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Estética Facial, Corporal e Capilar

Brasília-DF.
Atualização

Alana Maria Ferreira Guimarães Bastos

Elaboração

Juliana Silva Vidal Pereira

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
ESTÉTICA FACIAL................................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
ACNE..................................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 2
MELASMA............................................................................................................................... 23

CAPÍTULO 3
OUTRAS HIPERPIGMENTAÇÕES CUTÂNEAS............................................................................... 29

CAPÍTULO 4
ENVELHECIMENTO................................................................................................................... 34

CAPÍTULO 5
OUTROS TRATAMENTOS ESTÉTICOS........................................................................................... 46

UNIDADE II
ESTÉTICA CORPORAL............................................................................................................................ 51

CAPÍTULO 1
PERIMETRIA............................................................................................................................. 51

CAPÍTULO 2
FIBRO EDEMA GELOIDE........................................................................................................... 56

CAPÍTULO 3
ESTRIAS................................................................................................................................... 64

CAPÍTULO 4
GORDURA LOCALIZADA.......................................................................................................... 69

CAPÍTULO 5
FLACIDEZ DE PELE E FLACIDEZ MUSCULAR............................................................................... 74
UNIDADE III
ESTÉTICA CAPILAR................................................................................................................................ 80

CAPÍTULO 1
DIAGNÓSTICO CAPILAR.......................................................................................................... 80

CAPÍTULO 2
PREVENÇÃO E TRATAMENTO CAPILAR...................................................................................... 85

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 91

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 92
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Este caderno foi elaborado visando enriquecer seus conhecimentos relacionados aos
princípios da atuação do profissional da área estética.

Cada unidade e capítulo apresentam e discutem tópicos referentes a essa temática,


entretanto é essencial que a busca pelo conhecimento e aprendizado não se restrinja ao
final da leitura deste material. Você é o protagonista da história que estamos construindo
durante a disciplina.

A busca pelo conhecimento inspira-nos a procurar constante e incessantemente pelo


que há de mais novo no mundo científico. Nosso objetivo é orientá-lo (a) de uma forma
abrangente e, dessa forma, despertar seu lado crítico e interesse em aprofundar seus
conhecimentos nas informações aqui discutidas.

Lembre-se que é justamente a busca incessante pelo conhecimento e saber científico,


associado à constante atualização, dedicação e trabalho, que serão o diferencial para
destacar-se no mercado de trabalho.

A área da estética encontra-se em constante expansão e conta atualmente com um vasto


mercado a ser explorado. A cada dia, mais e mais recursos e possibilidades de trabalho
são desenvolvidos, visando à inovação, melhoria e/ou aperfeiçoamento das técnicas
existentes.

Bons estudos!

Objetivos
Estética facial:

»» Compreender e diferenciar os principais acometimentos que afetam a


estética da pele facial.

»» Entender as causas da acne para promover sua prevenção e tratamento,


quando possível.

»» Compreender as principais hiperpigmentações da pele e recursos


que podem ser utilizados para retardar e prevenir o surgimento de
hiperpigmentações e rugas.

8
»» Avaliar e tratar as diferentes causas da flacidez de pele.

Estética corporal:

»» Compreender as causas do fibro edema geloide e conhecer os tratamentos


disponíveis.

»» Conhecer os recursos disponíveis para o tratamento de estrias e da


gordura localizada.

»» Entender a diferença entre gordura localizada e flacidez muscular.

»» Compreender a importância da perimetria e conhecer os principais


pontos usados na medição.

Estética capilar:

»» Entender a anatomia do cabelo.

»» Conhecer as principais patologias associadas à haste e à raiz do cabelo e


como preveni-las.

»» Compreender os principais recursos para tratamento capilar.

9
10
ESTÉTICA FACIAL UNIDADE I

É importante tratar afecções de pele?


As afecções da pele são frequentemente encontradas na população em geral
e muitas das vezes trazem implicações estéticas e consequências importantes,
como isolamento social, diminuição da autoestima, depressão, estresse etc. Por
outro lado, a cada dia, a área da estética e beleza vem crescendo e oferecendo
opções de tratamento. Amenizando a parte estética, muitas das vezes são
também resolvidos problemas e consequências relacionadas a ela.

CAPÍTULO 1
Acne

Introdução
A acne é uma afecção dermatológica que atinge o conjunto pilossebáceo, ou seja, pelo e
glândula sebácea. A acne vulgar ou juvenil é uma das dermatoses (doenças que acometem
a pele) mais frequentes, afetando cerca de 80% dos adolescentes e acometendo ambos
os sexos. Dos 14 aos 17 anos, é sua fase de maior incidência em mulheres e apresenta,
nos homens, seu pico de surgimento dos 16 aos 19 anos.

As lesões apresentam-se na forma mais grave em pessoas do sexo masculino, porém,


mais persistentes nas mulheres, sendo pouco comuns em asiáticos e negros. Dados
americanos demonstram que a acne atinge (VAZ, 2003):

»» Entre 80% e 85% dos indivíduos de 12 a 25 anos.

»» 8% dos indivíduos entre 25 e 34 anos.

11
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

»» 3% dos indivíduos entre 35 e 44 anos.

Isso não quer dizer que em outras idades (antes ou após as citadas) elas não apareçam.
As faixas etárias, como citadas, referem-se ao período de maior aparecimento das acnes.

Existem quatro eventos básicos envolvidos no desenvolvimento da acne:

1. Os folículos pilosos são bloqueados pelo excesso de células da pele que,


combinadas com o sebo (substância oleosa natural que lubrifica o cabelo
e a pele) criam um plugue que obstrui o folículo.

2. As glândulas sebáceas aumentam de tamanho durante a adolescência,


consequentemente, ocorre também aumento na produção de sebo. Os
locais com maior concentração de glândulas sebáceas estão relacionados
com maior incidência de acne: face, pescoço, tórax, região superior das
costas e dos braços.

3. O aumento da produção de sebo favorece o crescimento excessivo da


bactéria Cutibacterium acnes (antigamente chamada Propionibacterium
acnes), que normalmente coloniza a pele.

4. A inflamação ocorre como resultado do crescimento excessivo da bactéria


ou outros fatores, podendo causar ruptura do folículo e formação da
chamada espinha.

A acne é caracterizada também por comedões (chamados popularmente de cravos),


pápulas, pústulas e nas formas mais graves, por abscessos, cistos e cicatrizes em graus
variáveis. Existem casos mais simples, quase imperceptíveis, até os mais graves, devendo
o tratamento ser realizado pelo dermatologista. Indivíduos que apresentam acne em
suas formas moderadas a mais graves podem apresentar problemas de autoestima e/
ou demais problemas emocionais, sociais e de relacionamento.

Uma vez que o aparecimento da acne é considerado um processo natural do


desenvolvimento, a busca por ajuda de um profissional competente e especializado
demora a acontecer, fazendo com que o tratamento se inicie tardiamente.

Fisiopatologia
Por se tratar de uma doença das unidades pilossebáceas (compostas pelo folículo piloso
e pela glândula sebácea), normalmente acomete áreas onde essas são maiores e mais

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ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

numerosas, principalmente face, tórax e dorso. Tal fato ocorre devido à interação de
alguns fatores. De acordo com Vaz (2003):

»» Aumento da produção de sebo, provocada pela estimulação androgênica


das glândulas sebáceas, que se inicia na puberdade.

»» Obstrução do ducto pilossebáceo resultante de uma hiperqueratose de


retenção. Um processo anormal de queratinização, caracterizado por um
aumento da adesividade e do turnover das células foliculares epiteliais,
causado por alterações hormonais e pelo sebo modificado pela bactéria
residente Cutibacterium acnes (C. acnes).

»» A proliferação do C. acnes, um difteroide anaeróbio, residente normal


do folículo pilossebáceo, produz ácidos gordos livres irritantes da parede
folicular distendida.

»» Inflamação, mediada quer pela ação irritante do sebo, que extravasa para
a derme quando há ruptura da parede folicular, quer pela presença de
fatores quimiotácticos e de mediadores pró-inflamatórios produzidos
pelo C. acnes.

»» São também fatores predisponentes da acne: hereditariedade, estresse


emocional, androgénios, pressão e/ou fricção excessiva da pele, exposição
a certos químicos industriais, utilização de cosméticos comedogênicos
ou de certos medicamentos (esteroides anabolizantes, corticoesteroides
tópicos e sistémicos, lítio, isoniazida e anticoncepcionais orais).

A obstrução do ducto pilossebáceo marca o início do processo que causa a formação


da acne, dando origem ao chamado microcomedão. Em seguida, ocorre a dilatação do
orifício folicular, causada pelo aumento do microcomedão. Assim, forma-se o comedão
aberto (ou ponto negro).

Caso o aumento do micromedão não cause dilatação do orifício folicular, ocorre o


comedão fechado (ou ponto branco). Nesse caso pode haver lesões inflamatórias,
pois é possível que as paredes do folículo piloso se distendam a ponto de haver seu
rompimento e assim todo o seu conteúdo é derramado na derme, fato que resulta em
uma reação inflamatória pela presença de corpos estranhos na região.

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UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

Figura 1. Comedão fechado (ponto branco) à esquerda e comedão aberto (ponto negro) à direita.

Fonte: Cerqueira, 2013.

Portanto, a acne classifica-se em não inflamatória e inflamatória, de acordo com o tipo


de lesão predominante.

Lesões não inflamatórias


Englobam o comedão aberto ou ponto negro e o comedão fechado ou ponto branco:

»» Comedão aberto: lesão visível à superfície da pele tendo como


característica um ponto acastanhado ou negro. Pode apresentar-se plana
ou com alguma discreta elevação na pele. Seu diâmetro máximo é de 5
mm.

»» Comedão fechado: apresenta diâmetro de 1 a 3 mm. Possui aspecto


esbranquiçado, sendo possível ter o tom da pele.

Lesões inflamatórias

Englobam a pápula, a papulopústula, nódulo e cisto:

»» Pápula: lesão de aspecto avermelhado ou róseo. Seu diâmetro máximo


é de 5 mm.

»» Papulopústula: possível evolução da pápula. Apresenta pus e é


conhecida popularmente como “espinha”.

»» Nódulo: possui diâmetro maior que 5 mm. Seu aspecto é sólido e


apresenta elevação na pele. Localiza-se mais profundamente na derme.

»» Cisto: encontra-se abaixo da camada basal da pele e por esse motivo


o cisto causa cicatrizes na pele. É um nódulo elástico que normalmente

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ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

causa inflamações. Em casos graves, diversos cistos estão conectados,


formando caminhos na pele.

As cicatrizes podem surgir como resultado da acne inflamatória e estão associadas a


um aumento do colágeno (cicatrizes hipertróficas e queloides) ou à perda de colágeno
(cicatrizes fibróticas deprimidas superficiais ou profundas e máculas atróficas).

Figura 2. Exemplos de lesões não inflamatórias e inflamatórias: comedões abertos e fechados (A), papulopústulas

(B), nódulos (C) e cisto (D).

Fonte: Cerqueira, 2013.

Fatores de risco
Existem diversas teorias sobre os fatores de risco, porém, muitas não possuem
comprovação científica. Por exemplo: é comum que as pessoas reproduzam a informação
de que não lavar e higienizar a região adequadamente, pode causar ou piorar a acne.
Apesar disso, não existem estudos científicos que suportem essa afirmação. A propagação
desse tipo de informação pode gerar um sentimento de culpa no adolescente, pois ele
pode acreditar que causou a acne.

Alterações hormonais podem promover o surgimento da acne. As mudanças hormonais


que ocorrem durante a adolescência podem causar aumento das glândulas sebáceas

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UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

e, consequentemente, elevar a produção do sebo. Na maioria dos indivíduos com


acne, os níveis hormonais estão normais, porém, as glândulas sebáceas são altamente
sensíveis aos hormônios. Em mulheres, a acne pós-adolescência pode ocorrer antes
do período menstrual devido às alterações hormonais naturais que ocorrem durante o
ciclo menstrual.

Hormônios também podem ser alterados devido ao uso de alguns medicamentos e outros
produtos. Como exemplo, podemos citar o uso de anabolizantes e esteroides, utilizados
para aumento da performance e da hipertrofia muscular. Alguns medicamentos
utilizados no tratamento da epilepsia também podem causar alterações hormonais.

Alguns fatores externos podem estar relacionados com o aparecimento da acne.


Cosméticos com componentes oleosos utilizados na pele ou no cabelo podem contribuir
para o desenvolvimento de acne. Cremes hidratantes e óleos corporais podem bloquear
os poros da pele e piorar a acne.

É comum que indivíduos que apresentam acne utilizem sabonetes e adstringentes para
higienizar a pele. Esses produtos removem o sebo da superfície da pele, porém, não
afetam a produção de sebo pelo folículo piloso. Deve-se orientar o paciente sobre o uso,
pois a fricção frequente ou agressiva com esses produtos pode causar lesões na pele e
piorar a acne.

O papel da alimentação como causa da acne ainda é controverso. Alguns estudos


encontraram fraca associação entre consumo de leite de vaca e aumento do risco
do desenvolvimento de acne, talvez devido aos hormônios contidos no leite de vaca
(DANBY, 2005). Porém, não há evidências científicas sólidas de que leite, alimentos
gordurosos ou chocolate aumentam o risco do desenvolvimento de acne.

Em diversos estudos realizados com estudantes, foi observado que a severidade da acne
foi agravada durante os períodos de aumento no estresse (CHIU et al., 2003). Acredita-
se que o estresse psicológico pode causar piora da acne.

A puberdade é um período de diversas mudanças e dificuldades. Muitos adolescentes


podem ser negativos e apresentar baixa autoestima. Quando a acne está associada a
esse período da vida, o indivíduo muitas vezes é tímido e não está satisfeito com sua
aparência. Em alguns casos, o adolescente pode faltar às aulas e apresentar diminuição
no desempenho escolar.

16
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

Classificação
Não existe um sistema de classificação universal para a acne, uma vez que a extensa
variedade de apresentações clínicas torna difícil criar e implementar esse sistema.
Uma descrição das lesões encontradas seria a maneira mais útil de caracterizar a acne
apresentada pelo paciente. Um dos métodos de avaliação existentes para determinar o
grau de severidade da acne é a classificação de Habif e de Leeds modificada.

A classificação de Habif consiste na determinação do grau de severidade de acordo com


a quantidade das lesões inflamatórias:

»» Leve: número inferior a 10 pápulas/pústulas e ausência de nódulos.

»» Moderada: quando há entre 10 e 20 pápulas/pústulas e/ou alguns


nódulos.

»» Severa: número elevado de pápulas/pústulas (mais de 20) e/ou muitos


nódulos e presença de cicatrizes.

Na avaliação do grau de severidade da acne, esse sistema de classificação também


contempla potenciais complicações, como a presença de cicatrizes e as repercussões
psicossociais da doença.

Jovens adolescentes normalmente apresentam lesões não inflamatórias (comedões


abertos ou fechados) que acometem testa, nariz e queixo. Conforme a acne progride, o
paciente desenvolve lesões inflamatórias (pápulas, pústulas e nódulos).

Tratamento
Não existe um único tratamento considerado padrão-ouro para a acne, sendo comum a
combinação de diversos tratamentos. Uma vez que as lesões da acne levam em média 8
semanas para se desenvolverem, os tratamentos devem ser aplicados por no mínimo 2
ou 3 meses antes de serem considerados ineficazes.

O tratamento da acne visa minimizar a formação de cicatrizes, melhorar a aparência, a


autoestima e o relacionamento daquele indivíduo que se encontra isolado socialmente,
prevenir ou tratar lesões já instaladas e diminuir o desconforto físico desencadeado
pelas lesões. O paciente com acne deve ser orientado frequentemente, pois seu empenho
é fundamental para o progresso do tratamento.

A decisão do curso de tratamento apropriado para cada paciente depende da avaliação


de diversos aspectos, como:

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UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

»» características das lesões (exemplo: comedões, presença de inflamação e


nódulos);

»» severidade da acne;

»» tipo da pele (seca ou oleosa);

»» presença de cicatriz devido à acne ou hiperpigmentação pós-inflamatória;

»» histórico menstrual e sinais de hiperandrogenismo em mulheres;

»» histórico de tratamentos anteriores;

»» impacto psicológico da acne para o paciente.

O cuidado com a pele é um dos elementos do tratamento e prevenção da acne. O paciente


pode realizar higienização da pele, hidratação e proteção solar. A higienização pode ser
feita duas vezes por dia com produtos específicos para higienização de pele com acne e
água morna. O paciente deve ser cuidadoso, pois movimentos vigorosos ou atrito podem
piorar a acne ou danificar a superfície da pele. Além disso, não é recomendado que as
lesões sejam espremidas, pois pode resultar em inchaço na região e cicatrizes, além de
infecção local. O profissional da estética pode realizar limpeza de pele para prevenir
e reduzir a gravidade das lesões da acne. Esse procedimento deve ser feito por um
profissional capacitado, pois caso a limpeza de pele não seja realizada adequadamente,
os sinais e sintomas da acne podem ser agravados. Para mais informações sobre limpeza
de pele, leia o Capítulo 5 desta Unidade.

Alguns tratamentos para acne podem causar ressecamento e descamação da pele.


Nesses casos, o paciente pode utilizar hidratantes não comedogênicos para minimizar
esses efeitos. Outro efeito colateral associado ao tratamento para acne é o aumento
da fotossensibilidade (causada, por exemplo, pelo uso de retinoides e doxiciclina). Por
esse motivo, o paciente deve evitar exposição solar excessiva e utilizar filtro solar com
no mínimo FPS 30 e ampla proteção (bloqueio de UVA e UVB).

Diferença entre UVA e UVB


UVA e UVB são os raios UV mais importantes. Os raios UVA penetram mais
profundamente na pele e atuam o dia todo, porém, com mais intensidade
antes das 10h e após as 16h. São responsáveis pelo bronzeado, uma vez que
estimulam a melanina, por esse motivo também causam o envelhecimento da
pele, melanoma e manchas na pele (incluindo melasma).

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ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

Os raios UVB atingem as camadas mais superficiais da pele, causando


queimaduras. Esses raios atuam entre 10h e 16h, sendo mais intensos no verão.
Devido à sua baixa penetração, são responsáveis por lesões pré-câncer e por
câncer de pele (exceto melanoma).

Em casos de acne leve, é comum o paciente tentar o tratamento por conta própria,
realizando higienização da pele e uso de produtos adquiridos sem receita em farmácias
como ácido salicílico, peróxido de benzoíla ou adapaleno. Os pacientes também procuram
o profissional da estética para realizar limpeza de pele. Por esse motivo, é importante
realizar a avaliação da pele do paciente antes do atendimento, e caso o profissional
identifique gravidade nas lesões, deve orientar o paciente a procurar a avaliação de um
médico dermatologista, pois nesses casos a abordagem multiprofissional é importante
para resolução do caso.

O médico dermatologista pode realizar prescrição de fármacos. Os medicamentos


utilizados para tratamento da acne visam à redução de oleosidade, aumento do turnover
celular, combater infecções bacterianas ou reduzir a inflamação (prevenindo assim a
formação de cicatrizes). Porém, os resultados podem não ser perceptíveis por até 4 a 8
semanas. Além disso, o aspecto da pele pode piorar antes de haver melhora.

O tratamento é determinado de acordo com a idade do paciente, tipo e severidade da


acne. Podem ser utilizados medicamentos tópicos e/ou orais.

Acne não inflamatória


É comum o uso de retinoides tópicos para o tratamento da acne não inflamatória como
tretinoína e tazaroteno, ambos receitados por médicos dermatologistas. Inicialmente
a aplicação dos retinoides é realizada uma vez ao dia, exceto em casos que a pele
desenvolva alguma irritação. Nesse caso, a aplicação é feita em dias alternados (ou
intervalos maiores) e, conforme a pele manifesta tolerância, o intervalo entre as
aplicações é diminuído.

