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A libido voltada para o eu. O amor que alguém tem por si mesmo.
O narcisismo, portanto, faz parte da nossa vida psíquica. Tanto narcisismo, como o édipo,
influenciam nossa maneira de ser, nossa personalidade.
Freud vai dizer que o Narcisismo é a fase INTERMEDIÁRIA entre o autoerotismo e a fase objetal
(o amor objetal).
Fase: bebê chupando o dedo (autoerotismo) – FASE PRÉ-OBJETAL – Fantasia de que a saciedade
obtida ao se alimentar no seio é por ele mesmo satisfeita.
O bebê tem a fantasia que ele é quem satisfaz a sua fome, pois o seio aparece quando ele
chora.
Os cuidadores vão então, através do dia a dia, unificando esse corpo fragmentado, pela fala,
pelo toque...verbalizando sobre a unificação deste corpo, ajudando o bebê a sair dessa fase. No
5/6º mês o bebê descobre a si mesmo. O cuidador vai falhando, o que antes era uma simbiose
com o bebê. Portanto, o encontro com si próprio, só ocorre na ausência do outro. Ou seja, caso
o outro não se ausente, o sujeito não se descobre.
Portanto, na falha do outro, o sujeito se percebe. Esse encontro consigo mesmo só é possível
na ausência do outro.
Se essa fusão continua, ela pode seguir para a vida adulta. EX. 40 anos morando com os pais.
É importante essa separação para que o outro se perceba, e adentre na fase narcísica e
entenda como é bom estar consigo mesmo. Os cuidadores passam a se espantar em ver o bebê
bem e sozinho. No chão, no berço, ele fica bem sozinho. Quando ele percebe que são os outros
que satisfazem suas necessidades, como alimentá-lo, agasalhá-lo, ele passa a ver o outro como
objeto de amor.
Então, ele transfere essa energia psíquica de si para o outro, passando a ter um objeto favorito,
pros amiguinhos, pros cuidadores.
EX. paciente percebe que não tem vontade própria. A esposa diz que foi abusada. Ele não
consegue verbalizar nada sobre o caso, pois não se interessou em saber. Ele não enxerga o
outro, ele está na fase pré-objetal. Voltado apenas para si. Ele é adulto no trabalho, mas na
relação afetiva não.
NARCISISMO PRIMÁRIO - acontece nos três primeiros meses, refere-se à fase mesmo do bebê.
Autoerótico, pré-objetal.
Pensamento mágico do bebê – O paciente acredita que seu casamento é inatingível, sendo a
esposa a mulher da sua vida, e nada acontece ali. Acredita que vai usar drogas de forma
recreativa, sabendo a hora de parar.
Um paciente na fase pré-objetal, não sabe nomear sua dor, ele espera que alguém nomeie para
ele. Ele não entende que se por a mão na tomada pode tomar choque. Muitas vezes o
terapeuta tem que fazer isso por ele. Esse paciente pré-objetal não pode ser colocado no divã.
Como um bebê, ele precisa do seu olhar. Ele precisa ver e perceber que vc está entendendo a
necessidade dele, a dor o sofrimento. É uma pessoa que precisa do seu olhar, pois ela ainda é
narcísica. É o olhar do analista que fará com que ela se constitua. A pessoa só sai do narcisismo
quando alguém olha para ela, como se ela já fosse alguém.
A pessoa não sabe quem é, acha que a vida é um parque de diversões. Ela não sabe quem é e
tenta ao tempo todo se encontrar, por meio de festas, drogas, videogame. Essa pessoa tem que
retirar a energia psíquica do próprio umbigo e transferir para o outro, perceber o outro.
O paciente, quando passa a se perguntar, se fez mal pra alguém, significa que ele está
caminhando do narcisismo para a fase objetal. A pessoa só pode se questionar se fez mal pra
alguém quando ele começa a enxergar o outro como sujeito que merece mais atenção, carinho
e cuidado.
Algumas doenças são narcisistas na sua essência. Freud diz: É preciso começar a amar para não
adoecer. E é inevitável adoecer quando, devido à frustração, não se pode amar”. Esse adoecer
não é apenas o orgânico, é o adoecimento da alma. Quer adoecer menos, projete sua energia
para os outros, para as coisas do mundo. Tire a libido de você.
O paciente somatizador clássico, que usa o seu corpo como expressão do seu psiquismo, na
maioria das vezes é pré-objetal. Nesse sentido, ele é ior do que a histérica, que falava,
simbolizava, dirigia seu sofrimento para o outro. O pré-objetal está mais regredido que a
histérica. A histérica tinha fantasias com o outro, o outro existia pra ela. No somatizador, ele
ainda está curtindo o próprio corpo. O manejo é mais delicado.
Tem pessoa que passa a vida dependendo dos outros. Precisa se encontrar, curtir a si próprio.
Para depois amar o outro. Precisa passar pelo narcisismo, precisa se achar merecedor do amor
do outro.
Quando o cuidador é narcisista, ele fará de tudo para que o sujeito seja eternamente
dependente dele, que ele continue na fase pré-objetal.
