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Profª Msc.

Bianca Reis Fonseca


❑ Entrevista: principal instrumento de conhecimento da psicopatologia.

❑ Importância da entrevista:

✓ Diagnóstico clínico;

✓ Dinâmica afetiva do paciente;

✓ Melhor intervenção e planejamento terapêuticos;

✓ Permite realizar os principais aspectos da avaliação: Anamnese e

exame psíquico
❑ Morbidade física mais frequente.
❑ Doenças físicas subdiagnosticadas/avaliação aproximada.

❑ Clínico não examina por “não ser seu doente” e o psiquiatra não

examina por ser “especialista”.


❑ Estigma de “louco” invalida as queixas somáticas.

❑ Exame como forma de aproximação afetiva.


❑ Identificar possível lesão ou disfunção do SNC ou SNP.

❑ Observar assimetria de forças, reflexos.

❑ Sinais e reflexos neurológicos primitivos (lesões frontais/cerebrais

difusas e encefalopatias):
✓ Preensão: Se bilateral, indica, no adulto, lesão/disfunção frontal ou

sofrimento cerebral difuso.


❑ Área desenvolvida pela psicologia clínica.

❑ Mais usados na prática: testes de personalidade e rastreamentos

para organicidade (alterações orgânicas).


❑ Líquor: encefalites, doenças inflamatórias, neoplasias, infecções do SNC.

❑ EEG: diagnóstico diferencial de quadros confusionais agudos,


classificação das diferentes formas de epilepsia e avaliação de transtornos
do sono (polissonografia).
❑ Neuroimagem estrutural e funcional (Tomografia Computadorizada,

Ressonância Nuclear Magnética, Tomografia por Emissão de Pósitrons,


Tomografia Computadorizada de Emissão de Fotón Único): diagnóstico
diferencial em psicopatologia.
❑ Particularidades do entrevistador:

✓A técnica e a habilidade em realizar entrevistas são atributos


fundamentais e insubstituíveis do profissional de saúde mental.
✓ Em parte é aprendida, mas a intuição do profissional também é

importante (sensibilidade de relações pessoais).


✓ Deve ser empático e ao mesmo tempo tecnicamente útil em relação a

entrevista.
✓ Mas sempre mantendo respeito e muita paciência.
✓ Paciente: personalidade, estado mental/emocional e capacidades

cognitivas.
✓ Contexto institucional: PS, enfermaria, ambulatório...

✓ Objetivos: diagnóstico clínico, estabelecimento de vínculo


terapêutico, questão forense.
✓ Personalidade do entrevistador.
✓ Esclarecer ao paciente que ele está sendo visto por um
psiquiatra/psicólogo, que visa ajudá-lo;

✓ Deve ficar claro aos pacientes que as informações fornecidas são

sigilosas. Caso perceba dúvidas, explicitar isto ao paciente.

✓ Esclarecer quando necessário que o sigilo poderá ser rompido se

houver risco para o paciente, seus familiares ou a sociedade.


❑ Posturas rígidas e estereotipadas: acreditar que uma fórmula que funcionou

bem com um paciente pode ser repetido em outros. Cada paciente tem sua própria
bagagem, cultura, valores e linguagem diferentes.
❑ Atitude excessivamente neutra ou fria: em nossa cultura significa distância.

❑ Reações exageradamente emotivas: pode ser interpretada como falsa


intimidade.
❑ Comentários valorativos/emissão de julgamentos o que o paciente relata.
❑ Reações emocionais intensas de pena ou compaixão: o acolhimento pode ser

prejudicado.
❑ Responder com hostilidade ou agressão: principalmente quando o paciente

está agressivo. Deve-se usar tom de voz mais baixo e mostrar que o paciente está
inadequado.
❑ Permitir que o paciente seja demasiadamente prolixo: às vezes para se

esconder, persuadir.
❑ Fazer muitas anotações ao longo da entrevista.
❑ “A primeira impressão tem o seu valor próprio e dificilmente poderá ser

recapturada em ocasiões posteriores...” (Mayer-Gross, 1976).

Tudo é observado pelo paciente

❑ Olhar, comunicação não-verbal,cumprimento, gesto, postura, vestimenta, tom

de voz, modo de sorrir ou expressar, tudo é observado pelo paciente.


❑ Os primeiros 3 minutos da consulta são essenciais. É o momento de

transferência que o paciente estabelece com o entrevistador e reflete muitas


vezes na evolução e tratamento do paciente.
❑ Dizer em bom tom:

1. Nome

2. Profissão e especialidade

3. Razão da entrevista e local

4. Confidencialidade e sigilo

5. Ressaltar a necessidade de colaboração mútua.


❑ Nome completo ❑ Número de filhos

❑ Sexo ❑ Etnia

❑ Idade ❑ Escolaridade

❑ Data de nascimento ❑ Profissão

❑ Naturalidade ❑ Vínculo empregatício

❑ Procedência (lugar de origem) ❑ Religião (Tempo, frequência)

❑ Tipo de residência ❑ Renda

❑ Com quem mora? ❑ Acompanhante

❑ Estado civil ❑ De qual instituição foi encaminhado?


❑ Solicitar ao paciente que relate o motivo, sofrimento, dificuldade ou

conflito que o fez ir à consulta.

