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Os Tipos e Funções, segundo a professora Cláudia Rabelo

O que o Jung chamou de tipos psicológicos? As 4 funções da consciência, dirigidas pelas duas
atitudes típicas, de introversão e extroversão. Porque 4 funções? O 4 é considerado o número
mínimo na divisão das partes que integram a totalidade. O Jung chamou de arquétipo
quatérnio a gente pode observar isso tanto no mundo físico: as 4 estações do ano, os 4 tipos
de clima (quente, seco, frio, úmido), os 4 pontos cardeais; quanto na cultura, na religião: as 4
nobres verdades do budismo, as 4 castas tradicionais do hinduísmo, os 4 Evangelistas.

As 4 funções da consciência, na consciência esse arquétipo toma conta das 4 funções


(sensação, intuição, pensamento e sentimento). As 4 funções são divididas em 2 pares de
opostos: um par irracional e um par racional. O racional é como a gente julga e toma decisão
no mundo são funções reflexivas. A gente pode tomar decisão e fazer julgamento seguindo
critérios do pensamento que é pela via do critério da impessoalidade, do pensamento
encadeado, objetivo. Ou pela via do sentimento, usando critérios subjetivos, pessoais,
empáticos. Ou as funções irracionais que são funções de percepção como que a gente percebe
o mundo, por critérios da sensação, da realidade física como ela se apresenta, na descrição de
detalhes. Ou pela via da intuição, percebemos o mundo pela via do simbolismo da
sincronicidade.

O intuitivo ele precisa estar desfocado da realidade; as funções são em pares de opostos.
Então, se você é um intuitivo você precisa estar desfocado da realidade, do mundo físico para
poder perceber o que chega no inconsciente. E, o mesmo acontece para a sensação precisa
estar desfocado dessa percepção do inconsciente, desse campo do inconsciente para poder
perceber os detalhes concretos perceber a realidade como ela se apresenta. E, a mesma coisa
para o sentimento e o pensamento se a gente faz julgamento adotando critérios subjetivos a
gente não pode colocar as nossas questões subjetivas para poder tomar uma decisão. Então,
são opostos excludentes.

E como o Jung chega até este pensamento da teoria da tipologia? Para entender isso a gente
tem que pegar um bonde até 1900, quando o Jung se forma em medicina lá na Basiléia na
Suíça, e vem para Zurique para cursar psiquiatria. Ele atende a sua vocação, vai fazer
psiquiatria contrariando as perspectivas dos colegas e dos professores de que ele seria um
clínico e, inicia o trabalho dele no hospital de Burgholzli em Zurique com o teste de associação
de palavras. Uma pesquisa experimental que ele chega a teoria dos complexos e dos afetivos.

O que seria a teoria dos complexos? É uma pesquisa que envolve afeto e linguagem, tem uma
lista de 100 palavras indutoras em que ele fala uma palavra e o paciente tem que responder
com uma associação com outra palavra e, eletrodos eram colocados por que quando atingia o
afeto, quando atingia um complexo na consciência, existia uma descarga de substâncias
químicas que eram detectados nesses eletrodos. E, o Jung ele ganha respeito da comunidade
científica, do meio acadêmico com essa pesquisa. E, ele começa a se corresponder com o
Freud em 1906 por conta da pesquisa e também por conta da leitura do livro do Freud “A
Interpretação dos Sonhos”. E eles começam aí uma relação de troca e se encontram um ano
depois.

Aí sim eles estabelecem uma relação de trabalho, uma relação de amizade, que é rompida em
1912. O Jung escreve “Metamorfose e Símbolos da Libido” e isso é um marco para a separação
dos dois. O Jung diverge da Teoria da Libido, o Freud conceitua a libido exclusivamente como
energia da função sexual e o Jung tem um conceito mais amplo da energia psíquica. E os dois
se separam e o Jung entra numa profunda crise. Ele está com 38 anos e fica num processo de
imersão em seu próprio inconsciente. Um período muito doloroso, mas muito criativo. Desse
período nasce o Livro Vermelho que foi lançado em 2009, a família liberou esses documentos,
esse livro. Era o livro negro, passou a ser o Livro Vermelho onde o Jung fazia suas anotações
suas expressões criativas.