Os retinoides estão disponíveis em gel ou creme, sendo o primeiro utilizado em pele


oleosa devido à sensação seca que o gel proporciona. Indivíduos com pele seca podem
preferir retinoides na forma creme. Associado ao uso de retinoides, o paciente deve
aplicar filtro solar com FPS 30 ou maior antes de se expor ao sol.

Caso a pele não tolere retinoides, podem ser utilizadas outras medicações tópicas
como ácido salicílico, ácido glicólico ou ácido azelaico. Todos esses medicamentos

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UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

podem auxiliar na redução da acne não inflamatória, e o ácido azelaico pode reduzir o
escurecimento da pele causado pela acne.

Acne inflamatória leve a moderada


Acne leve a moderada associada a alguma inflamação é comumente tratada com
retinoides tópicos, antibióticos tópicos ou peróxido de benzoíla, sendo mais eficaz a
combinação do peróxido de benzoíla com antibiótico tópico e/ou retinoide.

O peróxido de benzoíla pode ser aplicado duas vezes ao dia. Caso o paciente esteja
realizando tratamento combinado com retinoide, o peróxido de benzoíla é aplicado de
manhã e o retinoide é utilizado à noite. O peróxido de benzoíla pode irritar a pele,
causando vermelhidão e descamação; podendo também manchar roupas, toalhas,
lençóis e cabelos.

Os antibióticos tópicos (na forma líquida ou creme) controlam o crescimento da bactéria


Cutibacterium acnes e reduzem a inflamação. Alguns exemplos de antibióticos tópicos
são: eritromicina, clindamicina, sulfacetamida e dapsona.

Acne inflamatória moderada a grave


Nos casos de acne inflamatória moderada a grave o médico dermatologista pode
prescrever antibióticos orais ou retinoide oral, chamado isotretinoína, estando ou não
associados a medicamentos tópicos. No caso de mulheres, pode ser realizado tratamento
hormonal por meio do uso de anticoncepcionais orais.

Os antibióticos orais atuam por meio da redução do crescimento da bactéria causadora


da acne. Porém, pode haver efeitos colaterais indesejados como infecção vaginal nas
pacientes do sexo feminino e dores estomacais. Os antibióticos mais utilizados são
doxiciclina e minociclina, não podendo ser orientados durante a gestação ou para
indivíduos com idade inferior a 9 anos.

O tratamento hormonal é realizado por meio do uso de hormônio estrogênio, que auxilia
na compensação dos efeitos dos hormônios andrógenos (principais responsáveis pelo
desenvolvimento da acne). Por esse motivo, o uso de anticoncepcionais orais pode
ser recomendado para mulheres com acne moderada ou severa. Porém, nem todos
os contraceptivos orais podem ser utilizados para o tratamento da acne, pois alguns
podem inclusive piorar o quadro. Certos tipos de dispositivos intrauterinos (DIU)
e contraceptivos injetáveis também podem piorar a acne. Por essa razão, o uso de
contraceptivos deve ser escolhido pela mulher após orientação médica.
20
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

Os benefícios do tratamento hormonal podem ser percebidos em alguns casos após 3 a 6


meses após o seu início. No caso de gravidez, esse tipo de tratamento não é recomendado.
Mulheres que estão grávidas ou pretendem engravidar devem considerar interromper
qualquer tratamento para acne, pois muitos não são seguros durante a gestação.

Está bem estabelecido na literatura que a isotretinoína oral é um retinoide potente e


extremamente eficaz no tratamento da acne severa, resultando na cura ou melhora
significativa no quadro de acne da maioria dos pacientes (FARRELL et al., 1980;
LEHUCHER-CEYRAC; WEBER-BUISSET, 1993; PECK et al., 1982). Seu mecanismo
de ação neutraliza os fatores patogênicos que contribuem para o surgimento da acne,
encolhendo as glândulas sebáceas e atenuando a secreção do sebo. A diminuição do
sebo resulta na inibição da bactéria Cutibacterium acne. A isotretinoína também inibe
a comedogênese, promovendo a normalização da queratinização da pele.

Normalmente, o tratamento com isotretinoína oral é realizado por 20 semanas e depois


é interrompido. Em alguns casos, a acne pode piorar antes de melhorar e para evitar que
isto ocorra o médico dermatologista pode prescrever uma dose menor no primeiro mês
de tratamento. Após a interrupção do tratamento, a acne pode continuar melhorando
por até 5 meses antes de estabilizar.

Apesar dos efeitos positivos, a isotretinoína oral pode causar graves efeitos colaterais
e deve ser prescrita com cautela pelo médico dermatologista. Caso utilizada durante
a gestação, a isotretinoína pode causar aborto e graves malformações no feto. Por
essa razão, existem regras rígidas no Brasil para a prescrição desse medicamento, que
incluem:

»» Duas vias da receita, sendo uma via retida na farmácia e outra via
permanece com paciente.

»» O médico deve, a cada prescrição, entregar para que o paciente assine dois
termos: “Consentimento de Risco” e “Consentimento Pós-Informação”,
que possuem alertas sobre reações e restrições do uso do medicamento,
informando que o documento é pessoal e intransferível.

Alguns dos efeitos colaterais causados pelo uso da isotretinoína oral compreendem:

»» Ressecamento ou descamação da pele, ulceração e rachaduras nos lábios,


coceira, dor muscular, sangramento nasal, dificuldades no uso de lentes
de contato e fotossensibilidade.

»» Existem diversos estudos que avaliam a relação entre o uso de isotretinoína


oral e a depressão e o comportamento suicida (MARQUELING; ZANE,

21
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

2005; HUANG; CHENG, 2017). Apesar de não haver evidências científicas


sólidas para concluir que o uso desse medicamento causa depressão, os
pacientes que fazem uso de isotretinoína oral devem reportar para o
médico sentimentos de tristeza, depressão ou ansiedade (WYSOWSKI et
al., 2001).

»» Aumento dos níveis sanguíneos de triglicérides, dano hepático e


pancreatite. Não está bem definido se o tratamento com isotretinoína
oral aumenta o risco de doenças inflamatórias do intestino, como colite
ulcerativa e doença de Crohn (ALHUSAYEN et al., 2013).

Alguns dos efeitos colaterais citados podem ser tratados sem a interrupção do
medicamento, porém, outros são perigosos e requerem interrupção imediata do uso
da isotretinoína oral. Por essa razão, o paciente deve ser acompanhado pelo médico
dermatologista durante todo o tratamento e realizar exames de sangue periodicamente.

22
CAPÍTULO 2
Melasma

Definição e epidemiologia
O melasma é uma disfunção melanogênica que resulta em hipermelanose crônica e
localizada da pele, sendo caracterizada por máculas acastanhadas em áreas fotoexpostas,
cuja fisiopatogenia não é totalmente esclarecida (MIOT et al., 2007).

O nome deriva do grego melas (negro), referindo-se à sua representação clínica. Cloasma
é um termo usado com o mesmo sentido, sendo também derivado do grego cloazein
(estar esverdeado). A denominação melasma constitui, portanto, uma designação mais
adequada para a doença. Ela pode ser definida como (MIOT et al., 2009, p. 623):

Dermatose comum que cursa com alteração da cor da pele normal, resultante
da hiperatividade melanocítica focal epidérmica de clones de melanócitos
hiperfuncionantes, com consequente hiperpigmentação melânica induzida,
principalmente, pela radiação ultravioleta. Clinicamente, caracteriza-se por
manchas acastanhadas, localizadas preferencialmente na face, embora possa
acometer também a região cervical, torácica anterior e membros superiores.

Figura 3. Exemplo de melasma evidente em grande parte da face.

Fonte: British Skin Foundation, 2018.

Indivíduos que apresentam melasma comumente procuram avaliação médica. Sua


prevalência na população varia de acordo com a intensidade de exposição solar,
componentes étnicos e fotótipo.

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UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

Por estar relacionada a alterações locais na pigmentação da pele, essa condição acomete
os fotótipos com maior concentração de melanina, sendo mais incidente nos fotótipos
intermediários (fotótipos III a V de Fitzpatrick) e raro nos fotótipos extremos (fotótipos
I e VI de Fitzpatrick). Acredita-se que indivíduos com fotótipo I apresentam dificuldade
em produzir pigmentação adicional e indivíduos com fotótipo VI já produzem o máximo
de pigmentação possível; por essa razão, ambos os fotótipos apresentam produção
estável de melanina, evitando disfunções melanogênicas como o melasma.

Fotótipos de Fitzpatrick
A escala de Fitzpatrick é um esquema de classificação numérica para a cor da
pele. Foi desenvolvida em 1976 pelo pesquisador Thomas B. Fitzpatrick como
uma forma de estimar a resposta de diferentes tipos de pele à luz ultravioleta
(UV). A classificação de cada fotótipo depende da quantidade de melanina
presente na pele e do resultado da exposição solar (peles claras queimam com
maior facilidade e levam maior tempo para bronzear, sendo assim, necessitam
maior proteção contra exposição solar; peles escuras dificilmente apresentam
queimaduras e bronzeiam com facilidade).

Tabela 1. Classificação de fototipos de Fitzpatrick.

Fotótipo Características típicas Resposta


I Pele branca Sempre queima, nunca bronzeia.
II Pele branca Queima com facilidade, leve bronzeado.
III Pele morena clara Queima moderadamente, moderado bronzeado.
IV Pele morena moderada Queima pouco, moderado bronzeado.
V Pele morena escura Raramente queima, bronzeado mais escuro.
VI Pele negra Nunca queima, nunca bronzeia.

Fonte: MATTS et al., 2007.

Esse sistema de classificação é bastante utilizado até hoje, pois permite prever
a propensão de hiperpigmentação dos diferentes fotótipos. Por exemplo:
conforme vimos neste capítulo, os fotótipos de III a V são mais propensos a
desenvolver melasma.

Utilizando os conhecimentos adquiridos, faça o seguinte exercício: determine os


fotótipos de pessoas do seu convívio.

Sabe-se que o melasma pode ocorrer em todos os grupos étnicos, porém, estudos
epidemiológicos apontam que a prevalência é maior entre fenótipos que apresentam
maior pigmentação da pele como japoneses, coreanos, chineses, indianos, paquistaneses

24
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

e africanos, sendo comum também entre hispânicos e brasileiros, que vivem em áreas
intertropicais nas quais a exposição à radiação UV é maior (SHETH; PANDYA, 2011).

No Brasil, em um estudo realizado com 1500 adultos foi observado que 23,6% dos
homens e 29,9% das mulheres buscam atendimento dermatológico devido a alterações na
pigmentação da pele (LUPI et al., 2010). A grande miscigenação da população brasileira
e o clima tropical do país favorecem o desenvolvimento do melasma. Considerando as
diferentes regiões brasileiras e sua composição étnica, Ishiy et al. (2014) estimam que
entre 15% e 35% das mulheres brasileiras adultas apresentam a doença.

O melasma atinge em torno de 10% dos homens, sendo, portanto, mais frequente em
indivíduos do sexo feminino (MIOT et al., 2007). No Brasil, mais de 50% dos casos
compreendem mulheres de 20 a 35 anos, corroborando a teoria de que a patofisiologia
do melasma está relacionada com o período fértil da mulher.

A prevalência do melasma durante a gestação está relacionada ao aumento de


estrogênio, progesterona e melanocortina que ocorre nesse período. Observa-se que
o melasma causado pela gestação normalmente ocorre na região da face, podendo
desaparecer completamente dentro de um ano após o nascimento, caso a paciente
realize tratamento, uma vez que a remissão espontânea ocorre em somente 6% dos
casos (ELLING; POWELL, 1997).

O melasma desencadeia grande impacto na qualidade de vida de quem o apresenta,


podendo, inclusive estar relacionado a casos de diminuição da autoestima, estresse,
isolamento social e depressão. A angústia causada pelo melasma está relacionada com
o fato de que a doença afeta principalmente a face, sendo facilmente visível. Nesse
contexto, ocorre impacto negativo na qualidade de vida do paciente, podendo afetar
seu bem-estar psicológico e emocional.

A concepção reducionista adotada por diversos profissionais de que o melasma consiste


unicamente em um problema cosmético restringe o diagnóstico e a possibilidade de
opções de tratamento, quando esse pode ser mais satisfatório ao ser adaptado às
necessidades individuais de cada paciente.

Etiologia e fisiopatologia
Essa é uma doença dermatológica de fácil diagnóstico ao exame clínico e, embora seja
crônica e apresente recidivas com frequência, os aspectos fisiopatológicos do melasma
não estão completamente elucidados (MIOT et al., 2009).

25
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

O melasma pode ser classificado de acordo com sua localização na face. Porém, a
classificação não é padronizada. Segue abaixo algumas das classificações aceitas:

»» Centrofacial: acomete o centro da face, compreendendo as regiões


mentoniana, labial (incluindo região supralabial – comumente conhecido
como buço) e região central da fronte.

»» Malar: abrange região próxima ao osso zigomático.

No Brasil, estima-se que as regiões mais afetadas pelo melasma são as regiões zigomática
(84%), supralabial (51%), frontal (50%) e nasal (40%) (TAMEGA et al., 2013).

O melasma também pode manifestar-se em outras regiões do corpo como uma alteração
hipercrômica irregular nos braços e antebraços, nuca e pescoço e região do esterno. Esse
tipo de manifestação ocorre em sua maioria em mulheres mais velhas, pós-menopausa,
podendo estar associada à terapia de reposição hormonal.

A etiologia dessa doença ainda não está esclarecida, porém, alguns fatores já foram
associados, como: radiação UV, gestação, uso de contraceptivos orais, fatores genéticos,
alguns cosméticos e endocrinopatias. As influências genéticas e a radiação UV são os
principais fatores (sabe-se que as lesões se tornam evidentes após exposição às radiações
solares).

Tal fato também foi descrito por Costa et al. (2010):

São observados períodos de remissão parcial durante o inverno e


períodos de exacerbação durante o verão, sendo que as lesões podem
surgir abruptamente em decorrência da exposição solar intensa ou de
forma gradual, pela exposição constante. Uma das teorias mais aceitas
é de que a radiação ultravioleta cause a peroxidação dos lipídios da
membrana celular, com consequente formação de radicais livres, os
quais estimulam os melanócitos a produzir melanina excessivamente,
promovendo, assim, hiperpigmentação cutânea. A influência hormonal
na etiopatogenia do melasma é subsidiada pela elevada frequência
da afecção em gestantes, em usuárias de anticoncepcional oral e nas
mulheres que fazem terapia de reposição hormonal.

Considerando o que foi dito por Costa et al. (2010), fica evidente o fato que a exposição
solar é o principal gatilho para o melasma. O uso de filtro solar com alto FPS reduz a
intensidade da doença em 50% e diminui sua incidência durante a gravidez em 90%
(LAKHDAR et al., 2007). As principais radiações causadoras da melanogênese são
UVA e UVB, porém, o calor também pode intensificar o melasma.

26
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

Hormônios sexuais como estrogênio e progesterona/progestina também estão


relacionados com o aparecimento do melasma, sendo gravidez, uso de contraceptivos
orais e terapia de reposição hormonal os gatilhos mais comuns. Os estrogênios agem
em receptores nucleares dos melanócitos, induzindo o aumento na produção de
pigmento. Durante a gravidez (especialmente no terceiro trimestre) ocorre estímulo da
melanogênese, e o aumento dos hormônios da placenta, ovários e glândula pituitária
podem contribuir para a associação do melasma à gestação.

Procedimentos cosméticos que induzem inflamação da pele (como peeling e tratamentos


com luz ou laser) também são considerados gatilhos ou fatores de exacerbação do
melasma. O uso de cosméticos como alguns anticonvulsivantes e outros medicamentos
fotossensibilizantes também são considerados fatores de risco para a doença, bem como
diversos produtos químicos que podem estimular a melanogênese, como arsênico,
ferro, cobre, prata e tetraciclina.

Tratamento
Em raros casos, o melasma pode desaparecer, quando um gatilho, como gravidez ou
uso de pílulas anticoncepcionais, causa a doença. Nesses casos, após o nascimento do
bebê ou interrupção do uso de pílulas anticoncepcionais, o melasma pode regredir.

Na maioria dos casos, o melasma dura por muitos anos (ou até mesmo por toda a
vida) devido à sua natureza crônica e persistente. Nesses casos, existem tratamentos
para controlar a manifestação da doença. Somente um médico dermatologista pode
avaliar cada caso e prescrever os medicamentos adequados, sendo tratamentos tópicos
e proteção solar necessários para o controle da doença. Peelings químicos e agentes
clareadores são os tratamentos mais comuns, mas, independentemente do tratamento
orientado, o uso de filtro solar de amplo espectro (sendo fundamental proteção UVA e
UVB).

O agente hipopigmentante mais utilizado no tratamento do melasma é a hidroquinona


tópica, cuja ação baseia-se na inibição do melanócito ou aumento na sua degradação,
evitando, assim, a hipermelanose. O peeling químico auxilia no tratamento, pois atua
dispersando a melanina na epiderme, melhorando a distribuição de outras drogas
na pele, sendo, assim, um importante complemento para o tratamento com agentes
hipopigmentantes. É comum os pacientes associarem sessões de peeling químico ao
uso tópico da hidroquinona.

O laser de CO2 é um tratamento ablativo que destrói a epiderme. O modo fracionado


é o mais utilizado, pois diminui o dano epidérmico e assim resulta em menores efeitos

27
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

colaterais e menor risco de despigmentação, apresentando atuação semelhante ao


peeling químico, uma vez que o laser de CO2 fracionado promove dispersão da melanina.
Outros equipamentos utilizados com esse mesmo objetivo incluem laser Nd:YAG e luz
intensa pulsada.

É possível que o médico dermatologista prescreva tratamento oral com procianidina


e vitaminas A, C e E, uma vez que existe evidência científica que esses medicamentos
podem diminuir a produção de melanina (HANDOG et al., 2009).

Para prevenir o aparecimento do melasma, é recomendado o uso de filtro solar


diariamente (inclusive em dias nublados ou no inverno, uma vez que a radiação UV é
emitida mesmo quando o sol está encoberto pelas nuvens). O filtro solar escolhido deve
conter proteção UVA e UVB com fatores de proteção elevados durante exposição ao sol
(50, por exemplo). Se possível, as mulheres podem trocar o método contraceptivo, caso
usem pílulas anticoncepcionais.

28
CAPÍTULO 3
Outras hiperpigmentações cutâneas

Conceitos gerais
A hiperpigmentação é o escurecimento ou aumento do pigmento natural da pele,
normalmente devido ao aumento de deposição de melanina (hipermelanose) na
epiderme e/ou na derme.

Os melanossomos são responsáveis por converter tirosina em melanina, gerando


a pigmentação da pele. Sob o estímulo de hormônios, a produção de melanossomos
aumenta, resultando em hiperpigmentação. A hiperplasia dos melanossomos também
pode acontecer idiopaticamente ou em resposta à exposição solar (CROWSON;
MAGRO, 1999).

Hiperpigmentação é uma característica de diversas condições clínicas, abrangendo


desde variações normais na cor da pele até síndromes adquiridas ou herdadas, sendo
uma das razões que mais levam os pacientes a uma consulta com médico dermatologista
(KANG et al., 2014). Apesar de não ser nociva, a hiperpigmentação pode causar danos
estéticos importantes, tornando-se uma carga psicossocial para o paciente devido ao
limite da eficácia dos tratamentos disponíveis.

Neste material, serão abordadas as principais hiperpigmentações e seu tratamento.

