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e Dermatologia
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS............................................................ 9
CAPÍTULO 1
DIABETES MELLITUS JUVENIL....................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
ATROFIA PANCREÁTICA JUVENIL.............................................................................................. 15
CAPÍTULO 3
HIPOADRENOCORTICISMO E NANISMO EM CÃES ................................................................... 19
UNIDADE II
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS.................................................. 32
CAPÍTULO 1
HIPERTIREOIDISMO EM FELINOS............................................................................................... 32
CAPÍTULO 2
DIABETES MELLITUS EM CÃES E GATOS..................................................................................... 40
CAPÍTULO 3
HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO A DOENÇA RENAL........................................................ 51
UNIDADE III
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS............................................................................. 54
CAPÍTULO 1
IMPETIGO EM CÃES................................................................................................................. 54
CAPÍTULO 2
CELULITE JUVENIL.................................................................................................................... 58
CAPÍTULO 3
DERMATOSES PARASITÁRIAS E FÚNGICAS EM FILHOTES............................................................. 62
UNIDADE IV
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS..................................................................... 92
CAPÍTULO 1
ALERGIA ALIMENTAR TARDIA EM CÃES..................................................................................... 92
CAPÍTULO 2
DEMODICIOSE FELINA............................................................................................................. 98
CAPÍTULO 3
TUMORES DE ANEXOS CUTÂNEOS......................................................................................... 103
UNIDADE V
MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS................................................... 106
CAPÍTULO 1
HIPERADRENOCORTICISMO E HIPOTIREOIDISMO EM CÃES..................................................... 106
CAPÍTULO 2
ALOPECIA X EM CÃES........................................................................................................... 121
CAPÍTULO 3
SÍNDROME METABÓLICA E OBESIDADE EM ANIMAIS............................................................... 126
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 133
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Atualmente, o bem-estar animal está em evidência. Isso faz com que muitos tutores,
ao menor sinal clínico que o animal apresente, procurem o atendimento médico
veterinário, o que é bom para a saúde dos animais, mas pode se tornar um desafio de
diagnóstico para os clínicos. Por isso a importância de saber quais são as principais
doenças que acometem animais jovens.
Assim como ocorre com os humanos, é necessário diagnosticar e tratar doenças comuns
em pacientes geriátricos, conforme o envelhecimento do corpo. O conhecimento dos
principais sinais clínicos e dos exames a serem pedidos é de fundamental importância
para que o clínico veterinário se destaque e se diferencie durante o seu atendimento e
na condução dos casos.
Objetivos
» Expor as principais doenças endócrinas que acometem animais filhotes
e geriátricos.
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DISTÚRBIOS
ENDÓCRINOS E UNIDADE I
METABÓLICOS EM
ANIMAIS JOVENS
Nesta unidade, abordaremos alguns distúrbios endócrinos que acometem animais
jovens, não exclusivamente animais neonatos, mas, sim, animais em uma idade
inicial de vida. Entre as doenças abordadas, estão o diabetes mellitus juvenil, o
hipoadrenocorticismo, a insuficiência pancreática exócrina e o nanismo em cães e gatos.
O objetivo deste capítulo é uma revisão dessas patologias a partir de sua fisiopatologia,
seus sinais clínicos, os exames complementares, os diagnósticos diferencias, o
tratamento e o prognóstico. Isso permite que o clínico veterinário possa reconhecer o
quadro e, principalmente, conduzi-lo de maneira adequada visando a uma otimização
do atendimento médico veterinário.
CAPÍTULO 1
Diabetes mellitus juvenil
Fisiopatologia
Muito raro em animais jovens, o diabetes mellitus (DM) ocorre principalmente em
consequência da atrofia idiopática do pâncreas, como consequência de uma pancreatite
aguda ou devido à hipoplasia ou aplasia das ilhotas pancreáticas.
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UNIDADE I │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS
Considerando que a maior causa em animais jovens está associada a uma desordem
no pâncreas, vamos relembrar como ocorre a produção da insulina por esse órgão.
