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Abordagens Terapêuticas
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
SEXUALIDADE......................................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SEXUALIDADE ............................................................................ 9
UNIDADE II
PSICOPATOLOGIAS............................................................................................................................... 31
CAPÍTULO 1
PSICOPATOLOGIAS DA SEXUALIDADE ...................................................................................... 31
UNIDADE III
MANEJO DA SEXUALIDADE................................................................................................................... 63
CAPÍTULO 1
AS PSICOTERAPIAS E SUAS DIFERENTES ABORDAGENS.............................................................. 63
UNIDADE IV
PSICOTERAPIA SEXUAL.......................................................................................................................... 74
CAPÍTULO 1
CASOS CLÍNICOS................................................................................................................... 74
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 84
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
A sexualidade humana apresenta modificações ao longo da história e das mudanças
nas práticas culturais. A visão sobre o que é sexualidade, suas manifestações, interação
com o corpo, a relação entre sexualidade e gênero são todas dependentes do aspecto
cultural.
É sabido que o papel do gênero representa uma função meramente social. A roupa
que o indivíduo veste, os brinquedos fornecidos à criança, o que o indivíduo pode ou
não gostar, entre outros, são itens impostos pela sociedade e pode mudar dependendo
do aspecto histórico e/ou cultural. Em contrapartida o aspecto identitário de gênero
depende de quanto o indivíduo se identifica ou não com o seu sexo de origem, ou seja,
se ele se considera ou não pertecente ao seu sexo.
7
Objetivos
» Compreender a sexualidade humana e os fatores correlatos.
8
SEXUALIDADE UNIDADE I
CAPÍTULO 1
Introdução ao Estudo da Sexualidade
Figura 1.
Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/wOlKpBzfUqmiqI6j22Ed3zrblR6hKGqGTq0IOEAYqeDSgxGwfqq3tn-
s7xxd1GA29qpDiA=s170>.
9
UNIDADE I │ SEXUALIDADE
Figura 2.
Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-npyWsPJ_9vM/UJGWoKAeS4I/AAAAAAAACS8/TFj_5YGiUd0/s1600/
homossesuais+na+antiguidade.jpg>.
10
SEXUALIDADE│ UNIDADE I
Nunes (1987) apresenta também uma análise da prática sexual entre os gregos. Na
comunidade grega o Patriarcalismo predominava. Ocorria forte repressão para a
sexualidade feminina e liberação para a sexualidade masculina. Os homens podiam
apresentar relações extraconjugais tanto com outras mulheres, quanto com outros
homens.
Figura 3.
Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6a/Komos_Staatliche_Antikensammlungen_1432.
jpg/1280px-Komos_Staatliche_Antikensammlungen_1432.jpg>.
Figura 4.
Fonte: <http://www.mamaculpable.com/wp-content/uploads/2016/07/13730841_10153906593004482_732264617129509331
9_o.jpg>.
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UNIDADE I │ SEXUALIDADE
Ainda sob a ótica do autor, durante a Idade Moderna, buscou-se a desconstrução dos
argumentos da Igreja Católica. Iniciou-se a tentativa de um mundo crítico e liberal
onde ocorreria a rejeição dos dogmas impostos durante a Idade Média. É importante
ressaltar que a repressão sexual ainda estava presente na Igreja e em grande parte da
sociedade. Ao final da Idade Moderna e início da Idade Contemporânea, os movimentos
sociais, entre eles o feminismo, ganharam força e pregaram a libertação sexual para
as mulheres. O Capitalismo incorporou a atividade sexual na tentativa de obter lucro.
A mulher passou a ser vista como um objeto sexual pelo meio midiático e o acesso à
prática sexual, muitas vezes, perpassava pela questão monetária. Pode-se perceber que
a visão sobre a sexualidade não é imutável, muda tanto do ponto de vista histórico,
quanto do ponto de vista cultural.
Em Nilotes é comum a extração de no mínimo dois dentes para ficar mais atrativo,
essa extração ocorre, geralmente, antes do casamento. Em Bostuana, a proeminência
dos pequenos lábios da vagina é considerada com uma característica extremamente
libidinosa. Muitas mulheres utilizam diversos procedimentos para que os pequenos
lábios fiquem proeminentes. Em Uganda, o pênis grande é muito bem visto pela
sociedade e apresenta grande valor durante o ato sexual. Alguns homens chegam a
utilizar de diversas ferramentas e procedimentos na tentativa de aumentar o tamanho
peniano.
Os mulçumanos tendem a cortar o clitóris das mulheres, a medida é realizada para que a
mulher não sinta prazer durante o ato sexual. Segundo a cultura supracitada, o sexo não
foi feito para proporcionar prazer para as mulheres, pessoas do sexo feminino podem
se engajar em atividades sexuais somente com a finalidade de procriação. (SPITZNER,
2005)
12
SEXUALIDADE│ UNIDADE I
Figura 5.
Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/EJ9d8W0jTpOYaVcKW2znT3tDgi4kFa2Pg5Ywk4GK-Wva9UqJb_tIavxu_
RltCGJO6UL8jrg=s139>.
É importante ressaltar que a pressão social para depilar-se é muito mais forte para as
mulheres do que para os homens. Na nossa cultura também existe o controle social
no que se refere ao tamanho do pênis. É pregado que somente um pênis grande pode
produzir uma relação sexual de fato prazerosa. O aspecto supracitado é alimentado,
inclusive, pela indústria pornográfica, onde se coloca somente atores com o pênis
grande para atuar. Vale lembrar, que a grande parte dos adolescentes são expostos e
influenciados pela indústria de filmes pornográficos. (SPITZNER, 2005)
Outro aspecto de grande relevância é que dado os movimentos sociais (em especial
o feminismo) a mulher pouco a pouco vem adquirindo seu espaço. Antigamente,
importava somente o prazer masculino, a mulher devia prestar-se ao “serviço de
satisfazer” seu parceiro. Atualmente, o sexo é visto como um processo interacional, ou
seja, tanto o homem quanto a mulher devem sentir prazer. Muitos homens já passam a
preocupar-se com tal fato e muitas mulheres trocam de parceiros, ou tecem críticas,
caso a relação sexual não seja satisfatória. (SPITZNER, 2005)
Vale ressaltar que no Brasil, assim como em grande parte do mundo ocidental, o
Capitalismo de fato tomou conta da atividade sexual. Produtos eróticos, que prometem
maximizar o prazer, medicamentos que visam a um melhor desempenho sexual,
sabonete e desodorante íntimos, camisinhas de diversas cores, sabores e funções, em
suma, o Capitalismo também se apropriou do que tem um forte caráter filogenético: a
atividade sexual. (SPITZNER, 2005)
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UNIDADE I │ SEXUALIDADE
Gênero e sexualidade
Papel de gênero
O sexo refere-se tanto à parte anatômica quanto à parte fisiológica de cada indivíduo.
Em outras palavras, quando se fala em sexo alude-se ao órgão genital e às diferenças
hormonais.
Figura 6.
Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/es7BHRp27ntJ-6kqu5JTX7JN7FlZb7B5llJw84vyvbHbsu2w83Cd7pLFxvPJtkcFRF1Dzg
=s96>.
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SEXUALIDADE│ UNIDADE I
Laqueur (2001) aponta para o fato que o papel de gênero envolverá a função social de
pessoas do sexo masculino e a função social de pessoas do sexo feminino. Esse papel
social ocorre antes mesmo que os pais saibam o sexo do bebê. Desde o momento que se
descobre a gravidez, já se cria uma expectativa em relação ao sexo do bebê, expectativa
essa, que muitas vezes é influenciada pelo aspecto cultural. Quando descobre qual é o
sexo, o papel de gênero torna-se ainda mais atuante. Na compra do enxoval já existe
uma definição muito clara de qual enxoval é para o “menino” e qual é para “menina”. A
escolha é definida pelas cores, desenhos, entre outros.
Quando essa criança atinge o final da infância e início da adolescência, o papel fica
presente em outros contextos, espera-se que o menino tenha logo relações sexuais,
enquanto que a menina só pode realizar a atividade sexual após o casamento. Para os
15
UNIDADE I │ SEXUALIDADE
A Identidade de Gênero
Figura 7.
Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/-0mnHjX0c5tQ/VXc145F61eI/AAAAAAAABgg/WzaaWcWms6k/s1600/7-Reproduc%25CC%25A7
a%25CC%2583o41.jpg>.
16
SEXUALIDADE│ UNIDADE I
17
UNIDADE I │ SEXUALIDADE
Por sua vez, Jesus (2012) argumenta que a identidade de gênero per se não é determinada
socialmente, como é, por exemplo, o papel de gênero. A identidade de gênero se
refere a um aspecto totalmente idiossincrático, dependendo do próprio indivíduo.
Compreende-se por identidade de gênero, a identificação ou não que o indivíduo
apresenta com o corpo ao qual pertence. Refere-se à forma que o indivíduo se enxerga.
Para ilustrar melhor, tomamos o seguinte exemplo: Arthur nasceu com o sexo
masculino, ou seja, nasceu com o órgão genital masculino. Desde pequeno, Arthur
recebeu um conjunto de imposições, como: essa brincadeira é de menino, homem não
chora, homem não pode falar, homem tem que gostar disso e daquilo, entre outros.
Com o passar do tempo, Arthur incorporou o papel social, ou seja, agia conforme era
o esperado, vestia-se da maneira que impunham que ele se vestisse e brincava com os
brinquedos que impunham que ele brincasse.
Entretanto, desde muito cedo, Arthur percebeu que não se identificava com seu corpo,
olhava no espelho e via uma mulher e se sentia como mulher. Sempre sentiu atração por
acessórios femininos e sempre se enxergou como uma mulher, como se estivesse nascido
no “corpo errado”. No caso supracitado, Arthur poderia até portar-se de acordo com o
papel de gênero estabelecido, mas sua identidade de gênero permaneceria imutável.
É importante destacar que identidade de gênero e orientação sexual não podem ser
compreendidas como sinônimos.
Lima (2011) aborda outra questão de extrema relevância, quando o indivíduo apresenta
uma identidade de gênero que não corresponde ao seu sexo, a identidade supracitada
não se trata de um desvio, uma psicopatologia ou uma disfunção psicológica. Essa
mudança na identidade de gênero refere-se única e exclusivamente a uma diferença de
identificação e não a um caráter patológico. Outro ponto extremamente relevante é que
a identidade de gênero não depende de nenhum nível da criação, do ambiente familiar,
ou algo assim.
Lima (2011) relata que nem sempre o indivíduo se identifica com o seu sexo biológico.
Quando o indivíduo não se identifica com o seu sexo de origem, afirma-se que o
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SEXUALIDADE│ UNIDADE I
indivíduo é transgênero. Por exemplo: João nasceu com o sexo biológico masculino
e não se identifica com seu corpo, identifica-se com o sexo oposto, dizemos então,
que esse é um caso de transgênero. Caso esse transgênero futuramente passe por um
procedimento cirúrgico para mudança de sexo, a pessoa passa a ser transexual (pois
envolveu procedimento cirúrgico para mudança de sexo) e transgênero (por não se
identificar com o seu sexo de origem).
Jesus (2012) aponta que o indivíduo pode identificar-se tanto com o masculino quanto
com o feminino, quando o indivíduo se identifica com ambos, é denominado bigênero.
Por exemplo: João nasceu com o sexo biológico masculino e identifica-se tanto com o
feminino, quanto com o masculino.
Lima (2011) disserta sobre outro ponto de grande relevância, pois nem sempre papel e
identidade de gênero andam juntos, a pessoa pode ser transgênero, mas pode utilizar
o papel de gênero convencional. Por exemplo: João é transgênero, logo é considerado
como Maria, entretanto, por uma questão de controle social ela se veste como João.
Transgeneridade e o papel de gênero também podem andar juntos. Maria (que é um
transgênero, pode vestir-se como mulher).
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UNIDADE I │ SEXUALIDADE
Figura 8.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/pic-156353741/stock-vector-vector-symbols-of-sexual-orientation-and-gender.
html?src=undefined-1-0>.
Outro aspecto relevante é que nem todas as pessoas que não se enquadram no papel
social são consideradas como transgêneros. A seguinte situação elucida melhor esse
fato: João se identifica com o seu sexo de origem, ou seja, é transgênero. Entretanto,
João não se enquadra nos papéis de gênero ditados socialmente, não gosta de futebol,
usa roupa de mulheres sempre que tem a possibilidade, por exemplo, em atividades
festivas. Logo, pode-se afirmar que embora João não se enquadre nos papéis sociais
impostos pela sociedade, mesmo assim, ele é considerado como um cisgênero, pois se
identifica com seu sexo de origem.
Jesus (2012) relata que o indivíduo deve ser identificado pela sua identidade de gênero
e não pelo sexo biológico ao qual pertence. Estabelecer esse tipo de relação facilita o
bem-estar da pessoa e diminui a probabilidade de preconceitos. Possibilita aceitar o
outro como ele é e desenvolve, obviamente, a empatia. O psicólogo não vai trabalhar a
“cura” da identidade de gênero, até por não se tratar de uma psicopatologia e, sim, um
evento normal. O psicólogo vai trabalhar na aceitação dessa identidade de gênero e do
ponto de vista social, lutará contra os preconceitos existentes.
A orientação sexual
Antes de iniciarmos o debate sobre a orientação sexual, é importante afirmar que, assim
como no caso da identidade de gênero, a orientação sexual também não é definida pelo
sujeito. Ou seja, não é o sujeito que define a sua orientação sexual, o sujeito é definido
via a orientação, não o oposto. (UZIEL, 2002)
20
SEXUALIDADE│ UNIDADE I
Em outras palavras, orientação sexual não se trata de uma escolha e, sim, de um estado
específico do indivíduo.
Rio (2002) destaca que a orientação sexual, em nenhum momento, pode ser
compreendida como um caráter psicopatológico. Independentemente dela, o indivíduo
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UNIDADE I │ SEXUALIDADE
Outro aspecto de extrema relevância apontado por Stephens (2003) é que a orientação
sexual refere-se ao objeto sexual de desejo pertencente ou não ao mesmo gênero. Por
exemplo: no senso comum, as pessoas afirmam que um homem homossexual é aquele
indivíduo que apresenta desejo/excitação sexual por outro homem. Em contrapartida,
a psicologia analisa que um homem/mulher homossexual seria aquele que apresenta
desejo/atração sexual por pessoas do mesmo gênero. Ou seja, a definição irá referir-se
ao gênero do sujeito e não ao seu sexo. O sexo biológico, por si só, não é relevante. O que
verdadeiramente importa é o gênero do indivíduo.
Essas pessoas não conseguem sentir excitação sexual por outros indivíduos e muitas
vezes podem chegar a nunca ter parceiros sexuais. Esses indivíduos são denominados
como assexuais. É importante destacar que do ponto de vista biológico, não existe ser
humano assexual, esse termo foi empregado apenas para identificar pessoas que não
sentem atração sexual por indivíduos de nenhum gênero. (UZIEL, 2002; ZAMBRANO,
2003)
Segundo Zambrano (2003), por outro lado, podemos pensar em um indivíduo que
nasceu com o sexo biológico masculino, porém essa pessoa nunca se identificou com
seu corpo, logo, é considerada transgênero. Com o passar do tempo ela passou por
cirurgias de modificação de sexo, então nesse caso falamos de um transgênero e um
transexual. E essa pessoa se interessa sexualmente por pessoas do gênero masculino,
logo, afirmamos que se trata de uma pessoa: transgênero, transexual e heterossexual.
As tabelas a seguir visam elucidar melhor as relações supracitadas.
22
SEXUALIDADE│ UNIDADE I
Quadro 1.
Como se pode perceber na tabela acima, é a relação entre o sexo biológico e a identidade
de gênero que determinará o gênero ao qual o indivíduo será pertencente. Ou seja,
dependerá se o indivíduo se identificará ou não com o sexo biológico em que nasceu.