Acantose nigricans
A acantose nigricans é uma condição comum que apresenta aspecto aveludado de cor
marrom ou castanha. É comum os pacientes relatarem que a região está suja e não
conseguem limpar. Essa condição normalmente ocorre em regiões de dobras de pele
(axilas, barriga, pescoço e virilha), mas pode instalar-se em outras regiões.

A identificação da acantose nigricans é bastante importante, porque essa manifestação


pode estar associada a diversas alterações sistêmicas relacionadas à resistência à
insulina como obesidade e diabetes. Sendo assim, a acantose nigricans pode acometer
homens, mulheres, adultos e crianças.

As causas que levam à acantose nigricans não estão completamente elucidadas na


literatura. A relação entre essa condição e desordens caracterizadas por resistência à

29
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

insulina sugere que a hiperinsulinemia possui um importante papel no desenvolvimento


da acontose nigricans.

Microscopicamente, a acantose nigricans é caracterizada por aumento no número de


melanócitos e hiperqueratose (PARON; LAMBERT, 2000). Ao identificar essa condição,
é importante que o profissional de estética recomende que o paciente procure um
médico, pois as principais causas da acantose nigricans estão relacionadas a condições
ou doenças que apresentam resistência à insulina:

»» obesidade;

»» desordens endócrinas e metabólicas que causam resistência à insulina;

»» síndromes genéticas;

»» câncer;

»» reações a alguns medicamentos.

Pacientes que desenvolvem rapidamente acantose nigricans nas palmas das mãos ou
nas solas dos pés podem apresentar câncer, sendo adenocarcinoma o câncer mais
provável (RENDON et al., 1989).

Por ser uma desordem benigna e assintomática, a estética é o principal motivo para o
tratamento da acantose nigricans. O tratamento está relacionado com sua causa, e não
com o acometimento da pele. No caso de resistência à insulina, essa deve ser tratada
adequadamente por um médico.

Figura 4. Acantose nigricans em região de pescoço.

Fonte: Niemies, 2017.

30
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

Dermopatia diabética
Presente em aproximadamente 70% dos pacientes diabéticos, essa condição afeta a
região anterior da tíbia, onde começa como uma erupção rosa ou marrom e evolui para
uma dermatite com tom marrom mais escuro. A causa exata das lesões é desconhecida.

As lesões podem desaparecer espontaneamente, ou podem surgir novas manchas. O


tratamento deve estar focado na diabetes, nenhum tratamento para hiperpigmentações
assintomáticas é efetivo, por isso não deve ser realizado (FERRINGER; MILLER, 2002).
Portanto, o profissional de estética deve orientar que o cliente procure orientação
médica.

Figura 5. Manifestação típica da dermopatia diabética.

Fonte: Ramos, 2018.

Hiperpigmentação pós-inflamatória
A hiperpigmentação pós-inflamatória é uma hipermelanose da pele que ocorre como
sequela de uma inflamação cutânea. Algumas causas comuns da hipermelanose são
acne e queimaduras, bem como outros traumas físicos ou químicos, irritação da pele e
dermatoses.

A hiperpigmentação pós-inflamatória pode ocorrer em qualquer idade e possui mesmo


índice de incidência tanto em homens quanto mulheres. Indivíduos com fotótipos III a
VI de Fitzpatrick estão mais suscetíveis a apresentar essa hipermelanose.

A resolução desses casos pode ser espontânea, quando a causa da inflamação é tratada.
Porém, existem tratamentos para acelerar o processo de clareamento das manchas. Pode
ser orientado o uso de despigmentantes e/ou ácidos clareadores. O peeling superficial

31
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

pode promover a atuação dos despigmentantes, removendo a camada superficial da


pele. De um modo geral, a associação de peeling, tratamentos tópicos e uso de proteção
solar resultam em melhora.

Para mais informações sobre os tipos de peeling, leia o Capítulo 5 desta Unidade.

Efélides
A resposta normal à radiação solar consiste no aumento da produção de melanina de
maneira uniforme, resultando no bronzeado. Porém, alguns indivíduos desenvolvem
efélides (popularmente conhecidas como sardas): manchas pequenas (normalmente
com menos de 3 mm de diâmetro) de tom castanho ou marrom.

Efélides são hiperpigmentações benignas, porém, o profissional de estética deve estar


atento caso as lesões apresentem tamanhos maiores ou coloração anormal: nesse caso,
o paciente deve ser orientado a procurar um médico para um diagnóstico diferenciado.

Devido à sua característica benigna, o tratamento para efélides tem objetivo estético
somente. O paciente pode evitar exposição solar, fazer uso de filtro solar e maquiagem
ou hidratantes com fator de proteção solar. Essas medidas podem evitar o aparecimento
de novas manchas.

Existem outros tratamentos:

»» Criocirurgia: indicada para pessoas com efélides superficiais e de tons


mais claros. É realizado o congelamento das efélides com nitrogênio
líquido.

»» Laser: ocorre remoção da melanina excessiva, sendo o tratamento mais


utilizado para remoção de efélides. Porém, podem ocorrer lesões com
formações de crostas e é possível nova hiperpigmentação nesse caso.

»» Peelings químicos.

Para mais informações sobre os tipos de peeling, leia o Capítulo 5 desta Unidade.

Lentigo
Lentigos são máculas benignas pigmentadas semelhantes à efélides, causadas pelo
aumento da atuação dos melanócitos. Diferentemente das efélides, que podem diminuir
de intensidade caso o indivíduo não se exponha ao sol, os lentigos são persistentes.

32
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

Existem dois tipos de lentigos:

»» Lentigo simples: surgem normalmente durante a infância e em regiões


que não são expostas ao sol (incluindo mucosas).

»» Lentigo solar: surgem em regiões expostas ao sol devido à exposição


cumulativa aos raios UV como face, dorso das mãos e antebraços. Uma
vez que a incidência do lentigo solar aumenta com o passar dos anos, essa
hiperpigmentação é mais comum em indivíduos adultos e idosos.

Por razões estéticas, os lentigos podem ser removidos por meio de crioterapia com
nitrogênio líquido, laser e luz intensa pulsada.

Apesar de não representarem potencial maligno, os lentigos solares são indicativos de


que a pele está sofrendo danos devido à exposição solar, sendo assim, o indivíduo que
apresenta lentigos possui risco aumentado para o desenvolvimento de melanoma.

33
CAPÍTULO 4
Envelhecimento

É possível interromper o processo de envelhecimento? Quando se devem


começar os cuidados com a pele? O filtro solar pode minimizar as marcas do
envelhecimento da pele? É possível envelhecer bem e bonita(o)? O que o
profissional da estética pode oferecer para quem deseja cuidar da pele e retardar
os efeitos fisiológicos do envelhecimento?

Alterações fisiológicas
É um processo fisiológico natural e universal, que está intimamente relacionado às
alterações que ocorrem a nível molecular, celular, tecidual e orgânico, envolvendo
desgaste constante das reservas do sistema orgânico e de controle homeostático, de
forma progressiva e irreversível com a idade (CAROMANO; JUNG, 1999).

Dados epidemiológicos apontam um envelhecimento da população mundial nas últimas


décadas. Tem-se observado uma inversão da pirâmide etária, em virtude da diminuição
nas taxas de natalidade, nos índices de mortalidade e do aumento da expectativa de
vida da população (CAMARANO, 2006; GORZONI; PASSARELLI, 2006).

No Brasil, o aumento da população idosa segue essa tendência. Nos últimos 50 anos,
a participação da população idosa brasileira no total da população nacional mais que
duplicou: representava 4% em 1940 e 8,6% em 2000 (CAMARANO, 2006; BENEDETTI
et al., 2007), dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstram
que em 1970, existiam no país pouco mais de quatro milhões e setecentas mil pessoas
com idade superior a sessenta anos. Já no censo realizado em 2000, esse número
havia mais que triplicado. Estima-se que em 2020, a população idosa ultrapasse os
15% da população total do país. Em 2025, espera-se que ocorra um aumento de mais
33 milhões, tornando o Brasil o sexto país no mundo com a maior porcentagem de
indivíduos idosos (PAIXÃO JÚNIOR; REICHENHEIM, 2005; CAMARANO, 2006;
SILVA et al., 2006; IBGE, 2007).

Esse aumento da expectativa de vida faz com que as pessoas busquem cada vez mais se
manterem fisicamente mais jovens. A longevidade proporcionada pelo desenvolvimento
científico (ou seja, a cada dia surgem novas e melhores técnicas para tratamentos faciais
e corporais, para as mais diversas finalidades), associada a uma facilidade de acesso a

34
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

essas novas tecnologias, favorece esse processo de crescimento na área da saúde e da


beleza.

Observa-se, ainda, uma crescente influência da mídia no dia a dia das pessoas. A busca
pelo corpo perfeito, por uma aparência mais jovem, pelo ideal de beleza concebido pelo
mundo da moda onde modelos magérrimas desfilam pelas passarelas, favorecem esse
crescimento do setor.

O avanço da tecnologia e facilidade de acesso a elas também é fator determinante.


A ciência, a cada dia, lança novos e mais modernos tratamentos e equipamentos. A
divulgação desses é favorecida pela internet e demais meios de comunicação. A facilidade
de acesso e diferentes formas de pagamento possibilitam o acesso das diferentes classes
sociais.

Existem diversas teorias acerca das causas do envelhecimento, mas sabe-se que todos
os processos fisiológicos involutivos no organismo ocorrem de forma harmônica
(GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Dentre as principais alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento


que são observadas no organismo, encontramos (GUIRRO; GUIRRO, 2002):

»» Retardo na síntese de proteínas, que parece ser o fenômeno metabólico


mais evidente desse processo, favorecendo um desequilíbrio entre a
formação e a degradação dessas.

»» Menor quantidade de água no organismo.

»» Involução de funções endócrinas.

»» Declínio da funcionalidade do DNA e do RNA.

»» Diminuição da qualidade nas regenerações.

»» As glândulas sebáceas e sudoríparas diminuem em quantidade e em


função.

»» Processo de cicatrização mais demorado.

»» Receptores sensitivos de dor, calor e pressão tornam-se menos sensíveis


e em menor número.

»» A pele tende a tornar-se delgada, enrugada em alguns lugares, seca (a


camada córnea torna-se mais permeável) e ocasionalmente escamosa.

35
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

»» As fibras colágenas da derme tornam-se mais grossas e as elásticas


perdem parte de sua elasticidade.

»» Tendência do organismo a se tornar hipotérmico, relacionado ao declínio


metabólico geral, devido ao menor consumo de oxigênio e menor
produção de dióxido de carbono e calor.

»» Perda de força muscular.

»» Progressiva e contínua perda de massa muscular esquelética, com


substituição dessas por gordura, fato que inicia após os 30 anos.

»» Tendência ao atrofiamento do melanócito, sendo por isso frequente


o aparecimento de cabelos brancos (grisalhos), e manchada devido à
diminuição de pigmentos em determinadas áreas.

»» Diminuição da aptidão cardiorrespiratória.

»» Ao andar, ocorre alteração do centro de gravidade, aumento da base de


sustentação e passos mais curtos.

Lembrando que as mudanças acima descritas podem sofrer alterações, conforme o


estilo de vida e cuidados do indivíduo. E trata-se do envelhecimento fisiológico, senil.
Por exemplo, em pessoas que praticam atividades físicas regulares (mínimo 30 minutos,
por pelo menos 3 vezes por semana em dias intercalados), essa perda de massa muscular
com a substituição dessa por tecido gorduroso acontecerá com menor intensidade. O
processo será retardado, ao invés de acelerar com o passar dos anos.

Pessoas que vivenciam o envelhecimento acompanhado de doenças, quaisquer que


sejam (diabetes, hipertensão arterial, doenças oculares, renais, cardíacas, pulmonares
ou outras), apresentam resultados e complicações ainda mais agravantes decorrentes
dessas. As marcas visíveis do processo de envelhecimento são observadas em regiões
do corpo mais expostas às intempéries, tais como: face, pescoço, dorso das mãos,
antebraços (GUIRRO; GUIRRO, 2002). Essas regiões, frequentemente expostas ao sol
no dia a dia, nem sempre recebem a proteção adequada.

Durante o processo de envelhecimento, observa-se (GUIRRO; GUIRRO, 2002):

»» A pele se torna pregueada, enrugada, flácida e hiperpigmentada.

»» Agravamento ou exacerbação dos sulcos e pregas naturais comprometidas.

36
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

O excesso de mímica pode estar associado ao agravamento ou exacerbação dos sulcos e


pregas naturais comprometidas. Isso porque com o passar dos anos, as fibras elásticas
daqueles grupos musculares que foram usados de forma exacerbada e indevida, acabam
por desgastar-se, enrugar-se ou preguear a pele.

Não existe ainda uma explicação sobre a causa exata do processo de envelhecimento,
mas existem algumas teorias para tentar explicá-lo. Algumas parecem mais plausíveis
que as demais, embora todas se encontrem inter-relacionadas.

As alterações encontram-se a seguir, conforme descritas por Guirro e Guirro (2002).

Teorias do envelhecimento
As teorias do envelhecimento podem ser divididas em duas categorias: aquelas que
respondem à pergunta “Por que envelhecemos?” e aquelas que respondem à pergunta
“Como envelhecemos?”.

Poucas teorias tentam responder por que nós e praticamente todos os organismos vivos
envelhecem. Essas teorias competem entre si, tornando improvável que mais de uma
esteja correta. Com o passar do tempo, algumas teorias caíram em descrédito, enquanto
outras se tornaram largamente aceitas.

As teorias (ou hipóteses) que tentam responder como o envelhecimento acontece


abordam os mecanismos que atuam nesse processo, e é provável que muitas dessas
hipóteses ocorram simultaneamente. As pesquisas atuais sobre envelhecimento
buscam testar essas hipóteses com o objetivo de identificar os mecanismos e encontrar
intervenções que possam alterar ou conter o envelhecimento.

Teoria do relógio biológico

Como o próprio nome diz, essa teoria defende que o organismo apresenta um relógio
biológico que define as épocas da vida onde ocorrerá cada uma das alterações.

Acredita-se que esse controle ocorra em nível hormonal com o centro cerebral
regulador e em nível de transmissão de códigos genéticos e síntese proteica, que são
os ácidos nucleicos (DNA e RNA). Cada vez que a célula se divide, ela deve dobrar
seus cromossomos para que cada célula filha receba uma cópia do material genético.
Porém, cada vez que o cromossomo se reproduz, ele perde uma pequena parte dos seus
telômeros. Quando os telômeros celulares atingem um tamanho crítico, a célula não
mais consegue replicar os cromossomos e assim a divisão celular será interrompida.

37
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

Essas células se tornam “senescentes”, ou seja, apesar de não morrerem, não podem
dividir-se.

Portanto, durante a divisão celular, a replicação do DNA resulta progressivamente na


diminuição do cromossomo a cada ciclo celular. Por essa razão, uma enzima chamada
telomerase alonga as pontas dos cromossomos, evitando danos ao material genético.
Porém, a telomerase não é observada em todos os tipos celulares. Células que possuem
potencial proliferativo ilimitado, como células-tronco e células germinativas, são capazes
de estender o DNA por meio da telomerase. Por outro lado, a maioria dos outros tipos
celulares possuem uma capacidade finita de se replicarem. Essas células não possuem
atividade da telomerase, sofrendo, assim, desgaste no telômero devido a cada divisão
celular. Essa erosão seria uma aceitável explicação para a vida útil de células somáticas.

Portanto, o encurtamento do telômero foi considerado como um relógio molecular que


conta as divisões celulares. A teoria do relógio biológico expande esse contexto para
todo o organismo, considerando que com o passar dos anos a capacidade de replicação
celular sistêmica diminui.

É tentador extrapolar esse conceito e assumir que caso seja possível aumentar os níveis
de telomerase das células somáticas, poderia conferir imortalidade a elas. Porém, a
ausência de telomerase também age como um mecanismo de supressão da malignidade.
No caso de mutações que levam ao crescimento descontrolado das células, essas
teriam vida útil limitada pela ausência da atividade da telomerase. Muitos tumores
apresentam mutações que possuem aumento na capacidade proliferativa por meio da
ação da enzima telomerase. Assim, o número insuficiente de células com telomerase
prejudicam a renovação dos tecidos e um elevado número de células com atividade da
telomerase poderia aumentar o índice de malignidade.

Teoria da multiplicação celular

Essa teoria está associada à teoria do relógio biológico e defende que o envelhecimento
é secundário do desgaste das células em seu processo fisiológico de multiplicação.

Tal afirmação é justificada pelos pesquisadores que defendem essa teoria. Eles
acreditam que todas as células do corpo têm a capacidade intrínseca de multiplicar-
se (exceto as cerebrais); entretanto, com o passar dos anos, essa capacidade diminui
progressivamente, até que o processo cesse totalmente. Atualmente, acredita-se que o
que determina o limite no número de divisões celulares é o comprimento do telômero,
conforme foi descrito na teoria do relógio biológico no tópico anterior.

O estudo da senescência celular fornece dicas importantes sobre o processo de


envelhecimento em seu nível mais fundamental: a célula. Por exemplo, algumas
38
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

células da pele produzem colágeno quando são jovens. Quando essas células atingem
a senescência e não podem mais dividir-se, elas produzem colagenase, enzima que
promove a quebra do colágeno e a falta de colágeno poderia ser responsável pelo
afinamento da pele e formação de rugas.

Teoria das reações cruzadas de macromoléculas

Baseada no princípio ortomolecular, essa teoria afirma que o organismo humano


é formado por trilhões de moléculas definidas, com equilíbrio determinado pela
conservação de sua normalidade. Com o passar dos anos, as proteínas, DNA e outras
estruturas moleculares desenvolvem conexões inapropriadas (ou reações cruzadas).
Essas ligações diminuem a mobilidade ou elasticidade das proteínas e outras moléculas.
As proteínas que foram danificadas ou não são mais necessárias normalmente sofrem
quebras por enzimas chamadas proteases. Porém, a presença de ligações cruzadas
inibe a atividade das proteases, sendo assim, as proteínas danificadas permanecem no
organismo, podendo causar problemas.

Uma das principais reações cruzadas ocorre por meio de um processo chamado
glicosilação. As moléculas de glicose podem conectar-se com proteínas e serem
transformadas em moléculas chamadas produtos finais de glicosilação avançada.
Quando ambas as extremidades dessas moléculas se aderem às proteínas adjacentes,
elas formam reações cruzadas permanentes que desabilitam as funções das proteínas.
Um processo semelhante a esse faz com que um alimento se torne marrom durante a
cocção.

Quando as reações cruzadas acontecem, por exemplo, na proteína colágeno presente na


pele, pode ocorrer a formação de rugas e outras alterações dérmicas. Acredita-se também
que as reações cruzadas que ocorrem nas proteínas presentes nos olhos tenham papel
no surgimento da catarata. De maneira semelhante, reações cruzadas nas proteínas
presentes nas artérias poderiam contribuir para o surgimento de arteriosclerose.

As reações cruzadas que ocorrem nas proteínas são um dos componentes do


envelhecimento, sendo provavelmente um dos numerosos mecanismos que contribuem
para tal.

Teoria dos radicais livres

Até então, é a teoria que melhor explica fatos reais que acontecem no organismo.
Os radicais livres são um dos bioprodutos tóxicos do metabolismo celular normal.
Substâncias contidas dentro das células chamadas antioxidantes neutralizam os radicais

39
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

livres. Porém, aqueles que escapam a esse processo de neutralização podem danificar o
DNA, as proteínas e a mitocôndria (chamado dano oxidativo). Harmam, autor da teoria
citado por Olszewer (apud GUIRRO; GUIRRO, 2002), defendeu que o dano oxidativo
é acumulado com o passar do tempo, podendo resultar em processos que contribuem
para o envelhecimento:

»» Acúmulo de alterações oxidativas nas moléculas de longa vida como o


colágeno, elastina e material cromossômico.