E, a partir desse período, principalmente entre 1913 e 1918, se desenvolvia a teoria dos tipos
psicológicos. A separação dele com o Freud motivou também o desenvolvimento dos tipos
porque o Jung via na diferença de personalidade dos 2 um motivo de dificuldade, de atrito.
Uma dificuldade para o entendimento intelectual entre eles, diferença de personalidade. E, ele
inicia a carreira com a pesquisa dos afetos, mas ele percebe então, nesse momento de crise,
que os afetos não serviam para um julgamento psicológico objetivo.

Não se pode julgar a personalidade de alguém por seus afetos, porque quando um afeto
aparece na consciência é sinal que um complexo foi tocado. E, aí, a pessoa perde o controle
das suas ações seguindo esses impulsos. E o Jung queria um instrumento crítico para analisar,
para avaliar as experiências empíricas coletadas nas análises. A tipologia serviu para isso, para
trazer um ordenamento de todo conteúdo das análises. E o Jung então inicia o
desenvolvimento da teoria da tipologia encaminhando a própria tipologia a dos amigos e
colaboradores da época e dos pacientes.

E como que a tipologia aparece na consciência? Como é que é o desenvolvimento desde lá na


infância? Antes de 3 anos de idade, antes da criança se tratar na primeira pessoa, antes de
começar a falar eu, antes do ego começar a se estruturar. O que existem não são funções da
consciência e sim fatores elementares de orientação inconscientes. Existe a sensação e a
intuição como esses fatores elementares. O Jung diz que a gente nasce Self e se torna ego.
Então, nós somos corpo e sensações e inconsciente. Antes que faça luz da consciência, a gente
nasce do inconsciente, o inconsciente é primordial. A consciência nasce do inconsciente.

Um fato interessante, uma mãe de uma criancinha de 2 anos me contou que ela estava na
varanda brincando com a filha e eles moravam ao lado praticamente do aeroporto e passavam
muitos helicópteros. E a neném apontou para o helicóptero passando no céu: “Mamãe,
helicóptero na água!”. E a mãe: “Não, filha, helicóptero no céu!”. Ela: “Não, caiu, helicóptero
na água!”. E aí, a mãe ficou com isso na cabeça... Naquela mesma semana o helicóptero da
empresa que o marido trabalhava teve uma pane e caiu na água. Não teve vítimas graves. Mas
esses episódios, da neném falar de coisas que aconteciam, eles eram frequentes.

O que que isso? É um tipo intuitivo? Diferenciado na consciência? A gente chama “a primeira
função”. A gente nasce com uma função diferenciada. É isso que constitui o tipo de tipo
diferenciado e o que está na quarta função de indiferenciado. Não, ainda não é. Mas o
sentimento, por exemplo, ele só se torna uma função da consciência a partir do espelhamento.

A mãe que espelhar para a criança o que ela sente em relação a criança, espelhar os seus
próprios sentimentos, para que a criança consiga estruturar aquela função, valor ativo na
consciência. E aí, a gente percebe como é difícil na nossa sociedade ocidental, onde o
pensamento e a sensação são mais valorizados. A gente pode ver isso claramente no nosso
modelo de educação: a gente valoriza mais o saber e o fazer do que o sentir e o ser.

O ser falando no sentido de intuição porque é um ser para acolher as diferenças e valorizar a
diferença da perspectiva da totalidade. A gente precisa desenvolver mais essas funções na
sociedade e a gente pode pensar na tipologia nesses termos de sociedade. A sociedade
oriental que nos traz a dimensão da introversão, com a meditação, com a busca do próprio
centro, da volta para seu mundo interno...