Na tabela que segue, podemos observar claramente a relação entre gênero, identidade de
gênero e orientação sexual. É importante ressaltar que embora esses componentes sejam
independentes, eles auxiliam na nomenclatura e compreensão atribuídas ao fenômeno
da complexa sexualidade humana. Por exemplo, o indivíduo pode ser cisgênero e ser
homossexual, como pode ser transgênero e ser heterossexual. A tabela a seguir ilustrará
melhor as diferentes relações referentes à complexa sexualidade humana. Nota-se, que
sempre iremos referir-nos à identidade de gênero do indivíduo e não ao sexo biológico.
23
UNIDADE I │ SEXUALIDADE
Quadro 2.
Histórias Reais
Figura 9.
Fonte: <http://www.portalcostanorte.com/v1/thumbnail.php?file=gravido2_7d2b58111b952b178b17869c1f985bf3_979928458.
jpg&size=article_medium>.
O indivíduo da foto nasceu com o órgão sexual feminino. Desde os primeiros relatos
se identificou com o gênero oposto ao seu sexo. Atualmente leva uma vida normal e é
casado com uma mulher. Do ponto de vista da teoria do gênero, pode-se afirmar que se
trata de um transgênero heterossexual.
24
SEXUALIDADE│ UNIDADE I
Figura 10.
Fonte: <https://static01.nyt.com/packages/images/sports/year_in_sports/photos/08.27.jpg>.
Figura 11.
Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/-7U5-VS8ui5Y/Ue3o07JvvwI/AAAAAAAA-3Q/VhAba6uMmLM/s1600/21.jpg>.
25
UNIDADE I │ SEXUALIDADE
O casal acima, a pessoa da esquerda nasceu com o sexo feminino e a pessoa da direita
nasceu com o sexo masculino. Ambos são transgêneros, ou seja, se identificaram com
o gênero oposto ao sexo biológico. Ambos passaram por procedimento cirúrgico, o que
os torna transexuais. A orientação sexual dos dois é heterossexual.
Figura 12.
Fonte: <http://sapatomica.com/wp-content/uploads/2016/08/destaque-1.jpg>.
Grande parte das pessoas que apresentam orientação sexual ou identidade de gênero
diferente do tradicional sofrem inúmeros preconceitos. Preconceitos esses que são
passados para todos os indivíduos desde que são crianças. Como frases que desde já
“determinam” a orientação sexual e a identidade de gênero do indivíduo. Pensaremos na
seguinte relação, desde quando o menino nasce e durante todo o seu desenvolvimento
ele escuta relatos como: “isso é coisa de bicha”, “homem não chora”, “você vai pegar
muitas mulheres”, “olha que gatinha”, entre outros. O mesmo ocorre para as meninas:
“meninas não devem sentar assim”, “meninas devem ser delicadas”, “meninas devem
se dar o valor e só podem transar após o casamento” e a mais comum, que ocorre tanto
para meninos como para meninas “existe mulher para transar e mulher para casar”. Ou
seja, a mulher para casar é aquela que se enquadra perfeitamente dentro das normas
sociais, enquanto, a mulher para ficar é aquela que dita as normas sobre seu próprio
corpo. (FERREIRA, 2011)
Ferreira (2010) relata que como nossa sociedade é extremamente machista, tanto os
papeis de gênero quanto a identidade de gênero e orientação sexual “devem” seguir
um padrão estabelecido a priori por normas sociais, torna-se demasiadamente difícil o
indivíduo assumir sua orientação sexual ou assumir sua identidade de gênero.
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SEXUALIDADE│ UNIDADE I
Segundo Lewis (2009), existem pessoas que relatam que nunca assumiram sua
homossexualidade em decorrência do forte preconceito sofrido dentro dos meios
sociais.
A repressão sexual para pessoas que não são cisgêneros e heterossexuais é muito forte
e leva indivíduos que apresentam uma identificação de gênero e orientação sexual
diferentes a um enorme sofrimento psíquico. Em decorrência dos fatores supracitados,
os indivíduos podem demorar muito tempo para assumirem sua orientação e
identificação, ou simplesmente não assumir.
Vale ressaltar que não existe “cura gay” ou “cura” de identidade de gênero, pois não
há o que ser curado, não existe nenhuma doença ou quadro psicopatológico. Uma das
funções sociais do psicólogo é justamente desmistificar essas crenças enrijecidas a
respeito da identidade e orientação sexual.
Ferreira (2008) aponta, ainda, que o próprio meio científico trabalhou durante muitas
décadas afirmando que orientação sexual e identidade de gênero poderiam sim ser
consideradas transtornos psiquiátricos. Nos primórdios da Psicanálise os psicanalistas
declaravam que era algum tipo de perversão sexual, a própria psiquiatria alegou durante
décadas que a orientação sexual que diferia do heterossexual, e, a identidade de gênero,
que diferia do cisgênero poderiam ser considerados como psicopatológicos.
O Manual Estatístico de Doenças Mentais (DSM) abria uma sessão específica para esse
tipo de “transtorno”. Esses problemas históricos levaram indivíduos a procurar a “cura”
e tratar como problema sua condição no mundo. Como se pode perceber, o preconceito
em relação a indivíduos que não são cisgêneros e não são homossexuais é fortissímo. A
falta de conhecimento da comunidade em geral leva esses indivíduos a apresentarem
inúmeros problemas de ordem psicológica.
27
UNIDADE I │ SEXUALIDADE
Ferreira (2010) aponta que existem dois tipos de preconceitos comuns aos homossexuais,
bissexuais, assexuais, transgêneros, bigêneros, andróginos, entre outros. Ele pode ser
velado como pode ser também ostensivo. O preconceito velado é aquele que ocorre de
maneira mais sutil, muitas vezes quase imperceptível por parte das pessoas. Exemplos
são as piadas (forma de propagar preconceito), relatos como “só não pode acontecer
com minha família”; “não tenho nada contra, mas quero distância”; “não me cantando”;
“todos eles apresentam promiscuidade”; “são incapazes de construção familiar”; “devem
ser assim em decorrência de desestrutura emocional”, ou ainda, o discurso repressor
religioso, que é muito frequente e é mascarado, algumas vezes, de benevolência.
O preconceito ostensivo é mais claro e evidente. Pode envolver tanto agressão verbal
como agressão física. Muitos indivíduos são hostilizados e agredidos fisicamente
(podendo chegar ao óbito) na rua, meramente, por apresentar comportamentos que não
são adequados do ponto de vista social. Outro ponto de extrema relevância relacionado
ao preconceito, é que quão mais distante o indivíduo for do padrão desejado, maior será
o preconceito. Por exemplo, se tiver um homossexual ou transgênero que se enquadre
plenamente no papel de gênero estabelecido ao seu sexo de origem o preconceito será
menor que se o indivíduo fugir plenamente ao papel de gênero previamente estabelecido.
Outro aspecto importante é que existe preconceito com os homossexuais e transexuais,
dentro das próprias comunidades homo e trans, por exemplo: um homossexual
cisgênero pode julgar um transgênero, entre outros tantos exemplos.
Estratégias de Segurança
Nota-se que tal afirmação representa uma grande falácia, a culpa é atribuída à vítima,
exemplo: forma de vestir-se, forma de falar etc. Em suma, o indivíduo não pode ser do
jeito que ele é para não sofrer agressões. O problema em questão, não é a vítima, como
28
SEXUALIDADE│ UNIDADE I
nunca é, e, nunca deve ser. O problema é o agressor que foi criado em uma cultura
homofóbica e transfóbica que induz a esse tipo de crime.
» Bahia: 29 registros;
» Alagoas: 24 registros;
Fonte: <http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2634335/mais-um-recorde-brasileiro-numero-de-
assassinatos-de-homossexuais-cresce-31-no-brasil>.
Os dados acima mencionados são alarmantes. Indivíduos são mortos meramente por
serem homossexuais bissexuais ou transexuais. Esses dados demonstram a importância
da realização de políticas públicas para a modificação de uma prática cultural,
infelizmente muito bem estabelecida, que é a homofobia e a transfobia.