❑ Deixe o paciente livre para responder espontaneamente. É uma

forma de poder observar o paciente e também de alívio para este.


❑ Caso haja mecanismo de defesa como “O senhor é jovem”, “Você tem

filhos?”, polidamente explicar que o entrevistador não é o tema da


consulta.

❑ Neste momento é importante evitar o silêncio: procure mostrar sua

presença efetiva fazendo breve resumo do que foi dito, colocações breves,
perguntas abertas, frases como “continue”,“prossiga”.
❑ Na HEA já se propõe uma história completa da queixa ou problema:

1. Início

2. Sintomas

3. Evolução

4. Tratamentos prévios

5. Já passou por outros profissionais

6. Internações prévias

7. Duração

8. Período
❑ Vale lembrar que alguns paciente não tem insight, nível de inteligência,

ou se recusa a responder com clareza tais perguntas.

❑ Em outros momentos pode ocorrer dissimulação (negar voluntário) e

simulação (criar voluntário).

❑ Sempre utilize um acompanhante ou relato de instituições (escola,

trabalho).
História Patológica Pregressa Hábitos de Vida
Álcool
Doenças não psiquiátricas crônicas ou infecciosas
Tabagismo
Cirurgias
Café
Alergias BZD

Problemas legais (processos) Drogas ilícitas (Crack, cocaína, maconha, LSD):


deve-se saber as denominações populares,
Antecedentes de brigas ou agressões
quantidade, frequência e via de administração
História Pessoal
Gestação (desejada ou não) e complicações
Parto e complicações
História Familiar
Desenvolvimento Neuropsicomotor, amamentação
Infância: escola Familiares: idade (ou falecido com qual idade) e
antecedente patológicos (consanguíneo ou não)
Adolescência: relacionamentos/lazer/menarca

Adulto: casamento, sexualidade, amizades, Dinâmica familiar.


emprego

Idoso: evolução dos relacionamentos, aceitação do


envelhecimento e morte.
1. Postura geral: ativa ou passiva.

2. Atitude global: arrogante, deprimida, desconfiada, expansiva, gliscroide, hostil, indiferente, manipuladora,

negativista, sedutora.
3. Aspecto corporal: rosto, olhar, cabelo, unhas, dentes, odor, corpo, tatuagens.

4. Roupas e acessórios: limpas, descuidadas, caras, na moda, desconfortáveis, inapropriadas para clima,

ideológicas, provocante.
5. Higiene

6. Nível de consciência

7. Orientação auto e alopsíquica: consciência humana deve ser plena e absolutamente lúcida para que se
estabeleçam ligações eficientes entre o momento presente e o passado, estabelecendo-se a noção exata do tempo ou da
época em que nos encontramos.
8. Atenção

9. Memória

10. Sensopercepção.
11. Pensamento 21. Insight
12. Linguagem 22. Desejo de ajuda
13. Inteligência 23.Voluntário e involuntário
14. Juízo: é o processo que conduz ao
estabelecimento de relações significativas : Procure escrever essa parte com as palavras do
entre os conceitos básicos. paciente. Primeiro a fim de evitar uso de termos
15.Vida Afetiva técnicos, segundo para mostrar a sua personalidade e

16.Volição: ação de escolher, vontade. valores e terceiro para facilitar a lembrança do caso
numa releitura.
17. Psicomotricidade
18. Consciência do eu
19.Vivência do tempo e do espaço
20. Personalidade
❑ Coloque o diagnóstico psiquiátrico principal e, se houver, secundário, de
acordo com os critérios da CID-10.
❑ Coloque também as doenças orgânicas.

❑ Durante conduta, descrever:

1. Medicamento que já vem utilizando

2. Medicamento que será prescrito

3. Psicoterapia indicada

4. Procedimento sociopsicoterapêutico indicado

5. Modos sugeridos de manejo.


❑ Durante o relato por escrito, há necessidade de organização e coerência. Detalhado no que é

essencial e conciso no que é secundário.

❑ Evite terminologia técnica ou rebuscada.

❑ Transferência (Jung, 1999): processo inconsciente de projeção, no profissional de saúde, dos

afetos que nutria pelos seus pais na infância.

❑ Contratransferência: é a transferência que o profissional estabelece com os pacientes.

Identificar reações de raiva, medo, piedade e carinho são necessários para lidar de forma
racional e objetiva.
1) Entrevista de forma aberta: Organizados, inteligência normal, boa e

razoável escolaridade e fora da psicose.


2) Forma + estruturada, falando mais e com perguntas simples e

dirigidas: Desorganizados, baixo nível intelectual, estado psicótico ou


paranóide,“travados” por alto nível de ansiedade:
3) Perguntas neutras e, depois, mais profundas: Tímidos, ansiosos e

paranoides.
❑ O vínculo é a base de tudo.

1. Deixe o espaço confortável ao paciente.

2. Sua linguagem deve ser compreensível.

3. Receptível, atitude curiosa e atenta.

4. Os 3 primeiros minutos são essenciais.

5. Tenha paciência.

6. Conheça o limite do paciente.

7. Saiba a hora de falar e escutar.

8. Diagnóstico é de evolução.
Referências Bibliográficas:
Básica:
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos
transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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