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CONHECENDO O SONAMBULISMO E SUAS E IMPLICAÇÕES

NEURLÓGICAS

INTRODUÇÃO

Compreendemos o sono como um fenômeno de grande relevância para muitas pessoas,


sendo ele um ciclo que só foi estudado partir da década de 30, quando colaboradores
utilizando a eletroencefalografia definiram o assunto como um processo unitário e passivo.
Essas Ideias perduraram até a década de 50 quando observadores perceberam a existência
de outro estado de sono caracterizado por ativação cortical e surtos de movimentos
oculares rápidos. Recentemente o sono é entendido como um acontecimento ativo, visto
que se observa um aumento de forma notável das frequências de descarga dos neurônios
chegando inclusive a níveis maiores do que os observados em estado de vigília, podendo
estar classificado como estado de sono REM. Este se descreve pelo desajuste dos
potenciais, sendo eles nesse momento de baixa amplitude e alta frequência das ondas
cerebrais, eventos relacionados a movimentos oculares rápidos e relaxamento muscular.
Além do mais, este estágio é titulado de sono dos sonhos, já que é a temporada no qual
estes acorrem.
Nesse sentido, iremos enfatizar um dos distúrbios do sono mais conhecido. O
sonambulismo ocorre na infância e pode perdurar até a fase adulta de um individuo, tendo
como principais características o falar, sentar e falar, ou também andar pelo quarto e até
mesmo pelos ambientes da casa. Contudo, o maior cuidado que se deve ter nesses casos é a
assistência ao sonâmbulo e a disposição de segurança para que não ocorra nenhum
acidente de maior gravidade com a essas pessoas.
A compreensão a respeito de uma noite de sono com qualidade é primordial para
manutenção de um corpo sadio e consequentemente como método preventivo ao
surgimento dos distúrbios do sono. Por este motivo, é Importante salientar que apesar das
necessidades biológicas e fisiológicas do cuidado rigoroso dos horários de dormir, as
disfunções do sono também estão relacionadas a motivos familiares, estudantis ou
profissionais. Vale lembrar ainda que funções endócrinas, cardiovasculares, respiratórias,
neurológicas, sexuais entre outras são diretamente influenciadas pela alternância da vigília
com o sono e por isso, são muitas as pessoas que sofrem com a impossibilidade de ter uma
noite tranquila de sono.
Por outro lado, quando o sonambulismo é identificado ou até mesmo quando existe a
suspeita de sua instalação, é de grande importância que o acompanhamento seja feito por
um profissional especializado, só assim teremos possibilidades maiores de um tratamento
bem sucedido, onde o paciente terá acesso a informações a respeito de seu caso e ficará
acerca dos cuidados e hábitos que o levariam para a diminuição da ocorrência deste
distúrbio.

DESENVOLVIMENTO

O sono é definido cientificamente como um conjunto de alterações comportamentais e


