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Dra.

Fernanda Serpa

Distúrbios do sono:
Insônia, ronco e
apneia obstrutiva
Sleep disorders:
Insomnia, snoring and
obstructive apnea
Resumo
Passamos cerca de um terço de nossas vidas dormindo. Preocupações, estresse e patologias vivenciadas durante
o dia frequentemente influenciam o sono. Por sua vez, o sono prejudicado pode ter profundas influências no nosso
estado fisiológico. Dentre as queixas mais frequentes, destacam-se as que afetam a quantidade de sono, como a
insônia, e a qualidade do sono, como o ronco e a apneia obstrutiva. Define-se insônia como a dificuldade de iniciar
o sono ou de mantê-lo continuamente durante a noite ou, ainda, o despertar antes do horário desejado. Existem
vários fatores que podem estar associados aos episódios de insônia, como expectativas, problemas clínicos, proble-
mas emocionais passageiros, excitação associada a determinados eventos, por exemplo. O tratamento da insônia é
multiprofissional: o paciente deve ser avaliado por neurologistas, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, entre
outros. A revisão destacou o tratamento fitoterapêutico com valeriana, kava-kava, camomila, passiflora e melissa,
além do uso de triptofano para a melhora do quadro de insônia. Outros dois distúrbios que influenciam na qualidade
do sono são a obstrução parcial da via aérea, que leva ao ronco, e a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS).
A SAOS é definida como episódios repetitivos de cessação da respiração durante o sono devido à obstrução total
(apneia) ou parcial (hipopneia) das vias aéreas superiores durante a inspiração, associados a hipoxemia intermitente,
sonolência durante o dia e fadiga. O tratamento desses dois distúrbios leva em consideração a higiene do sono, a perda
de peso e o consumo de nutrientes antioxidantes e anti-inflamatórios, como as vitaminas C e E, o ácido lipoico, o folato
e a coenzima Q10 e polifenóis que modulam os aspectos oxidativos e inflamatórios nesses processos.

Abstract
We spend about a third of our lives sleeping. Worries, stress and pathologies experienced during the day
frequently affect sleep. In turn, compromised sleep may have deep influences on our physiologic status. The most
frequent complaints include those affecting the quantity of sleep, such as insomnia, and the quality of sleep,
such as snoring and obstructive apnea. Insomnia is defined as the difficulty in falling asleep, in remaining
asleep throughout the night, or even waking up too soon. Several factors may be associated with episodes of
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insomnia, including expectation, clinical problems, temporary emotional problems, and excitement associated
with certain events. The treatment of insomnia is multiprofessional: the patient should be evaluated by
neurologists, psychologists, nutritionists and physiotherapists, among others. The review highlighted herbal
therapy with valerian, kava-kava, chamomile, passion flower and lemon balm, as well as tryptophan, to improve
sleep. Other two disorders affecting quality of sleep are partial obstructions of the airways, leading to snoring,
and obstructive sleep apnea syndrome (OSAS). OSAS is defined as repeated episodes of breathing interruption
during sleep due to a total (apnea) or partial (hypopnea) obstruction of the upper airways during inspiration,
associated with intermittent hypoxemia, sleepiness during the day, and fatigue. The treatment of these two
disorders should consider sleep hygiene, weight loss and use of antioxidant and anti-inflammatory nutrients,
such as vitamins C and A, lipoic acid, folate, coenzyme Q10 and polyphenols which modulate oxidative and
inflammatory aspects in these processes.
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Distúrbios do sono: Insônia, ronco e apneia obstrutiva

