas de combate à prostituição; educação sexual; proteção à crianças e adolescentes contra o abuso; abolição de leis anti- homossexualidade. Em 1927, publica A função do orgasmo. No ano seguinte, afilia-se ao Partido Comunista e publica Materialismo Dialético e Psicanálise em 1929.
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A origem do sofrimento mental estaria relacionada à moral sexual, ligada diretamente à opressão econômica. Para compreender esses processos, aproxima-se da Antropologia de Malinowski e publica A Origem da Moral Sexual em 1932, com fortes críticas sociais, tanto ao capitalismo ocidental quanto ao socialismo estalinista. Seus trabalhos nessa área provocaram seu desligamento do Partido Comunista em 1933. No mesmo ano, foi desligado da Associação Psicanalítica de Viena, então sob direção de Anna Freud. É o ano em que Hitler chega ao poder na Alemanha. Sob condições tão adversas e tendo seu casamento se desfeito, migra para Copenhagen. Neste ano, ainda publica tardiamente Análise do caráter.
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Pesquisas polêmicas Entre 1934 e 1935, realiza experimentos com bioeletricidade. No ano seguinte, alega ter descoberto os bions, elementos que seriam responsáveis pela biogênese. Migra para os Estados Unidos em 1940 e dedica-se aos estudos sobre o orgônio, suposta energia cósmica presente em todo o Universo, mais intensamente nos organismos vivos.
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Cria o acumulador de orgônio, que foi proibido pela FDA posteriormente. Constrói, também, o canhão de nuvens, com o qual acredita poder manipular o clima. Nos anos 1950, passa a interessar-se por ufologia e acredita poder desenvolver armas orgônicas contra a ameaça de extraterrestres invasores.
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Por insistir em comercializar a caixa de orgônio e pelo seu passado como membro do Partido Comunista, Reich é preso em 1957 e morre na prisão em 03 de novembro. Suas obras e parte dos arquivos de seus laboratórios são queimados pelo governo estadunidense. Ilse Ollendorf Reich, uma de suas ex-esposas, manteve viva a memória e a obra de Reich, assim como seus colaboradores; dentre eles, Alexander Lowen, criador da bioenergética. Os arquivos com seus diários, anotações e obras inacabadas foram abertos em 2007, seguindo seu desejo expresso em testamento. Desde então, muito se tem descoberto sobre suas contribuições no campo psicanalítico e sociológico. Vida e obra de Wilhelm Reich 8 Referências bibliográficas REICH, Ilse Orlendorff. Wilhelm Reich. A personal biography. New York: St. Martin’s Press, 1960. SHARAF, Myrons. Fury on Earth. A biography of Wilhelm Reich. New York: St. Martin’s Press, 1983. ALBERTINI, Paulo. Wilhelm reich: percurso histórico e inserção do pensamento no Brasil. Bol. psicol, São Paulo , v. 61, n. 135, p. 159- 176, jul. 2011 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0006-59432011000200004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 15 fev. 2017. BOADELLA, David. Nos caminhos de Reich. São Paulo: Summus, 1985. BEDANI, A.; ALBERTINI, P. Política e sexualidade na trajetória de Reich: Berlim (1930-1933). Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 61, n. 2, 2009.