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De acordo com o Global Burden of Disease Study 2016, a enxaqueca é a segunda principal
causa de incapacidade e acarreta encargos pessoais, sociais e económicos significativos
Vost 2016 .
A enxaqueca é o segundo distúrbio neurológico mais prevalente (depois da dor de cabeça do
tipo tensional), com uma proporção de mulheres para homens de 3 1 e uma prevalência
estimada em 1 ano de aproximadamente 15% na população geral Stovner LJ 2016 .
A prevalência é maior por volta dos 35 e 39 anos e cerca de 3/4 dos pacientes com
enxaqueca relatam o início da enxaqueca antes dos 35 anos Stewart WF - 2008 .
Geralmente, a condição tende a regredir com a idade avançada, portanto, o início da
enxaqueca após os 50 anos de idade deve ser um sinal de alerta de um distúrbio de dor de
cabeça secundário.
Resumo TCC 1
Uma característica fundamental da enxaqueca é a sua natureza recorrente. Os pacientes
frequentemente referem-se a fatores que identificam como desencadeadores de suas crises
de enxaqueca (estresse, distúrbios do sono, determinados alimentos e falta de alimentação
Kelman L 2007 .
A enxaqueca muitas vezes pode ser reconhecida pelos seus ativadores, chamados de
gatilhos. Os fatores desencadeantes mais comuns são estresse emocional, distúrbios do
sono e fatores dietéticos. O sono e o estresse são fatores desencadeantes significativos em
pacientes com enxaqueca com aura, enquanto os fatores ambientais são fatores
desencadeantes importantes em pacientes com enxaqueca sem aura. Todos eles são fatores
desencadeantes significativos nas mulheres, contrastando substancialmente com os homens
Kelman L 2007 . As estratégias de gestão que envolvem ajustes no estilo de vida podem
ser determinadas pela susceptibilidade do paciente a factores desencadeantes específicos,
embora se esteja a tornar reconhecido que alguns factores desencadeantes aparentes
podem de facto fazer parte da fase inicial do ataque, a fase premonitória ou pródromo
KARSAN N 2021 .
É menos frequente que a enxaqueca episódica, com uma prevalência estimada de 1,0% a 2,4
% da população adulta mundial BUSE D 2012 NATOLI J 2009 ,11 8% do total de
enxaquecas BUSE D 2012 .
Resumo TCC 2
acompanhantes. No entanto, o doente mantém intercaladas crises com características
típicas de enxaqueca.
Alguns desses fatores de risco são modificáveis, tais como obesidade, sedentarismo,
perturbações do sono e abuso de cafeína; outros não o são, como por exemplo a idade ou o
género (duas a seis vezes mais frequente nas mulheres). (LIPTON R 2007 SCHER A
2008 .
Cronificação
Resumo TCC 3
Os perfis de sintomas associados à enxaqueca e a incapacidade relacionada à dor de cabeça
normalmente também aumentam nesse processo. A progressão clínica está frequentemente
associada à experiência de alodinia cutânea e sensibilização ao nível do trigêmeo núcleo
caudale estes são reconhecidos como sinais de progressão fisiológica para enxaqueca
crônica 29 .
Fisiopatologia da enxaqueca
Resumo TCC 4
Estudos confirmaram que os ataques de enxaqueca se desenvolvem em pacientes com
enxaqueca quando são expostos a essas moléculas, enquanto pessoas saudáveis expostas de
forma semelhante referem sentir dor de cabeça leve ou nenhuma dor de cabeça ASHINA M
2017 JUHASZ G 2003 . Além disso, um estudo diferente demonstrou que pacientes
com enxaqueca crónica apresentam níveis séricos de CGRP significativamente elevados,
mesmo sem crise de enxaqueca, quando comparados com controlos saudáveis CERNUDA
MOROLLON E 2013 .
Resumo TCC 5
Desses fármacos, os únicos que foram estudados em protocolos duplo-cego com resultados
favoráveis foram a toxina botulínica e a riboflavina, Porém, todos esses medicamentos
foram desenvolvidos originalmente para o tratamento de outras enfermidades e contém
várias interações, podem ter diversos efeitos no paciente com o uso prolongado Anvisa,
2019 .
Resumo TCC 6
tratamento com toxi-na botulínica do tipo A. A sua eficácia foi estabelecida em dois ensaios
clínicos, onde foram incluídos mais de 1300 doentes( AUROSA S 2011 .
Este tratamento consiste na aplicação, a cada três meses, de 5 U de toxina botulínica por via
subcutânea, em 31 locais do couro cabeludo previamente definidos (segundo o protocolo
PREEMPT . É bem tolerado, com ligeiros efeitos secundários: desconforto mínimo na
aplicação, ptose palpebral, rigidez ou dor cervical. Reduz o número de dias de enxaqueca, o
número de dias de cefaleia intensa, o consumo de analgésicos, idas ao serviço de urgência e
incapacidade resultante.
A toxina botulínica tipo A atua bloqueando a transmissão neuromuscular. Ela se liga aos
receptores terminais dos nervos motores, penetra no nervo terminal e inibe a liberação de
acetilcolina. Quando administrada por via intramuscular em doses terapêuticas, a toxina
promove uma denervação química parcial do músculo, resultando na redução localizada da
atividade muscular PAULO 2018 .