Na paixão, há um rebaixamento narcísico, por isso ele deve ter hora para terminar, não pode
durar pra sempre. As relações passam a ser menos idealizadas.
Ideal de ego: os cuidadores idealizam um monte de coisas para gente. O nosso narcisismo não
quer decepcionar esse ideal de ego projetado. A gente corre atrás de corresponder a esse
ideal. O nosso narcisismo exige isso. A gente não quer que ninguém se decepcione com a
gente. Porque isso fere o nosso narcisismo.
1 - o ego ideal: a imagem que a gente persegue, sempre inadequada, sempre insatisfatória,
pois estamos perseguindo o Eu ideal, que jamais será alcançado. Este paralisa, pois é
inalcançável. É um ideal de perfeição, com uma pitada de superego extremamente rígido. Se
não for pra ter isso, melhor não ter nada. Ex. não serei professora se não for igual a Cora
Coralina.
2 – o ideal de ego: é uma instância simbólica, pela qual a gente se identifica, para
reconhecermos nosso próprio desejo. Ex. ser como a mãe, para ter alguém como o pai. Os
ideais que vão se acrescentando na nossa vida são sempre repostos, de emancipação,
autonomia, independência, que regulam nosso desejo, a partir dessa posição chamada ideal de
ego. É um caminho com frustração, mas que a pessoa continua a seguir.
Apenas o de completar aquilo que foi “esquecido”, a partir dos traços que o paciente deixa. A
partir desses traços, a gente vai construindo.
Ex. paciente diz que traiu o marido. Na sessão seguinte ela falta. Há uma resistência, pois, via a
analista como uma figura julgadora, já que a paciente foi encaminhada por um padre amigo da
terapeuta. Teve então que retomar o enquadre, sobre ausência de julgamentos. Ficou claro
qual o lugar que a pessoa estava colocando a terapeuta: de autoridade, de castradora, que
julga, da religião. O paciente, ao colocar o analista num lugar, ele vai atuar com ele, como se
ele fosse a figura. O analista deve suportar a resistência, a idealização, os xingamentos, pois
não diz respeito ao analista, mas sim à FIGURA REPRESENTADA.
Interpretação é a exceção do dia a dia do terapeuta. Interpreta ato falho, chiste, sonho, a partir
do que o sujeito traz.
A REGRA é a construção. Constrói um sentido a partir dos elementos trazidos pelo paciente.
Por vezes, os tijolinhos trazidos pelo paciente não encaixam, mas devem ser guardados pelo
analista, pois mais para frente, podem vir a encaixar. Muitas vezes, o analista tem a sensação
de que o paciente está trazendo apenas trivialidades. Porém, em algum momento, as coisas
vão fazer sentido. Porém, nem sempre o analista fará uma construção correta, podendo “dar
bola fora”, o que será trazido pelo paciente. Ao se fazer uma construção com o paciente, e o
paciente continua seu raciocínio, esboçando algo como “eu nunca pensei nisso antes”.
Como saber se errou o acertou com o paciente?
Supervisão é muito importante. Pode ser resistência do paciente, ou pode ser um erro na
construção. Para saber se errou, na supervisão.
Pode também o analista ter apresentado uma construção sem ter todos os tijolinhos
(apressada).
Se o paciente diz que nunca pensou nisso, nunca tinha olhado por esse ângulo, indicam o
caminho certo.
Quando saber se fez uma construção correta? Quando o paciente SE ENVOLVE no assunto,
desenvolve um raciocínio, traz aspectos e acontecimentos similares. A construção deve ser
produtiva para o processo psicoterápico.
NEUROSE E PSICOSE
Na psicose, o conflito é entre o ego e o mundo exterior. Na neurose, o conflito é entre o ego e o
id (interior).
Paciente psicótico não tem déficit cognitivo. Isso é percebido na riqueza dos delírios. Ele é
concreto como uma criança. Se disse: “estou morrendo de fome” ele pode acreditar que vc
está morrendo mesmo. Ele cria um novo mundo, tanto interno quanto externo. Esse mundo é
construído.
O psicótico não sustenta a frustração, o peso da vida, da realidade concreta, dura. Ele cria um
novo mundo.
1 – Abstrair o ego lá pra longe da realidade. Na neurose fazemos de vez em quando, mas
voltamos. Aqui, ele não volta para a realidade
O ego é esquizo; na neurose há fissuras entre o eu e o mundo exterior. Mas não há cisão. O ego
rompeu, por isso não sustenta a realidade
O que separa a neurose da psicose é um fio tênue. Todos nasceram do mesmo lugar, do
sofrimento, da frustração.
O psicótico sofre menos, porém, SOFRE. Ele cria uma nova realidade que representa MENOS
angústia, servindo aos desejos do Id, por meio dos delírios e alucinações. Porque o MUNDO
EXTERNO está aí para confrontar, mostrar que é incompatível com o real. Portanto, SOFRE SIM!