Introdução prova), problemas clínicos, problemas emoci-


onais passageiros, excitação associada a deter-
Passamos cerca de um terço de nossas vidas
minados eventos, entre outros.
dormindo. Preocupações, estresse e patologias
vivenciadas durante o dia frequentemente in- Além dos sintomas noturnos, pelo menos um
fluenciam o sono. Por sua vez, o sono prejudi- dos sintomas diurnos abaixo é relatado: fadiga;
cado pode ter profundas influências sobre o déficit de atenção, concentração e memória;
nosso estado fisiológico. disfunção social e/ou baixa produção escolar; dis-
Dentre as queixas mais frequentes apresen- túrbio do humor e irritabilidade; sonolência diur-
tadas pelos indivíduos, destacam-se as que afe- na; redução de energia para as tarefas diárias e
tam a quantidade de sono, como a insônia, e a desmotivação; predisposição a erros e acidentes
qualidade do sono, como o ronco e a apneia no trabalho e no trânsito; tensão, dor de cabeça
obstrutiva, acompanhadas de sonolência exces- ou sintomas gastrintestinais devido à perda de
siva diurna. Estas queixas podem decorrer de sono e estresse e preocupação sobre o sono5.
um distúrbio primário de sono, de doenças clí- Os critérios utilizados para a classificação da
nicas ou psiquiátricas, do próprio envelhecimen- insônia são tempo, frequência e período. Os pes-
to ou podem até representar variações do sono quisadores resumem esses critérios como a re-
normal. Diante de uma queixa de alteração do gra TFP: Tempo superior a 30 minutos para dor-
sono, é imprescindível a avaliação do seu sig- mir ou ‘redormir’; Frequência superior a 3 vezes
nificado para que sejam adotadas as medidas por semana; e Período de seis meses ou mais6.
terapêuticas corretas.
Ao usar a regra TFP, a prevalência de sinto-
É, portanto, necessário que os profissionais mas mais graves de insônia gira em torno de
de saúde estejam atentos para as variações qua- 20%. Se ainda for exigido que o paciente apre-
litativas e quantitativas do sono e seus reflexos sente sintomas diurnos supostamente decorren-
sobre a vigília. tes da insônia (cansaço, mal-estar, humor lábil,
cefaleia, dificuldade de memória), a prevalência
Insônia cai para cerca de 10%6.
Define-se insônia como a dificuldade de ini- Na insônia, o paciente encontra-se com o grau
ciar o sono, mantê-lo continuamente durante a de alerta elevado, o que significa que a tempera-
noite ou o despertar antes do horário desejado1. tura de seu corpo é maior, o ritmo cardíaco está
Os insones, geralmente, se queixam que demo- mais elevado, e os hormônios como cortisol e
ram a iniciar o sono ou que despertam durante a adrenalina (hormônios associados ao estresse)
noite e não conseguem mais conciliar o sono, estão mais altos no sangue e na urina7.
ou, ainda, dizem que o sono é de má qualidade2.
Diversos fatores estão associados à insônia,
Vários estudos epidemiológicos demonstra- podendo ser:
ram que mais de 60% da população em geral
apresenta sintomas de insônia e que até 21% 1. Fisiológicos: temperatura corporal,
dos indivíduos investigados referem um trans- hormônios;
torno de insônia com consequências graves no 2. Cognitivos (pensamento dependente): ru-
dia-a-dia 3. minação de pensamentos à noite, preocupações,
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A insônia é mais comum entre as mulheres, os quais podem agir como fatores
em indivíduos conjugalmente separados e nos predisponentes, precipitantes e perpetuantes
desempregados. Entre os que se encontram (atenção seletivamente dirigida ao tempo/ reló-
empregados, os indivíduos que trabalham em gio, aos problemas de sono à noite e a suas
turnos ou se envolvem intensamente com o tra- consequências durante o dia);
balho tendem a ter mais insônia4. 3. Comportamentais: práticas sono-
Existem vários fatores que podem estar as- inibidoras, como horários irregulares de deitar
sociados aos episódios de insônia, como ex- e/ou levantar, consumo de álcool, alimentação
pectativas (viagem, compromissos, reuniões, noturna copiosa, uso de alimentos estimulantes

