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8 distúrbios do sono mais comuns (e o que fazer)

Revisão médica: Dr. Gonzalo RamirezPsicólogo e Clínico Geral – 09/2021

Distúrbios do sono são alterações na capacidade de dormir adequadamente, seja por


alterações cerebrais, por desregulação entre o sono e a vigília, alterações respiratórias ou
por transtornos do movimento, e alguns exemplos comuns são insônia, apneia do sono,
narcolepsia, sonambulismo ou síndrome das pernas inquietas.

Existem dezenas de distúrbios do sono, que podem surgir em qualquer idade, e são mais
frequentes em crianças ou idosos. Sempre que existirem, estes distúrbios devem ser
tratados, pois quando persistem podem afetar gravemente a saúde do corpo e da mente.
Entenda por que precisamos dormir bem.

Caso surjam sintomas de alterações do sono, o profissional mais indicado para


diagnosticar e tratar a causa é o médico especialista do sono, no entanto, outros
profissionais como clínico geral, médico de família, geriatra, psiquiatra ou neurologista
podem avaliar as causas e indicar o tratamento correto na maioria dos casos.

Os tratamentos dos transtornos do sono dependem da causa, sendo normalmente


indicada mudança nos hábitos noturnos, psicoterapia ou medicamentos, incluindo o uso
de produtos naturais, como a melatonina, que deve ser prescrita pelo médico.

Imagem ilustrativa número 3


1. Insônia
A insônia é o distúrbio do sono mais frequente, e pode ser caracterizado por dificuldade
em iniciar o sono, dificuldade em manter o sono, despertares durante a noite, despertar
cedo ou mesmo ser identificada devido a queixas de sensação de cansaço durante o dia.

Ela pode surgir isoladamente ou ser consequência do estresse ou de uma doença, como
depressão, alterações hormonais ou doenças neurológicas, por exemplo, ou ser
provocada por certas substâncias ou remédios como álcool, cafeína, ginseng, tabaco,
diuréticos ou alguns antidepressivos.

Além disso, em muitos casos, a insônia é provocada simplesmente pela existência de


hábitos inadequados, que prejudicam a capacidade de dormir, como não ter uma rotina
para dormir, estar em um ambiente muito luminoso ou barulhento, comer muito ou
tomar bebidas energéticas à noite. Entenda como o uso do celular à noite atrapalha o
sono.

O que fazer: o tratamento para a insônia consiste em melhorar a higiene do sono por
meio de hábitos que favoreçam a boa qualidade do sono, o que pode ser feito através de
sessões de psicoterapia com técnicas cognitivas-comportamentais ou técnicas de
relaxamento, por exemplo. Além disso, o médico pode indicar o uso de medicamentos
como benzodiazepínicos, antidepressivos ou anti-histamínicos por um curto período de
tempo.

2. Apneia do sono
Também chamada de síndrome da apneia obstrutiva do sono, ou SAOS, esta é uma
perturbação da respiração em que ocorre uma interrupção do fluxo respiratório, devido
ao colapso das vias aéreas, por 10 segundos ou mais, sendo mais comum de acontecer
em homens entre os 40 e 50 anos e em pessoas obesas, que consomem álcool e/ ou
possuem alterações no nariz, na boca ou na mandíbula.

Esta doença provoca alterações no sono, ocorrendo uma incapacidade de atingir fases
mais profundas, e dificultando o descanso adequado. Assim, pessoas com apneia do
sono costumam ficar sonolentas durante o dia, gerando complicações como dores de
cabeça, perda da concentração, irritabilidade, alterações da memória e pressão alta.

O que fazer: o tratamento é feito com o uso de máscaras adaptáveis de oxigênio,


chamada de CPAP, além de alterações de hábitos como perder peso e evitar o fumo. Em
certos casos, pode ser indicada uma cirurgia para correção do estreitamento ou
obstrução do ar nas vias respiratórias, causada por deformidades, ou a colocação de
implantes.

Veja como identificar e tratar a apneia do sono.

3. Sonolência excessiva durante o dia


A sonolência excessiva diurna é a dificuldade em se manter acordado e alerta ao longo
do dia, havendo um excesso de sono, que atrapalha o desempenho das atividades diárias
e pode até expor a pessoa ao risco durante a condução de automóveis ou manuseio de
equipamentos.

Ela costuma ser provocada por situações que privam a existência de um sono adequado,
como haver pouco tempo para dormir, sono interrompido várias vezes ou despertar
muito cedo, e também devido ao uso de certos remédios que provocam o sono, ou a
doenças como anemia, hipotireoidismo, epilepsia ou depressão, por exemplo.

O que fazer: o tratamento é indicado pelo médico de acordo com a causa do problema, e
consiste especialmente em melhorar a qualidade do sono durante à noite. Cochilos
programados durante o dia podem ser úteis em algumas situações e, em casos
estritamente indicados pelo médico, pode ser recomendado o uso de remédios
estimulantes.

4. Sonambulismo
Sonambulismo faz parte da classe de distúrbios que provocam comportamentos
inadequados durante o sono, chamadas de parassonias, em que há um alteração do
padrão do sono devido à ativação de áreas do cérebro em momentos inapropriados. É
mais frequente em crianças, apesar de poder existir em qualquer idade.

