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Psicofarmacologia

Sedativos-hipnóticos e estimulantes

Prof. Marcos Cordeiro


Insônia

A insônia pode ser um transtorno por si só ou um


sintoma de outro transtorno.

10-30% dos adultos sofrem de períodos de


insônia pelo menos uma vez na vida.

O principal tratamento para a insônia se dá pela


mudança nos hábitos de vida, abordando a
higiene do sono. A psicoterapia pode ter um
papel chave nesse processo.

Os medicamentos que induzem o início ou


persistência do sono são chamados hipnóticos.
Como geralmente também acalmam, são
também sedativos, constituindo assim o grupo
dos sedativos-hipnóticos.
Julia Kempa – Insomnia (2019)
Barbitúricos

Já foram receitados para insônia, mas hoje seu uso é evitado.

Anti-histamínicos de primeira geração

Reduzem a sinalização de histamina e de acetilcolina.


São comumente utilizados contra náuseas e alergias.
Fazem dormir, mas não dão um sono de qualidade e desestabilizam o ciclo do sono.
Rapidamente desenvolvem tolerância.
Os dois maiores exemplos para esse fim são a Doxilamina (Dormidina, Silencium,
Unisom) e Difenidramina (Benadril).

Benzodiazepínicos

Muitos benzodiazepínicos indicados para ansiedade têm efeito terapêutico contra a insônia.
Porém, assim como para ansiedade, não são recomendados para uso prolongado dado o
risco de dependência e de tolerância. Normalmente não são a primeira opção de tratamento.
Exemplos são o Midazolam (Dormonid), Alprazolam (Frontal), Lorazepam (Lorax) e o
Diazepam (Valium).
Sedativos-hipnóticos não-benzodiazepínicos

São PAMs específicos para uma subunidade dos receptores GABAA.


Podem viciar, mas causam menos tolerância que os benzodiazepínicos.
Um efeito colateral incomum mas sério é a amnésia anterógrada e sonambulismo.
São conhecidos como “medicamentos Z”, pois todos têm Z no nome.

Zolpidem (Stilnox)
Existe em versão sublingual, para absorção mais rápida (para o início do sono) e uma
versão “CR”, de absorção mais lenta e continuada (para a manutenção do sono).

Eszopiclona (Prysma)
Mais potente e com maior meia-vida, com efeitos similares à versão CR do Zolpidem.

Agonistas de melatonina

São uma classe nova de medicamentos para insônia, aprovados no Brasil em 2018. O pri-
meiro aprovado foi a Ramelteona (Rozerem). Não causam dependência e possuem efeitos
colaterais mais brandos, como tontura e sonolência prolongada.
Outros

Alguns medicamentos de outros grupos, como o antipsicótico


Quetiapina (Seroquel) e o antidepressivo Amitriptilina (Amytril)
causam sonolência, podendo ser úteis no tratamento de pacientes que
apresentam insônia como sintoma da psicose ou do transtorno do
humor. Medicamentos contra enjoo também podem ter efeitos sedativos
temporários, como a Escopolamina (Buscopan) e Dimenidrinato
(Dramin).

O ácido gama-hidroxibutírico (GHB) é um sedativo-hipnótico eficiente,


mas pode facilmente induzir a overdoses acidentais e a associação com
crimes como o “boa noite Cinderela” fazem dele bastante regulado.
Narcolepsia
Narcolepsia é a inabilidade de regular ciclos
de sono, resultando em sonolência diurna
excessiva (SDE) e episódios de sono
incontrolável. Normalmente o sono tem baixa
qualidade, fazendo o paciente não se sentir
descansado. Em alguns casos, pode
acompanhar alucinações e paralisia do sono.

A etiologia é desconhecida, mas parecem


haver fatores genéticos envolvidos.

Muitas pessoas com narcolepsia e SDE não


reconhecem que possuem uma condição a ser
diagnosticada e tratada.

Não há cura, mas melhoras podem ser alcan- Henry Fuseli – The Nighmare (1781)
çadas com mudanças nos hábitos de vida e
intervenções com estimulantes.
Estimulantes

Modafinila (Stavigile)

Receitado para episódios de sono incontrolável.


O mecanismo de ação ainda não é bem conhecido.
Os efeitos colaterais são brandos, como dores de cabeça, náuseas e insônia.
Já foi apelidada de “droga da inteligência”, sendo utilizada indiscriminadamente por
estudantes buscando maior atenção.

Outras drogas estimulantes, como o Metilfenidato (Ritalina) e Lisdexanfetamina serão


discutidas em uma aula futura, já que são primariamente receitadas para outros transtornos.

Cafeína

O estimulante mais consumido no mundo.


É um antagonista de receptores de adenosina, indiretamente aumentando a sinalização de
dopamina e adrenalina. Pode induzir a sintomas leves e temporários de abstinência.
O consumo regular pode ser eficaz para casos de sonolência diurna excessiva.
Obrigado!

marcos.cordeiro@unoesc.edu.br

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