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- O estado borderline é definido por pessoas que não são suficientemente saudáveis para
serem apenas neuróticas, nem suficientemente loucas para serem psicóticas
- Relações inter-pessoais: procuram ativimente ter relações com o outro mas procuram não ser
abandonadas; são pessoas hipersensíveis ao mínimo sinal de abandono – aquilo colocam-se do
ponto de vista egocêntrico (leem sempre as manifestações do outro, como manifestações de
abandono)
- Querem muito o outro fixado nelas/ por perto investindo neles. Todos nós precisamos de
outros ao nosso lado, mas estas pessoas precisam de ter sempre o outro ao seu lado.
- O que necessitamos para nos sentirmos bem sozinhos? Temos de estar bem acompanhados
por dentro! Se não estão bem acompanhadas por dentro, é porque houve problemas na vida
que não os deixaram construir boas companhias dentro de si → Mas elas têm esperança! E
procuram outros que estejam ao seu lado, e que lhes façam esta companhia. Do ponto de vista
emocional, são muito egocêntricos, e imaginam o outro na sua interioridade. Focam-se muito
na sua interioridade e desejos. Quando o outro não lhes dá afeto, vêem isto como abandono e
rejeição, ficam zangados, e têm comportamentos relacionados com zanga (e daqui nasce a
agressividade e manipulação). Nesta medida, é difícil manter relações satisfatórias com
pessoas que vivem as relações desta maneira… muitas vezes quebram a relação! E assim, o
borderline confirma as suas fantasias de que vai estar sempre sozinho.
- Muitas vezes atacam o outro → Ele não aguenta → Corta relações → Reforça a sua própria
ideia que toda agente o abandona
- Dificuldade de se colocar no lugar do outro e imaginar o vivido do outro, ex: uma senhora
com funcionamento dominante borderline; relações amorosas caóticas e conflituosas; num
processo amoroso começou a viver com uma pessoa, ligava à pessoa, e se ela não atendesse o
telefone, ela pensava logo que ele estava a envolver-se sexualmente com outra →
Incapacidade de se colocar no lugar do outro e pensar na perspetiva do outro. Lêem o
pensamento do outro só em relação a si próprio (egocêntrico). O seu receio é de virem a ser
abandonadas. Nas relações de intimidade têm medo de perder a sua própria identidade (medo
de por amor ao outro fazerem coisas que não gostam de fazer…). Em toda a relação de
intimidade, existem momentos de perda de identidade, mas quem tem a sua identidade bem
definida pode perdê-la (por momentos…) mas sabe que volta a ela!
- Todo o ser humano se apaixona; primeiro há uma idealização do outro – mas só através do
desenvolvimento da relação é que podemos conhecer o outro, em geral, o boberline vê o
Psicopatologia geral II
Prof.Maria Antónia Carreiras
- Mecanismos psíquicos:
1. Clivagem: Apreendo o outro apenas nas suas qualidades positivas ou apenas nas suas
qualidades negativas. – Apreensão feita apenas pelo próprio. Aquele que eles escolhem como
parceiro amoroso, pode ser o melhor do mundo. Se apresenta 1, 2 ou 3 falhas, passa a ser
visto como uma besta! Daqui nasce o desejo de ele querer que o outro mude – através de
comportamentos manipulativos (como por exemplo, através da tentativa de suicídio), ou pode
cortar a relação (para se proteger a não sofrer mais).
- Kernberg levanta a hipótese que o sujeito borderline é um sujeito que dadas as vicissitudes
do seu desenvolvimento não pôde construir dentro dele um objeto interno estável e
segurizador, e na sua conceptualização, Kernberg baseia-se no desenvolvimento infantil
normal de uma senhora chamada Margarett Malher – esta senhora levantou hipóteses sobre o
desenv normal da criança entre os 0 e os 36 meses (aos 36 meses, a criança já deve ter um
objeto interno estável e segurizador). A partir da observação de crianças pequenas nas
relações com as suas mães, no que respeita ao processo de separação psíquica e
individualização (a isto ela deu o nome de processo de separação-individualização). Quando a
criança é pequenina não consegue tolerar a separação física da mãe, e à medida que vão
crescendo vão sendo capazes de estar longe das pessoas significativas – foram capazes de
construir dentro de si uma representação da mãe (consegue estar longe da mãe fisicamente,
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porque têm dentro delas uma representação da mãe.) Nesta processo, Malher fala de várias
fases, antes do ano e meio, a criança gatinha… rasteja… separam-se da mãe e vão explorar
(mas ainda não têm uma representação estável). Na última fase, há uma sub-fase de
reaproximação, que anda entre um ano e meio e dois anos, onde a criança já tem autonomia,
nomeadamente a autonomia motora – onde a criança precisa muito da atenção da mae → É
NESTA SUB-FASE que a criança que antes demonstrava independência da mãe, volta a dar
pistas sobre a necessidade de estar perto da mãe (nesta sub-fase de reaproximação, Kernberg,
coloca a hipótese que o bebe viveu problemas que não permitiu solidificar uma representação
estável e segura com a mãe) – Não lhe permitiu formar uma representação suficiente estável e
sólida, nesta medida, a criança arrasta isto para o resto da vida, e vai tentar sarar nas suas
relações com o outro. E vai procurar relações amorosas, mas sempre com as bases que ela
tem! E nestas bases, ela está sempre com a perspetiva de ser abandona ou de perder a
identidade na relação com o outro, e por isso, vai ser hipervigilante aos hipotéticos sinais do
outro de abandono, e vai proteger-se de ficar confundida e misturada na relação com o outro.