A pessoa com sonambulismo manifesta atividades motoras complexas, como caminhar


ou conversar, podendo em seguida despertar ou voltar a dormir normalmente.
Geralmente, há pouca ou nenhuma recordação do ocorrido.
O que fazer: na maioria das vezes não é necessário qualquer tratamento, sendo que o
quadro tende a diminuir a partir da adolescência. Em alguns casos, o médico poderá
indicar medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos para ajudar a regularizar o sono.

Entenda o que é sonambulismo e como lidar.

5. Síndrome das pernas inquietas


A síndrome das pernas inquietas é uma desordem neurológica que causa sensação de
desconforto nas pernas, geralmente, associada à necessidade incontrolável de
movimentar as pernas, e costuma surgir durante o repouso ou na hora de dormir.

Tem provável causa genética, e pode ser piorada devido a períodos de estresse, pelo uso
de substâncias estimulantes, como cafeína ou álcool, ou em caso de doenças
neurológicas e psiquiátricas. Esta síndrome atrapalha o sono, podendo provocar
sonolência durante o dia e fadiga.

O que fazer: o tratamento envolve medidas para diminuir o desconforto e melhorar a


qualidade de vida do indivíduo, incluindo evitar o uso de substâncias estimulantes,
como álcool, fumo e cafeína, praticar exercícios físicos e evitar privar o sono, pois a
fadiga piora o quadro. O médico também poderá indicar remédios como os
dopaminérgicos, opioides, anticonvulsivantes ou a reposição de ferro em casos
específicos.

Saiba mais sobre o que é e como tratar esta síndrome.

6. Bruxismo
Bruxismo é um distúrbio do movimento caracterizado pelo ato inconsciente de ranger e
apertar os dentes de forma involuntária, causando complicações desagradáveis como
alterações dentárias, dores de cabeça constantes, além de estalidos e dores na
mandíbula.

Esse transtorno é mais comum em crianças, no entanto pode também manifestar-se na


vida adulta, podendo ocorrer tanto durante o dia quanto à noite, sendo mais frequente na
hora de dormir.

O que fazer: o tratamento do bruxismo é orientado pelo dentista, e inclui o uso de um


dispositivo encaixado sobre os dentes para evitar o desgaste, correções de alterações
dentárias, métodos de relaxamento e fisioterapia.

Veja mais orientações do que fazer para controlar o bruxismo.

7. Narcolepsia
A narcolepsia é um transtorno crônico do sono caracterizada por ataques repentinos de
sono, em que a pessoa pode dormir em qualquer lugar, a qualquer hora do dia,
dificultando as atividades do dia a dia. Os ataques podem surgir poucas ou várias vezes
ao dia, e o sono costuma durar alguns minutos.

O que fazer: a narcolepsia não tem cura, no entanto, o médico pode recomendar o uso
de medicamentos estimulantes ou antidepressivos, além de mudanças nos hábitos de
vida, como alimentação saudável, evitar bebidas alcoólicas e tirar cochilos durante o
dia.

Saiba mais sobre como identificar e tratar a narcolepsia.

8. Paralisia do sono
Paralisia do sono é caracterizada pela incapacidade de se mover ou falar logo após
acordar. Ela surge por um breve período devido a um atraso na capacidade de
movimentar os músculos, após o despertar do sono. Durante um episódio de paralisia do
sono, a pessoa permanece consciente até conseguir recuperar pouco a pouco a força e o
controle dos músculos.

Pessoas com maior risco de desenvolver este fenômeno são aquelas que têm hábitos
irregulares de sono, jet lag, estresse, ansiedade e, em alguns casos, doenças
psiquiátricas.

O que fazer: a paralisia do sono, geralmente, não requer tratamento, já que se trata de
uma alteração benigna, que dura poucos segundos ou minutos. Ao vivenciar a paralisia
do sono, deve-se manter a calma e tentar movimentar os músculos. Em casos graves, o
médico pode prescrever o uso de antidepressivos tricíclicos e inibidores seletivos da
recaptação de serotonina.

Atualizado por Marcela Lemos - Biomédica, em setembro de 2021. Revisão médica por
Dr. Gonzalo Ramirez - Psicólogo e Clínico Geral, em setembro de 2021.
Bibliografia
PAVLOVA, Milena K.; LATREILLE, Véronique. Sleep Disorders. Am J Med. Vol
132. 3 ed; 292-299, 2019
CARRILLO-MORA, Paul; BARAJAS-MARTINEZ, Karina G.; SANCHEZ-
VASQUEZ, Itzel; RANGEL-CABALLERO, Maria Fernanda. Trastornos del sueño:
¿qué son y cuáles son sus consecuencias?. Revista de la Facultad de Medicina de la
UNAM. Vol 61. 1 ed; 2018
CUZCO, A.; CUZCO, L.; CALVOPIÑA, N.; CEVALLOS, D. Transtornos del Sueño.
Revisión narrativa. Acta Cient Estud. Vol 13. 4 ed; 2021

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