E aí a gente traz a Yoga do oriente e ocidentaliza. A Yoga vira uma atividade física, um
alongamento. E, na verdade é uma filosofia completa. O mesmo com a medicina chinesa. Eu
trabalho com medicina chinesa, mas eu sou acupunturista, sou especialista em acupuntura. O
ocidente trouxe a medicina chinesa do oriente e pegou a acupuntura que é algo mais
específico, mas é um recurso da medicina chinesa (Em tantos outros. Que é uma totalidade,
uma filosofia, uma maneira de ver o mundo de forma integrada...) e ai a gente ocidentaliza
para a nossa visão enquanto sociedade.

Mesmo você sendo introvertido, a nossa sociedade ocidental é extrovertida, está voltada para
fora. É importante a gente ver essa perspectiva também da cultura não só da gente enquanto
tipos, e tipos diferenciados e função diferenciada. O Fordham ele defende a função principal, o
desenvolvimento da função principal na criança. Porque a criança ainda não está com o ego
amadurecido para suportar o conflito que as funções opostas representam na consciência.
Então, é importante acolher a função principal da criança.

Como que a gente faz isso? Percebendo a criança. Não tem jeito. Deixando ela se expressar. O
Jung diz que, na educação, a criança precisa desabrochar a sua personalidade para depois ser
educada. Ele fala de uma educação para a personalidade. E aí tem um exemplo interessante
que ele dá. É de um menino que não entra na sala enquanto todos os objetos da sala não
fossem nomeados: cadeira, mesa... Depois que se colocou os objetos nos seus devidos lugares
o introvertido ele recua diante do objeto. Ele tem medo do poder do objeto. E, aí, essa criança
foi acolhida na sua resistência. E, depois que os objetos foram nomeados, ele entrou na sala.

O que seria o não acolhimento? Menosprezar o medo da criança forçar ele ir para a sala. Então
se a gente observa como a criança brinca, como a criança interage com as outras pessoas. Qual
é a função que ela dá para os brinquedos? Ela desmonta os brinquedos? Ela é mais sensorial?
Ela tem o talento para esportes? Ou ela se machuca muito? Ou a coordenação não é muito
desenvolvida, mas ela é muito criativa? Ela olha para o mundo de uma maneira mais
integradora e menos convencional? Ou ela é mais convencional e se adapta melhor à rotina?

Então, essas características têm que ser apoiadas. Para uma criança introvertida na nossa
sociedade é muito difícil, porque a introversão é vista como algo patológico, e não uma
característica. É como se os introvertidos tivessem também aparelhados para estar no mundo
da nossa sociedade ocidental. Na sociedade oriental a extroversão é uma aberração. Não tanto
hoje talvez por conta da globalização, mas a filosofia oriental é introvertida. Existe essa
diferença cultural que a gente pode observar muito bem de modo muito característico.

A falsificação tipológica ela se dá nesse cenário, onde esta diferença não é acolhida e, pelo
contrário, a criança é hostilizada na sua função inata. O período de identificação com os pais
ou com um tipo que se apresenta no ambiente, o tipo mais preferido que o ambiente está
apresentando, a criança distorce a própria natureza em favor daquela tipologia.

O sentimento é um bom exemplo, uma criança que tem a função sentimento mais
diferenciada na consciência, ela toma como critérios o envolvimento, o seu gostar ou não
gostar, isso é bom ou isso não é bom para ela, e faz as coisas não porque tem que fazer, mas
porque ela se sente bem. Os critérios objetivos não são levado em consideração num primeiro
momento, então um ambiente onde existe o distanciamento, a imparcialidade, uma rigidez
muito grande, o fazer por obrigação, por que tem que ser feito e não porque aquilo é
importante, se torna um processo muito difícil para estruturar essa personalidade.