»» Destruição de mucopolissacarídeos pela degradação oxidativa.

»» Acúmulo de resíduos metabólicos inertes pela oxidação polimerizante,


reações essas que envolvem lipídios, particularmente os poli-insaturados
e proteínas.

»» Mudanças na integridade da membrana celular.

»» Fibrose arteriocapilar.

Além disso, os radicais livres podem causar danos ao DNA, reações cruzadas das
proteínas e formação de pigmentos relacionados ao envelhecimento. Os danos
oxidativos também contribuem para diversas doenças relacionadas ao envelhecimento,
como câncer, doenças cardíacas, diabetes e Alzheimer.

Grande parte dos radicais livres são produzidos na mitocôndria (organela responsável
por gerar energia), portanto essa organela está mais sujeita a danos oxidativos. Caso
os radicais livres não sejam rapidamente neutralizados, eles podem causar dano
considerável para as membranas da mitocôndria e ao DNA mitocondrial. As lesões
causadas pelos radicais livres iniciam um ciclo no qual os danos oxidativos prejudicam
o funcionamento da mitocôndria, resultando na geração de quantidade ainda maior de
radicais livres. Com o passar do tempo, a mitocôndria afetada torna-se tão ineficaz que
não gera energia suficiente para as demandas celulares. As mitocôndrias de indivíduos
idosos tendem a ser menos eficientes do que as presentes em indivíduos jovens.

O dano oxidativo está associado a tantos problemas associados ao envelhecimento que


a investigação dos radicais livres é uma das áreas mais investigadas na área de pesquisa
do envelhecimento.

Teoria do desgaste

Como o nome da teoria já diz, essa defende que o organismo funciona como uma máquina
e, como qualquer outra, desgasta-se com o tempo. Com o passar dos anos, a sobrecarga

40
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

do sistema pode gerar uma necessidade de adaptação (hiperplasia, hipertrofia entre


outros) e, dessa forma, pode desencadear lesões não reparadas corretamente.

A somatória dessas lesões dificultaria o funcionamento completo e perfeito do organismo


ao longo dos anos e, consequentemente, seria uma das responsáveis pelo gatilho do
envelhecimento.

Teoria autoimune

Essa teoria defende que mutações sucessivas levariam ao surgimento de células cujo
DNA codificaria a síntese de produtos diferentes dos normais, logo, estranhos e não
identificados pelas células imunocompetentes.

Esse processo pode ser denominado como fotoenvelhecimento, caracterizado por


alterações clínicas, histológicas e funcionais da pele de pessoas idosas, expostas
cronicamente ao sol ao longo das décadas de vida (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Terapias aplicáveis

Independente das causas, ainda não completamente definidas, sabe-se que o processo
de envelhecimento é gradual, não poupando nenhum ser vivo e nenhum órgão, célula
ou tecido. De todos os tecidos do corpo, a pele é o que mais revela os efeitos desse
processo e também aquele mais acessível à pesquisa e estudos dos processos que o
relacionam (GUIRRO; GUIRRO, 2002).
As rugas, marcas na pele desencadeadas durante o envelhecimento, não podem ser
evitadas, mas podem ser retardadas. Isso é fato. O uso do filtro solar é essencial e
indispensável para quem deseja ter uma boa aparência e mantê-la jovem por mais tempo,
minimizando a aparição de manchas e doenças de pele. Mesmo quem já apresenta sinais
marcantes decorrentes desse período de envelhecimento, ainda pode se beneficiar do
filtro solar, haja vista que embora os efeitos deletérios para a pele sejam progressivos e
acumulativos, efeitos ainda maiores podem ser evitados e/ou retardados.
Atenta a esse potencial mercado consumidor em expansão, a área da estética vem
crescendo de forma exponencial, visando retardar os efeitos do envelhecimento,
atenuando marcas de expressão, favorecendo o contorno corporal desejado e até
mesmo proporcionando uma aparência mais jovem. Procedimentos que estimulam a
circulação local, melhorando a nutrição e o metabolismo, bem como aumento do tônus
muscular, favorecem a melhora e auxiliam no retardo do envelhecimento precoce.
Algumas das terapias descritas por Guirro e Guirro (2002), que podem auxiliar neste
processo preventivo, encontram-se descritas a seguir.

41
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

Eletroterapia

A estimulação elétrica facial é uma terapia muito utilizada para tratamento facial, sendo
a corrente farádica a mais utilizada e difundida.

Essa técnica produz efeitos semelhantes aos da contração muscular voluntária, tais
como aumento do metabolismo muscular, maior oxigenação com maior liberação
de catabólitos, dilatação das arteríolas e um consequente incremento da irrigação
sanguínea do músculo, melhorando, assim, a sua nutrição e prevenindo a sua hipotrofia
fisiológica.

Laser

Sua ação ocorre em nível celular, estimulando o crescimento do colágeno, com o qual
é possível restituir a tensão da pele e, consequentemente, melhorar a expressão facial
de pacientes entre a terceira e a quinta década de vida, que apresentem sinais de
envelhecimento da pele.

Na região dos olhos e pálpebras não se deve utilizar esse procedimento, assim como na
região do pescoço, pois pode hiperativar a glândula tireoide.

O tipo de laser que será utilizado, sua intensidade e tempo de exposição devem ser
calculados.

Massoterapia

Estudos indicam que a massagem estimula a circulação sanguínea superficial e a


renovação do extrato córneo.

Ela provoca um incremento na velocidade da circulação sanguínea, promove a hiperemia


cutânea, com consequente aumento da temperatura da pele e, microscopicamente,
aumento do número de capilares da pele em atividade.

Cinesioterapia

A atividade física regular é um dos artifícios para quem deseja retardar o processo
de envelhecimento. A diminuição da aptidão cardiorrespiratória, que acontece
progressivamente após a terceira década de vida, pode ser retardada nesses casos.

Mesmo que a pessoa inicie a prática de exercícios tardiamente, ainda é possível observar
uma melhora do condicionamento físico (com consequente melhora da oxigenação

42
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

dos tecidos), preservando e/ou incrementando a massa musculoesquelética, que


fisiologicamente diminui secundariamente ao envelhecimento. Tal fator auxilia no
controle e prevenção da osteopenia, osteoporose, perda de força e de massa muscular.

Em relação ao tônus da pele, exercícios faciais são eficazes, pois a musculatura facial
está inserida na pele, sendo, então, diretamente responsável pelo seu tônus. Como a
diminuição do tônus muscular é um dos fatores observados durante o envelhecimento,
entende-se que a realização de exercícios faciais resistidos são importantes para a
preservação do contorno da face.

Procedimentos médicos

De acordo o próprio título deste tópico, trataremos agora de alguns procedimentos


utilizados e realizados única e exclusivamente pelo médico, normalmente o
dermatologista. São tratamentos de “encher os olhos”, uma vez que apresentam
resultado imediato e, quando realizados por um bom profissional, demonstram
resultados animadores. O fisioterapeuta ou o profissional da estética, nesse caso,
poderão atuar paralelamente ao médico, concomitantemente às intervenções feitas por
ele, mais especificamente pré e pós-preenchimento:

»» No pré-preenchimento, exercícios faciais são interessantes para a melhora


do tônus muscular e, assim, melhora dos sulcos.

»» No pós-preenchimento, o uso de compressas frias e drenagem linfática


estão liberados. A massagem clássica nessa fase é contraindicada, uma
vez que pode causar irritação local e agilizar a reabsorção do material
injetado.

Botox

Por se tratar de um procedimento muito procurado pelos pacientes, trataremos aqui


como um item à parte. Em geral, é utilizado para minimizar a atividade muscular e, dessa
forma, atenuar rugas dinâmicas. O uso de correntes excitomotoras é contraindicado.

Botox é uma neurotoxina derivada da bactéria Clostridium botulinum, organismo


encontrado no ambiente, como solo, lagos e florestas, nos quais ele está normalmente
inativo e é não tóxico. Essa bactéria também pode ser encontrada o trato intestinal de
mamíferos, peixes e alguns mariscos. Nesses ambientes, os esporos da C. botulinum são
inofensivos. Problemas podem ocorrer quando os esporos se transformam em células
vegetativas e a população celular aumenta, causando, a certo ponto, a produção de

43
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

toxina botulínica, neurotoxina mortal, responsável pelo botulismo. Essa neurotoxina


ataca o sistema nervoso central, prejudicando o processo de comunicação entre os
neurônios, causando graves consequências, inclusive parada respiratória e morte.

A toxina botulínica é uma das substâncias mais tóxicas existentes na natureza. Estudos
estimam que um grama possa matar 1 milhão de pessoas e alguns quilos poderiam matar
todos os seres humanos do planeta (DHAKED et al., 2010). Apesar de sua toxicidade,
a toxina botulínica é uma proteína terapêutica valiosa e eficaz, amplamente utilizada
na redução de linhas de expressão, rugas, tratamento de desordens musculares, suor
excessivo, enxaquecas e algumas desordens de bexiga e intestino.

Quando injetada em quantidades extremamente baixas, a toxina botulínica age evitando


que os sinais emitidos pelas células nervosas cheguem aos músculos, paralisando-os.
Para que ocorra a contração muscular, os nervos liberam um mensageiro químico
chamado acetilcolina (um neurotransmissor) na junção onde as terminações nervosas
encontram as células musculares. A acetilcolina conecta-se aos receptores presentes
nas células musculares, causando contração (ou encurtamento) das células musculares.
A toxina botulínica evita a liberação de acetilcolina, impedindo a contração das células
musculares. Além disso, essa toxina promove redução da contração muscular anormal,
fazendo com que o músculo se torne menos rígido.

Para o tratamento de rugas, o médico dermatologista injeta a toxina botulínica no tecido


neuromuscular da face ou pescoço, relaxando os músculos e diminuindo as linhas de
expressão. Normalmente, o efeito é observado logo após a aplicação (em raros casos,
pode levar até 5 dias para que o efeito completo da toxina botulínica seja observado).
O efeito dura de 3 a 4 meses, em média. Durante a aplicação, o médico dermatologista
deve tomar cuidado, pois caso injete a toxina em excesso, outros músculos podem ser
atingidos e a expressão facial natural pode ser prejudicada.

Preenchimentos

Existem as mais diversas substâncias utilizadas para preenchimento de rugas e sulcos.


Dentre os sulcos, o preenchimento do nasogeniano é o mais procurado nos consultórios.

Podem ser utilizados:

»» Injeções de silicone (pouco usada atualmente devido ao risco de infecção


e reação inflamatória como consequência da mobilização do material,
caso ocorra).

»» Injeções de tecido adiposo ou colágeno (resultados por curto período de


tempo).

44
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

»» Materiais aloplásticos, tais como malhas de politetrafluoretileno (risco


de reações desagradáveis, como infecção, inflamação e/ou extrusão do
material).

»» Materiais sintéticos, como o ácido hialurônico e suas derivações (um dos


mais usados atualmente, embora apresente resultados temporários, 6
meses em média).

»» Microesferas de acrílico envolvidas em um gel de colágeno - Metacrill e


Artecoll (tidos como materiais não reabsorvíveis e, por isso, com duração
de 5 anos em média).

»» Enxerto autógeno de cartilagem conchal – orelha –, cuja única


inconveniência é a palpação pelo paciente, sob a pele.

45
CAPÍTULO 5
Outros tratamentos estéticos

Quais tratamentos a área estética pode oferecer?

Higienização facial
A higienização facial é a limpeza superficial da pele, removendo as impurezas acumuladas
diariamente, podendo ser aplicado um sabonete líquido, um esfoliante, e/ou loções de
limpeza, com a retirada em seguida. Isso promoverá uma higienização superficial da
pele.

Tal procedimento pode ser realizado isolado ou previamente a outros procedimentos


faciais, como peeling, cirurgias faciais, maquiagens e limpeza de pele profunda.

Limpeza de pele
A limpeza de pele é um tratamento muito procurado nas clínicas de estética por quem
deseja controlar a oleosidade da pele e/ou manter a pele com uma aparência viçosa
e com brilho. A limpeza também pode ser associada a outros tratamentos estéticos,
que juntos terão como objetivos manter uma aparência bonita e luminosa da pele,
minimizando manchas, controlando o aparecimento de cravos e o surgimento e/ou
agravamento de acnes, dentre outros.

É um procedimento que pode ser realizado em qualquer estação do ano, por pessoas de
todas as idades e todos os tipos de pele.

A limpeza de pele consiste na aplicação de:

»» Higienização da pele: realizada utilizando demaquilantes e loções


(que podem ser em mousse, emulsão, creme ou gel), para retirada da
maquiagem – se houver – e retirada de impurezas superficiais.

»» Esfoliação: com a função de remover células mortas e afinar a camada


mais superficial da pele, em geral é feita com cosmético que possua
grânulos em sua fórmula.

46
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

»» Desincruste: utilização de uma máscara que irá amolecer a camada


superficial da pele e facilitar a remoção de cravos, espinhas e miliuns
posteriormente.

»» Emoliência: o rosto deverá ser exposto ao vapor de ozônio para abrir


os poros. O vapor também tem efeito bactericida e, por isso, prepara a
região pré-extrações.

»» Extração: é a retirada de cravos e espinhas, podendo ser feita


manualmente ou com auxílio de um aparelho de sucção. Por serem mais
profundos, alguns cravos e miliuns devem ser retirados com auxílio de
uma agulha esterilizada.

»» Cauterização: aplicação do aparelho de alta frequência, com efeito


bactericida e cicatrizante, que evitará infecções na pele posteriormente.

»» Máscara calmante: utilizada para acalmar a pele após extração,


diminuindo a vermelhidão em determinados pontos.

»» Filtro solar: protege a pele após o procedimento.

Peeling
O envelhecimento cutâneo é inevitável e inexorável. Embora seja um processo fisiológico
e gradativo, pode ser acelerado por fatores ambientais (exposição ao sol, vento, poluição,
produtos químicos) e/ou decorrentes de hábitos de vida inadequados (não usar o filtro
solar adequadamente, higienização inadequada da pele, dentre outros). Por outro lado,
via tratamentos estéticos, é possível minimizar os efeitos do envelhecimento da pele,
retardando-os.

Consequente a esse processo de envelhecimento, observa-se ainda uma diminuição na


velocidade de renovação celular. Dessa forma, o peeling é um procedimento que visa
acelerar o processo de esfoliação cutânea, promovendo a renovação celular, fazendo
com que a pele adquira um aspecto mais jovial e renovado, bem como promover um
refinamento da pele, com remoção de comedões, redução de discromias etc. (VELASCO
et al., 2004; BORGES, 2010).

Tal procedimento pode ser executado em diferentes graus de intensidade de ação e


método de aplicação, podendo ser menos ou mais penetrante; o que determinará se o
procedimento deverá ser realizado por esteticistas, fisioterapeutas, cirurgiões plásticos
ou dermatologistas. Exemplo disso é a utilização de ácidos, onde só é permitido ao

47
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

fisioterapeuta dermatofuncional o uso em cabine de ácido glicólico na concentração


máxima de 10% e pH 3, sendo as concentrações maiores e pH menores (mais ácidos)
de competência médica (BORGES, 2010).

Borges (2010) relata que são inúmeras as formas de aplicação, veículos e princípios
ativos utilizados na técnica de peeling.

Existem alguns agentes descamantes distintos (BORGES, 2010):

»» Agente natural:

›› Sol (raios UV).

»» Agentes artificiais:

›› Físico-microgrânulos de óxido de alumínio, microgrânulos de


polietileno e ponteira de diamantes.

›› Químico: ácido tricloracético (TCA – ATA), crio peeling por neve


carbônica, criocautério por CO2 direto, nitrogênio líquido, máscaras
queratolíticas, ácido azelaico, fenol, enxofre, ácido salicílico, entre
outros.

›› Biológico: ácido retinoico, alfahidroxiácidos (AHA), como o ácido


lático, ácido mandélico e ácido glicólico, enzimas, vitamina C tópica
etc.

›› Mecânico: dermoabrasão, microdermoabrasão (cristais e diamante).

Os peelings podem ser classificados como peeling físico, químico, biológico e vegetal,
conforme descrito por Borges (2010, p. 290-1):

»» Peeling físico: processo mecânico de arraste das células mortas por meio
de substâncias abrasivas que podem estar veiculadas em cremes, gel, gel-
creme ou até mesmo em loções. A aplicação consiste simplesmente em
submeter a pele ao esfregaço com massagens suaves e ligeira pressão. Os
abrasivos físicos mais utilizados são: sílica – mineral (1 a 5%); damasco
(caroço) – natural (1 a 6%); algas diatomáceas – pó de origem natural;
polietileno – sintético (0,3 a 1%).

»» Peeling químico: processo realizado por agentes químicos, geralmente


ácidos orgânicos, com variadas concentrações, promovendo intensa
renovação celular, podendo ocorrer lesão na pele seguida de epitelização.
Consiste na aplicação de um ou mais agentes cáusticos na pele,
produzindo uma destruição controlada da epiderme e sua consequente

48
ESTÉTICA FACIAL │ UNIDADE I

reepitelialização. É comumente aplicado por propiciar melhora da


aparência da pele danificada por fatores extrínsecos, intrínsecos e
também por cicatrizes remanescentes (VELASCO et al., 2004).

»» Peeling biológico: os ativos utilizados nessa forma de peeling são


substâncias naturais com a capacidade de promover a renovação celular
por meio da hidrólise da queratina. Os princípios ativos utilizados são
enzimas biológicas que têm ação queratolítica, diminuindo a espessura da
camada córnea, dando à pele mais textura e plasticidade. Tais substâncias,
apesar de naturais, possuem caráter acentuadamente ácido, o que as
torna tão eficazes quanto aos peelings químicos e deve-se ter bastante
cautela no uso desses produtos, a fim de evitar acidentes desagradáveis,
sendo de relevante importância o controle de tempo de permanência do
produto sobre a pele. As enzimas usualmente utilizadas são a papaína
(papaia) e a bromelina (abacaxi).

»» Peeling vegetal (Gommage): procedimento realizado com massagens


vigorosas, utilizando-se géis que, ao evaporarem, formam grumos que
durante a massagem carreiam as células mortas do extrato córneo,
deixando a pele limpa e macia. Trata-se de um peeling leve, com o principal
objetivo de limpar, retirar comedões e melhorar a permeação da pele,
facilitando a absorção de outros ativos subsequentes no procedimento.
Geralmente não causam lesões, sendo o peeling ideal para peles sensíveis
onde o ácido seria intolerável.

»» Peeling ultrassônico: realizado por meio de vibrações mecânicas


de alta frequência e pequena amplitude, sendo aplicada na superfície
da pele através de uma espátula metálica (BORGES, 2010). Também
chamada de microvibração de alta frequência, pode ser utilizada sobre
toda a área do rosto nos tratamentos faciais e em zonas hiperqueratósicas
nas demais partes do corpo (BORGES, 2010). Indicado também para
peles desvitalizadas, hiperqueratósicas e seborreicas, e para realização de
limpezas profundas da pele, onde está contraindicado o uso de produtos
químicos esfoliantes (BORGES, 2010).

São indicações para os peelings: correção de rugas e sulcos cutâneos; afinamento do


tecido epitelial; hiperqueratoses e cicatrizes superficiais; estrias; quistos de milium;
elastoses, quistos comedônicos; discromias; tatuagens; lesões acneiformes; sequelas de
acnes; foliculite; varicela; traumatismos epiteliais; rosácea; rinofima (BORGES, 2010).