fisiológicas que ocorrem de forma conjunta e em associação com atividades elétricas
cerebrais características. É um estado comportamental complexo no qual existe uma
postura relaxada típica, a atividade motora encontra-se reduzida ou ausente e há um
elevado limiar para resposta a estímulos externos. A vigília, em contrapartida, caracteriza-
se por elevada atividade motora, por alta exponsividade e por um ambiente neuroquímico
que favorece o processamento e o registro de informações e a interação com o ambiente. A
alternância entre sono e vigília ocorre de forma circadiana, sendo esse ciclo variável de
acordo com idade, sexo e características individuais, sendo que, na regulação homeostática
envolve diversas citocinas e fatores neuro-humorais e endócrinos. O fator circadiano
refere-se a variações no estado de vigília e do sono fisiológico (tempo, duração e outras
características) que mudam ciclicamente no decorrer do dia. (NEVES, GIORELLI,
FLORIDO E GOMES e 2013)
Podemos citar o ciclo sono-vigília que está relacionado ao fotoperiodismo seguido da
alternância dia-noite, sendo influenciado pela luz ambiente durante o dia e pela produção
de melatonina durante a noite que atua no início e na manutenção do sono. Segundo os
autores Neves, Giorelli, Florido e Gomes, a regulação do ciclo sono-vigília pode ser
prejudicada por alterações em qualquer um desses mecanismos. A luz é o fator mais
importante na sincronização do relógio circadiano com o ambiente externo, pois a chegada
de informação de luminosidade é trazida ao núcleo supraquiasmático pelo trato retino-
hipotalâmico, e nesse local é feita a regulação do ciclo circadiano endógeno por meio do
controle na secreção de melatonina.
A maioria dos pacientes procura atendimento médico por dificuldade em iniciar o sono;
dificuldade em manter o sono, com múltiplos despertares durante a noite; despertar cedo;
sono não restaurativo; movimentos/comportamentos anormais durante a noite; fadiga ou
sonolência diurna; dificuldade de concentração; irritabilidade; ansiedade; depressão; dores
musculares. O passo inicial na avaliação de um paciente com transtorno do sono (TS)
baseia-se em observação clínica, com ênfase na história e no exame físico, no entanto, uma
história detalhada é o componente central dessa avaliação e deve sempre ser
complementada, quando possível, pelo depoimento de outros indivíduos (familiares,
companheiros etc.).
Atenção especial também deve ser dada a sintomas noturnos associados a roncos,
respiração bucal, apneias, dispneia, refluxo gastroesofágico, nictúria, disfunção erétil,
sonambulismo, bruxismo, movimento de pernas, paralisia do sono e aos sintomas diurnos:
sonolência, alterações de humor, queda da produtividade, dificuldade de concentração e
memória, diminuição da atenção na condução de veículos, cataplexia e alucinações
hipnagógicas. Os TS frequentemente se associam a comorbidades como hipertensão
arterial, síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS), diabetes mellitus, aumento de
resistência à insulina, obesidade e dislipidemia, sendo assim, o exame neurológico é
essencial para pacientes que apresentem outras queixas neurológicas (por exemplo, perda
de memória ou fraqueza e hipoestesia em membros inferiores, sugerindo neuropatia
periférica).
Segundo Dr. Drauzio Varella o Sonambulismo é definido como um distúrbio que se
manifesta durante o estágio mais profundo do sono, o sono de ondas lentas, não-REM.
Classificado como uma parassonia, o transtorno se caracteriza pela realização de atividades
motoras sem a pessoa ter consciência plena do que está fazendo, como uma vez que parte
de suas funções cerebrais continua adormecida, e ela permanece num estado de transição
entre o sono e a vigília. Por isso, na manhã seguinte, os sonâmbulos não lembram, ou
lembram muito pouco, o que aconteceu durante a noite (amnesia total ou parcial). Embora
os casos de sonambulismo sejam mais comuns na infância até por volta dos 12, 13 anos,
adultos e idosos também podem ser afetados por esse tipo de distúrbio do sono.
As principais características da perturbação de sonambulismo são episódios repetidos de
atividade motora complexa que começa durante o período de sono. Estes episódios
incluem o levantar da cama e passear , no decorrer destes episódios o sujeito está menos
despertável e responsivo, com olhar vazio e relativamente indiferente à comunicação com