Como lidar com os afetos? A gente não consegue lidar na nossa sociedade com os afetos
negativos. Por exemplo, como o adulto lida com afeto negativo? Com drogas lícitas e ilícitas...
E, aí, a gente tem que voltar a esse processo da infância, do acolhimento dos afetos negativos
como algo normal, como algo natural, a tristeza, o medo, como algo normal que faz parte.
Acolher esses afetos da criança como algo natural que faz parte da vida, também seria um
apoio. Uma função estruturante para que ela tenha um senso de orientação de elo. E para,
depois, ela desenvolver esses aspectos mais objetivos durante o seu curso de adolescência à
fase adulta, mas o importante é de alguma forma estimula isso. Michael Fordham, pós-
junguiano, disse que a função principal da criança seja acolhida.
A identificação, ela é um processo psicológico natural e inconsciente. A criança se identifica
com os pais, com os cuidadores enquanto ela não tem um repertório próprio. E a imitação
também é um processo psicológico consciente e importante para criança experimentar o
mundo, se desenvolver. Mas o caso da identificação, quando surge a oportunidade delas se
afirmarem, quando as possibilidades forem interessantes para ela, que surge essa
oportunidade dela se afirmar e ela não faz isso... E se identifica... E continua se identificando
com os pais com os cuidadores, isso pode se tornar patológico.

Esse prolongamento da identificação até uma idade tardia, a identificação também se


apresenta como tipos psicológicos. A criança se identificar com a tipologia daqueles
cuidadores, do cuidador, do pai ou da mãe em detrimento da sua própria natureza da sua
própria expressão. A falsificação tipológica se dá nesse contexto. Quando a criança é
hostilizada... Não é só quando ela não é acolhida... Existem atitudes extremadas para que isso
ocorra. E a falsificação é um prejuízo muito grande fisiológico. O estresse crônico que precisa
ser identificado na clínica e tratado. A pessoa precisa ser colocada de novo no seu trilho, na
sua função inata.

Mas ao contrário do que acontece com a criança, que precisa desenvolver, que precisa ser
acolhida, precisa estruturar a sua função principal... Se a gente continua desenvolvendo a
função principal, a gente se torna um neurótico. Imagina uma pessoa que é sensação
diferenciada e que só se comunica com o mundo por essa via, aprende as informações por
meio da descrição, de detalhes, da organização da sua vida material, está centrada no aqui
agora, no que é possível do aqui agora. Essa função inferior intuição, que é a quarta função, ela
pode se tornar autônoma quando ela é negada.

Então, essas perspectivas futuras, essas mudanças que acontecem na dimensão da totalidade,
a gente vê as quatro funções ali funcionando. E se a gente que restringe a uma função, o que
acontece é que a quarta função, a função menos diferenciada, a que está mais próxima do
inconsciente ela se forma autônoma. E aí essa pessoa tipo sensação, toda vez que se deparar
com uma possibilidade futura de qualquer coisa, vai ser muito negativa.

Então, tudo que não pode ser controlado no presente pelo mundo dos sentidos, é muito
assustador. E, o mesmo acontece com as outras funções. Pensamento tudo tem que ser em
moldes objetivos, científicos e reflexões a respeito de tudo. Eu estou falando de uma situação
extrema em que a pessoa está só na primeira função, ela não leva em consideração o que ela
sente. As necessidades dela, subjetivas, a respeito do que ela está fazendo, faz o que tem que
ser feito por obrigação, e não leva em conta o que ela sente a respeito.

Mesma coisa é o tipo sentimento se for o tipo diferenciado só vê a vida, só se relaciona com a
vida, por aquela via do sentimento. E a quarta função seria o pensamento. E a pessoa só
atende ao que ela sente, se coloca nas questões e não vê que existem variáveis para se fazer
um julgamento mais preciso, variáveis objetivas, e aí acaba fazendo julgamento equivocado,
baseado em pressupostos equivocados. E assim, o intuitivo também perde contato com a
realidade negligencia o cuidado com o corpo, o cuidado com sua vida material.

Então as funções menos diferenciadas, elas precisam ser integradas para a saúde psíquica. E as
funções auxiliares, o Jung, a Von Franz, eles colocam que as funções auxiliares na terapêutica,
elas precisam ser desenvolvidas a segunda e a terceira função integradas na consciência antes
da gente abordar a quarta função, a função menos diferenciada. Tem um exemplo
interessante de como a gente consegue perceber a tipologia de alguém, que a pessoa pode,
por conta da adaptação, se ela é um tipo pensamento, ela pode ser empática com os outros, a
gente pode fingir. A consciência a gente pode fingir, agora com o inconsciente não, ele é
autônomo então ele vem.