Por outro lado, algumas reações adversas a esse tipo de procedimento também
podem ocorrer, como hiperpigmentações, miliuns, cicatrizes hipertróficas e queloides

49
UNIDADE I │ ESTÉTICA FACIAL

em pessoas propensas, eritema prolongado, queimaduras químicas dentre outros


(BORGES, 2010).

Laser para epilação


A terminologia ‘laser’ corresponde a uma sigla que significa light amplification by
stimulated emission of radiation (em português, amplificação da luz por emissão
estimulada de radiação). Equipamentos que emitem laser são específicos e utilizados
com inúmeros propósitos, de acordo com o cromóforo-alvo (estrutura a ser atingida,
podendo ser endógena como melanina, hemoglobina, água; ou exógena como a tinta
de tatuagem). Por exemplo: um equipamento utilizado para remoção de tatuagem não
deve ser utilizado para epilação.

No caso da epilação, a melanina presente no pelo é o cromóforo-alvo. O laser atinge


a raiz do pelo e é conduzido até a raiz, na qual ocorre cauterização, evitando que esta
produza pelos. A epilação com laser é um procedimento que tem sido cada vez mais
procurado em clínicas de estética e merece atenção devido a alguns cuidados específicos,
que são necessários para maior segurança do procedimento (BORGES, 2006):

»» Conhecimento e compreensão da anatomia, fisiologia e do ciclo de


crescimento do pelo.

»» Conhecimento dos diferentes tipos de laser para epilação (Alexandrite,


Diodo, Nd-YAG).

»» Avaliação prévia do paciente e da área onde será aplicado o laser (cor da


pele, cor do pelo, tipo de pele, região).

»» Cuidados antes da aplicação: limpeza, higienização, remoção de produtos


que estejam sobre a pele, cortar previamente os pelos com lâmina de
barbear, aplicar um anestésico tópico no local, resfriamento da pele
previamente à aplicação etc. Cuidados durante a aplicão: delimitar as
áreas, estabelecer a potência e o tempo de aplicação. Cuidados depois da
aplicação dessa técnica: higienização, colocação de compressas de gelo,
uso de antisséptico nas áreas com maior risco de contaminação – axilas,
virilha, região genital –, aplicação de filtro solar e evitar exposição ao sol.

Sensação de coceira ou calor durante a sessão, bolhas (causadas pela ação térmica na
epiderme), púrpura, edema e hiperemia são algumas das complicações mais comuns.
Em casos de ocorrência de queimaduras, podem aparecer cicatrizes.

50
ESTÉTICA UNIDADE II
CORPORAL

É importante prevenir o aparecimento de afecções de pele ou um profissional


da área da estética só deve ser procurado quando essas já estiverem instaladas?
Pode-se procurar qualquer profissional ou deve-se procurar alguém com
formação na área?

CAPÍTULO 1
Perimetria

Introdução
A perimetria é a mensuração, em centímetros, da circunferência de determinado
segmento corporal. Essa medida, denominada perímetro, é o perímetro máximo
de um segmento corporal quando medido em ângulo reto em relação ao seu maior
eixo (FERNANDES FILHO, 2003). Para realização dessa medida, é necessária uma
fita métrica com precisão de 0,1 cm. Alguns autores descrevem a preferência por
fita metálica, uma vez que outros materiais podem ceder ao longo do tempo de uso,
alterando a medida real.

Devido à sua importância, é muito utilizada na área da saúde e atividade física. Em


academias, por exemplo, é frequentemente utilizada durante a avaliação física. Uma
grande parcela da população certamente já foi submetida à perimetria, mesmo que não
soubessem o nome do procedimento.

Na área da estética, ela é muito utilizada na avaliação pré-tratamento e na reavaliação


pós-tratamento, especialmente nos realizados para redução de medidas, drenagem
linfática, massagem modeladora ou redutora.

51
UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

Precauções
Para que a medida seja fidedigna, existem algumas precauções que devem ser
consideradas durante a realização da perimetria, de acordo com Fernandes Filho
(2003):

»» A medição deve ser realizada antes de qualquer tipo de atividade física.

»» O profissional deve escolher um ponto fixo para a medição e utilizá-lo


sempre, para evitar erros e variações na medida.

»» A medição deve ser realizada sobre a pele nua.

»» São realizadas três medidas consecutivas e o valor final da perimetria é a


média das medidas.

»» A pressão realizada para fazer a medição não pode ser excessiva na pele,
porém, a fita não pode ficar frouxa.

»» O dedo do profissional não pode estar posicionado entre a pele e a fita.

»» Os pontos escolhidos para os perímetros podem ser marcados no corpo


do paciente com caneta ou lápis dermográfico.

Caso os cuidados não sejam adequadamente seguidos, pode haver comprometimento


do resultado final do tratamento.

Veja o exemplo:

Imagine que durante a avaliação, você realiza a perimetria de diversos segmentos


corporais de uma paciente que deseja perder medidas. Entretanto, por erro no
momento da medição, ao terminar o tratamento, você constatou que ela está com
alguns centímetros a mais. Visualmente ela perdeu alguns centímetros, mas a medida
está maior. Como justificar isso para a paciente? Em um primeiro momento, pode até
parecer um erro no tratamento ou algum outro fator que tenha interferido (a paciente
ganhou peso, está com retenção de líquido devido ao período pré-menstrual ou outro
motivo), contudo, é difícil explicar essa situação à cliente. E, em uma situação dessas, a
perimetria realizada de forma incorreta causou o erro (e que te deixou em uma tremenda
“saia justa!”).

Outro fator importante é que a repetição da perimetria deve ser realizada pela mesma
pessoa. Isso quer dizer que, a mesma pessoa que aferiu no momento da avaliação, deverá
repetir o procedimento no dia da reavaliação. E, de preferência, com a mesma fita métrica,

52
ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

no mesmo horário do dia, estando a paciente com as mesmas vestes. Isso pode parecer
bobagem, mas faz uma tremenda diferença para quem deseja ser um profissional sério,
cuidadoso e fiel ao tratamento oferecido. A execução de procedimentos padronizados
aumentará a fidedignidade e exatidão das medidas (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Como realizar perimetria


Veremos abaixo como realizar a perimetria nos pontos mais utilizados na área da
estética, de acordo com Fernandes Filho (2003). Vale lembrar que existem outros além
desses, mas menos utilizados pelo esteticista. O paciente deverá estar com a menor
quantidade possível de roupas, uma vez que as medidas deverão ser realizadas sobre a
pele nua.

Tórax

Deve ser realizada com o paciente em posição ortostática, sem apoio. Caso o paciente
seja do sexo feminino, a fita deve ser posicionada abaixo das linhas axilares, em um
plano horizontal. Caso o paciente seja do sexo masculino, a fita deve ser posicionada
sobre a cicatriz mamilar, em um plano horizontal.

Em ambos os casos, a medição ocorre em três momentos distintos:

»» O paciente realiza uma expiração normal.

»» O paciente realiza uma inspiração máxima.

»» O paciente realiza uma expiração máxima.

Braço

O paciente deve estar em posição anatômica (ortostatismo e antebraços em posição


supina). A fita é posicionada no ponto médio entre o olecrano e o acrômio (ponto
meso-umeral).

Antebraço

O paciente permanece na mesma postura anterior e a fita é posicionada sobre o ponto


que possui maior massa muscular (na maioria das pessoas, esse ponto está na região
próxima ao cotovelo).

53
UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

Cintura

O paciente deve estar em posição ortostática e com o abdômen relaxado. Caso o paciente
seja do sexo feminino, a fita é posicionada em plano horizontal e a medida é realizada
abaixo da última costela (ponto que possui menor circunferência). Caso o paciente seja
do sexo masculino, a fita deve ser posicionada sobre a cicatriz umbilical, em um plano
horizontal.

Quadril

O paciente permanece em posição ortostática, pés paralelos e unidos, braços afastados


do tronco ligeiramente e os glúteos devem estar contraídos. O profissional coloca-se
ao lado do avaliado. A fita é posicionada em um plano horizontal, sobre o ponto das
nádegas com maior massa muscular.

Coxa
O paciente posiciona-se em ortostatismo, com os pés paralelos e ligeiramente afastados.
O profissional coloca-se ao lado do avaliado.

Para perimetria da coxa proximal, a fita é posicionada em um plano horizontal,


imediatamente abaixo da prega glútea.

Caso a medição seja realizada na região da coxa mesofemural, a fita é posicionada no


ponto médio, entre a borda superior da patela e a prega inguinal (ponto mesofemural).

Ao ser realizada a perimetria da região distal da coxa, a fita é posicionada a 5 cm da


borda superior da patela.

Panturrilha

Com o paciente em posição ortostática, o profissional coloca a fita no ponto de maior


massa muscular, em um plano horizontal.

Outros pontos de referência

Guirro e Guirro (2002) descrevem alguns pontos de referência para essas medidas:

»» Pescoço: imediatamente abaixo da proeminência laríngea.

»» Ombros: sobre os músculos deltoides, imediatamente abaixo do


acrômio.

54
ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

»» Joelho: sobre o nível médio da patela.

»» Tornozelo: sobre os maléolos.

»» Pulso (punho): sobre os processos estiloides da ulna e do rádio.

Qual a importância do mesmo avaliador fazer a perimetria do paciente/cliente


no início e ao final do tratamento? Qual a importância do avaliado estar com
as mesmas vestimentas usadas no dia da primeira avaliação? No dia a dia, os
profissionais da estética têm feito bom uso da perimetria?

55
CAPÍTULO 2
Fibro edema geloide

Apesar de serem usados como sinônimos, os termos fibro edema geloide e


celulite não são conceituados da mesma forma. O termo correto para designar
alterações do relevo cutâneo é fibro edema geloide. Celulite refere-se à
inflamação no tecido celular subcutâneo. O fibro edema geloide não apresenta
infiltrados inflamatórios.

Introdução
Fibro edema geloide (FEG) é uma alteração topográfica e localizada na pele, sendo
comumente encontrada em coxas, nádegas e abdômen de mulheres. Acredita-se que
a orientação perpendicular dos septos fibrosos de mulheres permite que a gordura
subjacente protraia-se, criando o aspecto ondulado característico do FEG. Nos homens,
essas fibras estão posicionadas de maneira oblíqua, prevenindo que esse fenômeno
ocorra (PIÉRARD et al., 2000).

As características visualizadas no FEG são atribuídas ao tecido conectivo hipodérmico


e protrusão dos adipócitos para a derme. Anomalias na microcirculação de depósitos
de gordura localizada também podem estar relacionadas ao aspecto ondulado do FEG
(SMALLS et al., 2006).

Apesar de a exata epidemiologia do FEG não estar completamente elucidada na


literatura, sua natureza ubíqua permite afirmar que seria mais adequado pensar no
FEG como uma característica sexual secundária, e não uma doença. Apesar disso, o FEG
desencadeia disfunções dolorosas nas regiões acometidas e diminui sua funcionalidade.
Por essa razão, podem ocorrer complicações como dores intensas e diminuição da
autoestima (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Identificação do FEG
Conforme descrito por Guirro e Guirro (2002), as quatro evidências clínicas observadas
durante a palpação do FEG, classicamente conhecida como “tétrade de Ricoux”, são:
aumento da espessura do tecido celular subcutâneo, maior consistência tecidual, maior
sensibilidade à dor, diminuição da mobilidade por aderência aos planos mais profundos.

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ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

Conforme o grau, o FEG pode ser identificado por testes simples, seguros e não invasivos.
Em graus mais elevados, apresenta sinais que mesmo a olho nu é possível identificá-
lo: tecido flácido, com relevos e depressões, dificilmente sendo confundida com outra
patologia.

Durante a avaliação, o profissional da estética deverá solicitar ao seu cliente que


permaneça em posição ortostática (de pé), especialmente porque em decúbito ventral
ou lateral a força gravitacional favorece a acomodação dos tecidos, podendo, então,
mascarar o seu real estado. Coloração tecidual, varizes, estrias, dor à palpação, dentre
outros sinais, podem também estar presentes (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Teste da preensão

Deve-se pressionar a pele juntamente com a tela subcutânea entre os dedos (movimento
de pinça), promovendo um movimento de tração. Sendo a sensação dolorosa mais
incômoda que o normal, é indicativo de FEG, já com alteração de sensibilidade.

Teste da casca de laranja

Deve-se pressionar o tecido adiposo entre os dedos polegar e indicador ou entre as


palmas das mãos. O teste será positivo caso a pele torne-se rugosa, semelhante à casca
de uma laranja.

Estágios do FEG
Com exceção das palmas das mãos, plantas dos pés e couro cabeludo, que apresentam um
tecido diferenciado, o FEG pode surgir em qualquer parte do corpo, preferencialmente
na porção superior das coxas (interna e externamente), porção interna dos joelhos,
regiões de abdome, glúteos e porção superior dos braços (ântero e posteriormente).

O FEG apresenta três estágios não completamente delimitados, podendo ainda ocorrer
a sua sobreposição em uma mesma área.

»» FEG brando (Grau 1): raramente encontramos na prática clínica, haja


vista que o profissional geralmente recebe a paciente com sinais e sintomas
já instalados. Nesse estágio, o FEG só é percebido quando da realização do
teste da casca de laranja ou durante uma contração muscular voluntária.
Não se observam alterações clínicas. É assintomático e considerado
sempre curável (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

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UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

»» FEG moderado (Grau 2): diferentemente do estágio anterior, nesse


estágio, as depressões são visíveis mesmo sem a compressão dos tecidos.
Com a compressão, portanto, elas ficam sujeitas a apresentarem-se mais
evidentes. Caso a luz incida lateralmente, as margens são facilmente
delimitadas e já se encontra alteração de sensibilidade. É frequentemente
curável (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

»» FEG grave (Grau 3): em qualquer posição que o indivíduo esteja, é


possível identificar o acometimento tecidual. Não são necessários testes,
uma vez que os resultados são visíveis mesmo sem eles. A pele fica com
a aparência de “saco de nozes”, por apresentar-se cheia de relevos,
enrugada e flácida. Alterações de sensibilidade encontram-se presentes.
Pode ser melhorado, embora não completamente curado (GUIRRO;
GUIRRO, 2002).

Tratamento
O tratamento do FEG é um desafio, pois não existem evidências científicas sólidas sobre
a eficácia dos tratamentos disponíveis atualmente. Apesar disso, muitas mulheres
procuram tecnologias e tratamentos para o FEG devido às alterações estéticas e
disfunções dolorosas. Tendo isso em mente, o profissional de estética deve considerar
para o tratamento do FEG, duas coisas fundamentais: correto diagnóstico aliado ao
melhor recurso de escolha para tratamento em questão.

Pesquisas realizadas nas últimas décadas apontaram que os melhores resultados para
o FEG são aqueles tratamentos nos quais o corpo é submetido à recuperação da saúde
e não tem como foco apenas o FEG, afinal, mesmo esse sendo abrandado, os hábitos
de vida permanecem iguais (utilização de anticoncepcionais orais, sedentarismo,
alimentação inadequada, tabagismo e etilismo), então, os resultados serão apenas
temporários e transitórios (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Uma abordagem multidisciplinar é importante e recomendada, sendo que a orientação


ao paciente também é fundamental para o tratamento. O que ele fizer em casa contribuirá
enquanto manutenção e/ou complementação.

Tratamento cirúrgico

Outra técnica que trata alterações de relevo cutâneo é a subcisão, que consiste em uma
intervenção na junção dermo-hipodérmica, deslocando as fibras de alto teor fibrótico.

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ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

Tal procedimento pode ser realizado ambulatorialmente e consiste em algumas etapas,


quais sejam (GUIRRO; GUIRRO, 2002):

»» Limitação das depressões que serão destacadas com lápis dermatográfico.

»» Anestesia tópica com vasoconstritor.

»» Inserção de um estilete especial tipo agulha na pele, sendo esse


movimentado em leque no plano desejado, seccionando os septos fibrosos
até que eles deslizem livremente pelo tecido.

»» O plano de dissecação abrigará o hematoma. Visando delimitá-lo, é


colocada uma compressão de quatro quilos aproximadamente logo após
o ato cirúrgico, a qual permanecerá no local de 4 a 5 minutos.

»» A utilização de malha compressiva é indicada no intuito de minimizar e


diminuir edemas.

»» A intervenção precoce por fisioterapeutas ou profissionais da estética


diminui o risco de complicações.

São etapas de reabilitação pós-cirúrgicas realizadas pelo profissional da área da estética


(GUIRRO; GUIRRO, 2002):

»» Drenagem linfática manual de membros inferiores, abdome, região glútea


e lombar: melhorar a cicatrização e diminuição do edema pós-cirúrgico.

»» Crioterapia (gelo) nas primeiras 24h.

»» Ultrassom após 24h, na frequência de 3 MHz, com intensidade média


de 0,4 a 0,6 Wcm-2, no modo contínuo ou pulsado 50%: atenuando
hematomas e, dessa forma, diminuindo o risco de fibrose.

»» Massagem de fricção e/ou amassamento circular, desde que não provoque


a formação de novas petéquias ou hematomas: prevenir a formação de
aderências.

»» Laser após 24 horas, com densidade de energia 8J/cm-2, de forma


pontual: estimulação do processo de cicatrização.

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UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

Terapia nutricional

Para tratar as disfunções estéticas, é importante também cuidar da alimentação,


especialmente se já existe um quadro de sobrepeso ou obesidade presente.

Deve-se praticar a reeducação alimentar, via dieta adequada. Uma dieta hipocalórica,
elaborada por um profissional especializado (nutrólogo ou nutricionista), contribui
muito esse processo.

Eletroterapia

De acordo com a resposta fisiológica desencadeada, diversos tipos de correntes podem


ser utilizados.

»» Corrente galvânica: pode ser usada pura ou associada a drogas


despolimerizantes (iontoforese). No primeiro caso, quando é utilizada
pura, os efeitos fisiológicos característicos da corrente, os efeitos
eletroquímicos, osmóticos e as modificações vasomotoras podem
promover uma melhora da nutrição tecidual da região afetada
secundária ao aumento da circulação local, que ocorre principalmente
no polo negativo, por ser mais estimulante. Já na ionização, a medicação
introduzida busca promover a despolimerização da substância
fundamental amorfa. Dentre os medicamentos que podem ser utilizados,
destacam-se as enzimas mucopolissacaridoses combinadas ou não com
outros fármacos (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

»» Correntes diadinâmicas: a corrente difásica (DF) e monofásica


(MF), a curtos períodos (CP) e a ritmo sincopado (RS) são as correntes
diadinâmicas que podem ser utilizadas, cada qual com um objetivo
diferenciado (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

»» Correntes excitomotoras: a estimulação elétrica neuromuscular


(NMES) é um interessante complemento no tratamento do FEG. Objetiva,
via contração muscular, visa ao fortalecimento e/ou hipertrofia muscular,
bem como o aumento da circulação sanguínea e linfática, melhorando
o trofismo dos tecidos (GUIRRO; GUIRRO, 2002). Embora muito
empregada, ela deve ser utilizada com cautela por parte dos profissionais
da estética.

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ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

Terapia física

O tecido afetado pelo FEG é mal oxigenado e malnutrido, uma vez que a circulação
sanguínea e linfática nesses locais encontra-se deficiente. Diante do exposto, justifica-
se o fato de a prática de atividade física regular ser parte fundamental no tratamento
dessa disfunção.