Em cães, esse órgão localiza-se logo abaixo do estômago, em anexo ao duodeno.
Sinais clínicos
Quando se fala de diabetes, já vem à cabeça os sinais clássicos da doença, como a perda
de peso progressivo associada ao aumento de ingestão hídrica e alimentar e poliúria.
Porém, os sinais clínicos podem variar de acordo com quadros concomitantes da
doença, como, por exemplo, nos quadros de diabetes mellitus em animais jovens, que
estão associados a quadros de atrofia das células pancreáticas e de pancreatite aguda.
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE I
Nesses casos, espera-se que estejam associados, além dos sinais clássicos de diabetes,
os sinais clínicos de apatia e letargia, êmese, dor abdominal. Muitas vezes, os animais
evoluem de quadros de polifagia para quadros de hiporexia ou anorexia, melena ou
hematoquezia e, em alguns casos mais graves, o animal pode chegar ao atendimento
clínico já em choque.
Cães e gatos com diabetes em geral apresentam uma pelagem opaca e sem brilho e
a pele, muitas vezes, apresenta descamação. Outro sinal clínico bastante comum é a
cegueira súbita, sendo este um dos principais sinais clínicos que levam o tutor a procurar
atendimento médico veterinário.
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UNIDADE I │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS
Tratamento e prognóstico
O tratamento do paciente com diabetes mellitus juvenil preconizará tratar a sua causa
de base e, por se tratar de um quadro irreversível, permitir que tenha uma qualidade
de vida boa a partir do controle dos sinais clínicos, principalmente prevenindo as
complicações do quadro como a hipoglicemia e cetoacidose diabética.
Tratamento da pancreatite
O suporte das desordens pancreáticas consiste na correção dos equilíbrios hidroeletrolíticos,
o que corrige quadros de hipovolemia e desidratação. As soluções de escolha são solução
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE I
Tratamento do DM juvenil
Com relação ao controle da glicemia, não se objetiva manter níveis normais de glicemia
em pacientes diabéticos, pois muitos se mantêm estáveis em níveis entre 100 mg/dL
e 250 mg/dL antes da administração de insulina. O controle da glicemia é feito
por meio da administração da insulina diariamente, do controle dietético e de exercícios
físicos diários.
Prognóstico
O prognóstico do DM juvenil é principalmente em relação às complicações que o
quadro pode gerar, como nos casos em que a glicemia não é controlada corretamente.
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UNIDADE I │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS
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CAPÍTULO 2
Atrofia pancreática juvenil
A atrofia pancreática juvenil é uma síndrome que se caracteriza pela diminuição ou atrofia
do pâncreas exócrino. De caráter hereditário, acomete diversas raças, mas tem predileção
pelas raças Pastor Alemão e Collie. Em geral, acomete cães com menos de 1 ano de
idade, apresentando-se clinicamente com sinais de insuficiência pancreática exócrina.
Fisiopatologia
Na insuficiência do pâncreas exócrino (IPE) ocorre a diminuição da produção das
enzimas pancreáticas pelos ácinos. As células acinares pancreáticas são responsáveis
pela síntese das enzimas digestivas, da lipase e da amilase e de precursores das enzimas
proteolíticas e fosfolipolíticas, as quais são necessárias para que se obtenha uma
digestão apropriada.
Acredita-se que sua patogenia está ligada a uma resposta autoimune mediada por
linfócitos T. A gravidade do quadro está ligada ao fato de que o paciente só começa a
manifestar sinais clínicos após mais de 90% do parênquima pancreático estar acometido.
Sinais clínicos
Inicialmente, os pacientes apresentam um quadro de fezes com esteatorreia, e esse
quadro ocorre devido à má absorção dos nutrientes. Outro quadro notado pelo tutor,
logo no início, é o aumento do volume fecal associado ao emagrecimento progressivo.
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UNIDADE I │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS
Figura 1. Cão da raça pastor alemão apresentando caquexia secundária a quadro de atrofia pancreática
exócrina.
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE I
Figura 2. Exame de ensaio da atividade proteolítica fecal: filme não digerido devido à ausência de enzimas
digestivas e filme com digestão pelas enzimas digestivas.