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(chá, café, chocolate, guaraná, refrigerante de nista dos canais de cálcio. Na prática clínica,
cola) ou assistir TV no quarto. tem sido utilizada para tratamento de distúrbios
bipolares, epilepsia, depressão e ansiedade, to-
4. Neurocomportamentais: a atividade elé-
das estas condições caracterizadas pelo aumento
trica do cérebro dos pacientes com insônia apre-
da excitabilidade celular. Há relatos de
senta diferenças (aumento dos ritmos mais rá-
hepatotoxicidade 13 – entretanto, vale destacar
pidos – ritmos beta), o que permite que acor-
que a kava-kava atualmente é classificada como
dem mais facilmente, tenham mais memória
medicamento fitoterápico, podendo ser prescrita
para os fatos ocorridos à noite e voltem mais
apenas pela classe médica.
facilmente a pensar em suas preocupações.
• Passiflora: apresenta efeito sedativo em
Tratamento da insônia animais. Melhora a qualidade do sono em hu-
O tratamento da insônia é multiprofissional. O manos. Seu mecanismo de ação também pode
paciente deve ser avaliado por neurologistas, psi- ser explicado pela sua capacidade de ligar-se
cólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, dentre aos receptores benzodiazepínicos cerebrais10,14.
outros. O tratamento visa a organizar horários e • Melissa: demonstra exercer ação sedativa
hábitos do paciente que são incompatíveis com em ratos. Em humanos, o uso de melissa tem
um sono saudável, como o uso de alimentos esti- demonstrado melhora do humor e do compor-
mulantes (álcool, alimentação noturna copiosa, tamento frente ao estresse físico e psicológico15.
entre outros) e redução de preocupações associa-
Outras substâncias
das ao sono ou ao horário de dormir.
• Triptofano: o controle do ciclo sono-vi-
Tratamento não farmacológico gília foi um dos primeiros comportamentos no
qual foi identificado o papel da serotonina. Vá-
Fitoterápicos8,9
rios estudos mostraram que a depleção de
• Valeriana: estudos demonstraram que o áci- serotonina com p-clorofenilalanina (inibidor da
do valerênico diminui a latência do sono e a quan- triptofano hidroxilase) induz a insônia. A re-
tidade de estágio 1 do sono não-REM e aumenta a versão desse efeito ocorria com a administra-
quantidade do sono REM. Apresenta ação ção de seu precursor 5-hidroxitriptofano. Mais
gabaminérgica, porém pode ser hepatotóxica10. Em tarde, constatou-se que o L-triptofano diminui
estudo controlado e randomizado com 202 indiví- a latência do sono e aumenta seu tempo total. A
duos com insônia, tratados por 6 semanas com 300 comprovação de que o aumento de triptofano
mg de valeriana ou 10 mg de oxazepam, foram na dieta aumenta a quantidade de serotonina
observados benefícios na melhora da duração do no cérebro justificou o início do seu emprego
sono em ambas as intervenções, mas a valeriana como terapêutica adjuvante da insônia10.
foi mais efetiva na melhora da qualidade do sono11. • Melatonina (uso não aprovado no Bra-
Na forma de extrato e tintura está classificado como sil): A melatonina é um hormônio produzido
medicamento fitoterápico. pela glândula pineal capaz de promover o sono.
• Camomila: apresenta atividade ansiolítica Sua produção pode estar alterada nos distúrbi-
e antiepiléptica em ratos. Induz o sono em hu- os de humor, depressão, fase pré-menstrual,
manos. Seu mecanismo de ação pode ser expli- entre outros. Atualmente, sua principal indica-
cado pela sua ligação aos receptores benzo- ção é para o tratamento do transtorno causado
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diazepínicos cerebrais 10,12. pela mudança de fuso horário10. Regula o ciclo


circadiano do sono e aumenta a ligação do
• Kava-kava: apresenta capacidade de au- GABA ao seu receptor16.
mentar a transmissão gabaminérgica, atuando
como depressor no SNC, relaxante muscular e Ronco
analgésico. Estudos em humanos demonstra- Durante o sono, existe um relaxamento fisi-
ram que a kava-kava diminui a latência do sono ológico da musculatura esquelética, bem como
e aumenta a fase REM10. Também há evidênci- da musculatura das vias aéreas superiores. Nesse
as do seu potencial serotoninérgico e antago- momento, a região da faringe fica propensa ao