A atividade física melhora a circulação de retorno, a função cardiorrespiratória, o


tônus muscular, aumenta o metabolismo e promove uma mobilidade adequada, uma
amplitude de movimento normal necessária para a completa mobilidade e flexibilidade
da articulação e as estruturas que a compõem (músculos, tecidos conjuntivos e pele)
(GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Terapia medicamentosa

Existem duas técnicas comumente aplicadas por dermatologistas para o tratamento


medicamentoso do fibro edema geloide:

»» Mesoterapia ou intradermoterapia: é a utilização da derme como


receptora e difusora de pequenas quantidades de medicamentos, incluindo
anestésicos, corticosteroides, antibióticos, dentre outros. Consiste em
introduzir múltiplas injeções intradérmicas de enzimas, vasodilatadores
e de substâncias farmacológicas que auxiliam o metabolismo do tecido
conjuntivo. A injeção dessas substâncias é feita via pistola, que porta
uma agulha de aproximadamente 4 mm. Esse procedimento é realizado
somente por um médico (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

»» Ativos farmacológicos: tais ativos, utilizados no tratamento do


FEG, atuam no tecido conjuntivo ou na microcirculação, podendo ser
administrados por via tópica, sistêmica ou transdérmica. Dentre os
princípios ativos atuantes na microcirculação, destacam-se os extratos
vegetais de hera, castanha-da-índia, ginkgo biloba e rutina, que aumentam
o tônus venoso por meio da diminuição da hipermeabilidade capilar.

Endermologia

Essa técnica faz uso de equipamentos que realizam sucção e mobilização tecidual
por meio de rolos motorizados. Assim, ocorre mobilização profunda da pele e da tela
subcutânea, promovendo aumento da circulação. Esse processo acontece devido à
pressão negativa gerada na região durante o vácuo. Nessa técnica, a movimentação dos

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UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

rolos deve ocorrer no sentido das fibras musculares e linhas de tensão da pele, evitando,
assim, a flacidez tecidual (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Ultrassom

A utilização do ultrassom no tratamento do FEG encontra-se relacionada aos seus


efeitos fisiológicos associados à sua capacidade de veiculação de substâncias por meio
da pele, processo denominado fonoforese (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Dentre os efeitos, destacam-se a neovascularização (com consequente incremento da


circulação sanguínea), rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras colágenas e
melhora das propriedades mecânicas do tecido (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Massoterapia

A massagem pode ser utilizada como tratamento coadjuvante do FEG, pois promove
alívio da dor e incremento da circulação sanguínea e linfática locais. A técnica
aplicada compreende movimentos intermitentes, suaves e superficiais, com objetivo
de dessensibilizar a região. Não é indicada a realização de movimentos vigorosos
(GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Drenagem linfática manual

A drenagem linfática manual promove redução do edema causado pelo FEG. Sendo
também um tratamento coadjuvante. Durante a realização da drenagem linfática
manual, o segmento drenado deve estar em posição de elevação para evitar estase
venosa e linfática (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Radiofrequência

Os equipamentos de radiofrequência utilizam corrente elétrica para aumentar as


colisões moleculares nos tecidos, gerando energia térmica (ou seja, calor). Portanto, a
radiofrequência utiliza a resistência (ou impedância) do próprio tecido para gerar calor,
em vez de transferir calor diretamente para o tecido. Os adipócitos possuem elevada
resistência tecidual, permitindo que seja gerada maior quantidade de calor quando a
corrente passa através desse tecido. Além disso, os adipócitos possuem baixo coeficiente
de transmissão de calor, sendo assim, eles não transmitem grandes quantidades do
calor armazenado para as estruturas adjacentes.

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ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

Considerando as características do tecido adiposo citadas anteriormente, a energia


gerada pela radiofrequência pode ser utilizada para gerar quantidade substancial de
calor nos adipócitos sem atingir os tecidos adjacentes, resultando, assim, a destruição
(termólise) dos adipócitos e reduzindo o aspecto ondulado que caracteriza o FEG.

63
CAPÍTULO 3
Estrias

Considerações sobre as estrias


A definição de estria, segundo Guirro e Guirro (2002, p. 392), consiste em:

Uma atrofia tegumentar adquirida, com aspecto linear, algo sinuoso.


Estrias de um ou mais milímetros de largura, a princípio avermelhadas,
depois esbranquiçadas e abrilhantadas (nacaradas), raras ou numerosas
dispõem-se paralelamente umas às outras e perpendicularmente às
linhas de fenda da pele, indicando um desequilíbrio elástico localizado,
caracterizando, portanto, uma lesão da pele. Apresentam um caráter
de bilateralidade, isto é, existe uma tendência da estria distribuir-se
simetricamente em ambos os lados.

Devido à sua elevada incidência na população, em especial no sexo feminino, não é


raro observarmos problemas psicossociais e de autoestima nos indivíduos acometidos.
Pessoas que evitam o uso de determinadas roupas, trajes de banho ou até mesmo se
isolam socialmente devido à presença de estrias pelo corpo.

Frequentemente, aparece por motivo de obesidade, estresse, gravidez, atividade física


vigorosa (musculação), uso tópico ou sistêmico de esteroides (cortisona ou ACTH),
infecções agudas e debilitantes (HIV, tuberculose, lúpus, febre reumática) e tumores
suprarrenais (GUIRRO; GUIRRO, 2002). Os principais grupos que apresentam
desenvolvimento de estrias são adolescentes e mulheres grávidas.

Em adolescentes, o índice de massa corpórea, obesidade infantil, seborreia e dermatite


atópica são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de estrias (CHO et al.,
2006; ELBULUK et al., 2009). Adolescentes que passam por período de crescimento
rápido e que realizam levantamento de peso também estão mais propensos a
desenvolverem estrias. Ao longo dos anos, as estrias que surgiram durante a adolescência
tendem a regredir espontaneamente.

No caso de mulheres grávidas, as estrias surgem normalmente entre o sexto e sétimo mês
de gestação, pois os fatores de risco estão relacionados a processos que se intensificam
ao longo da gestação: ganho de peso durante a gestação, idade gestacional e polidrâmnio
(excesso de líquido amniótico) (OSMAN et al., 2007). As regiões mais propensas ao
aparecimento de estrias, nesse caso, são abdômen, seios e coxas, mas também podem

64
ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

ser intensificadas na lombar, nádegas e quadris. Mulheres que engravidam mais jovens
apresentam maior probabilidade de desenvolver estrias, devido à baixa habilidade de
alongamento da pele em mulheres jovens. Após o parto, as estrias podem diminuir ao
longo dos meses, porém, não desaparecem.

Não existe uma definição específica para as causas de surgimento das estrias, mas
estudos apontam para causas multifatoriais, como fatores endocrinológicos, mecânicos,
predisposição genética e familiar. Tais fatores levaram ao surgimento de três teorias
para sua etiologia: a mecânica, a endocrinológica e a infecciosa.

Ainda conforme Guirro e Guirro (2002, p. 392):

As estrias são ditas atróficas pelas características que apresentam,


já que atrofia é a diminuição da espessura da pele, decorrente da
redução do número e volume de seus elementos e é representada por
adelgaçamento, pregueamento, secura, menor elasticidade e rarefação
dos pelos.

Há duas teorias aceitas atualmente sobre a formação das estrias:

»» Alongamento da pele (ou mecânica): essa tese baseia-se na


perpendicularidade da estria em relação à direção da pele. Além
disso, o aparecimento das estrias ocorre em períodos de alongamento
mecânico na vida dos indivíduos, como a gestação (aumento abdominal),
adolescências (picos de crescimento) e obesidade (aumento do volume
de gordura).

»» Alterações hormonais (ou endocrinológica): as estrias são


comumente encontradas em períodos de alterações hormonais. Acredita-
se que o baixo índice do hormônio relaxina esteja relacionado com o
aparecimento das estrias, uma vez que, nesse caso, o tecido conectivo
se torna menos maleável e aumenta o risco de interrupção estrutural da
rede de fibras elásticas.

Inicialmente, é denominada striae rubrae, ou seja, estria rubra. Quando surgem, têm
como primeiros sinais clínicos o prurido (coceira), dor (em alguns casos), erupção
papular plana e levemente rosada. Na próxima fase, quando seu processo de formação
encontra-se quase totalmente estabelecido, as lesões adquirem coloração esbranquiçada,
sendo denominadas, nessa fase, striae albae, ou seja, estria alba.

65
UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

Tratamento
Antes de iniciar as considerações a respeito dos tratamentos possíveis para as estrias,
vale ressaltar que na literatura disponível acerca do assunto, os autores são unânimes
e concordam com a afirmação de que as estrias são uma sequela irreversível. Medidas
como exercícios físicos não alteram o desenvolvimento de estrias. Entretanto, observa-
se que alguns tratamentos podem minimizá-las, conforme descrito a seguir.

Agentes tópicos

Alguns medicamentos tópicos são orientados por médicos para o tratamento de estrias.
Os benefícios da tretinoína tópica estão bem estabelecidos na literatura. Ela age por
meio de sua afinidade com os fibroblastos, induzindo a síntese de colágeno para reparo
dos danos na pele causados pela estria (KANG et al., 1996). No caso da striae rubrae,
a tretinoína tópica apresenta eficácia máxima, porém, pouco ou imprevisível efeito na
striae albae.

Durante a gestação, muitas mulheres fazem uso de cremes para minimizar ou prevenir
as estrias, gerando muitos gastos para essa população. Porém, uma revisão realizada
pela Cochrane, em 2012, avaliou a atuação de seis agentes tópicos utilizados por mais de
800 mulheres grávidas para prevenção de estrias e não encontrou nenhuma relevância
estatística que pudesse suportar o uso desses cremes para evitar o aparecimento de
estrias (BRENNAN et al., 2012). Os cremes avaliados incluíram manteiga de cacau,
azeite de oliva e outros cremes desenvolvidos por grandes laboratórios.

Tratamentos com ácido glicoico tópico apresenta bons resultados tanto em striae albae
quanto em striae rubrae, sendo mais eficaz nesta última (MAZZARELLO et al., 2012).
Porém, as evidências científicas sobre o uso do ácido glicoico tópico ainda são escassas.
É importante ressaltar que o paciente deve ser cuidadoso durante a aplicação do ácido,
pois altas concentrações podem lesionar a pele.

Eletroterapia

A relutância da aceitação de tratamentos eficazes para estrias encontra-se fundamentada


principalmente no fato de que a fibra elástica não se regenera. Entretanto Guirro,
Ferreira e Guirro (1991), utilizando a corrente contínua filtrada constante, abriram uma
nova perspectiva para o tratamento dessa afecção. Claro que os resultados são variáveis
e dependem da idade do paciente, tamanho e fase que se encontra a estria, o tempo de
surgimento, cor da pele e o número de sessões.

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ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

O método é invasivo, porém, superficial. O aparelho utilizado é um gerador de corrente


contínua filtrada constante, comercialmente conhecido como Striat, que apresenta dois
eletrodos: um passivo do tipo placa e um ativo especial que consiste de uma fina agulha
sustentada por uma caneta (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

O processo de regeneração encontra-se baseado na compilação dos efeitos intrínsecos


da corrente contínua e dos processos envolvidos na inflamação aguda (GUIRRO;
GUIRRO, 2002).

Laser

O tratamento com laser é mais eficaz quando aplicado imediatamente após o surgimento
da estria. Esse tratamento pode ser utilizado na forma ablativa e não ablativa. O laser
não ablativo não obstrui a região aplicada e pode atingir, por exemplo, vasos sanguíneos
dilatados na striae rubrae, promovendo aumento do colágeno na região.

O laser ablativo (por exemplo, laser de CO2) age a nível celular, aumentando o número
de fibras colágenas e, consequentemente, a tensão epidérmica. Dessa forma, melhora
o aspecto da pele. Sua eficácia é melhor quando combinada com outros recursos.
Observa-se uma melhora da atividade metabólica do tecido e, consequentemente, uma
maior lentidão no seu estabelecimento (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Escarificação

Trata-se de um processo semelhante à dermoabrasão (que discutiremos a seguir),


onde é provocada uma lesão na pele com diferentes artefatos, podendo ser qualquer
instrumento perfurante devidamente esterilizado e manuseado habilmente, de modo a
evitar lesões profundas (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

O efeito da escarificação está relacionado ao reparo tecidual que ocorre após a inflamação
da pele lesionada. Quando o organismo inicia os processos de reparação das lesões
realizadas durante a sessão de escarificação, ocorre também o reparo das estrias.

Dermoabrasão

Esse procedimento visa à melhora do aspecto da pele por meio de lesões causadas por
lixamento da pele. A dermoabrasão pode ser realizada manualmente ou via sistema que
lança um fluxo de microcristais na pele por meio de vácuo controlado. Apresenta caráter
regenerativo, baseado em uma lesão promovida por agente físico, que desencadeia um
processo inflamatório. Podem ser classificadas em vários níveis, alcançando diferentes

67
UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

profundidades da pele e, consequentemente, diferentes respostas. Esses níveis são


(GUIRRO; GUIRRO, 2002):

»» Nível 1: superficial, atingindo apenas a epiderme, ocasiona eritema.

»» Nível 2: profundidade intermediária, afetando a epiderme e parte da


derme, ocasiona uma hiperemia e um edema.

»» Nível 3: profundo, atinge todas as camadas da derme, ocasionando um


sangramento associado a outros sinais.

O nível 3 é restrito a médicos, pois requer a administração conjunta de fármacos com


finalidades anestésicas, antimicrobianas e analgésicas (GUIRRO; GUIRRO, 2002).
Em todos os níveis, podem ocorrer lesões que provocam sangramentos. Diversas
características do tratamento influenciam na profundidade da pele lesionada, como:

»» velocidade de rotação do equipamento responsável pelo lixamento da


pele;

»» quantidade e duração da pressão aplicada durante o procedimento;

»» condição e características da pele do paciente.

Assim como no caso da escarificação, conforme as lesões são regeneradas, ocorre


crescimento de nova pele para substituir aquela que foi danificada, reparando também
as estrias.

68
CAPÍTULO 4
Gordura localizada

Processo de formação da gordura localizada


Os adipócitos estão presentes no organismo isoladamente, em grupos, na malha
do tecido conjuntivo e em grandes regiões do corpo (tecido subcutâneo) (GUIRRO;
GUIRRO, 2002). A distribuição da gordura no tecido subcutâneo define o contorno
corporal, permitindo diferenciação entre a silhueta feminina e masculina (BORGES,
2010). As variações no alinhamento do esqueleto determinam o contorno corporal e
podem ocorrer variações de forma, tipo e proporção do corpo. Sendo assim, associando a
distribuição da gordura corporal e o alinhamento esquelético constitui-se a distribuição
do peso.

A quantidade excessiva de gordura, aliada à atuação dos hormônios pode fazer com que
haja concentração de tecido adiposo em regiões específicas do corpo, o que é conhecido
como gordura localizada. Essa condição é causada por aumento no tamanho dos
adipócitos e na quantidade de triglicerídeos, resultando em alterações na distribuição
do tecido adiposo subcutâneo.

Em indivíduos do sexo masculino, o excesso de gordura concentra-se na região do


abdômen; nas mulheres, essa concentração ocorre predominantemente no quadril. A
deposição de gordura localizada ocorre por diversos fatores, além dos já citados: ingestão
de calorias em quantidade maior que a utilizada, sedentarismo, fatores genéticos e sexo.

A gordura localizada não é somente uma questão estética. Está estabelecida na literatura
a associação entre aumento na gordura abdominal e diversas doenças como diabetes,
artrite, hipertensão, doenças cardiovasculares e hiperlipidemia (KLEIN et al., 2007).

É comum os pacientes relatarem que a gordura localizada persiste mesmo após dietas,
exercícios físicos regulares ou massagens. Nesse caso, médicos e profissionais da
estética dispõem de procedimentos utilizados para redução da gordura localizada que
se baseiam direta ou indiretamente em três mecanismos:

»» Lipólise: processo metabólico natural químico e molecular reversível,


que promove a quebra de lipídios e produção de ácido graxo e glicerol,
resultando em energia (NIELSEN et al., 2014).

69
UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

»» Adipocitólise: processo físico, celular e irreversível caracterizado pela


destruição dos adipócitos e não dos lipídios, podendo ocorrer de maneira
traumática e não traumática (PALUMBO et al., 2010).

»» Lipoaspiração: remoção mecânica local do tecido adiposo.

Neste material serão abordados os principais tratamentos utilizados atualmente para


redução da gordura localizada.

Criolipólise
Trata-se de um tratamento não invasivo que surgiu a partir da observação clínica da
inflamação do tecido adiposo (paniculite) causada pelo frio (MANSTEIN et al., 2008).
Por meio dessas observações, foi possível determinar que os tecidos ricos em gorduras
sejam mais suscetíveis a danos causados pelo frio, comparados aos tecidos ricos em
água. Em 2008, Manstein et al. desenvolveram uma técnica chamada criolipólise,
realizada por meio de um aplicador na região-alvo que permanece por um período
determinado, a certa temperatura, atingindo os adipócitos sem causar danos à pele,
aos nervos, às veias e aos músculos.

O exato mecanismo de ação da criolipólise não foi completamente elucidado e as técnicas


não são aplicadas da mesma forma pelos diversos autores. Acredita-se que a sucção a
vácuo com a remoção controlada do calor impede o fluxo sanguíneo na região e induz
a cristalização do tecido adiposo alvo, induzindo a apoptose dos adipócitos e causando
resposta inflamatória local, resultando em eventual remoção das células de gordura
durante as semanas seguintes sem danos aos rins ou ao fígado (MULHOLLAND et al.,
2011).

A temperatura aplicada durante a criolipólise varia de -5o C a -10o C durante 1 hora,


em média. Antes do início do tratamento, coloca-se sobre a região escolhida para
aplicação uma película de proteção composta por ativos anticongelantes que protegem
a epiderme. Em seguida o manípulo é posicionado, o equipamento é programado e
inicia-se o tratamento.

Existem relatos de complicações e intercorrências relacionadas à criolipólise como


hipersensibilidade, dor, eritema, edema e lesões causadas pelo frio excessivo
(INGARGIOLA et al., 2015).

Por ser um tratamento relativamente novo, os protocolos ainda necessitam ser


otimizados para maximizar os resultados da redução da gordura localizada. As áreas
mais comuns utilizadas para tratamento são: abdômen, lombar, quadril, região interna

70
ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

de coxa, região medial do joelho, região peritrocantérica, braços e tornozelos. Porém,


devido à escassez de estudo sobre esse tratamento, não é possível determinar para qual
região a criolipólise apresenta maior eficácia (INGARGIOLA et al., 2015).

Os estudos existentes relatam redução de 15% a 25% na medição da gordura localizada


por meio de adipometria (INGARGIOLA et al., 2015). Trata-se de um tratamento eficaz,
porém, é necessário maior número de estudos científicos para maximizar os resultados
obtidos e a eficácia da redução da gordura localizada.

Ultrassom focalizado de alta intensidade


O ultrassom é um método não invasivo utilizado na redução da gordura localizada.
Esse processo é realizado por meio de dois mecanismos que causam remoção do tecido
adiposo: um deles são os efeitos mecânicos que rompem as membranas celulares e o
outro mecanismo trata-se do calor que destrói células de gordura. O resultado é uma
necrose coagulativa e morte das células de gordura na região atingida pelo ultrassom,
enquanto os tecidos adjacentes permanecem intactos (TER HAAR; COUSSIOS, 2007).
Podem ocorrer efeitos adversos ao tratamento, como edema, equimose e dor (FATEMI,
2009).

Após a aplicação do ultrassom, as células mortas induzem uma resposta de recuperação do


tecido, atraindo macrófagos que removem e transportam lipídios e detritos celulares. Os
adipócitos destruídos são reabsorvidos pelo organismo em até 18 semanas, diminuindo,
assim, o volume de gordura localizada. Além disso, o tratamento com ultrassom causa
renovação do colágeno devido à sua desnaturação pelo calor, fazendo com que as fibras
septais e a pele se tornem mais firmes e com aspecto renovado (FATEMI, 2009). Em
seu estudo, Fatemi (2009) observou, em média, redução de circunferência abdominal
de 4,7 cm.