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UNIDADE I │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS
Tratamento e prognóstico
O tratamento consiste em estabilizar o paciente nos casos em que este se encontra
desidratado, por meio do uso de antibioticoterapia, protetores gástricos, atualização
de vermífugo, suplementação vitamínica, reposição de enzimas pancreáticas e manejo
dietético específico.
Em geral, essas enzimas pancreáticas são obtidas por meio de extratos pancreáticos
ressecados de pâncreas bovino e suíno. No entanto, essa preparação tem um alto custo,
o que, muitas vezes, inviabiliza seu uso para tratamento. A opção para a suplementação
das enzimas pancreáticas é a adição do pâncreas, in natura bovino ou suíno, picado na
alimentação, desde que os sejam adquiridos de locais que sejam inspecionados. Isso
garante que não ocorrerá contaminação cruzada na alimentação do paciente doente.
Prognóstico
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CAPÍTULO 3
Hipoadrenocorticismo e nanismo
em cães
O HpAC acomete cães entre dois a 6 anos de idade, por isso o enquadrei em doenças de
animais jovens, de fêmeas castradas e possui uma predisposição racial em cães da raça
Dogue Alemão, Rottweiler, Cão d’Água Português, Bearded Collies e West Highland
White Terriers.
Esse eixo HHA é regulado por diversos fatores, entre eles o estresse do organismo,
que pode ser causado por dor, medo, estado febril, medicações e variações no sistema
imune. Esses fatores podem promover um desequilíbrio do feedback negativo do
eixo, fazendo com que o cortisol e o ACTH mantenham-se elevados ou diminuídos
no organismo.
Etiopatogenia do hipoadrenocorticismo
O HpAC primário compreende o tipo mais comum de ocorrência em cães, e a sua forma
típica é causada pela atrofia ou destruição das zonas do córtex adrenal, levando a uma
produção deficiente de glicocorticoides e mineralocorticoides. Já na forma atípica, o
que ocorre é a deficiência apenas na produção de glicocorticoides, sem acometimento
na produção dos mineralocorticoides. O quadro primário atípico representa apenas
10% de todos os casos de HpAC diagnosticados, e sua ocorrência é mais rara.
Em contrapartida, o quadro típico representa 85% de ocorrência.
Outras causas menos comuns que podem acarretar essa doença são as doenças
infecciosas, como as infecções profundas causadas por fungos; entre elas, destacam-se
a coccidiose, criptococose, blastomicose e histoplasmose. Além disso, tumores
metastáticos, coagulopatias, amiloidose e enfartes hemorrágicos que acometam o
córtex adrenal também podem desencadear a doença.
A forma iatrogênica também pode ocorrer, como, por exemplo, nos casos de terapia
prolongada com mitotano ou trilostano, que podem provocar a atrofia das camadas do
córtex adrenal, com a retirada abrupta de corticoides endógenos após um longo período
de terapia contínua com a medicação e em casos cirúrgicos de adrenalectomias. Nessas
situações, ocorre uma produção deficiente do cortisol pelo eixo HHA.
O HpAC secundário é causado por uma disfunção na hipófise, que pode ser causada por
uma alteração das concentrações do CRH secretado pelo hipotálamo. Essa disfunção na
hipófise levará a uma diminuição na produção de ACTH consequentemente acarretando
na atrofia das zonas do córtex adrenal resultando na diminuição da secreção de
glicocorticoides.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos são inespecíficos e variam desde quadros leves, como desordens
gastrintestinais, até quadros severos de coma por deficiência de glicocorticoides e
mineralocortioides. No geral, as sintomatologias são: hiporexia ou anorexia; letargia;
fraqueza muscular, variando de leve a grave; tremores; perda de peso progressiva;
poliúria e polidipsia; êmese e diarreia; dor abdominal; regurgitação; convulsões; ataxia;
hematêmese; hematoquezia ou melena.