Então, através da função inferior é que a gente percebe a tipologia dos outros, não é através
do que o outro é forte, do que está disponível na consciência, do que é consistente. Não! A
função inferior tem essa característica, as quatro funções tanto a intuição, pensamento,
sentimento e a sensação como função inferior, elas são arcaicas, elas são primitivas, elas
precisam do auxílio de outra pessoa. E aí tem o exemplo, que você pode se identificar, uma
amiga me ligou, muito aflita, que o irmão de uma grande amiga dela tinha morrido. E ela tinha
me mandado, perguntou se eu tinha recebido, tinha mandado uma mensagem da mensagem
ela mandou para amiga, se estava bom, se as palavras estavam adequadas, como é que eu via
aquilo. Se estava bom o que ela escreveu, e o que ela ia fazer no dia seguinte que ela ia
encontrar essa amiga no enterro.

Ela não sabia o que fazer, estava desesperada, o que que aconteceu aí? Eu conheço essa
pessoa a muito tempo, eu sei que falar é um tipo pensamento diferenciado. Então nessas
situações em que a função inferior é requisitada, então é uma situação que o sentimento é
requisitado para dar acolhimento, para ser empático, para acolher a pessoa no sentimento
dela, no afeto dela, com um abraço, com um apoio, com estar ao lado.

Mas, no caso dessa amiga, é um pensamento diferenciado com a intuição como função
auxiliar. Talvez se fosse a sensação, a pessoa pode se apoiar na função sensação e dar um
conforto físico. Ficar perto, abraçar, ter um acolhimento mais material, mas com um contato
mais próximo, não era o caso dela. Era uma pessoa acostumada a agir em todas as situações.
Ela via as perspectivas e tomava decisões, e resolvia. Então nesse caso, como já estava tudo
resolvido, não tinha enterro para resolver, não tinha burocracia, nada, era só estar ali
confortando a amiga estando do lado. Então para ela foi uma dificuldade muito grande isso.

E aí a gente percebe a função inferior, quando a função interior é requisitada de repente para
você. Aí, você pensa em que situações você ficou mais desconfortável. E aí você pode se
pertencer na função inferior, e você vai saber qual é a sua função principal. Que é muito difícil
mesmo você perceber a tipologia das pessoas, assim por um olhar superficial. É preciso ter
uma trajetória de vida.
O Jung fica fácil da gente perceber, lendo o livro “Memórias, Sonhos e Reflexões”, pela obra
dele também a gente percebe isso: esse contato grande com o inconsciente... Mas também
confunde um pouco o que é a função principal e o que é a segunda função. E, às vezes, as duas
estão tão integradas. Mas aí, pela função inferior, a gente consegue perceber esse ponto fraco.
Onde nós somos subdesenvolvidos.

A função inferior em caráter patológico, ela não é patológica, mas ela tem caráter de
anormalidade, a gente não consegue contar com ela quando a gente precisa. A função
superior está sempre disponível, a função inferior não. E mesmo que você não queira entrar
em contato com a função inferior, é muito interessante o destino nos coloca.

O Jung diz que o que não trabalhamos em nós mesmos encontramos como destino. Então você
não precisa se preocupar. Por que virá aquele companheiro, aquela companheira que vai lhe
trazer de presente a sua função inferior. Que a função principal dele é a sua função inferior. É
o que acontece muito. Os casais, eles se atraem muito, quando tem tipos diferentes, funções
diferentes, existe uma atração muito grande.

E aí também corre o risco da estagnação psíquica, porque um vai cumprir um papel dentro da
relação, o que faz melhor. Eu vou fazer o que eu faço melhor, o que eu sou bom, o que o outro
pode se apoiar em mim naquilo, naquela função, e eu posso me apoiar no outro na função
dele que ele é mais diferenciado. E aí, ninguém se desenvolve assim. E aí um morre, parece
que foi uma parte dele, e realmente foi.