29
UNIDADE I │ SEXUALIDADE
Figura 13.
Fonte: <http://www.revistaplaneta.com.br/wp-content/uploads/sites/3/2016/07/15_pl522_unesco2.jpg>.
Outros aspectos que podem ocorrer com homossexuais e transexuais, é o fato de não
conseguirem arrumar emprego pelo mero jeito de “estar” no mundo. Carrara (2005)
afirma que grande parte dos indivíduos homossexuais e transexuais apresenta um
estilo de vida totalmente propenso ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos.
Os indivíduos são marginalizados e sofrem repressão sexual nos seus ciclos sociais. Por
essa razão aumenta a probabilidade dessas pessoas desenvolverem os mais diversos
transtornos, como por exemplo: o transtorno depressivo maior. Outro problema
levantado por Castro, Abramovay e Silva (2004), é que os transexuais muitas vezes
apresentam dificuldade em conseguir emprego formal. Essa dificuldade pode levar os
indivíduos a outras fontes de emprego, como a prostituição.
Nota-se que a forte repressão social sobre pessoas que não são cisgêneros e heterossexuais
é extremamente forte e hostil. Essas relações podem gerar um conjunto de problemas
nesses indivíduos como, por exemplo, transtorno depressivo maior, transtorno de
ansiedade generalizada, transtorno de pânico, entre outros transtornos. (CARRARA,
2005)
É importante ressaltar que não é a identidade de gênero, nem a orientação sexual que
funcionam como agentes causas/eliciadores, dos transtornos supracitados. As variáveis
que aumentam o desenvolvimento dos transtornos são justamente em decorrência do
forte preconceito sofrido por essas pessoas. Preconceito esse que, como já mencionado,
pode ser velado ou manifesto. Preconceito esse, que pode impossibilitar o indivíduo de
entrar no mercado de trabalho, construir uma família e levar uma vida relativamente
normal. Nota-se, claramente, que a questão central é o preconceito, demonstrando
assim, a necessidade de implementação de políticas públicas capazes de alterar tanto o
aspecto social como cultural do preconceito. (CASTRO; ABRAMOVAY; SILVA, 2004)
30
PSICOPATOLOGIAS UNIDADE II
Campell (1986) apud Dalgalarrondo (2008, p.29), define Psicopatologia como um ramo
da ciência que trata da natureza essencial da saúde mental – suas causas, as mudanças
estruturais e funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação.
CAPÍTULO 1
Psicopatologias da sexualidade
Segundo Morris e Maisto (2004), os psicólogos utilizam alguns métodos de pesquisa para
estudar o comportamento humano e os processos mentais. Podemos ver: observação
natural, estudos de caso, os levantamentos, a pesquisa correlacional e os experimentos.
Cada um tem suas vantagens e limitações:
31
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Disfunções
Compreende-se por disfunção sexual, qualquer alteração anatômica, fisiológica e
psicológica que atrapalhe o desempenho sexual da pessoa, podendo levar a uma redução
ou impossibilidade do prazer sexual. (IRVINE, 2005)
32
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Pesquisas realizadas por Junqueira et al. (2008) verificaram que entre 40 e 45% das
mulheres e de 20 a 30% dos homens têm alguma queixa de disfunção sexual. Entre
mulheres com queixas, a prevalência de DSH (Desejo Sexual Hipoativo) varia de 32 a
58% e a disfunção de excitação e anorgasmia giram em torno de 30%. A dispareunia
tem incidência variável e aumenta com o progredir da idade da mulher. O DSH ocorre
mais frequentemente em mulheres em relacionamentos de longa duração.
Ainda com base nessas pesquisas, verificou-se em uma população de mulheres na pré-
menopausa, a queixa sexual mais comum foi o DSH (77%), a disfunção de excitação
ocorreu em 62% e a dificuldade para alcançar o orgasmo foi referida em 56% das
pacientes.
33
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Quadro 3.
Abaixo falaremos de maneira mais detalhada sobre algumas das disfunções sexuais
citadas acima e abordaremos outras que não foram faladas.
34
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Sociais no sentido de ter dificuldade em manter parceiros sexuais fixos, devido à alta
demanda da atividade sexual, e, ocupacional, pois acontece do indivíduo parar seu
trabalho para emitir atos libidinosos, como por exemplo: a masturbação. Pessoas que
apresentam o comportamento sexual compulsivo podem realizar sexo de maneira
indiscriminada, ou seja, pode fazer sexo com qualquer pessoa, simplesmente por
uma questão de satisfação física. O transtorno do comportamento sexual compulsivo,
não se deve ao uso de substâncias. Suponhamos que o indivíduo esteja utilizando o
popularmente conhecido “Viagra” e apresente os sintomas acima descritos, não se pode
afirmar que ele tenha o transtorno, uma vez que estará sobre o efeito do medicamento.
Figura 14.
Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/GBm3wtoBFo-b8xmy0XptHDg5G5Uz3GwxGnFTNu3YP_mtC0ryfDRB7pYHED02TIhVE_
Jp=s90>.
35
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
36
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Figura 15.
Fonte: <http://www.ikub.al/cache/images/c2/c2cf32b5-acc1-47c6-b8e5-1539a88e6772---0-.jpg>.
Transtorno do orgasmo
37
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Outro aspecto relevante é que isso não se deve exclusivamente ao uso de substâncias.
Um transtorno que apresenta a função oposta ao transtorno do orgasmo é a ejaculação
precoce. Durante a ejaculação precoce o indivíduo rapidamente obtém o orgasmo,
em alguns relatos pode obter a ejaculação antes mesmo do início da relação sexual.
Existe uma forte correlação entre ejaculação precoce e ansiedade, bem como, poucas
experiências sexuais.
Figura 16.
Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-OlYhZd5AIr0/T9eidCBElbI/AAAAAAAAFSQ/3gbyxhMBV44/s1600/100_0481-3.JPG>.
Zaluar (1999) aponta que essas situações levam as mulheres a um grande desconforto,
uma vez que ocorrem de maneira descontextualizada e podem ser percebidos por
outras pessoas. Levando muitas vezes a paciente a ter um conjunto de prejuízos
sociais/ocupacionais. Sociais em decorrência de poder afastar as pessoas da paciente; e
ocupacionais, pois pode atrapalhar em diversas funções, como, por exemplo, trabalho,
estudos, entre outros. A incerteza sobre o tratamento e a quantidade insuficiente de
profissionais capacitados, faz com que, muitas vezes, a mulher nem procure tratamento,
ou mesmo chegue a procurar e desista em decorrência da não obtenção de resultados
positivos. Outro aspecto importante é que o tratamento para o transtorno da excitação
sexual persistente, obrigatoriamente tem que ser multiprofissional.
Montoro (1999) aponta para o que fato que existem relato de mulheres que aprenderam
a se adaptar aos sintomas do transtorno. Sentindo muitas vezes prazer e sabendo lidar
38
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Zaluar (1992) descreve que existem queixas comuns em mulheres que apresentam o
transtorno. Existem respostas fisiológicas que ocorrem durante o período de excitação,
entre essas respostas destacam-se a vasocongestão genital e sensibilidade nos seios.
É importante ressaltar que as respostas fisiológicas só cessam após a paciente obter
o orgasmo. Outro aspecto importante é que a excitação sexual não cessa como ocorre
comumente com outras mulheres, para cessar, a mulher tem que apresentar orgasmos
múltiplos ou orgasmos que durem horas. As atividades relacionadas ao orgasmo
ocorrem na ausência de qualquer estímulo que possa produzir excitação sexual. Outra
queixa comum é que pode ocorrer durante a atividade sexual, mas nem sempre ocorre.
E a queixa final encontrada refere-se ao fato que a excitação sexual é compreendida
como algo intrusivo e indesejado, ou seja, não depende da vontade da paciente.
39
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Figura 17.
Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-mpO5gzMREzE/T9eg_ORIiRI/AAAAAAAAFR4/WdoflUBMuzo/s1600/mulher+verm2.jpg>.