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UNIDADE I │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS
Por ter sinais clínicos inespecíficos, o diagnóstico se torna um desafio. O ideal é associar
os sinais clínicos com exames complementares e específicos para chegar ao diagnóstico
de HpAC. Abaixo estão descritas as principais alterações que podem ser encontradas
nos exames laboratoriais e quais os exames específicos para auxiliar no diagnóstico
correto do quadro.
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS
Tratamento e prognóstico
O tratamento tem o objetivo de tratar os sinais clínicos que o animal estiver apresentando,
reestabelecer o equilíbrio hidroeletrolítico e a reposição de glicocorticoides. Como já
comentamos no início, por se tratar de uma doença com sinais clínicos inespecíficos,
quando chega até nós, clínicos veterinários, para tratamento, o paciente já se
encontra, em geral, em um quadro mais grave, o qual podemos denominar de crise de
hipoadrenocorticismo ou crise addisoniana. Devido a isso, daremos foco ao tratamento
para a estabilização do paciente em uma crise.
Os demais sinais clínicos devem ser tratados com seus tratamentos suportes já
conhecidos, por exemplo, em animais com quadros de anemia grave, uma transfusão
sanguínea pode ser necessária; em animais com distúrbios gastroentéricos, medicações
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE I
como antibióticos de amplo espectro de ação e protetores gástricos devem ser usados,
o que evita a translocação bacteriana e um quadro de sepse. Importante lembrar que
a hipercalemia causa alterações cardíacas quando o potássio se encontra maior que
8mEq/L, sendo necessário sua correção não só por fluidoterapia, mas por medicação,
como a digoxina.
A reposição de glicocorticoide deve ser feita com fármacos de rápida ação e por via
intravenosa; os de escolha são o fosfato sódico de dexametasona (0,5-4 mg/kg),
succinato sódico de prednisolona (4-20 mg/kg) ou o succinato sódico de hidrocortisona
(0,5-0,625 mg/Kg/h IV em infusão continua). Após a estabilização do quadro,
como manutenção para casa, pode-se usar a dexametasona (0,05-0,1 mg/Kg/ BID
ou TID) ou a prednisona (0,1-0,22 mg/Kg/ SID), porém nenhum deles tem efeito
mineralocorticoide, por isso, nos casos de HpAC primário, que compreendem a maioria
dos casos, o fármaco de escolha é o acetato de fludrocortisona (0,01-0,02 mg/Kg/SID
ou BID), que tem efeito de mineralocorticoide e glicocorticoide. Outra opção menos
usada é o tratamento com pivalato de desoxicorticosterona (2,2 mg/Kg/SC) a cada
21 dias; o seu efeito deve ser monitorado por meio da mensuração da relação sódio/
potássio e seu uso deve ser associado à prednisona (0,2 - 0,4mg/Kg/SID), pois tem
efeito apenas mineralocorticoide.
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UNIDADE I │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS
Prognóstico
De ocorrência rara em cães e gatos, o nanismo hereditário pode surgir por uma
deficiência na produção do hormônio de crescimento (GH) ou devido a uma combinação
de deficiências hormonais da hipófise. Isso leva à deficiência de outros hormônios
também produzidos pela hipófise, como os hormônios LH, TSH, ACTH e FSH, que
desencadeiam diversos outros problemas além da baixa estatura.
Fisiopatologia
Hipófise
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE I
Hormônio do crescimento – GH
Nanismo hipofisário
De ocorrência rara, pode ser devido à deficiência congênita do GH. Essa deficiência é
relatada em raças como Pastor Alemão, Pinscher, Weimaraner e raramente em gatos.
Outra causa é a distensão de um cisto formado na bolsa Rathke, na hipófise, que leva à
destruição da região da adenipófise.
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UNIDADE I │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS
secretoras de hormônio, sendo esse defeito genético que leva à formação do cisto na
bolsa de Rathke e desencadeia o quadro endócrino.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos mais observados durante o exame físico são prognatismo, presença
da pelagem secundária “lanugem”, com epilação facilitada. Pode-se observar uma
alopecia bilateral simétrica com o passar do tempo, poupando cabeça e porção distal
dos membros (Figura 3). A pele pode ficar hiperpigmentada, seborreica, com formação
de comedos e predisposta a infecções por bactérias e leveduras.