A gente percebe muito isso. As pessoas ficam completamente desestabilizadas quando o outro
termina a relação, quando o outro morre. Como uma parte dele que se foi. Você não integrou,
você projetava nele. É um caminho de desenvolvimento muito interessante também, esse é
mais difícil, é você ter como companheiro, como chefe, alguém parecido com você. Com as
mesmas características, com a mesma função, com a mesma atitude. O Jung diz que não existe
coisa melhor que ter do lado alguém com a mesma doença que você, o mesmo problema que
você. Por que alguém vai se desenvolver.

Se eu tenho algo para resolver, e que o outro que está ao meu lado também não consegue
resolver, não posso contar com ele para resolver aquilo, eu vou ter que fazer. Eu vou ter que
fazer sozinho... E ele também. Então, existe também um desenvolvimento por essa via. Então
não se preocupe, que de qualquer maneira, só se a pessoa ficar isolada ela não vai se
desenvolver. Mas se aceitar este desafio, para integrar as questões do que não está
diferenciado, nas funções inferiores... Na terceira e na quarta função através desse
casamento... É muito interessante, é um caminho muito interessante de desenvolvimento.
Existe um mecanismo compensatório da psique, e aí a gente percebe isso através desses
encontros. E como eu consigo, que eu vejo a tipologia do outro? Eu tenho um trabalho com
astrologia, esse trabalho tem o respaldo na bibliografia não foi uma coisa que eu inventei. Não
é algo simples, é complexo. Mas no nosso próximo encontro eu posso falar para vocês, mesmo
você não sendo astrólogo, como que você pode relacionar os tipos e funções da consciência,
fazendo analogia na Carta Natal com os elementos, com os 4 Elementos, e os tipos. As atitudes
típicas de introversão e extroversão, através das cruzes, a gente chama de cruz cardinal, e cruz
fixa, cruz mutável.

E, no nosso próximo encontro então, se vocês quiserem, eu posso dar exemplo do mapa do
Jung e do mapa do Freud, focando nessa perspectiva dos tipos psicológicos. Que a gente pode
ver no mapa todos os elementos da psicologia analítica, é muito interessante. Os arquétipos, o
animus, a anima, a grande mãe, o pai, a sombra, a persona, é uma história. Sua história. É a
história do seu mito, é o mitologema que a gente estuda. É na alquimia da Carta Natal com os
elementos.

Então no nosso próximo encontro, a gente pode falar sobre isso. Eu convido você a observar o
seu processo, porque a tipologia a gente tem que ver como processo, como é o processo de
individuação. A gente nasce com um tipo mais diferenciado, e lá pela metade da vida, não é
que a gente mude a tipologia, a gente vai integrando essas funções e cada um vai ter um
momento de integrar. Tem gente que não integra, como outros que integram. Parece que
estão na sombra, que estão na função inferior, que ela está autônoma.

Então é uma análise a se fazer, não é algo que você olhe para a pessoa e, ela é sentimento, ela
é pensamento. Não é tão simples assim, a gente tem que levar em conta o momento de vida.
Por isso os testes saem equivocados, muitas vezes por isso. Por que vão avaliar o momento
que a pessoa está vivendo de integrar aquela função. E aí você está integrando a segunda
função, a terceira função, e aí como Von Franz fala, chega um momento da segunda metade
da vida, geralmente, em que as funções inferiores elas reclamam seu lugar na consciência, e aí
elas sentem-se a si mesmas como as mais importantes.

E aí aparece que você é aquela função principal, quando na verdade é a função inferior. Você
tem um momento de inflação do ego quando o Self se aproxima. E você acha, se você é
extrovertido, que é introvertido. Porque você está fazendo meditação, se está se dedicando a
meditação, e que sempre foi o teu tipo diferenciado. A Von Franz dá alguns exemplos
engraçados no livro dela, mas a gente vê isso, a gente passa por isso. E aí eu convido você a
analisar o seu processo. Até breve.

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