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Psicose
Psicose
- Psicose:
- A sua relação com a realidade é outra. O que é a realidade? A realidade existe? – Para nós
seres humanos, a realidade é a realidade percebida e construída por nós. A realidade que nós
captamos tem relação com os nossos órgãos sensoriais, com o nosso cérebro e com a nossa
mente (há coisas que valem muito para nós, devido ao nosso vivido emocional)
- Se nós tivéssemos todo o rosto com olhos, a nossa realidade seria diferente. Esta realidade é
baseada naquilo que o nosso corpo nos permite vivenciar
- Para nós – indivíduos “normais” – temos a ideia que existe determinadas vivências que são
nossas, da nossa cabeça… Ex: dormi mal, e estou rabugenta, e por isso, vejo coisas nos outros
que não têm haver com os outros, mas sim comigo. Há coisas que são nossas e que estão a ser
construídas por nós, e nós colocamos fora… mas são nossas!
- Um individuo cujo funcionamento dominante é o psicótico, sente que aquilo que se passa à
volta dele tem haver com os outros. Tudo é “culpa” do outro. Um individuo “normal”, tem um
espaço mental que lhe permite perceber o dentro e o fora. O individuo psicótico não tem uma
delimitação definida, não há o dentro e o fora – está tudo em continuidade.
- O psicótico vive por ele próprio, grandes angústias (ao contrário do autista, que foge destes
vividos para evitar o horror).
- Para o psicótico a representação da coisa é a coisa! Uma criança dita “normal” pode pegar
numa caixa de óculos e fingir que é um carrinho, contudo, para os psicóticos aquelas caixa de
óculos é mesmo um carro! Neste caso, não há a representação e a coisa, uma coisa é uma
coisa!
- A vida para o psicótico, é uma coisa absolutamente dramática, do ponto de vista da relação
consigo, com os outros e com o objeto. Vive angústias horríveis, e por isso, para sobreviver
também desenvolve estratégias defensivas que lhe permite desenvolver.
- Não há uma etologia certa! Certamente, não existe apenas uma etologia. É possível que
existam variáveis do foro genético, biológico e neurológico. Pode ser tb devido a variáveis
relacionais, ou ainda interação de todas estas variáveis. Há meios protetores e outros que
favorecem o desencadear do sofrimento.
Na generalidade:
- Perante isto tem que formar estratégias para poder funcionar de outra maneira. Estes
sujeitos muitas vezes estão num enorme sofrimento, podem tornar-se muito agressivos,
desorganizados e podem ficar hospitalizados.
- As alucinações não têm propriamente relação com o aparelho sensorial – esse não é o
problema! O problema é o valor que se dá à sensação – maximiza a sensação. Qnd o sujeito
está a ter alucinações, ele vive aquilo como absolutamente real. Se o sujeito tem muitas
alucinações pode ser importante, medicar-se.
- O sujeito é invadido por angústias. É-lhe extremamente difícil lidar com o conflito. As coisas
ou são boas ou são más – difícil integrar os diferentes aspetos que a realidade pode ter. Não é
capaz de lidar com o conflito nem de elaborar o conflito. O seu mundo interno é dividido por
angústias terríveis, o mundo fica confuso e desorganizado. E para organizá-lo recorre a
estratégias defensivas
- Estratégias defensivas:
2. Idealização – Tornar muito positivo certos objetos e certas partes de si que tem subjacente a
clivagem e a projeção. Transformação de algo – aspetos de mim próprio, por exemplo – em
algo muito bom! “O objeto é extremamente bom e perfeito, eu próprio tb sou perfeito”.
Facilmente pode surgir o reverso desse objeto perfeito e parte de mim ótima, que vira
absolutamente desastrosa, contudo, para ser idealização o sujeito vive o polo positivo naquele
momento. (apesar de ser fácil passar para o outro polo).
3. Projeção - há coisas que eu estou a viver que são insustentáveis para mim, então eu ponho
fora de mim. Contudo, o que eu ponho fora de mim tb está dentro de mim. Tanto posso pôr
fora de mim coisas terríveis, como boas.
- O que é que encontramos na criança psicótica? Tudo o que encontramos no ponto de vista
geral. Dificuldade nos limites entre o dentro-fora e o fora dentro, crianças que manifestam
angústias muito grandes, desorganizações muito grandes, delírios e alucinações, relação com o
outro totalmente alterada, linguagem afetada e o seu funcionamento cognitivo também.