Figura 3. Cadela da raça Border Collie, com NHC, apresenta alopecia que poupa uma porção distal de
membros.
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE I
específicos. Por se tratar de uma patologia que acomete uma glândula endócrina tão
importante para o funcionamento de várias outras glândulas endócrinas, o recomendado
é que sejam analisadas várias funções endócrinas concomitantes ao exame específico
do nanismo.
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UNIDADE I │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS JOVENS
Diagnósticos diferenciais
Tratamento e prognóstico
O tratamento correto seria com a reposição de GH, porém não existe o mesmo disponível
para uso. Desse modo, são utilizados experimentalmente o GH humano e o GH suíno
para tratamento. Contudo, o uso do GH humano pode desencadear a formação de
anticorpos e inviabilizar a sua utilização.
Em pacientes com outras alterações endócrinas concomitantes, estas devem ser tratadas
de acordo com as suas necessidades. Desse modo, em animais com hipotireoidismo
e hipoadrenocorticismo, deve ser realizada suplementação hormonal; em animais
com sinais clínicos dermatológicos, as alterações devem ser tratadas com terapias
adequadas; e assim consecutivamente.
Prognóstico
Animais com diagnóstico de nanismo têm a expectativa de vida reduzida, vivendo cerca
de 3 a 8 anos, com o agravamento dos sinais clínicos em decorrência do avanço da
idade. A perda contínua da função hipofisária fará com que, com o passar do tempo,
esses animais desenvolvam caquexia, alopecia, insuficiência renal e muitas outras
complicações. Assim, o tutor opta pela eutanásia na maioria dos casos.
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DISTÚRBIOS
ENDÓCRINOS E UNIDADE II
METABÓLICOS EM
ANIMAIS GERIÁTRICOS
CAPÍTULO 1
Hipertireoidismo em felinos
Fisiopatologia
Como mencionado acima, embora a maior causa do aparecimento do hipertireoidismo
esteja ligada a neoplasias, outros fatores podem predispor à doença, como fatores
imunológicos, nutricionais e ambientais. A sua patogenia, no entanto, não está
totalmente elucidada.
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE II
Lembrando que uma das funções da tireoide é o consumo de oxigênio pelos tecidos,
destaca-se que felinos com hipertireoidismo têm uma taxa metabólica basal acelerada,
de modo que esse estado hipermetabólico desencadeará os sinais clínicos.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos são progressivos e levam cerca de seis meses a um ano para se
agravarem. Em geral, os tutores procuram o serviço médico veterinário quando
os felinos apresentam o agravamento do quadro clínico. Por isso há a necessidade
de sabermos reconhecer com rapidez quando estivermos diante de um quadro de
hipertireoidismo felino.
Figura 4. Paciente felino apresentando caquexia agravada pela perda de massa muscular.
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
Outros sinais clínicos associados ao quadro são sinais dermatológicos, como alopecia
em razão da lambedura excessiva e intolerância ao calor, e pelos opacos e quebradiços.
Os animais podem apresentar pelos emaranhados devido à diminuição do auto-
higienização (Figura 5).
Figura 5. Felino apresentando sinais dermatológicos, como alopecia, em região ventral por lambedura excessiva.
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
Tratamento e prognóstico
O tratamento de escolha deve levar em conta os sinais clínicos da doença, ou seja,
realizar um tratamento suporte, tratar as doenças concomitantes, visto que os pacientes
são idoso, além da terapia específica para o quadro de hipertireoidismo.
O tratamento do hipertireoidismo atualmente pode ser de três maneiras; por meio do uso
do iodo radioativo, de fármacos antitireoidianos e de cirurgia. A seguir, descreveremos
cada um deles.
Iodo radioativo
Conhecido como iodo 131, é um radionucleotídeo que tem boa ação sobre os tumores
de tireoide e sobre quadros de hiperplasia da glândula. Sua administração é por
via intravenosa e seu mecanismo de ação ocorre mediante a destruição das células
foliculares tireoidianas sem acometer as demais estruturas ao redor.