Outro aspecto de fundamental importância é que os dados clínicos apontam que não
existe uma etiologia específica para tal transtorno. Os relatos das pacientes são os mais
diversos possíveis. Algumas pacientes relatam que começaram a sentir os sintomas
após algumas reposições hormonais. Outras pacientes relatam que apresentaram os
sintomas após ingerir medicamentos inibidores da receptação de dopamina serotonina,
entre outros. Pacientes ainda relataram que geralmente apresentam os sintomas quando
passam por momentos difíceis em suas vidas, período de estresse ou de tremenda
ansiedade.
Pacientes relatam também frustração com a atividade sexual e poucas pacientes relatam
já ter sido abusada sexualmente durante a infância ou durante o início da adolescência.
Embora existam diversas hipóteses, a etiologia ainda permanece desconhecida.
(ZALUAR, 1992)
40
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Figura 18.
Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/_YliehjkfxUc/TJGaIGkyTBI/AAAAAAAAEuA/ukAZVV93zt8/ejaculacao-precoce.jpg>.
Durante muitos anos a ejaculação precoce não foi considerada como problema, por não
liberar o intercâmbio social nem a liberação do orgasmo. Entretanto, é sabido, que a
ejaculação precoce produz inúmeros problemas, não só sexuais, mas como relacionais.
Partindo do pressuposto que a psicologia visa enxergar o indivíduo como um todo, a
ejaculação precoce afeta diversos componentes da vida dos indivíduos. (LEIBLUM,
2011)
Segundo Leiblum (2011), a ejaculação precoce tem aumentado cada dia mais. Indivíduos
e casais procuram o atendimento psicoterapêutico na esperança da resolução do
problema, problema esse que afeta toda a atividade sexual. Existem várias formas de
manifestação da ejaculação precoce, o indivíduo pode ejacular em poucos segundos
após a penetração, pode ejacular antes da penetração, somente com a proximidade
íntima e pode ejacular só em ver a parceira despida.
41
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Figura 19.
Fonte: <https://i.ytimg.com/vi/_wazoKZ94CE/hqdefault.jpg>.
42
SEXUALIDADE│ UNIDADE I
Dispareunia e vaginismo
Figura 20.
Fonte: <http://s03.s3c.es/imag/_v0/770x420/2/e/9/Infeccion-urinaria-salud-getty-770.jpg>.
O vaginismo é uma patologia onde a mulher sente dores frequentes na região genital.
Outro aspecto que deve ser relatado, é que a paciente pode apresentar espasmos
43
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Tanto o vaginismo como a dispareunia são patologias que envolvem disfunção da dor.
Dados recentes têm mostrado que as patológicas podem ocorrer concomitantemente. Os
tratamentos têm apresentado resultados restritos e as melhoras comumente demoram
a ocorrer. (LEIBLUM, 2011)
As pessoas podem apresentar as dores antes do ato sexual, durante ou após a relação
sexual. Com isso, o ato sexual pode adquirir propriedade aversiva, em alguns casos
as pessoas podem engajar-se na relação sexual para agradar o parceiro(a), com esse
fato fora a relação sexual ter caráter aversivo, o próprio(a) parceiro(a) pode adquirir.
O que pode atrapalhar toda a relação do casal, não somente a relação sexual. Em
decorrência do vaginismo e da dispareunia, psicopatologias podem ocorrer. É comum a
correlação entre vaginismo/dispareunia com transtorno depressivo maior e transtorno
da ansiedade generalizada. (LEIBLUM, 2011)
44
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
45
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Quadro 4.
Paciente:
Nome: ____________________ Idade: ___________________ Profissão: ______________
Estado civil: _____________________________ (tempo de relacionamento)
Escolaridade: ____________ Religião: ________________ Situação econômica: _________
Cônjuge:
Nome: _______________________ Idade: ________________ Religião: _______________
Escolaridade: _____________ Situação econômica: _____________ Hábitos: ___________
Queixa principal: ____________________________________________________________
HMA:
Antecedentes pessoais patológicos:
Hipertensão arterial, diabetes tipo I e II, hiperprolactinemia, hiper ou hipotireoidismo, uso de medicamentos (anticoncepcional hormonal,
antidepressivos, ansiolíticos...), hábitos (álcool, fumo, drogas em geral).
Antecedentes gineco-obstétricos:
Menarca: _____________ DUM: ________________ G_____ P_____ A_____ C_____
Ciclos menstruais: intervalo e duração _______________________________________
Patologias gineco-obstétricas: _______________ Cirurgias gineco-obstétricas: ___________
Anticoncepção: _______________ Idade da menopausa: ____________________________
Terapia hormonal: ______________________
História sexual:
Número de parceiros: ____________
Frequência de coitos (semana): ____________
História de abuso sexual: sim____ não_____ grau de parentesco
46
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Perversões
O termo “perversão” é utilizado desde os primórdios do movimento psicanalítico.
Utilizaremos o termo para referir-nos ao desvio do objeto sexual. O objeto sexual é
aquele pelo qual o indivíduo sente prazer/atração sexual. Comumente esse objeto
sexual é uma pessoa, viva, adulta e a relação sexual final perpassa pela questão do coito.
(PEIXOTO JUNIOR, 1999)
Necrofilia
Segundo Warburton (2001) a necrofilia envolve a excitação sexual por pessoas mortas.
Existem relatos antigos, porém raros, referentes à necrofilia. A perversão sexual pode
atingir tanto homens quanto mulheres, embora, sejam mais comuns em homens.
» existem aqueles que partem para a ação e procuram os mortos para ter
relação sexual e
» existem aqueles que chegam a matar as pessoas, para assim, ter relação
sexual com o cadáver.
47
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Figura 21.
Fonte: <https://vimeo.com/152230885>
Outro aspecto importante é que o necrófilo pode excitar-se sexualmente com cadáveres
em diferentes níveis de decomposição. Tem indivíduos que se excitam com cadáveres
que acabaram de morrer, outras pessoas podem excitar-se com cadáveres com nível
avançado de putrefação.
Ted Bundy, dos EUA, está entre os mais famosos de todos os serial killers e entre seus
numerosos crimes estava a necrofilia. Sua história serviu de inspiração para o filme
“Silêncio dos inocentes”. A primeira instância registrada de Bundy fazendo sexo com
um cadáver envolvia o assassinato, em 1975, de Lynette Culver, uma garota de 12 anos
de idade, de Idaho.
De modo chocante, Bundy admitiu ter atraído Culver da escola, levado-a para um
quarto de hotel, a afogado na banheira, e então agrediu sexualmente antes de descartar
seu cadáver em um rio.
Posteriormente, Bundy admitiu ter vitimado mais de 100 pessoas. Ele também narrou
ter revisitado os cadáveres de suas vítimas para prepará-las e realizar atos sexuais
com elas até que os corpos estivessem decompostos ou fossem destruídos por animais
selvagens.
Fonte:<http://top10mais.org/top-10-chocantes-casos-reais-de-
necrofilia/#ixzz4MiSAUQ25>
48
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Zoofilia
Segundo Vasconcelos (2009), a zoofilia envolve a excitação sexual por animais dos mais
diversos tipos, sendo assim, não existe uma espécie específica de animal que produza
excitação no zoofólico.
O indivíduo que apresenta zoofilia, pode ter fantasias e/ou comportamentos, isto é,
o indivíduo pode só imaginar-se tendo relação com animais, como pode de fato ter a
relação sexual com os animais.
Figura 22.
Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/78eMCT5I7ppsOF52I6yzaQjvRyDQC7AOWiL26hvmSpJEDjzVl4VFIsMvUwgZM2m8ze4N
=s107>.
Coprofilia
Para Wamburton (2001), a coprofilia é uma perversão sexual muito rara. Na coprofilia,
o indivíduo sentirá excitação sexual com a presença das fezes durante o ato sexual.
O indivíduo pode simplesmente fantasiar as fezes durante a relação sexual, como podem
também, emitir comportamentos, tendo relações sexuais envolvendo fezes.
