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PERSPECTIVA PSICODINÂMICA
Disposição
Fatores
Atuais ou Efeitos,
Desencadea Sintomas
ntes
METÁFORA DO CRISTAL
ESTRUTURA DE PERSONALIDADE
ENFERMIDADES
ANGÚSTIAS X
DEFESAS
PSÍQUICAS
NEUROSE PSICOSE
Tarefa mal sucedida - não há um substituto Tarefa mal sucedida - não há uma
ideal para o material reprimido representação que crie uma realidade
satisfatória
resumão das estruturas para Freud
● Relação objetal:
○ Fusional: fase oral (fusão com o outro)
○ Simbiótico: fase anal (relativa dependência)
○ Apoio: entre a fase anal e fálica
○ Independência: entre fase fálica e genital.
● Desejo libidinoso:
○ Autoerótico: fase oral (libido é investida no próprio indivíduo)
○ Libido do ego: fase anal (libido é investida no ego e nas representações do
indivíduo)
○ Libido objetal entre fase fálica e fase genital (libido investida no objeto)
● Transtorno ≠ Comorbidade
○ Transtorno: haver com o núcleo estrutural;
○ Comorbidade: Pode ser de outra estrutura
○ Exemplo: A pessoa possui Paranoia (Transtorno Psicótico), mas "camufla"
com alguma Fobia (Transtorno Neurótico), ou vice-versa.
ESTRUTURAS DE PERSONALIDADE - teoria de BERGERET
1. Angústia predominante
2. Tipos de mecanismos de defesa
3. Pautas de relacionamento objetal
4. Grau de desenvolvimento libidinal
5. Relação com a realidade
1. ANGÚSTIA
Angústia confusional: corresponde a mistura de angústia de separação e perda
do objeto de amor associada à angústia paranóide/persecutória. As angústias
confusionais põem em perigo a coesão do ego e debilitam-no.
Angústias paranóides ou de tipo persecutório: representa uma ameaça de
objetos maus e perseguidores que ameaçam os bons objetos internos.
2. MECANISMOS DE DEFESA
3. RELACIONAMENTO OBJETAL
NÍVEL DE ORGANIZAÇÃO DA
PERSONALIDADE - DIAGNÓSTICO
ESTRUTURAL
NEURÓTICO PSICÓTICO
Independência Dependência
DIFERENCIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DA
PERSONALIDADE
CRITÉRIO
ESTRUTURAL NEURÓTICO BORDERLINE PSICÓTICO
A teoria psicodinâmica moderna tem sido com frequência considerada como um modelo
que explica o fenômeno mental como resultante do desenvolvimento do conflito.
Esse conflito tem origem em poderosas forças inconscientes que buscam se expressar e
exigem monitoração constante por parte de forças opostas que impeçam sua emergência.
Tais forças interativas podem ser definidas (com alguma sobreposição) como:
O psiquiatra dinâmico atual deve também compreender o que comumente se quer dizer
com o “modelo deficitário” de doença. Esse modelo é aplicado àqueles pacientes que, por
quaisquer razões durante o seu desenvolvimento, apresentem estruturas psíquicas
frágeis ou ausentes.
A psiquiatria psicodinâmica deve ser hoje considerada como estando situada em meio à
ampla estrutura da psiquiatria biopsicossocial.
“Como clínicos nós não devemos nunca esquecer que a mente humana pode expressar-
se por meio de uma cadeia de processos moleculares, não sendo entretanto apenas uma
questão de moléculas” (PETRINI).
Se nós reconhecemos que a ente e o cérebro não são idênticos, qual é, então, a
diferença? Em primeiro lugar, o cérebro pode ser observado de uma perspectiva da
terceira pessoa. A mente, por outro lado, não é passível de ser percebida dessa forma, e
com isso só pode ser conhecida a partir de dentro. A mente é privada.
Nenhuma das abordagens fornece uma explicação completa por si só. Para complicar o
assunto ainda mais, como observa Damásio, “consciência e mente não são sinônimos”.
