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5, Paul Dewald
Psicoterapia – Uma abordagem Dinâmica
Resumo, por Flávio Pereira
Acontecimentos Traumáticos
Diante das situações da vida as pessoas reagem de modo diferente. Indivíduos que sofrem
neurose de guerra, por ex., são afetados fortemente pelos fatores extra-psíquicos ameaçadores,
enquanto outros indivíduos que foram para a guerra e sofreram os mesmos traumas, não são
afetados. Dessa maneira não se pode explicar os comportamentos apenas mediante os fatores
externos. Outros fatores externos estressantes ou traumáticos que o indivíduo sofre influenciam
no desenvolvimento da neurose. Ex.: o casamento, o nascimento de criança, a morte, os
acidentes, as doenças graves, a perda do emprego, os fracassos financeiros.
O Impacto da Realidade
A realidade externa interagindo com a interna (ID, Ego, Superego) manifesta-se de formas
diferentes. A realidade externa pode:
A Seleção do Objeto
A seleção dos objetos dependerá dos impulsos do ID, do controle excessivo do superego e dos
mecanismos de defesa do ego. O indivíduo amadurecido fará escolhas sadias de objeto, com
base no processo primário (funções inconscientes), juízo de realidade e funções conscientes do
ego. Quanto mais as escolhas forem baseadas no princípio da realidade, mais sadios serão os
relacionamentos dele. Na adaptação neurótica o indivíduo escolherá inconscientemente objetos
exteriores que sejam compatíveis com a neurose dele.
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O ego explora continuamente a realidade externa à procura de objetos para usá-los na defesa
contra os impulsos do ID. Quanto mais forte for um impulso inconsciente à procura de satisfação,
imediata maior será a necessidade de fazer a escolha neurótica do objeto.
Quando os objetos estão disponíveis, mais o indivíduo tende a repetidamente envolver-se com
eles. Exemplos de seleção de objetos:
1. Uma mulher filha de um pai alcoólatra procura para casar um homem também alcoólatra.
Divorcia-se, depois casa-se de novo com um alcoólatra.
2. Indivíduos que procuram repetidamente outras pessoas para complementar propósitos
inconscientes, como um masoquista (gosta de sofrer) que procura um sádico (gosta de fazer o
outro sofrer).
Um acontecimento ou estresse pode ser fator desencadeador para formar uma neurose para um
indivíduo e para outro não. Em geral o indivíduo não está consciente das associações
inconscientes entre o acontecimento desencadeador externo e o conflito intrapsíquico. Exemplo:
uma jovem sofria de depressão sem causa aparente, mas o gatilho para deprimir-se eram os
filmes de televisão que reportavam ao suicídio. A jovem não tinha feito a conexão entre o suicídio
do pai e os filmes. Ao fazer o tratamento teve o insight sobre o gatilho.
O ego faz vigia constante para defender o indivíduo da realidade ou usá-la para manter o
equilíbrio dinâmico da mente. Uma situação de realidade externa favorável pode atenuar a
neurose. Uma pessoa neurótica pode ser “salva” quando conta com a ajuda de outras pessoas.
Ex.: um homem com grave problema de passividade e inibição no trabalho foi ajudado pelo chefe
dele a ser mais comunicativo e ativo e também pela ajuda externa do pai que era rico. A realidade
externa também pode fazer emergir um conflito interno como se o distúrbio externo fosse a
causa principal de dificuldade. Exemplo: um homem queixou-se da frigidez da mulher, o que inibia
a sexualidade dele. A esposa fez tratamento e curou-se e começou a fazer exigências sexuais
frequentes. O homem desenvolveu impotência sexual. Tal fato fez emergir os próprios problemas
sexuais do marido.
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O ego pode escolher uma das centenas de experiências ou percepções externas de um indivíduo,
para usar na formação de um sonho e dessa forma amenizar o conflito neurótico do indivíduo.
O Benefício Secundário
Os objetos atuam de maneira a gerar satisfação ou frustração dos impulsos. Os primeiros objetos
- pai e mãe - depois os outros proporcionarão a identificação para o desenvolvimento do ego
infantil e do senso de identidade.