Laser de baixa intensidade


Atualmente, o laser de baixa intensidade mais utilizado para redução da gordura
localizada usa comprimento de onda de 635 nm com dosagem de 1 J/cm2 (MCRAE;
BORIS, 2013). Acredita-se que esses parâmetros, quando aplicados nos adipócitos,
ativam uma cascata intracelular que gera a formação de poros temporários na membrana
dos adipócitos. Esses poros aumentam a permeabilidade da membrana e permitem
que os lipídios armazenados nas células sejam liberados. Como resultado, os adipócitos
intracelulares entram em colapso.

71
UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

Os efeitos do laser de baixa intensidade na estrutura dos adipócitos ocorrem devido a


um mecanismo fotoquímico, ou seja, padrões específicos de energia obtida através da
luz que afetam cascatas biomecânicas intracelulares de uma maneira não destrutiva.
Para ativar essas cascatas, é necessária a presença de fotorrepectores na superfície
celular que absorvem a luz monocromática do laser, ativando as cascatas.

Após a realização do tratamento, estudos científicos apontam uma redução de medidas


de 2,15 a 2,9 cm na cintura e 2,97 a 3,81 cm nas coxas (KENNEDY et al., 2015).

Radiofrequência
Essa tecnologia é bastante utilizada no tratamento da gordura localizada. Conforme
observado no Capítulo 2 desta Unidade, acredita-se que o aquecimento da pele
promovido pelo equipamento de radiofrequência é absorvido pelos adipócitos e induz
a destruição das células de gordura pela quebra da membrana celular. Posteriormente,
o processo de reparo desencadeado pelos adipócitos pode promover a síntese de
colágenos, melhorando a característica do tecido. O aumento do colágeno da pele pode
resultar em melhora da silhueta por meio da síntese de elastina e outras substâncias
que promovem redução da flacidez (MULHOLLAND, 2011).

Para mais informações sobre os efeitos da radiofrequência na melhora da flacidez de


pele, leia o Capítulo 5 desta Unidade.

Terapias combinadas
Para otimizar os resultados dos tratamentos para redução da gordura localizada, pode-
se associar algumas terapias manuais. Não é indicado associar, por exemplo, sessões de
ultrassom e criolipólise.

Estudos mostram possível aumento da eficácia dos efeitos da criolipólise quando a sua
aplicação é seguida por uma sessão de massagem manual, permitindo inferir que a
terapia manual pode auxiliar no processo de condução e eliminação do tecido adiposo
danificado (BOEY; WASILENCHUK, 2014; SASAKI et al., 2014). Outras associações
possíveis ao tratamento com ultrassom ou criolipólise são: drenagem linfática manual,
massagem mecânica e massagem modeladora.

Lipoaspiração
Trata-se de um tratamento invasivo que consiste em remoção mecânica, por meio de
cirurgia, do excesso de gordura localizada. A gordura é removida por aspiração após a

72
ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

injeção de solução salina (soro fisiológico). Esse procedimento pode ser realizado em
barriga, braços, costas, coxas, quadril, tornozelo, pescoço, queixo e bochechas. Existem
casos que a lipoaspiração é realizada em associação com outros procedimentos como
abdominoplastia e lifting.

Após o procedimento, o paciente deve estar ciente de que os resultados podem ser
revertidos com novo ganho de peso. Deve-se considerar que a lipoaspiração não pode
ser utilizada como tratamento para obesidade e fibro edema geloide (KLEIN et al.,
2004).

Para compreender a lipoaspiração, segue uma animação exemplificando


as etapas da cirurgia, disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=0iU6HNweZRw>.

73
CAPÍTULO 5
Flacidez de pele e flacidez muscular

Os aspectos referentes à flacidez facial serão abordados nesse capítulo para


facilitar a compreensão, uma vez que as características e tratamentos da flacidez
são semelhantes no corpo e na face.

Introdução
Uma das funções da pele está relacionada à proteção mecânica proporcionada pelo tônus
e elasticidade. As fibras colágenas são responsáveis por manter a elasticidade da pele e
seu tônus é determinado pelas fibras elásticas. Com o passar dos anos, a elasticidade e
o tônus da pele diminuem consideravelmente durante o processo de envelhecimento,
devido ao colapso dos fibroblastos responsáveis pela produção dos principais elementos
estruturais da pele (VASHI et al., 2016).

Existem fatores relacionados à predisposição ou piora da flacidez da pele: genética,


fotoexposição, frequentes variações de peso ao longo da vida, rápida ou excessiva perda
de peso em pacientes obesos e uso de alguns medicamentos (DE RIGAL et al., 2010).

O envelhecimento facial estrutural é causado pela perda em volume de gordura,


reabsorção óssea e redistribuição dos tecidos moles. A gordura superficial e profunda é
distribuída uniformemente na face de indivíduos jovens, porém, com o envelhecimento
a atrofia e hipertrofia das células de gordura resulta em um contorno topográfico irregular
(TALAKOUB; WESLEY, 2009). Durante o processo de envelhecimento, ocorre gradual
atrofia na região temporal, bochechas e lateral do queixo, que causa estreitamento
e prolongamento da testa e alargamento e encurtamento da região inferior da face
(PATEL E FITZGERALD, 2010). Também ocorre perda de volume labial e reabsorção
óssea da mandíbula. Todas essas mudanças contribuem para o aspecto de flacidez da
face.

A flacidez pode ser definida também como ausência de tônus muscular, resultando em
relaxamento completo (SILVA; SILVA; VIANA, 2010). Guirro e Guirro (2002, p. 338)
discorrem sobre os diversos fatores que podem causar flacidez:

A flacidez muscular e a hipotonia muscular são consideradas por alguns


como uma entidade única, ao passo que para outros são independentes.
Pode-se considerar a flacidez estética não apenas como uma patologia

74
ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

distinta, mas sim como sequela de vários episódios ocorridos como, por
exemplo, inatividade física, emagrecimento demasiado dentre outros.
[...] É preciso que fique claro para o fisioterapeuta que sua intervenção
só será possível no caso de hipotonia muscular, pois no caso de flacidez
de pele, somente a cirurgia resolverá o problema.

Diagnóstico
Para que o tratamento seja eficaz, é importante realizar o diagnóstico diferencial da
flacidez, sendo esse realizado durante a avaliação clínica do paciente. Primeiramente,
o paciente é posicionado em ortostatismo. Em seguida, o profissional observa as
características da pele: a flacidez é identificada pelo excesso de pele, que pode variar de
alterações sutis (comuns nas porções proximais dos membros) até a chamada “barriga
de avental”, na qual a flacidez abdominal é bastante evidente.

A flacidez pode piorar o aspecto do fibro edema geloide devido aos efeitos da gravidade
e peso da gordura subcutânea sobre o tecido conectivo fibroso. Muitas vezes, o paciente
traz “celulite” como queixa, porém, o diagnóstico é flacidez de pele. A manobra utilizada
para o diagnóstico diferencial, nesse caso, é realizada com o paciente em posição
ortostática e em seguida realiza-se tração da pele da região afetada na direção cefálica
(ou contra a gravidade). Caso a alteração seja causada por flacidez, a tração melhora
o aspecto da pele. Pode-se também realizar o teste de preensão ou o teste da casca de
laranja vistos na Unidade I.

É importante identificar a presença de estrias antigas, pois quando ocorrem em grande


quantidade, podem resultar em um aspecto semelhante à flacidez, devido à quebra
e destruição das fibras elásticas e colágenas que ocorre no processo de formação da
estria. Nesse caso, o tratamento das estrias irá melhorar o aspecto da pele.

Neste material trataremos primeiramente do tratamento da flacidez muscular e em


seguida, flacidez de pele.

Tratamento da flacidez muscular

Atividade física: alongamento e fortalecimento


muscular

»» Alongamento: o primeiro passo para uma atividade física bem-sucedida


é a avaliação acerca da capacidade cardiorrespiratória do indivíduo para

75
UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

adequação dos exercícios, em que sejam avaliadas as suas condições


físicas, como a amplitude e mobilidade articular. Justamente por isso, a
prescrição de alongamentos é fundamental nesse processo.

»» Fortalecimento: a atividade física regular influencia o tecido muscular


(melhora a força muscular, aumenta a resistência à fadiga, aumenta
o fluxo sanguíneo muscular devido ao aumento nas demandas de
oxigênio), e também outros tecidos não musculares: aumento do tecido
conjuntivo muscular, fortalecimento ósseo com aumento de minerais e
hidroxiprolina, a cartilagem se espessa entre os segmentos em atividade,
aumento na força de ruptura dos ligamentos e tendões. Destacam-se
ainda seus efeitos no controle ponderal (perda de peso e manutenção do
mesmo) (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Previamente ao início de qualquer atividade física que objetiva o condicionamento


muscular, tanto para resistência quanto para força, deve-se necessariamente
desenvolver protocolos que visem ao alongamento do músculo. Isso, porque, para que
haja amplitude de movimento normal, é necessário que haja mobilidade e flexibilidade
dos tecidos moles que circundam a articulação, ou seja, músculos, tecido conjuntivo e
pele, além de mobilidade articular (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Estimulação elétrica neuromuscular

A estimulação elétrica neuromuscular pode resultar em hipertrofia e aumento da


potência muscular, alcançadas quando são utilizados níveis adequados de intensidade
e frequência. Observa-se, ainda, aumento da irrigação sanguínea e aumento do retorno
venoso e linfático, por provocar sucessivamente contrações e relaxamentos musculares
(GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Tratamento da flacidez de pele


Atualmente, existem tratamentos cirúrgicos e não invasivos utilizados para diminuição
da flacidez da pele facial e do corpo. O processo do envelhecimento que causa a flacidez
está elucidado na literatura, porém, existem poucas evidências científicas acerca dos
tratamentos e mecanismos que podem reduzir esse processo. Neste material serão
abordados os principais tratamentos utilizados atualmente.

76
ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

Radiofrequência

Trata-se de um equipamento que converte a corrente elétrica de alta frequência em calor


e esse é distribuído uniformemente ao longo das camadas da pele. Consequentemente,
ocorre contração, remodelamento e reorientação do colágeno, reduzindo, assim, a
flacidez (ZELICKSON et al., 2004). A resposta inflamatória causada pelo calor resulta
em neocolatogênese: fibroblastos migram para a região e novas fibras colágenas são
formadas, rejuvenescendo o aspecto da pele (BORGES, 2010).

A radiofrequência promove aumento do sangue circulante na região, aumento da


nutrição tecidual e da oxigenação local, bem como elevação na quantidade de enzimas
e anticorpos (BORGES, 2010). Ainda segundo o autor, o aumento da temperatura
promovido pela radiofrequência reduz a elasticidade dos tecidos e aumenta a densidade
do colágeno na região, causando o “efeito lifting” da radiofrequência.

Os efeitos obtidos pela reorganização e formação do novo colágeno permanecem por


meses após o tratamento. Ainda não há consenso na literatura sobre o número de
sessões ou intervalo entre elas que constituem um tratamento de maior eficácia: El-
Domyati et al. (2010) realizaram 6 sessões com intervalos de 2 semanas entre elas,
Sukal e Geronemus (2008) realizaram de 1 a 3 sessões com intervalos de 4 semanas
e Ruiza-Esparza e Gomez (2003) realizaram somente uma sessão. Em todos os casos,
foram observadas melhoras no aspecto da pele e redução da flacidez.

Carboxiterapia

Trata-se da administração subcutânea de CO2 por meio de condução percutânea ou


injeção hipodérmica, com o objetivo de promover a vasodilatação, aumento do fluxo
sanguíneo e da oxigenação local (BORGES, 2010). O CO2 é infundido por meio de agulhas
posicionadas no tecido subcutâneo, causando lesão local e resposta inflamatória, que
causa elevação da densidade de colágeno na região e atuação de elementos cicatrizantes
para restaurar a lesão, promovendo melhora da elasticidade e redução da flacidez
cutânea (SCORZA; BORGES, 2008). Vale lembrar que todo material perfurocortante
(nesse caso a agulha ou cânula utilizada no procedimento) deverá ser descartável.

O aumento do CO2 faz com que o O2 abandone a corrente sanguínea e desloque-se para
os tecidos, aumentando a concentração de O2 na hematose. Esse processo se chama
efeito Borh. Segundo Borges (2010):

O efeito Bohr é analisado pela curva da dissociação da oxiemoglobina


em resposta às alterações de CO2 e de íons de hidrogênio (H+). Quanto
mais gás carbônico nós disponibilizamos no tecido, mais hemoglobinas

77
UNIDADE II │ ESTÉTICA CORPORAL

carreadas com oxigênio (HbO2) vão chegar, por via circulação sanguínea.
Pelo fato de a hemoglobina ter maior afinidade com a molécula de CO2,
vai ocorrer liberação da molécula de O2 para os tecidos e captação da
molécula de CO2, que é transportada e eliminada pela respiração, isso
caracteriza o efeito Bohr.

O tratamento com carboxiterapia envolve volumes, fluxos e frequências de injeção


do CO2 de acordo com a região que será aplicada e com o objetivo do tratamento,
sendo as aplicações realizadas com intervalo mínimo de 21 dias (BORGES, 2010). O
mecanismo de ação e os objetivos da carboxiterapia são semelhantes à radiofrequência:
vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo, resultando em resposta inflamatória que
promove neocolaginização e reorganização do colágeno da pele, reduzindo a flacidez.

Outros tratamentos

Outros tratamentos empregados para redução da flacidez facial são cirurgia de lifting
facial, peeling químico, peeling mecânico (dermoabrasão) e terapia manual.

A cirurgia de lifting facial é denominada ritidoplastia e tem como objetivo amenizar os


sinais estéticos do envelhecimento no rosto e no pescoço, corrigindo flacidez, vincos
profundos e deslocamento de tecido adiposo. Essa opção deve ser discutida com o
paciente, pois a cirurgia possui diversos efeitos adversos e contraindicações. O número
e locais das incisões realizadas durante a cirurgia irão depender do grau de mudança
desejado pelo paciente. Considerando as opções não invasivas, o profissional de estética
pode oferecer outras opções para o tratamento da flacidez facial.

Para compreender a cirurgia de lifting facial, segue uma animação


exemplificando as etapas da cirurgia, disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=5ude4c4tU7g>.

Os peelings mais indicados no caso de flacidez facial são os médios e profundos, podendo
ser químicos ou a dermoabrasão (chamada comumente de peeling mecânico). O peeling
químico e a dermoabrasão melhoram o aspecto da pele e a flacidez devido ao processo
inflamatório e aos produtos químicos associados, que promovem realinhamento do
colágeno e da elastina. Devido à profundidade atingida durante o tratamento, o paciente
pode experimentar descamação intensa da pele. Para mais informações sobre os tipos
de peeling, leia o Capítulo 5 da Unidade I.

A terapia manual, por meio da liberação miofascial, atua por meio da mobilização da
fáscia, promovendo seu alongamento e removendo aderências. A liberação miofascial
pode alterar a morfologia do tecido conjuntivo devido à sua adaptação aos estímulos

78
ESTÉTICA CORPORAL │ UNIDADE II

manuais (DIXON, 2007). Silva et al. (2013) realizaram mobilização óssea, modelamento
do tecido conjuntivo, alongamento e liberação miofascial e observaram indícios de que
a terapia manual auxilia na redução da flacidez muscular. Essa técnica, realizada em
associação a outros tratamentos, poderia potencializar os efeitos desses para flacidez
facial.

79
ESTÉTICA CAPILAR UNIDADE III

A aparência e forma dos cabelos constituem importante parte do indivíduo,


refletindo não somente sua cultura, religião e posicionamento perante a
sociedade, mas também seu estado de saúde, autoestima, nível de cuidados
pessoais e estilo.

Qual seria o seu papel como profissional da estética perante necessidades dos
clientes em relação ao aspecto dos cabelos?

CAPÍTULO 1
Diagnóstico capilar

Anatomia do pelo
Os pelos são responsáveis pela proteção contra calor, frio e luz solar. Os cabelos também
apresentam uma grande importância estética, e sua alteração pode resultar em piora na
qualidade de vida. O pelo aparenta ser uma estrutura uniforme, sendo diferenciada nos
indivíduos em quantidade e cor. Porém, sua anatomia é bastante complexa.

Assim como os pelos, os cabelos têm origem no folículo piloso, que consiste em células
compactadas em três invólucros. O cabelo contém uma família de proteínas ricas em
enxofre, chamada queratina. A queratina forma longas fibras unidas por conexões
químicas que resultam em uma estrutura altamente estável.

O pelo possui basicamente duas estruturas: haste e raiz. A haste do pelo consiste na
parte visível e é formada por células organizadas em três camadas (cutícula, córtex e
medula). A cutícula consiste em uma única camada de células alongadas e tem como
função fixar a haste no folículo e proteger as fibras internas. Apesar disso, a cutícula
pode ser destruída ou danificada por produtos químicos, danos causados por calor, luz e

80
ESTÉTICA CAPILAR │ UNIDADE III

lesão mecânica. O córtex compõe uma região intermediária de células queratinizadas e


alongadas, formando longas fibras. Fazem parte dessa região os grânulos de pigmento,
sendo que o tipo e alinhamento do pigmento determina a cor do cabelo. A melanina é
o principal pigmento do cabelo, bem como dos olhos e da pele. As células medulares
são anucleadas e constituem uma pequena porcentagem da massa do cabelo, podendo
estar até mesmo completamente ausentes.

Figura 6. Estrutura básica da haste.

Fonte: Grande, 2017.

A raiz (ou bulbo) consiste na parte viva do cabelo e é constituída pela matriz do pelo, uma
região de constante divisão celular na qual as células perdem o núcleo e se queratinizam
na parte superior da raiz. O músculo eretor e a glândula sebácea são importantes
estruturas anexas ao cabelo. A glândula sebácea secreta o sebo e constitui, associada ao
cabelo, o folículo pilossebáceo. Inserido no folículo piloso, o músculo eretor promove o
levantamento do pelo em situações como frio e medo.

Ciclo de crescimento do pelo


O crescimento do cabelo acontece a partir da base. Dessa forma, a parte externa do pelo
não apresenta alteração em sua extensão, porém, é possível observar seu crescimento.
O cabelo passa por três fases durante seu crescimento:

»» Fase anágena: caracterizada por intensa atividade de divisão celular na


qual o cabelo cresce consideravelmente. A fase anágena pode durar de 2
a 7 anos, podendo ser variável devido a características do indivíduo (sexo,
genética, idade) e a fatores ambientais (alimentação, poluição, estresse).
A duração da fase anágena determina o comprimento do cabelo.

»» Fase catágena: nessa fase de transição, o folículo realiza sua involução


(ou regressão), uma vez que ocorre o afinamento e destruição da parte

81
UNIDADE III │Estética capilar

baixa do bulbo. Não há multiplicação celular: o folículo se separa da


matriz e mobiliza-se em direção à superfície. A fase catágena dura poucas
semanas.

»» Fase telógena: também caracterizada como fase de repouso ou


desprendimento, na qual o bulbo é atrofiado e o fio é desprendido do
couro cabeludo. A fase telógena dura de três a quatro meses, durante
os quais os fios de cabelo caem constantemente. Concomitantemente,
acontece a produção de um novo fio de cabelo no folículo. Considerando
que existem entre 100 e 150 mil folículos no couro cabeludo e que 10%
encontram-se na fase telógena, pode-se admitir como normal a queda de
100 a 150 fios de cabelo por dia (LEONARDI, 2005).

O comprimento dos pelos está diretamente relacionado com a duração da fase anágena,
bem como a velocidade da multiplicação celular, que podem variar de acordo com a
região do corpo. Por exemplo, considerando um indivíduo jovem, no couro cabeludo,
conforme destacado anteriormente, o ciclo dura de 2 a 7 anos, no braço de 6 a 12
semanas e no bigode 4 a 14 semanas.