Numa série de condições neurológicas, inúmeras evidencias demonstram que os
processos mentais continuam, mesmo que a consciência esteja prejudicada.
O inconsciente
Além disso, os sonhos e as parapraxias são análogos aos trabalhos artísticos nas
paredes da caverna – comunicação e símbolos que, no presente, mostram mensagens
enviadas de um passado esquecido.
Outra forma primária do inconsciente manifestar-se na clínica é por meio da conduta não
verbal do paciente em direção ao terapeuta. Certos padrões característicos de relação
com os outros e determinados na infância tornam-se internalizados e são automática e
inconscientemente representados como parte do caráter do paciente.
A memória explícita pode ser tanto genérica, envolvendo conhecimento de fatos e ideias,
quanto episódica, envolvendo lembranças de incidentes autobiográficos específicos. A
memória implícita envolve comportamento observável do qual a pessoa não é consciente.
Outro tipo de memória implícita é a associativa por natureza, e envolve conexões entre
palavras, sentimentos, ideias, pessoas, eventos ou fatos.
De acordo com essa visão, a distinção implícita/explícita não é exatamente o mesmo que
a distinção declarativa/processual.
· Segundo, originou-se da experiencia com pacientes que não fazem nenhum esforço
para mudar seu comportamento por considerarem-se vítimas passivas de forças
inconscientes.
o O psiquiatra dinâmico deve ficar atento ao paciente que justifica a permanência de sua
doença invocando o determinismo psíquico.
O passado é o prologo
Transferência
A persistência de padrões infantis de organização mental na vida adulta faz com que o
passado seja repetido no presente. Talvez o exemplo mais interessante disso seja o
conceito psicodinâmico central de transferência, que diz que o paciente vivencia o médico
como uma figura significativa de seu passado.
Toda relação no setting terapêutico é uma mistura entre uma relação real e o fenômeno
da transferência.
1. Uma dimensão repetitiva, na qual o paciente teme e ao mesmo tempo espera que o
analista se comporte como seus pais o fizeram, e
2. Uma dimensão objeto do self, na qual o paciente almeja uma experiencia curativa ou
corretiva que não teve na infância.
Quando sujeito a críticas cheias de ódio por parte de seu paciente, o psiquiatra dinâmico
não as rejeita com raiva, como a maior parte das outras pessoas da vida do paciente o
faria. Ao contrário, ele tenta identificar qual relação do passado do paciente está sendo
repetida no presente e de que forma suas reais características podem estar contribuindo
para a situação. Nesse sentido, os psiquiatras são definidos mais pelo que eles não
fazem do que pelo que eles fazem.
Contratransferência
Pelo fato de cada relação atual ser um novo acréscimo às relações do passado, passa a
ser lógico que a contratransferência do psiquiatra e a transferência do paciente sejam
processos essencialmente idênticos – cada um deles vivenciando o outro de forma
inconsciente como sendo alguém do passado.
Resistência
Apesar da ideia de resistência como um obstáculo que deve ser removido para que o
tratamento possa prosseguir, na maior parte das vezes o tratamento consiste na
compreensão da mesma.
A maneira pela qual o paciente resiste é provavelmente uma recriação de uma relação
passada que tem influência sobre uma série de relações no seu dia a dia.
Neurobiologia e psicoterapia
Kandel afirmou que a psicoterapia pode provocar mudanças semelhantes nas sinapses
cerebrais.
A sequência de um gene – sua função padrão – não pode ser afetada por experiências
ambientais, mas a função de transcrição do gene – a habilidade de um gene de orientar a
criação de proteínas específicas – certamente responde a fatores ambientais e é regulada
pelos mesmos.
Uma parte integral da psicoterapia psicodinâmica é a aquisição de insight que a pessoa
passa a ter sobre seus próprios problemas.
Em resumo, a terapia pareceu trabalhar de uma forma “de cima para baixo” e a
medicação “de baixo para cima”.