Alguns indivíduos sentem prazer em defecar no outro durante o ato sexual. Outras
pessoas apresentam o prazer em ser defecado durante a relação sexual. Outro tipo de
coprofilia é a coprofagia. Na coprofagia o indivíduo sente prazer em ingerir as fezes.
A coprofagia é ainda mais rara que a coprofilia.
49
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Voyeurismo
Figura 23.
Fonte: <http://i12.photobucket.com/albums/a229/whips_/aaa6.jpg>.
Segundo Gotlib e Galvão (2000), o voyeurismo envolve o prazer em ver outra pessoa
nua, masturbando-se ou tendo relação sexual. O voyeurismo pode ser considerado
como uma atividade “normal” desde que exista o consentimento de todas as partes
envolvidas. O voyeurismo também pode adquirir caráter psicopatológico, quando o
50
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Agorafilia
Segundo Athanasio (1983), a agorafilia envolve a prática de atividades sexuais em locais
públicos e não permitidos socialmente. O indivíduo, nesse caso, sente prazer em infringir
a lei e com a possibilidade de ser pego cometendo o ato sexual. A agorafilia não deve
ser confundida com exibicionismo. Na agorafilia o prazer está em realizar a atividade
sexual em local público. No exibicionismo o prazer está em mostrar os órgãos genitais.
Os lugares mais escolhidos pelos casais são parques, banheiros públicos, banheiros de
avião, cinemas, teatros, carros, elevadores e provadores.
Figura 24.
Fonte: <http://www.kaotique.com/wp-content/uploads/2007/11/faire-amour.jpg>.
51
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Sadismo
Figura 25.
Fonte: <https://lh3.googleusercontent.com/rjqOfbKj64tXctceXmh4Iq_47GaIKDJfteA8EeDKyqAJi1r7b5Wx21axPLtQPzj4Mh-
cAA=s138>.
O sadismo pode ser sexual, como pode ser também não sexual.
Para alguns psicanalistas, como por exemplo, Freud, o indivíduo sempre apresenta
os componentes juntos, ou seja: sadomasoquismo. No presente texto, por uma mera
questão didática, trataremos o conceito diferencialmente.
52
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Masoquismo
Figura 26.
Fonte: <http://45.55.243.171/img/thumbs/bc8da3e888e061638975fbe9df6cf256.jpg>.
53
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Segundo Fortes (2007), tudo que é experimentado com intensidade tem como condição
necessária o “consentimento à dor”. Por isso mesmo podemos destacar a noção de
masoquismo como um lugar teórico que não visa ao adormecimento da excitação.
Mais do que uma relação com a dor propriamente dita, o masoquismo é uma posição
de vulnerabilidade, de abertura, de acolhimento à excitação. Ao permitir a presença
simultânea do prazer e da dor, o movimento do masoquismo consiste não em opor
resistência à dor, mas, ao contrário disso, em “consentir à dor”, abrindo a possibilidade
de uma relação ao prazer que se inscreve como uma brecha na hegemonia do princípio
de prazer.
Pedofilia
Figura 27.
Fonte: <http://www.blogdavania.com/upload/fotos/modelos/17/dbee379eb2f61e298d2eb86754154e64.jpg>.
Segundo Parker (1999), nem todo quadro que envolve sexo com criança caracteriza
uma situação psicopatológica. Por vivermos em uma cultura extremamente machista,
onde a cultura do estupro prevalece, podemos ter casos em que essas relações nada
mais são que produtos culturais. Entretanto, Montoro (1999) salienta que a pedofilia
abrange excitação sexual por crianças. É importante ressaltar que esse desejo sexual
pode ocorrer por crianças de diferentes faixas etárias, desde recém-nascidos até pré-
adolescentes.
54
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
seu desejo iminente e, compulsividade, no que diz respeito a querer ter relações sexuais
com crianças com alta frequência.
Montoro (1999) ainda relata que a grande parte das relações que envolvem a pedofilia
ocorre dentro do próprio núcleo familiar, o pedófilo tende a ser um indivíduo atraente
e de confiança da vítima. Não se sabe ao certo a etiologia da pedofilia. O que se pode
afirmar é que existe uma correlação entre abuso sexual infantil, educação hostil e a
pedofilia. A maior parte das vítimas de pedofilia são meninas e nem sempre ocorre a
penetração.
Como se pode perceber pelos dados apresentados, a maior parte dos pedófilos apresenta
idade entre 18 e 40 anos, a incidência de pessoas da mesma família também é alta,
por exemplo, pai, tios, avós, primos e padrastos. Outra questão relevante é o perfil da
vítima.
A maior parte das vítimas, cerca de 80% é de mulheres. Esse dado é influência do forte
machismo. Cultura essa que prevalece, traz inúmeros prejuízos e trata as mulheres
como mero objeto sexual. A faixa etária das vítimas em sua maior parte tende a ocorrer
entre 7 e 13 anos e cerca de 35% das crianças abusadas sexualmente apresentam menos
de 7 anos. Outro dado importante é que a pedofilia independe de etnia, classe social,
nível de instrução ou religião. Esses dados são alarmantes e demonstram a importância
de preparar intervenções de caráter emergencial para suprimir tais atos.
A criança quando sofre violência sexual, pode apresentar alguns sintomas. A criança
pode ficar apática, diminuir o rendimento escolar, apresentar comportamentos
além ou aquém da fase desenvolvimental, irritabilidade, choro, vocabulário
demasiadamente sexualizado, desenhos que exaltem a figura genital, entre outros.
Atentar-se aos comportamentos supracitados é de fundamental importância para todo
o acompanhamento psicoterapêutico. (PARKER, 1999)
55
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Figura 28.
Fonte: <http://www.herniadedisco.com.br/wp-content/uploads/2013/11/dor-costas-vida-sexual-afetada.png>.
56
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
se que pessoas que apresentam diabetes, tendem a ter de 3 a 5 vezes mais problemas de
excitação sexual do que pessoas que não apresentam. Esse dado é alarmante, uma vez
que, a diabetes, por si só, já provoca um conjunto de restrições na vida do indivíduo e
exige um conjunto de mudanças de hábitos.
O indivíduo passa a ter que alimentar-se com alimentos de baixa caloria, comendo de
três em três horas e alguns alimentos, como por exemplo, doces e bebidas alcoólicas,
devem desaparecer da vida da pessoa, sem contar que a atividade física passa a ser
fundamental para o indivíduo. Algumas pessoas podem ter que tomar injeção de
insulina e fazer aferição da glicemia diariamente, o que modifica ainda mais, a rotina do
indivíduo. Fora as mudanças de vida e restrições previamente apresentadas, o paciente
ainda pode apresentar dificuldade de ereção/excitação sexual. Outra queixa muito
comum é a de dor durante a relação sexual. Todos esses fatores podem prover inúmeros
sofrimentos para os pacientes com diabetes. (LEIBLUM, 2011)
Outra patologia que pode gerar problemas em relação à atividade sexual é a hipertensão
arterial. A correlação entre a hipertensão e problemas durante o ato sexual é muito alta.
A doença em si pode afetar a libido, atuando na redução libidinal e os medicamentos
para tratar a hipertensão arterial tendem a afetar toda a atividade sexual também. Os
fatores supracitados produzem sofrimento na vida das pessoas e, podem, inclusive,
dificultar a adesão dos indivíduos ao tratamento farmacológico. (LEIBLUM, 2011)
Figura 29.
Fonte: <http://www.sevenfisioterapia.com.br/wp-content/uploads/2014/07/Pilates-nas-doencas-neurologicas.jpg>.
57
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Caso ocorra de a espinha sacral ser lesada, pode ocorrer a perda potencial da excitação
sexual. Outro aspecto importante de ser ressaltado, é que danos cerebrais tendem a
produzir menor energia e interesse em iniciar o sexo, causando, assim, uma baixa
de testosterona. Pessoas que apresentam Parkinson tendem a ter dificuldade com a
excitação sexual e com o orgasmo. Cerca de 80% dos pacientes tendem a relatar que
tem grande dificuldade em excitação sexual e mesmo os que conseguem ter excitação,
apresentam dificuldade na obtenção do orgasmo. Aproximadamente 70% dos pacientes
que apresentam casos de esclerose múltipla, tendem a apresentar algum tipo de
disfunção sexual. (LEIBLUM, 2011)
Figura 30.