Após a compreensão da anatomia, função e ciclo do pelo, iremos abordar patologias


associadas ao couro cabeludo e à haste do fio. Neste material estão incluídas as patologias
mais comuns.

Patologias do couro cabeludo

Caspa e dermatite seborreica

A caspa é comumente caracterizada por descamação esbranquiçada do couro cabeludo


e coceira nessa região. Os sintomas podem variar desde uma descamação suave,
semelhante à pele ressecada, até coceira e descamação severa. Observa-se maior
incidência em jovens do sexo masculino e muitos autores citam couro cabeludo
ressecado e dermatite seborreica como variações de gravidade da caspa (DEANGELIS
et al., 2005). Essa condição pode causar imagem social negativa e afetar a autoestima.

A descamação observada em indivíduos com caspa ou dermatite seborreica é induzida


por turnover excessivo de células do couro cabeludo (ou seja, intensa renovação
epitelial das células do couro cabeludo). As alterações no couro cabeludo incluem
desordens na epiderme: hiperproliferação, excesso de lipídios intra e extracelular e
paraqueratose. Sendo assim, pode-se observar oleosidade excessiva, inflamação, bem
como a descamação característica.

82
ESTÉTICA CAPILAR │ UNIDADE III

Apesar de serem condições comuns, que podem afetar até 50% da população, ainda hoje
existe pouco avanço na determinação da etiologia da caspa e da dermatite seborreica.
Atualmente, a hipótese mais aceita está relacionada ao fungo lipofílico Malassezia
(previamente conhecido como Pityrosporum). As evidências que suportam essa hipótese
baseiam-se no fato de que os tratamentos mais eficazes para caspa são antifúngicos e os
sintomas associados a essa condição podem ser reproduzidos em modelos animais por
meio de inoculação desses com Malassezia (SAUNDERS; SCHEYNIUS; HEITMAN,
2012). Além disso, existem fatores como oleosidade excessiva, transpiração, dieta e
estresse que também são considerados desencadeantes.

Alopecia

Alopecia consiste na perda repentina de pelo no couro cabeludo ou em outras regiões


do corpo, que ocorre em diversas áreas e em grande quantidade. Indivíduos com essa
doença apresentam comprometimento da autoestima e autoimagem, podendo haver
graves repercussões psicológicas. Há uma grande dificuldade em tratar a alopecia,
sendo assim, grande parte dos tratamentos é paliativo. Existem dois principais tipos
de alopecia:

»» Alopecia areata: sua patogênese é desconhecida. Trata-se de uma


doença autoimune que provoca queda dos cabelos sem formação de
cicatrizes e pode afetar qualquer região com pelos, em especial o couro
cabeludo. Afeta igualmente homens e mulheres. É mais comum a perda
dos pelos em um único trecho delimitado, mas pode ocorrer também a
perda em diversos trechos delimitados ou a perda de forma extensiva.

»» Androgenética: pode ocorrer em mulheres e homens, sendo mais


prevalente no sexo masculino. É caracterizada pela perda dos cabelos em
um padrão definido. Os fatores determinantes aparentam ser a presença
de andrógenos circulantes em associação com a predisposição genética.
A queda do cabelo ocorre devido à transformação no ciclo de crescimento
de folículos pré-programados: a fase telógena torna-se longa e a fase
anágena passa a ser mais curta.

83
UNIDADE III │Estética capilar

Patologias da haste capilar

Tricoptilose

A tricoptilose é comumente conhecida como “pontas duplas” e trata-se de uma divisão


longitudinal no cabelo que pode ocorrer nas pontas ou na região central. É uma condição
que pode ser adquirida e algumas vezes é um indicador de uma doença subjacente. A
tricoptilose faz com que os cabelos fiquem frágeis e quebradiços, e pode ser causada por
traumas químicos ou mecânicos.

Os danos causados pela tricoptilose não podem ser reparados, mas novas gerações de
cabelo podem ser menos vulneráveis caso sejam empregados alguns cuidados. Um
corte adequado irá remover grande parte dos trechos danificados e o paciente deve ter
atenção ao manusear o cabelo, massageando um pouco durante a lavagem e utilizando
xampu suave e em pouca quantidade.

Triconodose

Essa condição consiste em nós ao longo da haste dos cabelos, causando seu desgaste
e fragilidade. As principais causas da triconodose são os traumas mecânicos (como
pentear os cabelos de forma vigorosa) e uso inadequado de produtos químicos. A
prevenção dessa condição pode ser praticada pelo cliente por meio de hidratação
periódica dos cabelos, cuidados ao pentear o cabelo (evitando assim fricção excessiva) e
evitar o uso de equipamentos como pranchas e secadores. O tratamento da triconodose
é semelhante ao da tricoptilose e abrange cuidados e hidratação dos cabelos.

84
CAPÍTULO 2
Prevenção e tratamento capilar

Xampus
O acúmulo de impurezas no couro cabeludo e no cabelo pode resultar na perda do brilho
e aumento da fragilidade e oleosidade dos cabelos. Células mortas, matéria oleosa das
glândulas sebáceas, poeira do ambiente e resíduo de produtos cosméticos são exemplos
de algumas dessas impurezas que devem ser removidas, e o xampu é um cosmético
indispensável nesse quesito.

O xampu é formado a partir de tensoativos, moléculas que possuem basicamente duas


partes: uma solúvel em água (hidrofílica) e outra solúvel em óleo (hidrofóbica). As
moléculas de tensoativo reduzem a tensão superficial da água e se agrupam para evitar
que a parte hidrofóbica entre em contato com a água (formando as micelas).

Para realizar a ação de limpeza, são comumente utilizados nos xampus os tensoativos
aniônicos, ou seja, a superfície da micela possui carga negativa quando é exposta a uma
solução aquosa. Os tensoativos aniônicos são excelentes limpadores e ensaboantes.
Sendo assim, durante o uso do xampu ocorre a formação de espumas. A espuma não
possui relação com o poder detergente do xampu, uma vez que quanto maior for a
oleosidade e a quantidade de impurezas do couro cabeludo e do cabelo, menor será
a formação de espuma. Porém, a espuma possui o efeito psicológico positivo no
consumidor, oferecendo sensação agradável. Por essa razão, a formação de espuma é
fundamental para uma fórmula de xampu bem-sucedida, portanto, é comum observar
nas fórmulas de xampu algum tipo de estabilizador de espuma, que a torna mais espessa
e cremosa. De maneira semelhante, a viscosidade do xampu também é importante para
seu sucesso com o consumidor, uma vez que xampus mais líquidos possuem baixa
aceitação.

Para o sucesso de uma fórmula de xampu, é fundamental a concentração adequada


de tensoativos aniônicos, pois apesar de serem muito eficazes para a remoção das
impurezas e oleosidades, em excesso, esses elementos podem remover também o
sebo natural do cabelo, importante para manutenção do brilho capilar. Além disso, a
remoção da oleosidade natural pode causar irritação no couro cabeludo e ressecamento
dos fios de cabelo.

Os xampus para cabelos oleosos possuem, portanto, maior quantidade de tensoativos


aniônicos, devido à maior oleosidade presente no couro cabeludo de indivíduos com essa
85
UNIDADE III │Estética capilar

condição. No caso de cabelos secos, os xampus que visam a essa condição apresentam
tensoativos não iônicos em maior quantidade, pois causam efeito sobre-engordurante,
reduzindo assim o efeito de ressecamento.

Além de uma boa fórmula, o efeito adequado do xampu depende também do uso correto
por parte do consumidor. Portanto, são importantes cuidados durante o uso de xampus:

»» Lavar bem os cabelos, para que não haja nenhum resíduo do produto.

»» Evitar o uso de água quente durante o enxágue.

»» Não misturar água ao xampu (o que afeta a fórmula original).

Devido ao uso contínuo de um mesmo xampu, ocorre a deposição de componentes da


fórmula no cabelo e couro cabeludo. Por essa razão, o consumidor pode ser beneficiado
pelo uso alternado de xampus diferentes (que possuam formulação diferente).

Condicionadores
Para complementar o tratamento dos cabelos, os condicionadores são utilizados após
a lavagem e facilitam o pentear. Os principais componentes dos condicionadores são:
tensoativo catiônico, conservante, água, espessante e essência. O caráter catiônico é
fundamental, pois permite sua fixação com a queratina, promovendo maciez e brilho
aos cabelos. Os tensoativos catiônicos reduzem a eletricidade estática e auxiliam no
desembaraçar dos cabelos. Porém, são mais difíceis de remover dos cabelos durante o
enxágue, o que pode deixá-los mais pesados.

A formulação do condicionador é realizada de acordo com o tipo de cabelo e do tipo de


xampu que será utilizado previamente. Porém, as características abaixo são comuns a
todos os condicionadores:

»» Redução da eletricidade estática.

»» Reposição de oleosidades, pois muitas vezes o xampu remove em excesso


da oleosidade do cabelo, sendo necessária sua reposição.

»» pH ácido, pois o xampu normalmente aumenta o pH do couro cabeludo.


O uso de um produto com pH ácido normaliza o pH da epiderme.

Para que o resultado desejado seja atingido, é necessário que as substâncias presentes
no condicionador se fixem aos cabelos mesmo após o enxágue. Algumas substâncias
empregadas com esse objetivo são derivadas de proteínas e vitaminas que podem

86
ESTÉTICA CAPILAR │ UNIDADE III

apresentar afinidade com a queratina. Idson (1993), Foerster e Busch (1991) afirmam
que a vitamina E é uma importante substância para regeneração dos danos aos cabelos,
pois ela se fixa ao córtex do cabelo e diminui os efeitos degradantes do sol.

Química capilar

Hidratação

A retirada do sebo natural dos cabelos acontece pelo uso exagerado de fontes de calor,
como secadores de cabelo, tinturas, alisamentos e lavar os cabelos mais vezes que o
ideal, bem como pelo clima e poeira do ambiente e, por essa razão, é necessário o uso
de produtos que recuperem a oleosidade dos fios.

A hidratação é um procedimento que recupera o sebo dos cabelos e é comumente


aplicado em cabelos danificados ou para prevenção de danos. Sua atuação consiste
no selamento da cutícula, protegendo o córtex. As máscaras capilares usadas para
hidratação são ricas em tensoativos catiônicos, possuem ação condicionante e melhoram
a retenção hídrica do fio, protegendo o cabelo dos fatores externos degenerativos. Os
tensoativos catiônicos neutralizam as cargas negativas resultantes do uso do xampu
e do ressecamento dos cabelos, formando uma camada lubrificante em torno da fibra
capilar e selando a cutícula do cabelo, resultando um cabelo com mais brilho, maciez e
fácil de pentear.

As máscaras usadas para hidratação possuem formulação semelhante à dos


condicionadores, porém, diferem-se por possuir maior quantidade de espessantes, alta
viscosidade e maior quantidade de substâncias condicionantes. Substâncias comumente
encontradas nas máscaras de hidratação são: silicones, ceras vegetais, óleo mineral,
óleo vegetal, óleo animal e manteiga (um exemplo é a manteiga de karité).

A atuação da hidratação ocorre na cutícula e no córtex, camadas mais superficiais do


cabelo: as cutículas são seladas e o córtex pode ser atingido caso a máscara possua
em sua fórmula aminoácidos e proteínas que reestruturam o cabelo. Sendo assim, a
hidratação pode ser utilizada antes ou depois de um procedimento agressivo como
alisamento e descoloração.

Queratinização

O uso de procedimentos estéticos para mudança dos cabelos pode resultar em danos
na haste do fio e até mesmo patologias como a triconodose e a tricoptilose. Durante a

87
UNIDADE III │Estética capilar

realização de tinturas, alisamentos e descolorações, por exemplo, ocorre a abertura das


cutículas dos fios para que haja penetração dos produtos químicos até o córtex. Portanto,
aplicam-se produtos com pH alto (alcalino) que causam danos na haste capilar.

A descoloração é um procedimento particularmente agressivo, pois para clarear a haste


capilar é feita a destruição da melanina, o que resulta em grandes danos aos cabelos.
Os produtos utilizados na descoloração apresentam afinidade por queratina e por
essa razão danificam não somente a haste capilar, mas também a epiderme do couro
cabeludo.

A queratinização é um dos nomes referentes ao processo que busca reestruturar a


fibra capilar e envolve principalmente a queratina perdida durante os procedimentos
químicos. Esse processo pode também ser denominado por cauterização, plástica
capilar e cristalização. Os produtos mais comumente encontrados nos cosméticos
utilizados para queratinização apresentam elementos semelhantes aos componentes
da fibra capilar como vitaminas, polímeros, filtros solares, silicones, óleos vegetais e
queratina.

Os óleos vegetais contêm lipídios, portanto, apresentam qualidades hidratantes que


repõem o sebo capilar perdido durante os processos químicos citados anteriormente.
A queratina é o principal componente nos produtos utilizados para reestruturação
da haste capilar e é responsável por selar as cutículas, restaurar quebras na cadeia de
peptídeos e promove hidratação, brilho e condicionamento.

A queratinização não é permanente, pois caso haja nova exposição a produtos químicos
e/ou danos à haste capilar será necessário refazê-la, uma vez que a haste do cabelo não
possui características de autorreparação.

Alisamento

Existem diversas denominações para os processos de alisamento e relaxamento dos


cabelos: escova japonesa, alisamento fotônico, escova definitiva, progressiva, escova
orgânica, entre outros.

O alisamento pode ter caráter temporário ou permanente. O alisamento temporário


consiste na pressão mecânica dos fios com implementos quentes como as pranchas.
O alisamento temporário (ou químico) baseia-se na quebra das ligações químicas
existentes entre os aminoácidos presentes nos fios do cabelo, alterando a sua forma.
Por essa razão, o procedimento pode danificar os fios, uma vez que o rompimento das
ligações químicas pode danificar a estrutura capilar. Baixa resistência do fio, danos

88
ESTÉTICA CAPILAR │ UNIDADE III

à cutícula e aumento da porosidade são algumas das consequências mais comuns do


alisamento.

Os danos causados pelo alisamento são acumulativos, sendo assim não se deve realizar
esse procedimento diversas vezes em sequência, uma vez que o cabelo não possui
propriedade de regenereação natural. Os produtos para alisamento constituem dois
grandes grupos: alisantes com hidróxidos metálicos e alisantes com tioglicolato de
amônio.

O alisamento com hidróxidos metálicos é mais agressivo, pois os produtos com esses
componentes químicos apresentam alto pH (entre 12 e 13), quebrando as ligações
iônicas dos fios, tornando-os maleáveis para serem alisados. O alto pH acaba por
quebrar algumas ligações mais fortes, danificando a haste capilar. Após a utilização do
hidróxido metálico, aplica-se um neutralizante ácido para que o pH retorne aos valores
naturais dos cabelos e as ligações iônicas sejam refeitas, agora mantendo os fios no
formato alisado.

O uso do tioglicolato de amônio proporciona um alisamento menos agressivo, pois


causa a quebra das ligações pelos átomos de enxofre existentes nas fibras capilares.
Após esse processo, o cabelo é alisado e em seguida aplica-se o produto neutralizador
que irá refazer as ligações de enxofre para que a nova forma seja estabelecida.

Antes do início do processo de alisamento, deve-se certificar que o cliente não realizou
tratamento químico nos cabelos nos últimos 6 meses, as instruções do fabricante do
produto serão seguidas e o produto será aplicado a uma distância de 0,5 cm do couro
cabeludo, que deve ser protegido com vaselina. É fundamental que o profissional
observe os seguintes cuidados:

»» Antes de iniciar o alisamento, é importante realizar um teste de mecha,


para avaliar a resistência do cabelo.

»» O alisamento com hidróxidos metálicos não é compatível com tioglicolato


de amônio e vice-versa.

»» Caso seja feito um retoque de raiz, deve-se proteger os fios que foram
alisados previamente com um produto à base de vaselina ou queratina.

Para manutenção do alisamento, utiliza-se xampu, condicionador e máscara contendo


aminoácidos e proteínas. O processo de alisamento é um dos tratamentos químicos
mais agressivos aos cabelos, principalmente se são usados produtos à base de
hidróxidos metálicos. Por essa razão, é de suma importância que o cabelo seja cuidado

89
UNIDADE III │Estética capilar

com produtos que contenham ceramidas, aminoácidos e queratina, para aumentar a


resistência do cabelo e fortalecer os fios.

Tinturas

Conforme citado anteriormente, as melaninas determinam a cor natural dos cabelos.


Existem três tipos de melaninas: eumelanina (responsável pelo pigmento escuro –
castanho e preto), feomelanina e oximelanina (ambas determinam as cores louras e
avermelhadas).

As tinturas são amplamente utilizadas principalmente pelas mulheres para alterar ou


harmonizar as cores naturais dos cabelos, colorir cabelos brancos e realizar reflexo.
As colorações sintéticas podem ser divididas em temporárias, semipermanentes e
permanentes (ou oxidativas). As tinturas temporárias possuem moléculas grandes
que não são capazes de penetrar na cutícula do cabelo. Por essa razão, são facilmente
removidas durante a lavagem, por exemplo: sprays, géis e rímel.

As tinturas semipermanentes possuem moléculas de tamanho intermediário, que


penetram na cutícula do cabelo e atingem o córtex. Porém, esses componentes são
removidos após cerca de seis lavagens, pois eles transitam facilmente do córtex para
a cutícula, sendo assim eliminados. As tinturas semipermanentes são utilizadas para
colorir mechas descoloridas e cobrir outro tom de colorantes, sendo menos agressivas
ao couro cabeludo e à haste do cabelo, o que evita reações alérgicas.

Na coloração permanente ou coloração por oxidação ocorre justaposição da cor natural


do cabelo e dos pigmentos da tintura. Os produtos são formados por substâncias
precursoras de cor (ou intermediárias) e acopladores. As substâncias intermediárias se
tornam corantes após sua oxidação, quando são ligadas aos acopladores para produzir
a cor desejada. Esse tipo de tintura cobre os cabelos brancos e altera a cor natural,
e para isso é necessário um tempo de pausa de 30 a 50 minutos para que ocorra a
oxidação. Os corantes precursores promovem abertura das cutículas, para que a tintura
seja bem absorvida pelo córtex. Esse processo define o caráter permanente desse tipo de
coloração. Devido à abertura das cutículas, esse procedimento cosmético causa perda
do brilho, maciez e dificuldades para pentear. Portanto, o uso de produtos reparadores
é fundamental após a aplicação de tinturas permanentes.

90
Para (não) Finalizar

Tivemos ao longo de dezenas de páginas, a possibilidade de estudar algumas das


afecções mais comumente encontradas nos consultórios e clínicas de estética.

Alguns dos tratamentos disponíveis no mercado foram relatados.

Diversos conceitos foram abordados e outros proeminentes conceitos também foram


descritos.

Contudo, o estudo não para por aqui. Inúmeras outras fontes de estudo e pesquisa
devem ser consultadas, no intuito de crescer e aprender cada dia mais e mais sobre essa
temática.

Manter-se bem informado é fundamental para quem deseja ser um profissional de


sucesso e ter êxito em seus tratamentos, executando-os com segurança e eficiência.

Qual o melhor tratamento? Quantas sessões serão necessárias? Quais orientações


devem ser oferecidas ao paciente concomitantemente ao tratamento que está sendo
realizado? Muitas questões surgirão com o decorrer dos dias e dos estudos, mas apenas
a busca pelo conhecimento, o estudo constante e a prática clínica serão capazes de
fornecer as respostas. Afinal, cada cliente é único e tem particularidades que devem ser
respeitadas. Ele deve ser visto como um ser biopsicossocial espiritual.

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REFERÊNCIAS

Referência das figuras


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Outras sugestões de pesquisa


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