Também é possível que os componentes afetivos da dor não estejam ligados aos
componentes sensoriais.
Uma abordagem terapêutica dinâmica certamente não se faz necessária para todos os
pacientes psiquiátricos. Aqueles que respondem bem aos medicamentos, à terapia
eletroconvulsiva, às psicoterapias breves ou à dessensibilização comportamental podem
não precisar dos serviços de um psiquiatra dinâmicos. Como todas as outras escolas de
psiquiatria, a abordagem psicoterapêutica dinâmica não pode tratar todas as doenças
psiquiátricas ou todos os pacientes de maneira eficaz.
Uma abordagem terapêutica estritamente dinâmica deveria ser reservada aos pacientes
que mais necessitam e que não responderão a qualquer outro tipo de intervenção.
O psicólogo não julga moralmente seu objeto, busca apenas observar, identificar e
compreender diversos elementos da doença mental. Além disso, rejeita qualquer tipo de
dogma, seja ele religioso, filosófico, psicológico ou biológico; o conhecimento que busca
está permanentemente sujeito a revisões, críticas e reformulações.
Não se pode compreender ou explicar tudo o que existe em um homem por meio de
conceitos psicopatológicos. Assim, ao se diagnosticas Van Gogh como esquizofrênico
(epiléptico, maníaco-depressivo ou qualquer que seja o diagnóstico formulado), ao se
fazer uma análise psicopatológica de sua biografia, isso nunca explicará totalmente sua
vida e sua obra. Sempre resta algo que transcende à psicopatologia e mesmo à ciência,
permanecendo no domínio do mistério.
De modo geral, os conteúdos dos sintomas estão relacionados aos temais centrais da
existência humana, tais como sobrevivência e segurança, sexualidade, temores básicos
(morte, doença, miséria, etc...), religiosidade, entre outros. Esses temas representam uma
espécie de substrato, que entra como ingrediente fundamental na constituição da
experiência psicopatológica.
O estudo da doença mental, como o de qualquer outro objeto, inicia pela observação
cuidadosa de suas manifestações.
Para observar, também é preciso produzir, definir, classificar, interpretar e ordenar o
observado em determinada perspectiva, seguindo certa lógica.
Segundo Aristóteles, definir é indicar o gênero próximo e a diferença específica. Isso quer
dizer que definir é por um lado, afirmar a que o fenômeno definido se assemelha, do que
é apresentado, com o que deve ser agrupado e, por outro, identificar do que ele se
diferencia, a que é estranho ou oposto.
Na visão psicanalítica, o homem é visto como ser “determinado”, dominado por forças,
desejos e conflitos inconscientes. Na visão psicanalítica, os sintomas e síndromes
mentais são considerados formas de expressão de conflitos, predominantemente
inconscientes, de desejos que não podem ser realizados, de temores aos quais o
indivíduo não tem acesso. O sintoma é encarado, nesse caso, como uma “formação de
compromisso”, um certo arranjo entre o desejo inconsciente, as normas e as permissões
culturais e as possibilidades reais de satisfação desse desejo. A resultante desse
emaranhado de forças dessa “trama conflitiva” inconsciente, é o que se identifica como
sintoma psicopatológico.
As categorias diagnósticas seriam “espécies únicas”, tal qual espécies biológicas, cuja
identificação precisa constituiria uma das tarefas da psicopatologia.
Haveria, então, dimensões como, por exemplo, o espectro esquizofrênico, que incluiria
desde formas muito graves, tipo “demência precoce” (com grave deterioração da
personalidade, embotamento afetivo, muitos sintomas residuais), formas menos
deteriorantes de esquizofrenia, fromas com sintomas afetivos, chegando até um outro
polo, de transtornos afetivos, incluindo formas com sintomas psicóticos até formas puras
de depressão e mania (hipótese esta que se relaciona à antiga noção de psicose unitária)
Estruturas e normalidade
A noção de “normalidade”
A noção de normalidade está tão ligada a vida quanto o nascimento ou a morte, utilizando
o potencial do primeiro buscando retardar as restrições da segunda, na medida em que
toda normalidade apenas pode coordenar as necessidades pulsionais com as defesas e
adaptações, os dados internos hereditários e adquiridos com as realidades externas, as
possibilidades caracteriais e estruturais com as necessidades relacionais.
