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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

JOÃO GABRIEL OLIVEIRA GOMES DOS SANTOS

AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DE PERSONAGEM


WILLIAM TRAYNOR (FILME “COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ”)

Curitiba

2022
DESCRIÇÃO DO CASO

1. Dados de identificação

Profissional: João Gabriel Oliveira N° Prontuário: 00000


Nome do paciente: William Traynor
Sexo: Masculino Data de nascimento: 09/04/1991
Idade: 31 anos Destro (x) Canhoto ( )
Encaminhado por: Médico Neurologista
Data de avaliação início: Término:
Endereço: Praça Santos Andrade, 2º andar Cidade: Curitiba - PR
Bairro: Centro Telefone: (91) 980627569
Escola: Série:
Nome da professora: Telefone da escola: (91) 3205-5252

DIAGNÓSTICO/QUEIXA

Quando teve início? Após um atropelamento por moto enquanto o paciente


atravessava a rua.
Isto ocorre de quanto em quanto tempo (frequência)? Quadro se manteve contínuo
após o acidente.
Há algum caso parecido ou igual na família? Não.
Observações: Após o acidente, o paciente perdeu completamente o movimento das
pernas, e quase completamente o movimento dos braços, conseguindo recuperar apenas
alguns movimentos do polegar direito, que usa para operar sua cadeira de rodas elétrica.

2. Matriz dos fatores de risco e proteção no desenvolvimento do sujeito

Fatores Risco Proteção


 Ausência de movimento nos membros  Funções receptivas preservadas nas
Biológico
inferiores e superiores (tetraplegia) áreas não afetadas pela lesão
 Estresse  Suporte familiar
Psicológico  Depressão  Acompanhamento especializado por
 Labilidade emocional profissionais de saúde e cuidadores
 Boa condição financeira
Social  Afastamento dos amigos após acidente  Acesso a serviços de saúde de
qualidade
3. Levantamento das queixas do sujeito

Origem
Irritabilidade, desânimo, dificuldade em manter adesão a
Queixa Encaminhamento
tratamentos
Dificuldades na comunicação com o paciente. Mostra-se
Queixa dos pais/ responsáveis intolerante nas interações e indisposto às atividades
cotidianas
Queixa do paciente Falta de motivação generalizada.
Queixa da escola Não há.
Queixa de outros profissionais/
Não há.
Examinador
4. Checklist das funções mentais superiores (FMS)

FMS Conservada Alterada


Funções receptivas – Audioverbal/Visual/Tátil X
Funções Expressivas – Verbal/Motor X
Orientação X
Regulação X
Memória X
Nível Inteligência X

PROCEDIMENTO DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

O manejamento do caso de William se deu através de sessões semanais de avaliação,


com duração de até 3 horas cada, durante o período de aproximadamente 3 meses.
Inicialmente, foram feitas entrevistas, primeiramente com William e posteriormente com seus
pais, cuidadores e profissionais de saúde que o acompanham, a fim de compreender mais
profundamente o contexto em que o paciente está inserido e levantar queixas e demandas,
tanto por parte do paciente quanto de seus pares. Posteriormente, a aplicação de instrumentos
de avaliação psicológica foi incluída ao protocolo, para melhor avaliar as funções alteradas e
preservadas do paciente e suas possíveis relações com as queixas apresentadas.
Durante as entrevistas, William se mostrou pouco aberto ao diálogo, empregando
respostas curtas, por vezes sarcásticas, sobretudo quando questionado a respeito do aspecto
emocional de sua vivência desde o acidente. Seus pais e cuidadores, por sua vez, relataram
que essa atitude de William é quase que permanente no ambiente domiciliar, o que dificulta
sua convivência com ele. Contudo, antes do atropelamento que gerou a lesão, Will, como é
chamado pelos familiares e amigos, tinha o bom humor e sociabilidade como características
de sua personalidade. Previamente ao episódio da lesão, William vivia uma vida altamente
ativa, tanto no âmbito esportivo quanto profissional, o que é apontado pelos pais como a razão
para seu atual desânimo.
A partir dos diálogos com as pessoas já citadas, identificou-se a labilidade emocional,
irritabilidade e baixa motivação/volição como queixas centrais do quadro do paciente, sem
grandes alterações aparentes nas funções mentais superiores. Diante disso, adotou-se os
seguintes instrumentos como protocolo de avaliação neuropsicológica:
 Escalas Wechsler de Inteligência para Adultos (WAIS-III) (Nascimento, 2004; Wechsler,
1997): consiste em uma escala de avaliação da inteligência composta por uma escala de
Quociente de Inteligência (QI) Verbal e uma escala de QI de Execução. A partir dos resultados
dos QI verbal e de execução, obtidos através de 14 subtestes, calcula-se o QI Total do
paciente.
 D2 (Brickenhamp, 1990): trata-se de um instrumento para avaliação concentrada, a partir da
discriminação de diferentes estímulos em uma folha de papel. O avaliando deve cancelar
apenas os itens alvo exibidos ao início da aplicação do teste.
 Escala Wechsler de Memória Verbal (WMS-R) (Wechsler, 1987; Wechsler, 2004): consiste
em um instrumento de avaliação da memória verbal, em que duas histórias são contadas ao
avaliando, sendo em seguida solicitado que ele as reproduza, primeiro imediatamente após
ouvi-las (avaliando a memória de curto prazo), e depois após 30 minutos da contação das
histórias (avaliando a memória de longo prazo).
 The Awareness of Social Inference Test (TASIT) (McDonald, Flanagan, Rollins, & Kinch,
2003): composto por vinhetas encenadas por atores profissionais, como forma de avaliar a
Cognição Social. A primeira parte trata do reconhecimento de emoções básicas a partir do
movimento facial, do tom de voz e de gestos. A segunda parte mede a habilidade de detectar o
sarcasmo e a sinceridade. A terceira, avalia a capacidade de utilizar pistas contextuais para
determinar o significado real de conversações (Abreu et al, 2016).
 Teste dos Cinco Dígitos (Paula, Abrantes, Neves, & Malloy-Diniz, 2014): Tem o objetivo de
avaliar o controle inibitório. Envolve contagem e nomeação de números de 1 a 5 com diversas
tarefas alternadas, que minimizam o efeito de processos automáticos de leitura, exigindo,
geralmente, que o indivíduo apresente seu desempenho de controle inibitório. Sua vantagem é
permitir a exploração do processamento mental e da habilidade de mudança no controle
atencional (Abreu et al, 2016).
Por conta da limitação motora do paciente, para aplicação dos testes que exigiam interação física com
o instrumento, como o D2 e alguns subtestes do WAIS-III, o auxílio da cuidadora de William foi
requerido. Dessa forma, William indicava as ações que queria tomar (riscar uma determinada figura na
folha de papel, por exemplo), e o instrumento era operado conforme suas ordens pela cuidadora.
Referências
Malloy-Diniz, L., Mattos, P.; Abreu, N., Fuentes, D. (2016). Neuropsicologia: aplicações
clínicas. Porto Alegre: Artmed.
Prusokowski, T., Rinaldi, J., Frison, T., Oliveira, A. A. (2012). Reabilitação Neuropsicológica
em paciente adulto com quadro de anóxia cerebral. Revista Neuropsicologia
Latinoamericana, Vol 4. No. 4. 2012, 9-18.

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