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Cap.

3 Paul Dewald
Resumo por Flávio Pereira

O Determinismo Psíquico &


A Continuidade da Vida Mental

O Caráter (A Personalidade)
Determinantes Intrapsíquicos
As marcantes diferenças dos instintos do ID,
determinadas biologicamente, permanecerão constante
toda a vida, com diferenças de indivíduo para indivíduo.
As funções morais do superego também vão variar de indivíduo para indivíduo.
As funções do ego desenvolverão padrões de adaptação próprio de cada pessoa.
A combinação dos impulsos do ID, dos valores morais do superego, e adaptação do ego, formam
o que se chama de caráter ou personalidade. Durante o desenvolvimento da cada indivíduo,
forças variadas, como os mecanismos de defesa, impulsos do id e do superego, vão fortalecer e
definir o padrão de personalidade. (tipos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 do Eneagrama).

Determinantes Genéticos

Além dos fatores dos fatores intrapsíquicos citados, a herança


biológica (genética) também vai determinar a formação
da personalidade. Isto pode ser observado nos recém-nascidos
que revelam diferenças marcantes nos instintos básicos e no
comportamento, que não dependem da experiência. Ainda na
maternidade recém-nascidos demonstram diferenças, uns sendo
mais agitados (tipo 7 do Eneagrama), outros mais quietos (tipo 9
ou 5), uns choram muito (tipo 4), outros estão sempre com
rostinhos sorridentes (tipo 2), outros agressivos (tipo 8), outros
irritadiços (tipo 1), outros mais “exibidos” (tipo 3), outros mais
desconfiados e inseguros (tipo 6). Deficiências mentais genéticas
dificultam o uso dos mecanismos da mente mais complexos, fato que vai influenciar na formação
da personalidade do indivíduo.

Determinantes Experimentais

A experiência de vida sofrida pelo indivíduo desempenha


papel muito importante na estruturação da personalidade.
As experiências de vida nunca serão iguais mesmo para
irmãos gêmeos influenciados pelo relacionamento com os pais.
Pais gratificam de modo diferente cada filho.
Os traumas sofridos pela criança desde muito pequena
terão consequências importantes na formação da
personalidade.

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Exemplos de traumas: separação da mãe,
morte dela, nascimento de irmão, agressões, abusos, cirurgias, mudança de domicílio ou escola.
Cada criança vai interpretar as experiências e a elas reagirá de modo diferente.
A personalidade das pessoas que cercam a criança, por ex., as atitudes dos irmãos, também vai
influenciar o tipo de personalidade dela por meio das identificações infantis.
O ambiente físico e humano ao redor da criança é outro fator que influi na formação da
personalidade. Crianças que vivem em ambientes menos favorecidos, com criminosos ao redor,
terão uma personalidade diferenciada, comparada com crianças que vivem em ambientes ricos e
rodeadas de pessoas amorosas.

Resumindo: a formação da personalidade é resultado dos fatores genéticos e de experiências de


vida, marcada pelas forças das funções do ID, ego e superego, os chamados fatores
intrapsíquicos, todos operando ao mesmo tempo.

Personalidade = fatores genéticos + experiências de vida + forças intrapsíquicas (ID, Ego,


Superego).

Compulsão à Repetição

Indivíduos tem a tendência a repetir inconscientemente vivências infantis conflitantes, que é uma
tentativa de dominar aquela situação frustrante e obter uma gratificação mesmo que tardia.

Níveis de comportamento

O resultado de todas as forças citadas, ID, ego e superego agindo, forças genéticas e de
experiência de vida, compulsão à repetição, é acessível a observação objetiva clínica. Outra
parte do comportamento, a subjetiva, requer que o analisando faça uma descrição para o
analista por meio das verbalizações. Podemos citar como subjetivos, os sentimentos, os
pensamentos, as fantasias, as recordações, as motivações. Toda teoria do comportamento deve
incluir a interpretação dessas situações subjetivas do ser humano, além das objetivas.

Continuidade e Determinismo

A vida é um processo contínuo de adaptação do aparelho mental, e entre o organismo e o meio


ambiente, de modo que resultam em oscilações do equilíbrio dinâmico mental (visto no cap. 2).
Tal conceito requer as considerações dos fatores psíquicos, genéticos e de experiências de vida,
já citados. As experiências de vida, a continuidade das experiências marcantes, podem resultar
em interpretações diferentes para uma criança. Ex.: uma cirurgia pode ser interpretada por uma
criança como o amor dos pais ou uma forma de punição deles.

O conceito de determinismo psíquico diz respeito a que nada acontece por acaso, e que os
fenômenos da vida e do comportamento são determinados pela interação conjunta de todas as
forças e experiências, passadas e presentes, pela genética e pelo dinamismo da mente, de cada
pessoa, sejam conscientes, pré-conscientes ou inconscientes.

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Normalidade e Saúde Mental

Saúde mental é a capacidade de manter a adaptação madura ante qualquer conflito, é a


habilidade do indivíduo de conduzir-se eficazmente sem se estressar, tanto no estresse previsível
como no imprevisível. No estado normal, na função do ego ideal, os conflitos são resolvidos de
modo consciente, com repúdio dos impulsos inaceitáveis, sem uso de defesas inconscientes, com
quantidade mínima de energia psíquica ligada às funções defensivas, sempre orientado para a
realidade do processo secundário (lógica, razão, maturidade), contra o processo primário (modo
infantil de pensar). O conceito de saúde ideal raramente é realizado por completo, mas pode
chegar-se a aproximações parciais.
A personalidade normal, sadia, está livre do sofrimento neurótico na forma de ansiedade doentia,
ou da culpa, medo, frustração, ou forte estresse, além de poder criar qualquer área de escolha
livre consciente, para obtenção de satisfações.

Valor e Relatividade

Na vida quase tudo pode-se dizer que é relativo e o valor muda de situação para situação, de
pessoa para pessoa. É óbvio que definir o que é normalidade ou saúde mental implica em juízos
complexos que não são aprovados por todos. Maturidade e liberdade x maturidade e submissão,
depende do lugar onde estamos vivendo. Exemplo: a Coréia do Norte, Cuba, China dentre outros
países comunistas, ditaduras, vão adotar a submissão como conceito normal, o que não será
aceito nos EUA, França e Alemanha, países capitalistas, liberais, democráticos. Ditaduras e
democracias estão em lados postos.

A homossexualidade é vista como normal para os gays e para muitas pessoas. Para outras é
uma doença, inclusive para grupos de psicólogos, que proclamam a “cura gay” aliados a certos
padres e pastores.

Muitos pontos de vista do analista colidirão com os do analisando, pois cada pessoa tem uma
vida cheia de experiências, uma personalidade padrão que muitas vezes é “neurótica”. O que é
neurose ou não já é ponto de discussão.

A saúde mental ou normalidade é um conceito relativo, porque as pessoas tem formas


diferentes de pensar. Por isso existem dezenas de modelos de psicoterapias, pois elas tem por
base, os conceitos e preconceitos dos seus criadores (Freud, Jung, Roger, Adler, etc).

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