Normalidade: o verdadeiro “sadio” não é simplesmente alguém que se declare como tal,
nem sobretudo um doente que se ignora, mas um sujeito que conserve em si tantas
fixações conflituais como tantas outras pessoas, que não tenha encontrado em seu
caminho dificuldades internas ou externas superiores a seu equipamento afetivo
hereditário ou adquirido, às suas faculdades pessoais defensivas ou adaptativas e que se
permita um jogo suficientemente flexível de suas necessidades pulsionais, de seus
processos primário e secundário nos planos tanto pessoal quanto social, tendo em justa
contra a realidade e se reservando o direito de comportar-se de modo aparentemente
aberrante em circunstâncias excepcionalmente “anormais”.
Para, pelo menos em um primeiro momento, apenas nos referirmos ao que chamo, em
minhas hipóteses pessoais, de estruturas estáveis (ou seja, psicótica ou neurótica),
parece evidente existirem tantos termos de passagem, no seio de uma linhagem
estrutural psicótica, entre “psicose” e uma certa forma de “normalidade” adaptada da
estruturação do tipo psicótico, quanto no seio de uma linhagem estrutural neurótica, entre
“neuroses” e uma certa forma de “normalidade” adaptada à estruturação do tipo neurótico.
Patologia e “normalidade”
Freud pensou poder definir a normalidade na criança a partir da maneira pela qual, aos
poucos, se estabelecem os aspectos tópicos e dinâmicos da personalidade e do modo
pelo qual se engajam e se resolvem os conflitos pulsionais.
As delimitações traídas por Freud em outros textos nada desmentes esses três
postulados:
· Alguns tipos de caráter destacados pela psicanálise (1915) – é ainda unicamente com
referencia à economia edipiana, superegóica, genital e castradora, portanto à linhagem
neurótica, que são estudadas as exceções, aqueles que falham diante do sucesso e os
criminosos, pelo sentimento de culpa.
· Tipos libidinais (1931) – procura “preencher a lacuna que se supõe existir entre o normal
e o patológico” pela distinção de 3 tipos básicos: erótico, narcísico e obsessivo, que mais
habitualmente se combinam em subtipos: erótico-obsessivo, erótico-narcísico e narcísico
obsessivo; o tipo teórico erótico-obsessivo-narcísico representaria, ao final das contas, a
“absoluta normalidade, a harmonia ideal”.
A “normalidade” patológica
“Normalidade” e padronização
Parece-me que aqui se situa todo o problema econômico do “pseudonormal”: ter evitado
perturbações importantes na infância, mas não obter acesso a um estatuto de adulto
bastante sólido estruturalmente para torná-lo independente no plano de suas
necessidades libidinais e de suas relações objetais; a consequência tópica desta carência
econômica manifesta-se no superinvestimento de um ideal de ego pueril e a
consequência dinâmica, na orientação mais ou menos exclusivamente narcisista
oferecida aos investimentos pulsionais; por outro lado, J.B. Pontalis (1968) acha que o
grupo poderia chegar a substituir o objeto libidinal, tornando-se ele mesmo objeto libidinal
no sentido psicanalítico do termo, o que, em nosso entender, é bem menos inquietante
para o narcisismo individual, mas lamentavelmente encoraja o sujeito a não mais buscar
autênticos objetos libinais fora do círculo demasiado restrito do grupo.
Édipo e a “normalidade”
Concluindo, posso apenas renovar minha adesão à hipótese retomada por R. Diatkine
(1967), segundo a qual toda noção de normalidade deve ser independente da estrutura.