Fármacos antitireoidianos
Atualmente, os antitireoidianos disponíveis comercialmente são o propiltiouracil, o
metimazol e o carbimazole, todos da classe das tionamidas. Seu mecanismo de ação se
dá pela inibição da síntese de hormônios tireoidianos, não tendo um efeito antitumoral
para os casos em que o paciente apresente esse quadro como causa de base.
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE II
T4. No caso em que o controle não é atingido nessas doses, pode-se chegar à dose
de 5 mg três vezes ao dia, sempre monitorando a concentração sérica de T4 a fim de
evitar efeitos colaterais, principalmente uma descompensação renal. Após o controle
sérico do hormônio T4, o monitoramento por meio da dosagem hormonal e os exames
bioquímicos podem ser realizados a cada 4 – 6 meses.
Importante lembrar que, por se tratar de uma droga antitireoidiana, um dos efeitos
colaterais que pode causar é o hipotireoidismo iatrogênico, além de êmese, apatia,
anorexia, hepatotoxicidade e quadros imunomediados, como anemia hemolítica.
Nos casos em que os efeitos colaterais forem incompatíveis com a melhora clínica, a
terapia deve ser descontinuada e outra forma de tratamento deve ser adotada.
Tratamento cirúrgico
Com relação à anestesia, é importante lembrar que medicações com efeitos anticolinérgicos
não devem ser utilizadas, porque esses animais já podem apresentar quadros de
hipocalemia e alterações cardíacas prévios à cirurgia. O uso dessa classe de fármacos
pode piorar essas alterações e causar taquicardia e arritmias, além de complicações
anestésicas. Uma medicação pré-anestésica indicada é a acepromazina, devido ao
seu efeito em tono autonômico, o que diminui as chances de arritmias indesejadas.
Importante esclarecer que os animais só devem ser submetidos à cirurgia após o quadro
clínico de hipertireoidismo estar estabilizado, o que pode levar ate quatro semanas
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
de uso diário de metimazol. Só após a estabilização dos sinais clínicos e dos exames
laboratoriais e hormonais é que o paciente poderá ser submetido à cirurgia.
Técnicas cirúrgicas
Complicações cirúrgicas
Uma das principais complicações cirúrgicas é a hipocalcemia, principalmente se
ocorrer a tireoidectomia bilateral. Além disso, os felinos podem apresentar síndrome de
Horner, paralisia de laringe, alteração na vocalização, hipoparatireoidismo e recidiva do
quadro de hipertireoidismo. Apesar de essas complicações serem de baixa ocorrência,
é importante que sejam esclarecidas ao tutor.
Nos casos em que a suplementação de cálcio se faz necessária, ou seja, abaixo de 7mg/ dl,
a administração por via intravenosa lenta de 1 a 1,5 ml/kg de gluconato de cálcio a 10%
deve ser feita e mantida com uma administração contínua de 2ml/kg pelas próximas 8
horas. Após a suplementação, pode-se continuar com via oral, na dose de 50 a 75mg kg/
dia, divididos em três administrações e associado ao dihidrotaquisterol na dose de 0,03
mg/kg/24 horas até a normalização do cálcio sérico.
O monitoramento dos níveis de T4 total após a cirurgia deve ser avaliado após um
mês, pois permite identificar se ficou algum tecido resquicial de tireoide após o
procedimento cirúrgico. Outra alternativa que pode ser adotada em casos cirúrgicos é a
retirada unilateral; num primeiro momento, manter o paciente com metimazol e, após
a estabilização do quadro, submetê-lo à tireoidectomia da glândula contralateral.
Prognóstico
O prognóstico tende a ser favorável desde que o paciente seja corretamente tratado e
precocemente diagnosticado. Outro fator determinante do diagnóstico são as doenças
concomitantes, como a doença renal crônica. Isso ocorre porque muitos felinos
tratados acabam desenvolvendo quadros de azotemia, porém se mantêm estáveis por
um longo período.