Nós neuróticos também, por vezes, não podemos suportar. Ex. esquecer o dia da sessão (ato
falho). Só damos conta do que é possível suportar.
O neurótico lida com a angústia de castração. Somos todos seres falhos, incompletos, por isso
estamos aqui, estudando, pra ser algo na vida. Todos lidamos com o “não poder fazer algo”. O
nosso conflito é entre o ego e o id. O neurótico suporta esse conflito, negocia, realiza desejo
pela metade, inventa outro, se vira!
Na psicose, há a recusa da realidade. O ego está cindido, ele rompeu a relação com a realidade.
Há a recusa da realidade.
Os pacientes psicóticos têm condutas clínicas rígidas, uma vez que o enquadre externo ajuda a
organizar o interno. Ex. hora de dormir, acordar, tomar os remédios, etc.
2 – Tem o sentido do ato sexual em si. Todo ato sexual que não seja encontro do pênis com a
vagina, sem fins de reprodução. é um desvio da normal, comportamento perverso, não tem a
ver com estrutura de personalidade.
1 – PERVERSO
Está muito mais na realidade do que as outras estruturas (neurose e psicose). É atento aos
detalhes. No entanto, quando se depara com a angústia de castração, não recalca nem alucina,
na perversão, há recusa da interdição. Ele nega que não pode fazer nada. Acha que pode tudo.
Não aceita o limite. Nega a castração. O transtorno de personalidade social (psiquiatria) é
perverso para a psicanálise. O psiquiatra vai chamá-lo de psicopata. Fixado no narcisismo. Sua
sexualidade é infantil. Ele dirige sua libido para as pulsões parciais – não enxerga o outro*. Ele
quer ter prazer e vai ter, sem enxergar o outro.
*Quando entra na relação objetal, a pulsão deixa de ser parcial. Ou é pré-objetal ou é narcísico,
como no caso dos transtornos narcisistas de personalidade (psicopatia).
O esquizo, psicótico, ouvindo vozes, pode cometer crime. Este irá para o hospital psiquiátrico.
Porém, perversos vão para a prisão comum. A psicopatia não é doença, é uma maneira de ser.
Ele recusa a castração e, mesmo sendo preso, continua a tirar vantagem.
O conflito ENTRE O EGO/ID, EGO/REALIDADE, ele NÃO O CONHECE. Não conhece o incesto, não
precisa recalcar ou sublimar nada. Se deseja, realiza. Na perversão há uma falha muito
importante no SUPEREGO. Ele tem um superego deficitário, não conseguindo frear o Id.
Grupos artificiais:
Cristianismo: líder
Exército: líder
O que faz o grupo se reunir em torno de uma mesma crença, de forma tão coesa, com o
mesmo objetivo, que determina padrões de vida?
Freud suspeita de uma força libidinal que lança os pares entre si de uma maneira horizontal
(entre os indivíduos) e vertical (em relação ao chefe).
Esses grupos, ligados pelo afeto*, é mais difícil ser rompido. É energia vital que sustenta, que
dá vida a esse grupo.
*tudo que nos afeta (carinho ou ódio). O que une os skinheads é o ódio.
A condição humana é essencialmente má, discordando de Carl Rogers. O homem nasce mal,
ele vai arranjar subterfúgios de contenção da sua maldade, a religião é uma delas. Essas
instituições falham em cercear a maldade. Por isso, o ser humano está fadado à infelicidade.
Ele pode conseguir ter momentos felizes. Contudo, não pode exercer toda sua agressividade
perante o grupo.
Essas instituições serão dispositivos moderadores, para preservar a espécie. Caso contrário, a
raça humana se extinguiria.
Nesse amor neutro (não sexual), o afeto que os une. Ex. adolescentes se vestem igual, vão aos
mesmos lugares, escutam as mesmas músicas. Há um momento de encontro com a própria
identidade. Não sabem o que gostam ou não. Querem se diferenciar dos pais. É um estado de
rebeldia que denuncia uma busca para manter uma identidade.
Os grupos ficam muito iguais, mesma cara, mesmo vocabulário. É um período de decisão, no
qual os adolescentes se agrupam.
No grupo, a identidade individual do sujeito se submete à identidade grupal, para ser aceito,
ser empático.
NARCISISMO DAS PEQUENAS DIFERENÇAS: uma coesão no grupo que encontra uma satisfação
da agressividade voltada ao outro que não faz parte dele. Como a união do grupo é baseada no
amor, a agressividade voltar-se-á para a pessoa que está fora.
A Psicanálise serve para nos lembrar que esta condição de SATISFAÇÃO não vai ser extinta.
Continuar caminhando é necessário, mas viver não é um exercício de precisão, não é
matemático, é subjetivo.
O analista, diante de uma angústia de uma situação real, ajudar o sujeito a olhar pra dentro de
si, e transformar uma angústia real, em uma angustia que trate das suas expectativas. Muitas
vezes, o que nos assusta, e me apavora, me assusta e me apavora pois tenho a pretensão de
controle. Toda vez que pretendemos domínio e controle, temos angústia.