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Distúrbios do sono: Insônia, ronco e apneia obstrutiva

colapso. A obstrução parcial da via aérea pode maior preocupação atualmente são as
levar à vibração das paredes da faringe durante comorbidades associadas, entre elas o maior ris-
a ventilação. Chamamos ao som típico dessa co de acidentes de trânsito devido à sonolência
vibração de ronco17. Veja a figura 118. excessiva e ao risco de doenças cardiovasculares.
Vários fatores estruturais têm sido apontados
O ronco ocorre no período de maior relaxa-
como a etiologia da apneia obstrutiva do sono,
mento muscular, ou seja, durante o sono pro-
entre eles a deposição de gordura na região
fundo (fase REM). Os principais fatores que
cervical, hipoplasia de maxila ou mandíbula,
propiciam a ocorrência do ronco são18:
macroglossia e hipertrofia de amígdalas21.
- Dormir em decúbito dorsal (a força da gra-
Porém, atualmente sabe-se que a SAOS não é
vidade contribui para o colapso da faringe);
apenas uma doença local provocada por anor-
- Uso de álcool ou sedativos (maior relaxa- malidades anatômicas, e sim apresenta caracte-
mento da musculatura); rísticas sistêmicas como hipertensão, obesidade
- Obesidade (acúmulo de gordura nas vias central, diabetes e dislipidemia, que sugerem ser
aéreas superiores, estreitando a passagem do ar). uma manifestação da síndrome metabólica22.

Figura 1. Bloqueio da passagem de ar Fisiopatologia da SAOS


durante o ronco Sabe-se que episódios recorrentes de oclusão
das vias aéreas superiores durante o sono pro-
vocam alterações como hipóxia intermitente,
severa fragmentação do sono, ativação do sis-
tema nervoso simpático, aumento do estresse
oxidativo, da atividade inflamatória e do siste-
ma hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), que
agravam a obesidade visceral e provocam anor-
malidades metabólicas como resistência a in-
sulina, diabetes mellitus (DM), hipertensão ar-
terial sistêmica (HAS) e, consequentemente,
Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Sono18. predispõem a danos vasculares e a ocorrência
Além disso, fatores anatômicos como alonga- da síndrome metabólica (Figura 2).
mento da úvula e palato mole, hipertrofia das
Figura 2. Possíveis mecanismos relacionan-
amígdalas palatinas e adenoides, retrognatia,
do a síndrome da apneia obstrutiva do sono
macroglossia, ou seja, todos os fatores que estrei-
e a síndrome metabólica
tam a passagem do ar e facilitam o contato entre
as paredes da faringe, irão propiciar o ronco18.

Síndrome da apneia obstrutiva do sono


A síndrome da apneia obstrutiva do sono
(SAOS) é definida como episódios repetitivos
de cessação da respiração durante o sono devi-
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do à obstrução total (apneia) ou parcial


(hipopneia) das vias aéreas superiores durante a
inspiração, associados a hipoxemia intermiten-
te, sonolência durante o dia e fadiga. A incidên-
cia de apneia/hipopneia (IAH) maior ou igual a
5 casos por hora de sono é o critério utilizado
para o diagnóstico na polissonografia19.
A SAOS afeta 2 – 5% dos adultos20, princi-
palmente homens obesos de meia-idade. A Fonte: Adaptado de Svatikova23.

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Hipóxia e o déficit de sono proteína C-reativa (PCR) em indivíduos nor-