Fonte: <http://www.sevenfisioterapia.com.br/pilates-nas-doencas-neurologicas/>
A disfunção sexual de pacientes com câncer é muito grande e tende a piorar com
o avanço da doença. Inúmeras variáveis afetam a disfunção sexual, entre elas
58
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Pacientes com metástase (quando o câncer se espalha para outros órgãos) apresentam
disfunção sexual de maneira mais efetiva que pacientes que não apresentam metástase.
O tipo de tratamento também pode interferir, quimioterapia, radioterapia, entre outros.
E a duração do tratamento também, até mesmo pelo desgaste físico, emocional e social
do paciente. (LEIBLUM, 2011)
As disfunções sexuais mais comuns em pacientes que apresentam câncer são: transtorno
do desejo sexual hipoativo – o indivíduo apresenta uma redução no desejo sexual de
maneira global; disfunção erétil – o indivíduo apresenta dificuldade em apresentar
ereção peniana; excitação sexual feminina – a paciente apresenta dificuldade em
apresentar lubrificação vaginal. (LEIBLUM, 2011)
59
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Figura 31.
Fonte: <http://chabeneficios.com.br/wp-content/uploads/2013/07/chas-que-agem-contra-a-depressao.jpg>.
Outra questão que pode ocorrer e deve ser levada em consideração é a atividade sexual e
o interesse sexual permanecerem constantes, mas a satisfação sexual diminuir, ou seja,
o indivíduo faz sexo com a mesma frequência (a dimensão quantitativa permaneceu
a mesma), entretanto, o indivíduo não consegue obter satisfação sexual (a dimensão
qualitativa reduz).
Figura 32.
Fonte: <http://crisedeansiedade.com/wp-content/uploads/2015/02/ansiedade.jpg>.
60
PSICOPATOLOGIAS │ UNIDADE II
Figura 33.
Fonte: <http://www.ellitoral.com/diarios/2009/10/24/nosotros/NOS-20-web-images/MASCARAS_fmt.jpeg>.
61
UNIDADE II │ PSICOPATOLOGIAS
Nos transtornos psicóticos, o indivíduo tende a perder a censura e, com isso, a prática
sexual pode ocorrer em locais públicos e de forma indiscriminada. Prática essa que pode
envolver masturbação ou sexo com outras pessoas. Geralmente, o interesse, a excitação
e o desempenho são alterados, ocorrendo uma diminuição desses. A diminuição pode
ocorrer em decorrência do transtorno em si, como pode ocorrer em decorrência dos
medicamentos, no caso, dos antipsicóticos. (LEIBLUM, 2011)
Figura 34.
Fonte: <http://www.nucleointegrado.med.br/wp-content/uploads/2014/04/drogas03-300x269.jpg>.
As drogas, lícitas e ilícitas, afetam a vida sexual de maneira diferenciada. Homens que
utilizaram anfetaminas relataram maior excitação sexual, orgasmo intensificado e
maior duração do intercurso sexual. Em contrapartida, mulheres usuárias de crack e
cocaína, relataram perda da libido. A utilização da heroína pode levar a dificuldade de
excitação e desejo sexual.
O uso crônico de álcool pode atrapalhar a resposta sexual tanto em homens, como
em mulheres. Nos homens, pode levar a disfunção erétil e a ejaculação retardada. Os
medicamentos também podem afetar a atividade sexual, por exemplo, antipsicóticos,
antidepressivos e ansiolíticos podem reduzir a libido e levar a ejaculação retardada.
62
MANEJO DA UNIDADE III
SEXUALIDADE
O ato de analisar pacientes é uma tarefa árdua em função de muitos fatores, entre eles
a análise da transferência do paciente e a compreensão da própria contratransferência
do analista. Aprender a manejar a transferência e a contratransferência eróticas é um
dos pontos mais difíceis na formação do psicólogo.
CAPÍTULO 1
As psicoterapias e suas diferentes
abordagens
Gestalt-Terapia
A Gestalt-Terapia tem como seu precursor Perls. Ele era psicanalista e com o decorrer
do tempo foi afastando-se da teoria freudiana. A Gestalt-Terapia tem sua base
epistêmica no Humanismo, no Existencialismo, na Fenomenologia e na Teoria de
Campo. Preocupa-se muito mais em como o fenômeno psíquico ocorre do que porque
ele ocorre. A Gestalt-Terapia volta sua preocupação para o aqui e agora e não considera
o indivíduo prisioneiro de amarras inconscientes.
63
UNIDADE III │ MANEJO DA SEXUALIDADE
Figura 35.
Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/-sHqIyLXT48s/Th2j8XTjTRI/AAAAAAAAAB0/IZnsXof47FA/s1600/images%255B2%255D.jpg>.
Segundo Perls, o ser humano não está pronto. Ele se modifica constantemente para se
defender de suas vivências. Ou seja, para Perls o ser humano é um eterno devir, isto
é, não está pronto, aprende a todo o momento. Perls, ainda, ressalta a importância de
o cliente buscar constantemente o “contato” tanto com o ambiente, como com outras
pessoas. Para a Gestalt- Terapia esse contato envolve tomar consciência de si, do mundo
e dos outros, para situar-se no mundo.
De acordo com Perls (1977), outro ponto interessante sobre a Gestalt-Terapia é que
o ser humano é considerado como um ser livre. Não é prisioneiro nem de conflitos
inconscientes e nem de variáveis ambientais, sendo assim, o homem é livre para
escolher. Entrar em contato com a possibilidade dessas escolhas produz mudanças que
podem apresentar importância terapêutica. A visão de liberdade da Gestalt-Terapia é
influenciada pela corrente filosófica: o Existencialismo.
64
MANEJO DA SEXUALIDADE│ UNIDADE III
Terapia cognitivo-comportamental
Aaron Beck é considerado como o precursor da terapia cognitivo-comportamental. A
princípio, a Psicoterapia era considerada apenas como cognitiva, para, posteriormente,
ser considerada como terapia cognitivo-comportamental. (BECK, 2005)
Segundo Beck (2005), a terapia cognitiva comportamental adota uma visão construtivista
do ser humano. Ou seja, a terapia cognitivo-comportamental tem como base um caráter
representacional. Em outras palavras, o que preocupa o terapeuta seria não o evento
per se, mas a representação mental desse evento.
Para Beck (2005), a psicoterapia basear-se-á na tríade cognitiva. Tríade essa que
envolve os seguintes componentes:
» cognições;
» emoções;
» comportamentos.
65
UNIDADE III │ MANEJO DA SEXUALIDADE
De acordo com Judith Beck (2013), quando as pessoas conseguem analisar seu
pensamento de forma mais realista e adaptativa, elas obtêm uma melhora significativa.
Para que haja uma melhora duradoura no humor e no comportamento do paciente, os
terapeutas cognitivos trabalham em um nível mais profundo de cognição: as crenças
básicas do paciente sobre si mesmo e as outras pessoas.
Ainda sob a ótica da autora (2013, p. 27), os princípios básicos da terapia cognitivo-
comportamental são os seguintes:
66
MANEJO DA SEXUALIDADE│ UNIDADE III
“A estrutura das sessões é bem parecida para os vários transtornos, mas as intervenções
podem variar consideravelmente de paciente para paciente.” (BECK, 2013, p. 31)
67
UNIDADE III │ MANEJO DA SEXUALIDADE
Figura 36.
Fonte: <http://www.positivepsychotherapy.it/img/psicologiapositiva.jpg>.
68
MANEJO DA SEXUALIDADE│ UNIDADE III
Por exemplo, suponhamos que há milhares de anos existissem dois grupos de pessoas:
pessoas que tremiam e se arrepiavam na presença de baixa temperatura e pessoas
que não tremiam e não se arrepiavam na presença de baixa temperatura. Ocorreu um
forte inverno, com essa mudança ambiental aqueles indivíduos que se arrepiavam e
tremiam na presença de baixas temperaturas sobreviveram ao frio, em contrapartida
os indivíduos que não apresentavam essas características não sobreviveram ao frio.