- Algo que em geral na psicose da criança pequenina, são as suas dificuldades de separação –
desorganizações brutais de quando é separada de figura de preferência, mas também a sua
dificuldade de aproximação. Ou seja, não está bem longe mas também não está bem perto. A
criança não construiu recursos para estar longe da mãe/ figura de referência e daqui vão surgir
reações brutais à separação, contudo, na aproximação também vai sentir angústias, com o
medo de quem se aproxima lhe poder fazer mal.
- A criança psicótica afasta-se e fica numa angústia porque perdeu e se se aproxima tem receio
de ficar confundida e que o outro seja agressivo.
- (1). Esquizofrenia:
agressões ambientais.
- (GB) - Provavelmente não mais do que 10% dos pacientes esquizofrênicos são capazes de ter
um bom funcionamento por meio do uso de uma abordagem de tratamento que consista
apenas em medicação antipsicótica e hospitalização breve
1. O indivíduo sente-se mal e não sabe porquê: pode ser de um ponto de vista somático, sente-
se mal sem saber descrever.
- (GB) - Uma organização útil da sintomatologia descritiva da doença pode ser feita em três
grupos: 1) sintomas positivos, 2) sintomas negativos e 3) relações interpessoais doentes.
Alguns propõem que o terceiro grupo deve compreender sintomas de desorganização mental
ou cognitiva.
- (GB) - Freud estava convencido que de que a esquizofrenia era caracterizada por uma
descatexia de objetos. Por vezes ele utilizou esse conceito de descatexia para descrever um
despreendimento do investimento emocional ou libidinal das representações objetais
intrapsíquicas; em outros momentos, empregou o termo para descrever o retraimento social
em relação às pessoas reais do ambiente (O que é catexia: catexia, que se referia à quantidade
de energia ligada a qualquer estrutura intrapsíquica ou representação objetal). Por vezes ele
utilizou esse conceito de descatexia para descrever um despreendimento do investimento
emocional ou libidinal das representações objetais intrapsíquicas; em outros momentos,
empregou o termo para descrever o retraimento social em relação às pessoas reais do
ambiente
- (GB) - Freud definiu esquizofrenia como uma regressão em resposta à intensa frustração e
conflito com os outros. Tal regressão das relações de objeto para um estágio auto-erótico de
desenvolvimento foi acompanhada por um retraimento do investimento emocional nas
representações objetais e figuras externas, o que explicou a aparência de retraimento autista
dos pacientes esquizofrênicos. Freud (1914/1963) postulou que a catexia do paciente foi,
então, reinvestida no self ou no ego.
- (GB) - Freud considerava a psicose como um conflito entre o ego e o mundo externo. A
psicose envolvia uma negação e um subseqüente remodelamento da realidade. Apesar dessa
revisão, Freud continuou a falar do retraimento da catexia e de seu reinvestimento no ego. Ele
empregou o retraimento da catexia do objeto para explicar sua observação de que,
comparados aos pacientes neuróticos, os esquizofrênicos eram incapazes de desenvolver
transferências.
- (GB) - Já Harry Stack Sullivan, dedicou a sua vida ao tratamento da esquizofrenia e tinha
ideias e chegou a conclusões muito diferentes das de Freud. Ele acreditava que a etiologia da
doença era resultado de dificuldades interpessoais precoces (principalmente na relação pais-
criança) e definiu o tratamento como um processo interpessoal de longo prazo que tentava
abordar esses problemas precoces.
- (GB) - Já Sullivan, acreditava que a falha na maternagem produzia no bebê um self carregado
de ansiedade e o impedia de ter suas necessidades satisfeitas. Tal aspecto da experiência do
self era, então, dissociado, mas o prejuízo à auto-estima era profundo. Na visão dele o início da
doença esquizofrênica, era o ressurgimento do self dissociado que levava a um estado de
pânico e à conseqüente desorganização psicótica.
- (GB) - Frieda Fromm-Reichmann (1950), enfatizou que as pessoas esquizofrênicas não são
felizes em seu estado de retraimento. Elas são fundamentalmente pessoas solitárias que não
conseguem superar seu medo e desconfiança dos outros em função de experiências adversas
da vida.