No entanto, nos casos em que o tutor não quer ou não pode tratar, o prognóstico
é desfavorável devido ao desenvolvimento das doenças concomitantes, como
cardiomiopatias, nefropatia, hipertensão sistêmica, hepatopatias, entre outras.
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CAPÍTULO 2
Diabetes Mellitus em cães e gatos
Fisiopatologia
Vamos recapitular a importância da insulina no organismo: ela é o hormônio anabólico
mais importante do corpo, tendo como funções a armazenagem de glicose na forma
de glicogênio, de aminoácidos na forma de proteínas e de ácidos graxos na forma de
gordura, o que evita um catabolismo das reservas de nutrientes e mantém, assim, o
organismo em equilíbrio. Esses processos metabólicos são regulados por meio de
receptores de insulina de alta afinidade presentes na superfície das células em vários
tecidos do corpo, principalmente músculos e tecidos adiposos.
Essa falta de glicose nas células faz com que o centro hipotalâmico de saciedade
identifique que precise de mais glicose, fazendo com que o paciente tenha polifagia.
A insuficiência da insulina acarreta a ativação do hormônio lipase-sensível, o qual irá
desencadear o aumento do catabolismo proteico e da lipólise, levando à atrofia muscular
e à perda de peso progressiva.
Outra alteração importante que ocorre devido a essa produção insuficiente de insulina
é a formação dos corpos cetônicos. Os corpos cetônicos se formam pela alteração do
metabolismo dos lipídeos no fígado, que faz com que os ácidos graxos se convertam
em acetilcoenzima. Em vez de triglicerídeos, essa enzima no fígado é transformada em
ácido acetoacético, levando à acidose metabólica; uma das principais complicações do
diabetes em cães.
Diabetes em felinos
É a segunda doença endócrina mais importante em gatos, e se dá pela destruição
progressiva das células β pancreáticas ou devido à resistência à insulina. A principal
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
Tratamento em felinos
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE II
Outra forma de tratamento para o diabetes mellitus tipo 2 em felinos é por meio do uso
de hipoglicemiantes orais, e os mais utilizados são os da categoria sulfonilureias, que
aumentam a produção de insulina, diminuem a resistência insulínica e aumentam a
gliconeogênese. Destacam-se a glipizida na dose de 2,5–5 mg/gato/12 h, por via oral,
sempre com alimento, ou a glimepirida, 1 mg/gato/24 h/V.O. Os hipoglicemiantes
orais só devem ser utilizados em animais que não apresentem corpos cetônicos, de
modo que os tutores consigam administrar a medicação oral e quando a insulinoterapia
injetável não tenha sido possível, pois, em comparação com a terapia insulínica, os
hipoglicemiantes orais provocam mais efeitos colaterais, como hepatotoxicidade,
êmese e episódios de hipoglicemia esporádicos.
A dieta é utilizada tanto como terapia quanto para manutenção do quadro de remissão,
e se baseia em uma dieta pobre em carboidratos, fazendo com que as demandas por
produção de insulina pelas células betas sejam diminuídas, o que permite que possam
se recuperar. A dieta também tem o objetivo de perda de pesos em animais obesos,
já que a obesidade diminui pela metade a sensibilidade insulínica. Assim, é parte da
terapia fazer com que esses animais atinjam um peso considerado ideal para a espécie.
Fonte: http://portalvet.royalcanin.com.br/artigo.aspx?id=124.
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
Os tutores de felinos devem estar cientes sobre a doença, bem como a maneira de
monitorar seus animais em casa. Devem aferir a glicemia por meio do glicosímetro
e acompanhar os sinais clínicos em animais que estão estabilizados. Caso ocorra o
aumento da ingestão de água e o aumento da micção, os tutores devem saber identificar,
pois isso é um ótimo parâmetro para evidenciar a desestabilização do quadro diabético.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos clássicos incluem emagrecimento progressivo, poliúria, polidipsia e
polifagia. Com a cronicidade do quadro, os animais podem apresentar catarata bilateral
(Figura 7), anorexia, desidratação, hálito cetônico, convulsão, estado comatoso, pelagem
sem brilho e opaco, perda de pelos e seborreia.