Os indivíduos do grupo que sobreviveu transmitiram seus genes e essas características
foram herdadas, ou seja, provavelmente, arrepiamos e trememos na presença de baixa
temperatura em decorrência da importância filogenética desse tipo de respostas.
69
UNIDADE III │ MANEJO DA SEXUALIDADE
70
MANEJO DA SEXUALIDADE│ UNIDADE III
Psicoterapia positiva
Fonte: <http://www.pursuit-of-happiness.org/wp-content/uploads/2010/07/Martin-Seligman-Photo.jpg>.
Segundo Seligman, Rashid e Parks (2006), a psicoterapia positiva surge como uma crítica
ao remédio amplamente divulgado na década de 1980. O Prozac era conhecido como a
71
UNIDADE III │ MANEJO DA SEXUALIDADE
Para Seligman, Rashid e Parks (2006) reduzir o mal-estar não é equivalente a promover
o bem-estar. Os autores ainda salientam a importância de sair do modelo médico
tradicional, em que o objeto de estudo eram os transtornos mentais e o sofrimento
humano. Segundo Seligman, Rashid e Parks, o objeto de estudo seriam os eventos
positivos, ou seja, a Psicologia deveria pautar-se em eventos positivos e não em eventos
negativos. Deveria focar-se em relações como: talentos, resiliência, alegria, gratidão,
generosidade, otimismo, amor, esperança, entre outros. Ao focar no lado positivo, o lado
negativo naturalmente reduziria de frequência. A psicoterapia positiva visa aproveitar
ao máximo a potencialização do lado positivo humano, buscando, assim, encontrar um
sentido para a vida.
Psicanálise
Fonte: <http://www.ruizhealytimes.com/sites/default/files/styles/una_pagina_custom_user_standard_layout_1x/public/
articles/2014/09/sigmund_freud.jpg?itok=os3XYdCW>.
prazer. Para Freud a sexualidade humana referia-se a tudo que envolvesse o prazer e
essa sexualidade se modifica com o tempo, o que Freud denominou de desenvolvimento
psicossexual.
O menino desenvolverá sua energia libidinal para a mãe e terá como concorrência o
pai, para conquistar a mãe o indivíduo se identificará com o pai, ou seja, adotará as
características paternas. O mesmo ocorre para as meninas, mas de maneira inversa. Na
fase genital se espera que a zona erógena esteja presente nos órgãos genitais. É importante
ressaltar que os fenômenos denominados como “regressão” e “fixação” podem ocorrer.
Regressão é quando o indivíduo regride alguma fase do desenvolvimento psicossexual.
Fixação é quando o indivíduo não consegue desenvolver-se psicossexualmente, pois se
encontra fixado em alguma das fases.
73
PSICOTERAPIA UNIDADE IV
SEXUAL
CAPÍTULO 1
Casos clínicos
74
PSICOTERAPIA SEXUAL │ UNIDADE IV
Nick deve entrar em contato com o seu próprio funcionamento, tanto sexual como
em relação à vida conjugal como um todo. Quando se fala em entrar em contato,
refere-se a ele ter a consciência sobre seu próprio funcionamento. Caso seja desejo de
Nick mudar a sua forma de relacionar-se com o sexo, a atividade sexual deve tornar-se
uma figura para sua vida, tornando assim, uma fonte de prazer e não uma atividade
de caráter obrigatório. Caso não seja desejo de Nick mudar sua forma de relacionar-se
sexualmente, ele deverá ter plena consciência que é livre para tal ato, porém deverá
assumir a responsabilidade pelas suas escolhas. Escolha essa, que poderá afetar todo o
relacionamento entre Nick e Susan.
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Figura 39.
Fonte: <http://cdn.doutissima.com.br/wp-content/uploads/2015/08/terapia-sexual2.jpg>.
Outro aspecto importante seria realizar um atendimento de casal com Nick e Susan,
uma vez que o problema deles tem caráter interacional. Deve-se permitir o contato
entre os dois, a possibilidade de tomar consciência sobre o funcionamento de todo o
relacionamento, quais são as fontes de prazer e como elas são obtidas e a compatibilidade
entre figura e fundo da relação do casal como um todo. É importante ressaltar que a
análise do caso supracitado, é uma análise superficial, tendo como base os pressupostos
da Gestalt-Terapia. Em um contexto real, a análise seria mais aprofundada e as vivências
mais ricas e complexas.
A pergunta essencial em minha mente era o que seria diferente dessa vez.
Com certo embaraço, John revelou que fora intimidado por Kim. Ela era
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Figura 40.
Fonte: <http://i0.wp.com/www.psicologiamsn.com/wp-content/uploads/2014/03/terapia-cognitivo-comportamental.
jpg?resize=350%2C200>.
Alterando todo esse aspecto cognitivo, espera-se que as emoções sejam alteradas
também. Por exemplo, a partir do momento em que John enxergar uma relação de
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PSICOTERAPIA SEXUAL │ UNIDADE IV
Figura 41.
Fonte: <http://media.nbcchicago.com/images/1200*798/custom_1223390183410_unhappy_sex.jpg>.
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boa relação. Uma relação amistosa e empática. Para que o cliente, assim, sinta-se a
vontade em relatar suas problemáticas, principalmente em relação a um assunto que
envolve um grande tabu dentro da nossa cultura: a atividade sexual. É importante
ressaltar que a análise de caso supracitado é uma análise superficial, tendo como base
os pressupostos da terapia analítico funcional (FAP). Em um contexto real, a análise
seria mais aprofundada e as vivências mais ricas e complexas.
Sabe-se que a Psicoterapia Positiva surgiu como uma crítica ao modelo médico/
psiquiátrico de focar sempre no aspecto psicopatológico, sempre na doença. Sendo
assim, a Psicoterapia Positiva foca nos aspectos positivos presentes no indivíduo, nas
pessoas, e nos contextos em que interage.
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PSICOTERAPIA SEXUAL │ UNIDADE IV
Figura 42.
Fonte: <http://psicoter.com.br/wp-content/uploads/2014/07/psico-positiva.jpg>.
No caso da Sally, a paciente relata que gostaria de melhorar a relação sexual com o
marido, que gostaria de voltar a sentir prazer com o toque e com a relação sexual em si.
Uma intervenção e psicoterapia positiva buscaria focar nos pontos positivos da relação
entre ela e o marido. Não somente nos pontos positivos atuais, mas, também, nos pontos
positivos do ponto de vista histórico, afeto, carinho, alegria, orgasmo, cumplicidade,
entre outros fatores. Com esse tipo de intervenção, espera-se que o comportamento
da cliente fique sobre controle dos aspectos positivos e não dos negativos da relação
conjugal/sexual. É importante ressaltar que a análise de caso supracitado, é uma
análise superficial, tendo como base os pressupostos da psicoterapia positiva. Em um
contexto real, a análise seria mais aprofundada e as vivências mais ricas e complexas.
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Freud mostrou que a sexualidade humana é desnaturalizada por estrutura, uma vez que
aquilo que havia de instintual foi subvertido a partir da entrada no âmbito da linguagem
e do registro simbólico, razão pela qual devemos sustentar sem tergiversações que a
sexualidade humana, a pulsão e o próprio psiquismo estão em relação negativa com o
seu substrato biológico.
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Para (não) Finalizar
Qualquer sinal deve ser percebido, analisado e precisa, sim, receber a devida importância.
Como foi visto, é muito importante abordarmos esse assunto junto aos profissionais
da saúde mental uma vez que, caso haja algum transtorno, o impacto positivo que
um diagnóstico correto pode ter sobre o futuro de pacientes é fundamental para que
o tratamento seja um sucesso. A equipe multidisciplinar vem melhorando a cada dia,
com pesquisas e instrumentos para atender com mais precisão esses pacientes.
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Referências
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Psychiatry, 2005.
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REFERÊNCIAS
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Ciências Sociais, 1999.
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