- (GB) - Federn não concordava com a afirmativa de Freud de que a catexia do objeto era
retraída na esquizofrenia. Em vez disso, Federn enfatizou o retraimento da catexia dos limites
do ego. Ele observou que os pacientes esquizofrênicos caracteristicamente não possuem
barreira entre o que é interno e o que é externo, pois os limites de seu ego não têm mais
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- (GB) - Muitas dessas formulações psicanalíticas iniciais criaram profundas dificuldades entre
os clínicos que tratavam pacientes com esquizofrenia e as famílias destes pacientes.
Expressões como mãe esquizofrenizante geraram uma atmosfera na qual as mães se sentiam
acusadas de causar esquizofrenia em seus filhos.
- Mais tarde, é pedido ajuda, devido aos níveis de angústia elevados, alucinações, atividades
delirantes pouco organizadas.
- Delírio pouco organizado e pouco consistente = as narrativas do delírio não são consistentes,
podem ser diversas, e estas narrativas não se mantêm constantes.
- Delírio paranóide = onde para quem está de fora, pode chegar a pensar que aquilo é verdade.
→ Se imaginarmos uma escala da maior indiferenciação psíquica – desde o mais patológico até
ao mais perto de saúde, existe a seguinte ordem:
1. Esquizofrenia
2. Paranoico
3. Psicose maníaco-depressivo (bipolaridade)
4. Melancolia
Sintomas:
Alterações do afeto: euforia, anedonia, apatia, afeto restritivo, alteração sexual secundária
Análise:
- Os delírios surgiram devido a uma gigante frustração pelo facto de a sua paixão não ter sido
valorizada, daí ter criado o mecanismo de defesa, formando uma neo-realidade – com os
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delírios. Esta neo-realidade permiti-o ser reconhecido. No delírio dele, ele está a fazer uma
missão secreta para descodificar umas mensagens – e por isso, todo o seu tempo é gasto neste
delírio
- BREAKDOWN
- Colapso, portanto. Esse termo traduz breakdown. É a ideia de um enguiço, de uma ruptura de
mecanismo; termo que, em inglês, pode também descrever a saúde que se altera, a razão que
se ensombrece ou uma irrupção brusca de lágrimas.
- AGONIAS PRIMITIVAS
- Quer digamos agonia ou desamparo, é preciso observar que o que esses termos procuram
circunscrever é um espaço psíquico situado além da angústia. Será que se trata de um além
qualitativo, designando um afeto de outra natureza, ou de um além quantitativo, significando
a forma extrema da angústia? Deixaremos a questão em aberto.
- Neste texto Winnicott descreve várias angústias, angústias essas primitivas, que podemos
imaginar subjacentes ao sofrimento autístico e psicótico
→ Se imaginarmos uma escala da maior indiferenciação psíquica – desde o mais patológico até
ao mais perto de saúde, existe a seguinte ordem:
1. Esquizofrenia
2. Paranoico
3. Psicose maníaco-depressivo (bipolaridade)
4. Melancolia
- (1) Esquizofrenia - aula anterior.
- Ex: eu acho que há um conjunto de pessoas que me querem fazer mal, e por isso eu tenho de
impedir que elas me façam mal – e por isso, eu vou ser híper-vigilante para poder escapar, e
daí vou acabar por controlar o outro) – usa o delírio de carater persecutório – delírios
organizados e coerentes.
- Enquanto na esquizofrenia o sujeito não está diferenciado do outro, neste caso já existe
diferenciação – apesar de esta diferenciação ser fonte de alto sofrimento.
- (Melanie Klein) Na posição esquizoparanóide, é uma fase onde não temos uma diferenciação
do eu e do outro – angústias persecutórias, pela idealização, pela omnipotência → Estes
indivíduos vivem nesta fase!
- (Melanie Klein) Na posição depressiva, é uma fase onde temos diferenciação – o suj tenta
apegar-se às experiências positivas. O sujeito tenta colocar fora de si experiências neg e
assustadoras através da identificação projetiva (conteúdo que é colocado por fora, mas que
também está dentro) e através da clivagem (guarda dentro de si as experiência positivas e
expulsa as negativas). Devido ao meio e à sua capacidade de sobrepor as experiências
gratificantes em prol das negativas, o seu espaço psíquico vai-se limitando, vai recorrer menos
à clivagem e consegue diferenciar o seu espaço psíquico e o mundo fora.