mais 33. Portanto, nos pacientes com SAOS, a
Os efeitos metabólicos da hipóxia intermi-
hipoxemia que ocorre repetidamente durante o
tente já foram estudados em humanos e ani-
sono, acompanhada da privação do sono, pode
mais24,25. A hipóxia pode levar a uma diminui-
induzir a um estado sistêmico inflamatório, evi-
ção da secreção e ação da insulina, através da
denciado pela elevação de PCR, proteína
diminuição da produção de ATP pela célula β e
amiloide A, IL-6 e TNF-α 34,35.
redução da atividade tirosinoquinase dos recep-
tores de insulina. Além dos efeitos da hipóxia O TNF-α elevado contribui para a resistên-
intermitente, há evidências de que anormalida- cia à insulina, provocando down-regulation no
des no sono, por si, podem alterar o metabolis- GLUT4 e inibindo a atividade e sinalização do
mo da glicose26. Estudo relatou que a restrição receptor da insulina. A IL-6 secretada pelo teci-
do sono (4 h/dia durante 6 noites) em indivíduos do adiposo induz a secreção hepática de PCR,
normais piorou a tolerância à glicose, aumentou e ambos os marcadores inflamatórios estão as-
os níveis de cortisol, ativou o sistema nervoso sociados com obesidade, SAOS e doenças
simpático e provocou uma resposta inflamató- cardiovasculares 36.
ria. Essas evidências sugerem que a hipóxia e o Além de aumentar a resistência à insulina,
déficit de sono podem contribuir independente- provocar dislipidemia e disfunção endotelial,
mente para alterações no metabolismo da glicose há evidências de que as citocinas pró-inflama-
nos pacientes com apneia do sono27. tórias (IL-1b, IL-6, TNF-α) também estão en-
volvidas na regulação do sono, e a secreção
Estresse oxidativo
endógena ou administração exógena está asso-
Dados de grandes estudos claramente indi- ciada com sonolência e fadiga35.
cam que a SAOS está associada com um au-
O etanercept é uma medicação anti-inflama-
mento significativo do estresse oxidativo secun-
tória que bloqueia a ligação do TNF-α ao seu
dário ao aumento das espécies reativas de oxi-
receptor. Em estudo realizado com 8 obesos com
gênio, redução da capacidade antioxidante e, apneia do sono que receberam etanercept e/ou
possivelmente, ao aumento da homocisteína28,29. placebo, foi observada redução da sonolência,
Essas alterações contribuem para ativação do do índice de apneia/hipopneia e dos níveis de
sistema nervoso simpático, disfunção endotelial IL-6 nos pacientes que receberam o medicamen-
e maior risco cardiovascular encontrados nes- to37. Esses dados corroboram a hipótese de que
ses pacientes 30,31 . Já foi identificado que a a inflamação é um importante mecanismo na
hipóxia intermitente contribui para a redução patogênese da apneia do sono e sonolência, re-
do óxido nítrico, aumentando a suscetibilidade sistência à insulina e obesidade visceral, e todos
de lesão endotelial32. esses mecanismos promovem aterosclerose, do-
Marcadores inflamatórios enças cardiovasculares e morte prematura.

A obesidade pode induzir o aumento de Sistema nervoso simpático (SNS)


citocinas e piorar as alterações metabólicas en- Vários estudos evidenciaram a ativação do SNS
contradas nos pacientes com apneia. Entretan- na SAOS38,39. Concentrações de catecolaminas no
to, vários autores já demonstraram que níveis soro e na urina de 24h e a atividade nervosa sim-
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de citocinas estão elevados em pacientes com pática muscular estão elevadas em pacientes com
SAOS independentemente da gordura corporal. SAOS.
Portanto, é aceitável que o aumento dos
O sistema nervoso simpático pode influen-
marcadores inflamatórios na obesidade não está
ciar na gênese da hipertensão arterial, provo-
relacionado apenas com a adiposidade, mas
cando vasoconstrição, e na homeostase da
pode também estar associado à própria
glicose, aumentando a glicogenólise, a
fisiopatologia da SAOS.
neoglicogênese e a secreção de glucagon. Em
Sabe-se que a hipoxemia da alta atitude e a 2003, Chasens et al.40 propuseram que a apneia
privação do sono provocam aumento de IL-6 e obstrutiva pode provocar diabetes mellitus tipo

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Distúrbios do sono: Insônia, ronco e apneia obstrutiva