Os clínicos psicodinâmicos usam por vezes os temos caráter e trações de caráter para se
referirem àqueles aspectos da personalidade que são determinados predominantemente
pelos fatores psicológicos e de desenvolvimento, em contraste com os que refletem
fatores predominantemente de temperamento.
3. Até que ponto os traços de personalidade são adaptativos ou até onde interferem no
funcionamento e provocam angústia.
No modelo Kernberg, as relações com os objetos internos, cada uma constituindo uma
representação do self interagindo com a representação de outra pessoa e associada a um
estado afetivo particular, são as estruturas psicológicas mais básicas.
Kernberg sugere que os grupos de relação com os objetos internos que servem a funções
correlatas são organizados para formar estruturas psicológicas de uma ordem superior.
O resultado quanto à formação da identidade é uma série de experiências de self que são
contraditórias, relativamente incoerentes e instáveis, na ausência de um “núcleo” de
senso de self integrado e consistente.
Kernberg ainda distingue os pacientes com identidade normal, ou consolidada, daqueles
com patologia de identidade, com base na natureza das suas operações defensivas
dominantes e na estabilidade do seu teste de realidade. Em suma, no grupo mais
saudável, encontramos rigidez mal adaptativa da personalidade no contexto de:
No extremo mais saudável do espectro estão os indivíduos com identidade normal, com
defesas de n[ivel predominantemente superior e teste de realidade estável; no extremo
mais grave do espectro encontram-se aqueles com patologia grave da identidade,
defesas de nível predominantemente inferior e teste de realidade alterado. No intervalo
entre os dois, classificação de Kerberg é conceitualizada de forma mais precisa quando
descreve um espectro contínuo da patologia de personalidade, baseado na patologia da
formação de identidade, operações defensivas e teste de realidade.
A identidade normal está associada a uma experiência de self e dos outros indivíduos
significativos que é contínua no transcorrer do tempo e das situações, e a uma
capacidade de perceber os atributos e a experiência interna dos outros de uma forma que
expresse complexidade, sutileza e profundidade.
A experiência subjetiva que o indivíduo tem dos outros tende a ser um pouco
diferenciada, faltando sutileza e profundidade, e é mais ou menos polarizada e/ou
superficial.
Os gostos, opiniões e valores são inconsistentes, tipicamente adotados dos outros que
fazem parte do ambiente, e podem mudar fácil e dramaticamente com as mudanças que
ocorrem em seu meio.
Rigidez da personalidade
Em geral os pacientes com rigidez leve da personalidade com frequência têm dificuldade
de ver a si mesmos na sua totalidade, como os outros os veem, apegando-se tipicamente
a uma visão indevidamente negativa ou infantil de si mesmos, apesar de anos de
feedback externo lhe mostrarem o contrário.
Apesar das variadas formas que as defesas repressivas podem assumir, todas as defesas
neuróticas envolvem repressão ou o banimento da consciência de algum aspecto da
experiência subjetiva.
Formação reativa – tanto o afeto quanto a ideia são banidos e substituídos pelos seus
opostos.
Como tal, as defesas de nível neurótico alteram a realidade interna do sujeito, mas
tipicamente o fazem sem distorcer de maneira grosseira o senso de realidade externa do
sujeito.
Embora as defesas neuróticas sejam responsáveis pela rigidez da personalidade,
influenciando os processos cognitivos e levando a distorções sutis da experiência, e
possam causar desconforto ou sofrimento, elas tipicamente não levam a condutas
extremamente anormais ou perturbadoras.
Embora as defesas baseadas na cisão sejam caraterísticas dos transtornos mais graves
de personalidade, uma variedade de defesas dissociativas e baseadas na cisão também
são rotineiramente empregadas na patologia leve da personalidade.
Kerberg (1984) sugere a cisão (à qual também se refere como dissociação primitiva), é a
defesa prototípica encontrada em pacientes com transtornos graves de personalidade,
que tendem a compartimentalizar as experiências do self e dos outros que se encontram
em conflito.