- Os contos infantis têm sempre uma fada boa e uma bruxa – na realidade não existem só
pessoas boas e pessoas más.
- Um bebe tem capacidades muito restritas de perceber o mundo à sua volta, ele acabou de
acordar, tem sensações estranhas a percorrê-lo e começa a chorar. A mãe ouve-o vai ter com
ele, embala-o e dá-lhe de mamar → O bebe vai viver uma experiencia confortável; Se por
ventura, o bebe chora e a mãe está ausente → O bebe vai viver uma experiencia negativa (por
um lado temos experiencias positivas e por outro lado, negativas e geradoras de sofrimento).
Para que um bebe vá aprendendo e crescendo a partir do mundo ele tem de viver experiencias
sobretudo positivas! O que é desejável é que um bebe na sua relação com a mãe viva
dominantemente experiencias positivas para crescer e aprender com o mundo.
- Nós adultos podemos sentir em relação a uma pessoa que ela é chata mas que ao mesmo
tempo é boa pessoa! Então nós não cortamos relações com essa pessoa. Mas a criança não
tem este pensamento, o bebe não sabe organizar o seu mundo. Não sabe categorizar o seu
mundo… precisa de tempo! Só com o tempo é que o seu mundo se vai organizando. O mundo
não é só amargo nem doce, num primeiro momento os bebes precisam de clivar o mundo
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(lado bom e mau) e guardar dentro de si as coisas boas e colocar fora de si as coisas negativas.
Mas só consegue fazer a integração das experiencias negativas e positivas com o seu
crescimento, para que o seu espaço psíquico se torne limitado (mas isto só acontece na
presença dos dois tipos de experiencias - neg e positv).
- Se nós estamos sozinhos e não somos capazes de pensar que alguém no mundo nos ama e
pensa em nos, tornamo-nos aflitos.
- Os primeiros anos de vida são fundamentais. Construímos bagagens dentro de nós para a
viagem que é a vida. Estas bagagens não têm recursos infinitos, necessita de reciclagem.
- Espaço bidimensional: espaço autista: só tem comprimento e largura, o volume não existe.
- O nosso espaço psíquico só se pode delimitar quando a separação é tolerável para nós. Se o
espaço psíquico está bem aberto estamos no campo da psicose.
- Um psicótico está sempre na posição esquizoparanoide, mas esta posição não é sempre
igual!
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- (GB) - Abordam todos os relacionamento com a crença de que a outra pessoa no final
cometerá um deslize e confirmará as suas suspeitas.
- (3) Na psicose maníaco depressiva/ Bipolaridade temos uma oscilação de fases, fase de
profunda depressão e fase maníaca. Na fase maníaca temos a completa independência, não
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precisa do outro para nada; não conseguem dormir, euforia, muito acelerado, até o discurso
verbal é muito acelerado, onde o individuo não depende de nada → Se alguém tenta parar
esta fase, o individuo pode tornar-se agressivo; nestes casos é muito importante a medicação
que o equilibre de forma a possibilitar algum trabalho. Na fase de depressão é o abatimento
absoluto devido à sua necessidade do outro, à sua dependência do outro e dele não estar lá.
Oscilação entre fases maníacas e depressivas.
- Todas as patologias são estratégias de sobrevivência, não podemos manter isto sempre!
Reconhecimento da sua impotência e nulidade.
- A depressão é uma contínua fixação da pessoa na relação, como por exemplo, hoje houve
alguém que eu perdi e hoje houve uma relação perdida, e nas relações que eu tenho eu
procuro viver o que eu não vivi com a pessoa que perdi – na depressão há separação psíquica
entre a pessoa e quem eu perdi.
Tema: Psicose
Sintomatologia:
- Alucinações
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- Delírios
- Ansiedade
- Paranoia
Análise
- Ego da personagem muito frágil sem conseguir controlar instância psíquicas . A personagem é
uma interna criança é vitima dos seus próprios conflitos internos. Nina expressa um clivagem
no seu aparelho psíquico por não conseguir ser dois modos opostos de ser.
- O teste à realidade refere-se à capacidade para diferenciar o self, do não self, separar o intra-
psíquico dos estímulos externos, e manter a empatia com os critérios sociais da realidade, tudo
isto perdido nas psicoses, o que se manifesta particularmente pela presença de alucinações e
delírios.