2 via ativação do sistema nervoso simpático. ve uma relação entre severidade da apneia e risco
cardiovascular fatal e não fatal, independentemen-
O sistema nervoso simpático pode influen-
te do peso e da idade, e seu tratamento reduziu
ciar na gênese da hipertensão arterial, provo-
significativamente os eventos cardiovasculares45.
cando vasoconstrição, e na homeostase da
glicose, aumentando a glicogenólise, a Tratamento
neoglicogênese e a secreção de glucagon. Em
2003, Chasens et al.40 propuseram que a apneia Higiene do sono - terapia comportamental
obstrutiva pode provocar diabetes mellitus tipo para as desordens do sono
2 via ativação do sistema nervoso simpático. A higiene do sono não é um tratamento es-
pecífico, mas um conjunto de regras
Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal comportamentais que, quando observadas pelo
A ativação do eixo corticotrófico pode ser um paciente durante o dia, pode potencializar o
dos fatores que contribuem para o desenvolvi- sucesso de qualquer outro tratamento46.
mento da resistência à insulina nos pacientes com Um estilo de vida saudável pode resumir a
SAOS. A hipóxia intermitente, a fragmentação e higiene do sono, incluindo a abstinência ao fumo
a privação do sono provocam liberação de e ao álcool, uma dieta equilibrada e pouco
cortisol pulsátil e ativação autonômica41. calórica associada a exercícios físicos orienta-
dos e rotineiros, que estimulam a perda de peso
DCV e SAOS
e melhoram a qualidade de vida do paciente47.
As doenças cardiovasculares resultantes da
É importante que o paciente defina, dentro
SAOS podem ser hipertensão arterial sistêmica,
da sua rotina, o horário de deitar-se e levantar-
insuficiência cardíaca esquerda, infarto do
se com um número de horas de sono adequa-
miocárdio, arritmias e hipertensão pulmonar,
das por noite, uma vez que a privação de sono
podendo culminar com morte súbita. Mais de
afeta o paciente com distúrbio em pelo menos
50% dos pacientes com apneia são hipertensos.
duas maneiras: aumenta a sonolência diurna e
Frequentemente, esses pacientes apresentam
diminui a qualidade de funcionamento do drive
hipertensão de difícil controle42. Lavie et al.43 respiratório, o que piora o quadro48.
mostraram que, a cada episódio de apneia/
hipopneia por hora durante o sono, aumenta A posição do corpo durante o sono também
em 1% o risco de hipertensão arterial. se constitui em uma das orientações dentro do
conjunto da higiene do sono. Em muitos paci-
As possíveis explicações para a elevação da entes, a frequência de eventos dos distúrbios
pressão arterial nesses pacientes são: respiratórios é maior durante o sono na posição
• A ocorrência de hipoxemia, hipercapnia e de decúbito dorsal do que em decúbito lateral.
estímulo do sistema nervoso simpático com Tem sido demonstrado que a colapsabilidade
consequente vasoconstrição periférica; (tendência a obstrução) da via aérea está relaci-
onada à posição do corpo durante o sono, que
• A ativação do sistema renina-angiotensina, pode ser crítica durante o sono REM (quando o
inflamação, resistência à insulina, diminuição
corpo se encontra relaxado).
na sensibilidade dos baroceptores, disfunção
endotelial, estresse oxidativo e hiperleptinemia, A conscientização do paciente com o seu
problema de saúde e o seu empenho em mudar
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alterações estas encontradas na SAOS, que tam-


bém podem estar implicadas no desenvolvimen- alguns hábitos diários no sentido de melhorar
to da hipertensão arterial44. seu quadro clínico têm sido demonstrados como
parte importante em qualquer tipo de estratégia
Atualmente, há evidências consistentes de que escolhida no tratamento.
os pacientes com SAOS não tratados apresentam
morbidades para doenças cardiovasculares, inde- As recomendações da higiene do sono
pendentemente da obesidade. Uma recente publi- incluem:
cação que realizou acompanhamento de pacien- 1) usar o quarto e a cama somente para dor-
tes com SAOS durante 10 anos mostrou que hou- mir e praticar atividade sexual;