O que vemos como resultado, são relações objetais vivenciadas como “totalmente boas”
ou “totalmente más” – amorosas, gratificantes e seguras por um lado, ou agressivas,
frustrantes e ameaçadoras de outro.
A idealização é uma forma de cisão que envolve ver os outros como totalmente bons, com
o objetivo de evitar ansiedades associadas a sentimentos negativos.
A negação primitiva apoia a cisão, mantendo uma indiferença pelos aspectos do mundo
interno e externo que são contraditórios com um potencial ameaçadores. Quando a
negação primitiva é empregada, o indivíduo está cognitivamente consciente de uma
experiência ameaçadora, mas esta consciência falha em manifestar a reação emocional
correspondente.
Conflito inconsciente
Conflito e estrutura
Além de desejo, necessidade ou temor conflitante, um conflito inconsciente é composto
por operações defensivas criadas para evitar a consciência ou expressão das motivações
conflitantes.
Um olhar mais detido não pode deixar de perceber que, para tais profissionais,
problemática psíquica de ordem emocional é sinônimo de neurose, de sorte que muito
provavelmente nutrirão crenças acerca da organogênese dos distúrbios psíquicos.
Desta feita, trata-se de método que pode ser utilizado em tentativas de inteligibilidade,
desde a perspectiva de análise do fenômeno humano, de toda e qualquer conduta na
acepção precisa com que esse conceito é definido por Bleger (1977)
Bleger vai, contudo, enfatizar que o drama humano é necessariamente forjado, desde a
tenra idade, na relação com outrem, de modo que seu significado íntimo só é susceptível
de ser desvendado com base nas experiências vitais do sujeito em questão.
Por outro lado, conforme ensina a psicanálise, este sentido pode permanecer
inconsciente, o que requererá a aplicação do método psicanalítico ao estudo psicológico
da conduta, a partir do que se poderá chegar à apreensão/construção daquilo que
Herrmann (1979) denomina inconsciente relativo.
O mesmo, no entanto, não se pode dizer dos casos borderlines, organizações limítrofes
que, a rigor, nunca estariam verdadeiramente compensadas.
Goldmann (1974) afirma que tanto a psicanálise quanto o marxismo partem da afirmação
de que, no plano humano, nada existe desprovido de sentido, embora sua significação
nem sempre seja aparente ou consicente.
De fato, qualquer fragmento estudado poderia ser integrado em estruturas diferentes, nos
planos da subjetividade, da vida histórica ou da vida biológica.
Finalmente, tanto para a psicanálise como para a teoria dialética, as estruturas não
devem ser consideradas invariáveis ou permanentes, mas constituem o termo final de
processos históricos.
Na prática clínica, as estruturas podem manter-se, mas seu funcionamento pode ser
transformado. Por outro lado, as organizações limítrofes podem chegar a se estruturar
verdadeiramente.
Estruturas de personalidade e história individual
Por outro lado, quando a criança pôde contar, em seu crescimento, com um ambiente
suficientemente bom na fase de dependência absoluta, conhecendo o que Bergeret
chama de evolução banal, mas encontra dificuldades de alguma magnitude em função de
insuficientes ou inadequados aportes ambientais na fase de dependência relativa, ou seja,
quando já alcançou certa autonomia e separatividade, a ponto de perceber a mãe como
objeto total distinto de si própria, do qual, entretanto, ainda depende, um fenômeno
diverso tem lugar. Trata-se da ocorrência de um trauma psíquico precoce que leva a
criança, ainda despreparada emocionalmente, a ingressar abruptamente na situação
edipiana dando lugar à pseudolatência. Observa-se, neste caso, uma luta constante
contra angústias depressivas, isto é, relativas à perda do objeto de amor e de ódio, a qual
configura o que é conhecido como organização limítrofe de personalidade, podendo
assumir variadas formas sintomatológicas ou caracterológicas.