os outros e aos esforços para ser acordado. Após o episódio de sonambulismo, pode haver,
inicialmente, um breve período confusão ou de dificuldade de orientação, seguido de
completa recuperação das funções cognitivas e comportamento adequado. O
sonambulismo pode causar sofrimento clinicamente significativo ou disfunção social,
profissional e em outras áreas importantes do funcionamento individual podendo
apresentar-se com diversos comportamentos. Em episódios considerados rápidos o sujeito
pode apenas sentar-se na cama, olhar em volta ou puxar os lençóis, mais frequentemente
levanta-se da cama e abre os armários, sai do quarto, sobe e desce escadas ou ate mesmo
sair da casa. Durante os episódios de sonambulismo os sujeitos podem falar ou até mesmo
fazer perguntas, sendo que o diálogo é raro e a articulação é enrolada. Sendo muito difícil
de ser acordados. Assim Dr.
Dráuzio Varella acrescenta que no passado, acreditava-se que sonâmbulos nunca deveriam
ser despertados durante a crise, ou que ao serem assustados ficariam curados , mas nada
disso é verdade. Os sonâmbulos podem ser acordados, o inconveniente maior é que
despertará meio confusos, sem entender direito o que está acontecendo naquele momento.
Assustá-los não trará o menor benefício para o controle do distúrbio. O melhor mesmo é
levá-los com calma de volta para a cama a fim de que continuem dormindo.
O sonambulismo pode ser acompanhado de outros distúrbios: Enurese (urinar quando está
dormindo), Terror Noturno e Sonilóquio (falar dormindo). (VALLE, 2008)
As estratégias de tratamento variam de acordo com o problema de cada paciente. O
tratamento psicológico consiste na terapia comportamental baseada na higiene do sono, no
controle do estresse e em técnicas de relaxamento. Em termos gerais, o tratamento do sono
precisa de uma conscientização geral. É preciso alertar que existem diversos problemas
sérios relacionados ao sono e sobre a enorme importância do quesito higiene do sono.
Empregar as medidas higiênicas do sono, além de necessário (REIM, 1999)
Também é recomendada a prática de exercícios físicos regulares, não muito próximos ao
horário de dormir. A aderência e manutenção de atividade física regular do paciente como
parte do tratamento de distúrbios do sono intervêm na redução de sintomas associados
como sonolência, cansaço, depressão, obesidade, ansiedade e estresse. Aderindo também a
outras medidas tais como, um banho em temperatura agradável, um pequeno lanche e
ambiente adequado e, manter a atividade sexual. Terapias de conduta têm sido
desenvolvidas durante os últimos anos para ajudar o paciente com transtornos do sono. As
mesmas se dirigem a reduzir a ansiedade e a apreensão que, embora em grau reduzido,
incidem marcadamente no quadro clínico (REIM, 1999)
É importante cuidar do sono desde o início da vida, na fase da complexa modelagem e
adaptação que transformam cada indivíduo, com suas possibilidades ilimitadas e
subjetivas, combinando experiências com as características próprias para que não ocorra
uma desordem da vigília do sono muitas das vezes ocasionada pelo sonambulismo.
A partir do desenvolvimento dessa pesquisa foram classificados alguns tópicos de tamanha
relevância com relação aos cuidados que se deve ter com pacientes sonâmbulos desde o
início da vida, na fase da complexa modelagem e adaptação. Nesse sentido, fizemos o
possível para transmitir a ideia de bons hábitos e experiências para que não ocorra uma
desordem da vigília do sono ocasionada muitas vezes pelo sonambulismo e para que esses
indivíduos tenham um equilíbrio em seu descanso. (Valle, 2008)

Referências

 Valle LELR, Ribeiro do Valle M, Valle EL. Sono e aprendizagem. In: Segredos do
sono. Reimão R, Rossini S, Valle LEL, Ribeiro do Valle M, orgs. Ribeirão Preto:
Tecmedd Editora; 2008.

 REIMÃO, R. SONO: ESTUDO ABRANGENTE. Segunda Edição. RUBENS


REIMÃO. Um volume (19x27 cm) encadernado, com 442 páginas. São Paulo,
1996: Editora Atheneu

 VARELLA, D. Doenças e Sintomas: Sonambulismo. 2014. Disponível em


http://drauziovarella.com.br/letras/s/sonambulismo/. Acesso em: 15 de maio de
2014.

 ABCMED, 2012. Sonambulismo: o que saber sobre ele?. Disponível em:


<http://www.abc.med.br/p/324025/sonambulismo+o+que+saber+sobre+ele.htm>.
Acesso em: 22 mai. 2016.

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