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Por meio dos estudos realizados, percebemos que o bebê, ao nascer, não possui

maturidade biológica e psíquica capaz de garantir a sua sobrevivência, ele se


assujeita ao campo do outro. A sua constituição se dá através do campo da
linguagem, na relação com o outro que significantes vão sendo dados ao bebê e que
ao se articularem vão gerando sentido.

Estádio do espelho:

Se funda no processo de alienação ao outro e ocorre entre os 6 e 18 meses.


É dividido em três momentos :

1. Ao olhar para o espelho, a criança não se reconhece, não se diferencia


da mãe.
2. A criança percebe um corpo no espelho, mas ainda não se reconhece,
vê um outro e interage com este. Interage com o que surge no espelho
na condição de um semelhante.
3. A criança se reconhece e busca o olhar de um outro que reconheça
esta conquista. Surge a “borda” do corpo, a diferenciação entre o eu e o
outro.
● Ao se identificar com o outro o Eu se aliena a imagem do outro. O Eu aqui
está constituído pelo outro, o Eu é o outro.

Complexo de Édipo:

● Também é dividido em três tempos


1. A criança se vê como o falo da mãe, se identificando com ela. O que
predomina é o imaginário, a alienação a mãe. Não há individualidade
psíquica, a relação é dual (momento que corresponde ao estádio do
espelho).
2. Momento em que ocorre a entrada do pai, que barra a relação da mãe e
do filho, fazendo que assim o bebê não seja o centro da atenção da mãe
(o falo da mãe). O pai representa uma função, podendo ser qualquer
terceiro.
3. A angústia de castração é que leva a criança ao jogo das identificações
e consequentemente ao declínio do Complexo de Édipo. O sujeito passa
a desejar por si e não pelo Outro, é a passagem do sujeito falante para
sujeito desejante.

Reflexões:

Após assistir a aula, me chamou muito a atenção a questão do luto representar uma
forma de castração, já que ao se perder alguém também perdemos uma parte
nossa. Pensei muito sobre isso, pois acredito que muitos de nós brasileiros, cerca de
577 mil, vivenciamos essa forma de castração neste período de pandemia. Ainda
sobre esse período, vimos o vírus afetar diversos continentes espalhando-se,
descontroladamente, de pessoa para a pessoa, infectando toda a população. Deu-se
início a um período indeterminado de isolamento, um momento de desamparo e
diante disso - assim como na infância, onde a criança é apenas um ser vivente e se
encontra numa condição de desamparo em que precisa de um outro - sentiu-se esse
desamparo e essa falta em recorrer-se ao outro e à construção de relações que são
recorrentes da vida em sociedade. Em uma tentativa de resposta a esse
desamparo, buscamos, assim como na infância, com frequência recorre-se ao outro
e à construção de relações, como uma tentativa de resposta ao desamparo -
buscamos nossos familiares querendo ver fotos, vídeos, chamadas de vídeo, como
se a imagem pudesse comprovar suas constituições e afastasse a ameaça de
separação, reestabelecendo alguma coisa.

Pensei muito sobre essas questões e pude notar que tanto o amor, quanto a morte
pertencem a um conceito muito importante para nós, a falta.

Aspectos a destacar:

Conforme fui me apropriando dos materiais e assistindo a aula, me recordei de um


episódio de uma série que gosto muito - Modern family, EP 12, temporada 4. Nele -
acredito que dê pra notar esse segundo momento do Édipo - a filha (Lily) de um
casal homoafetivo quer casar com um dos pais (Mitchell) e outro (Cam) fica muito
sentido com essa situação, pois agora ele quem estava trabalhando e em nenhum
momento a filha quis casar com ele, sendo que por um longo período era ele que
cuidava dela.

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