- Na fase anterior a esta – na fase de exploração – a criança antes dos 16 meses, fica
apaixonada pela exploração pelo mundo, o bebe nesta fase já se consegue deslocar e por isso,
alcançou uma autonomia que o enche de satisfação. Criança apaixonada pelas suas novas
potencialidades físicas – porque consegue chegar aqui e ali. Ex: fruto destas novas
capacidades, vê algo no fundo da sala, começa a gatinhar (como se não precisasse da mãe para
nada). A mãe pode viver isto de muitas maneiras… a mãe pode pensar: “o meu filho já não está
tao dependente de mim”; ou a mãe pode sentir-se abandonada! Há mães que ficam contentes
por ter bebes totalmente dependentes delas. A forma como a mãe vê esta capacidade
exploratória da criança depende das características da mãe. → Como se a mãe fosse um carro
e a mãe fosse uma bomba de gasolina (metáfora feita por M. Malher). CONTUDO, nesta fase a
criança ainda não construiu uma boa representação da mãe.
- Na fase seguinte, ela já explorou o suficiente… então ela precisa de novo de estar muito perto
da mãe, como será que a mãe vai viver esta nova reaproximação? As crianças podem ficar
muito caprichosas nesta fase. Como é que a mãe e a criança se vão “safar” desta nova
reaproximação? A mãe vai estar de novo disponível, vai voltar a dar-lhe atenção, e se a mãe
até lhe dá esta atenção, a criança será que consegue construir isto dentro de si? A forma como
a criança vive esta sub-fase vai ser essencial para a construção do seu mundo interno.
- Um borderline tem uma identidade difusa (não tem limites…) fica confundido entre ele e o
outro. O seu receio é ficar confundido com o outro nas suas relações de intimidade. Partindo
do pressuposto que lhe faltou um objeto de apoio ao seu desenvolvimento, temos aqui uma
depressão envolvida! Depressão devido à falta de apoio do objeto de amor. Que é no fundo
uma depressão por falta de apoio, porque faltou a pessoa que apoiasse do ponto de vista
afetivo, ou devido ao outro, ou por características do próprio. Não há uma fonte interna de
amor.
- Qnd alguém nos procurar e nos falarem da sua mãe, do seu pai, dos seus filhos… a pessoa
não está a falar destas pessoas! Está a falar da sua apreensão sobre as mesmas! Aquela mãe é
uma “péssima mãe” – apreensão da pessoa, que envolvem a mãe, as características da criança
e o cruzamento das duas.
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- Qnd a pessoa é muito frágil no ponto de vista narcísico, quando tem um pequeno problema,
torna-o enorme.
- Temos depressão (depressão anaquilitica – depressão devido à falta de afeto/ apoio/ falta de
investimento do objeto – precisamos de fonte de afeto interno (que cria estabilidade ao
sujeito) e externo – tem de existir apoio externo para construir o apoio interno) e identidade
difusa.
- O que estamos a falar é UMA conceptualização teórica. Tem sido observado que nos registos
das historias clinicas daqueles que são diagnosticados como borderline. Tem sido encontrado
na sua vida, instabilidade afetiva, maus tratos, abusos sexuais → Instabilidade afetiva.
Irregularidade de quem toma conta da criança. O que nos leva a confirmar estas hipóteses. Se
se tratam de relatos dos borderlines, já sabemos que são as suas apreensões.
- No fundo o borderline é muito instável nas suas relações – tanto ama, como odeia, como usa
a manipulação (pode levar à tentativa de suicídio ou ao suicídio).
- O estado limite tem um sofrimento muito grande que se manifesta de forma diversa.
GABBARD
Existem quatro padrões-chave que estão presentes nos indivíduos com síndrome de
borderline:
ativado um conjunto de ansiedades. Por outro lado, começam a preocupar-se com o facto de
poderem vir a ser confundidos com outra pessoa e perderem a sua própria identidade.
Vivem sentimos imensos de ansiedade que provocam ataques de pânico ao pensarem ser
abandonados e rejeitados a qualquer momento. Como forma de se prevenirem ao abandono,
estes recorrem a gestos suicidas ou cortar os pulsos, esperando obter proteção da pessoa à
qual estão ligados. Estes momentos são caracterizados por fantasias de salvação, sentimentos
de culpa, transgressões de limites profissionais, raiva e ódio, ansiedade e terror e, profundos
sentimentos de desamparo.
4. Instabilidade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (p.
ex., gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivo).
6. Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., episódios de
intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas e apenas
raramente mais de alguns dias)