Resumo TCC 7
É importante ressaltar que a ação da TBA é temporária, uma vez que o organismo possui a
capacidade de regenerar os terminais nervosos e restaurar a função muscular. Como
resultado, os efeitos da TBA são transitórios e requerem reaplicações periódicas para
manter os resultados desejados FRANCISCO FILHO 2023 . É inicialmente sintetizada
como uma proteína de 150 kDa, que posteriormente sofre uma modificação pós-
translacional, resultando em uma cadeia pesada de 100 kDa e uma cadeia leve de 50 kDa,
unidas por uma ponte dissulfeto. A cadeia pesada tem a função de se ligar aos neurônios
pré-sinápticos na junção neuromuscular, facilitando a entrada da cadeia leve no citoplasma
celular. Dentro da célula, a cadeia leve de cada tipo de toxina botulínica tem como alvo um
componente do receptor de proteína de ligação do fator sensível ao meio N-etilmaleimida
solúvel SNARE , ao qual ela se liga e inativa, interrompendo assim a função do SNARE
complexo GART 2016 .
Resumo TCC 8
Mecanismos propostos pelos quais a toxina botulínica pode atenuar as crises de
enxaqueca
A pesquisa demonstrou como resultado, por meio de uma amostra clínica, que além da
redução da frequência dos dias de cefaleia a Onabotulinumtoxina tem como efeito
secundário uma redução na intensidade da dor, comprovando a sua capacidade de reduzir a
intensidade da enxaqueca durante os seis meses de estudo. Ademais, foi demonstrado
reduções no uso de medicamentos orais para dor de cabeça nos pacientes que faziam a sua
utilização para controlar a dor de cabeça FERRUS, 2020 .O estudo foi realizado em 8 ciclos
de tratamento em um período de 6 meses, onde durante o segundo ciclo foi possível
perceber uma ligeira diferença significativa na frequência e na intensidade da dor, como
esperado de estudos anteriores. Por conseguinte, no 2 ciclo houveram achados relevantes
atestando a premissa da redução na intensidade da dor:A redução da intensidade da dor de
cabeça foi classificada como 50% em 35,8% 141/395 dos pacientes e a ingestão de
analgésicos foi reduzida pela metade em 60,4% 239/395 dos pacientes, 52,9% 209/395
dos pacientes melhoraram e mudaram de enxaqueca crônica para episódica e 37,5%
148/395 pararam de usar medicamentos para dor de cabeça aguda TORRES FERRUS,
2020.
Resumo TCC 9
acerca dos efeitos deste tipo de tratamento, seja ele associado com medicamentos ou
sendo apenas a aplicação da toxina BENDTSEN, 2018 .
Resumo TCC 10
Segundo o estudo PREEMPI, publicado em 2010, mostrou que a toxina botulínica é capaz de
tratar a enxaqueca crônica, onde foram analisados 1389 pacientes durante seis meses após
aplicação da toxina ao longo do crânio.
Revista Diálogos Acadêmico: 10, n. 01 | jan./jun, 2021ISSN 2448 1270 pontos, nas regiões
frontal, temporal, occipital, para espinhal e trapézio. Mostrando que mais de 600 pacientes
apresentaram melhora no último mês, reduzindo a quantidade de crises, de 15 dias a 8 dias
no mês e a intensidade da dor reduzindo pela metade SARMENTO, 2010 .
Estudo esse que foi base para outras pesquisas e embasamento para novas técnicas e
aplicações, como Santoro et al.2017 que realizou um estudo prospectivo avaliando a
aplicação da toxina botulínica A por 18 meses, seis ciclos trimestrais, prolongando o estudo
PREEMPT que foi de 6 a 12 meses, observando que após administração repetida, a eficácia
da terapia aumenta significativamente os resultados e a qualidade de vida dos pacientes
com enxaqueca.
De acordo com o estudo de Peres et al. 2019 a enxaqueca fica em segundo lugar na
prevalência entre as doenças não transmissíveis DNTs) com a maior causa de incapacidade
entre os adultos no Brasil, um total estimado de 5,5 milhões de pessoas que precisa de
terapia preventiva. Desse modo, a enxaqueca é um problema de saúde pública que precisa
de melhores terapias preventivas.
Todavia a enxaqueca crônica tem efeito prejudicial na vida diária dos doentes, Com base no
estudo de Diener et al, 2015 os indivíduos com enxaqueca perdem três vezes mais as
Resumo TCC 11
atividades familiares e relatam diminuição na produtividade das tarefas domésticas. Visto
também por Stewart et al. 2010 onde avaliaram o impacto na atividade profissional e
concluíram que 1 em cada 5 doentes apresentaram limitações no trabalho.
A ação da toxina botulínica do tipo A BoNT/A ocorre pela inibição da acetilcolina (ACh) nas
terminações nervosas colinérgicas dos nervos motores, fazendo com que as vesículas de
acetilcolina sejam impedidas de se ligarem à membrana para que ocorra a liberação do
conteúdo e posteriormente ligação aos receptores na membrana pós-sináptica. Esse tipo de
bloqueio leva ao efeito estético e terapêutico desejado, pois ocorre um enfraquecimento
dos músculos por um período de três a quatro meses. Atualmente, o uso do
tratamentoterapêutico vem se expandindo de maneira exponencial, inclusive em
tratamentos de condições dolorosas crônicas, com intuito de melhorar a compreensão de
seus mecanismos de ação, pela eficácia e segurança do tratamento. A toxina botulínica
BoNT é segura e bem tolerada quando comparada às terapias farmacológicas
convencionais para dor crônica, principalmente devido aos efeitos adversos produzidos
pelos fármacos ROMERO JGA, et al., 2020 .
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Resumo TCC 12
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