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2) evitar o barulho (com tampão de ouvi- de suplementos nutricionais específicos como


do), a luz (cortinas nas janelas) e a temperatura vitaminas C, E, ácido lipoico, folato e coenzima
excessiva (cobertor/ar-condicionado) durante o Q10 com o objetivo de modular os aspectos
período do sono; oxidativos e inflamatórios da SAOS.
3) evitar a cafeína (p.e.: chá preto, café, co- Foi demonstrado um efeito benéfico da
las), a nicotina e as bebidas alcoólicas nas últi- suplementação de vitamina C na função
mas 4-6 horas que antecedem o sono; vascular de indivíduos com SAOS. O estudo
4) É importante que se tenha um horário re- concluiu que o estresse oxidativo parece ser um
lativamente uniforme para deitar e levantar; importante responsável pela lesão endotelial na
5) Não realizar exercícios extenuantes nas SAOS, e estratégias antioxidantes deveriam ser
últimas 4 horas que antecedem o sono; exploradas no tratamento das doenças
cardiovasculares associadas à SAOS54.
6) Evitar o uso crônico de medicações para
a insônia; Em outro estudo, a suplementação oral de
7) Evitar ou minimizar os cochilos diurnos; polifenóis derivados do extrato de chá verde
reduziu a suscetibilidade ao dano neural
8) Evitar dormir em decúbito dorsal.
induzida pela hipóxia. A apneia do sono está
Perda e controle do peso relacionada a um déficit neurocognitivo que é
mediado, pelo menos em parte, pelo estresse
Aproximadamente 70% dos pacientes com
oxidativo ocorrido com a hipóxia55.
SAOS são obesos. O aumento de peso é o fator de
risco mais importante para o desenvolvimento dos Mais recentemente, foi testado em um estu-
distúrbios do sono, principalmente porque o do clínico, duplo cego, placebo controlado se
acúmulo de tecido adiposo nas paredes da faringe o concentrado de suco de melão poderia atenu-
diminui seu diâmetro, o que promove com mais ar os sinais e sintomas de fadiga e estresse de
facilidade a sua obstrução durante o sono49. voluntários. Foram recrutados 70 voluntários
sadios com idade entre 30 a 55 anos que rece-
A circunferência da cintura correlaciona-se
beram 10 mg do concentrado ou placebo, 1 vez
com a SAOS mais frequentemente do que o ín-
ao dia durante 1 mês. A suplementação com o
dice de massa corporal. Até mesmo em indiví-
concentrado de melão melhorou todos os sinais
duos não obesos, o aumento da circunferência
e sintomas de estresse e fadiga relacionados com
da cintura prediz a SAOS. A cada aumento de
a performance física (distúrbio do sono),
13–15 cm da circunferência da cintura, eleva-
cognitiva (concentração, cansaço) e compor-
se o risco de SAOS em aproximadamente 4 ve-
tamental (irritabilidade, dificuldade de relacio-
zes50. O perímetro cervical (> 40 cm) também
namento) quando comparado com placebo. Da
está associado ao número de eventos e deve
mesma maneira, a qualidade de vida e percep-
fazer parte da anamnese dos indivíduos com
ção de estresse foram significativamente
desordens respiratórias do sono51.
otimizadas após a utilização do suplemento. O
A perda de peso deve ser recomendada a concentrado de melão é rico em antioxidantes
todos os pacientes com distúrbios do sono com como a superóxido dismutase (SOD) e, assim,
IMC acima de 25 kg/m². Uma perda de 10% no pode ser uma estratégia importante no manejo
peso já promove melhoras no quadro clínico52.
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da fadiga e cansaço dos indivíduos com distúr-


bios do sono 56.
Dieta anti-inflamatória e antioxidante
Concluindo, os suplementos nutricionais
A fisiopatologia das desordens do sono e sua
podem promover benefícios como tratamen-
íntima relação com as doenças metabólicas dei-
to adjuvante das desordens respiratórias do
xam clara a importância da manipulação da di-
sono, uma vez que podem influenciar positiva-
eta de forma a aumentar o status antioxidante e
mente em diferentes aspectos da sua patogênese
anti-inflamatório 53.
e das alterações metabólicas e cognitivas
Em alguns estudos, tem sido proposto o uso associadas.

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Distúrbios do sono: Insônia, ronco e apneia obstrutiva

30. SOMERS, V.K. Sympathetic neural mechanisms in obstructive sleep


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