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
Insulinoterapia
Quando falamos em controle glicêmico, prioriza-se o uso das insulinas de ação e duração
intermediária, que são as insulinas NPH. Seu efeito tem duração, em média, de 12 horas,
começando com uma dose de 0,5 un/kg/BID/SC sempre após a alimentação. Nos casos
em que o paciente não se alimenta, a dose deve ser diminuída ou não aplicada, e deve-se
investigar a causa da anorexia.
Para identificar a dose correta que deve ser usada em casa paciente, um exame
denominado curva glicêmica deve ser realizada. A estabilização da glicemia ocorre de
3 a 6 meses após o diagnóstico do diabetes mellitus e os tutores devem estar cientes
e instruídos sobre o manejo da insulina e do glicosímetro. O objetivo é manter um
controle glicêmico aceitável; a glicose entre 100- 250 mg/dL sem sinais clínicos.
Como já mencionado, exames regulares devem ser realizados para monitorar a terapia,
sendo a frutosamina e a hemoglobina glicosilada os exames de escolha.
Curva glicêmica
Uma dúvida frequente é em relação à dose correta de insulina para que o paciente
obtenha o controle glicêmico e, para chegar a essa resposta, o exame de curva glicêmica
deve ser realizado. A curva glicêmica é a avaliação seriada da concentração sérica
da glicose após a administração da insulina, a cada 1 ou 2 horas, com a finalidade de
determinar qual é a dose eficaz de insulina para determinado paciente, o nadir da
glicose e a flutuação da glicose sanguínea no animal.
Execução do exame: inicia-se com uma coleta da glicemia em jejum. Após, é fornecida
alimentação para o paciente e aplicado 0,5 UM/KG/SC de insulina. Aguarda-se
2 horas, uma nova aferição da glicemia é realizada e assim consecutivamente por 12
horas no total, formando-se a curva glicêmica. Com essa curva, será obtido o nadir, que
é a menor concentração de glicose no organismo após a aplicação da insulina, e se a
menor dose está sendo capaz de manter a glicemia controlada. Se o nadir for superior
a 144 mg/dL, a dose de insulina deve ser aumentada. A duração desejada do efeito da
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE II
Complicações e prognóstico
As complicações mais comuns resultantes do diabetes mellitus são cetoacidose
diabética, crises de hipoglicemia, efeito Somogyi, infecções bacterianas, neuropatia
diabética e dermatopatia diabética, que comprometem a qualidade de vida e impactam
na longevidade desses animais.
Cetoacidose diabética
A cetoacidose diabética é uma emergência relativamente comum que ocorre com
pacientes diabéticos, e muitos só são diagnosticados com quadro de diabetes após
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
Hipoglicemia
sendo administrada no paciente. É importante conversar com o tutor caso haja algum
erro na administração da insulina, como, por exemplo, dose aumentada ou jejum do
paciente, que possa ter desencadeado o quadro. É importante sempre conscientizar o
tutor sobre a gravidade da hipoglicemia, ensiná-lo a reconhecer o quadro e instruí-lo
a ter em casa mel ou xarope de glicose para que, em casos de sinal clínico de hipoglicemia,
administre tais substâncias por via oral, até que consiga chegar ao atendimento médico
veterinário.
O efeito Somogyi, outra complicação que pode ser vista em pacientes diabéticos,
resulta de uma resposta fisiológica normal a um quadro de hipoglicemia por excesso de
insulina. Quando a insulina chega a níveis menores de 60 mg/dl, o organismo estimula
a glicogenólise hepática e a secreção de hormônios diabetogênicos para compensar essa
hipoglicemia e provocar a hiperglicemia pelas próximas 12 horas. O diagnóstico se dá
pelo quadro de hipoglicemia < 65 mg/dl, seguido de uma hiperglicemia > 300mg/dl,
após 24 horas da aplicação da insulina. Nessas situações, deve-se realizar a diminuição
da dose aplicada e, nos casos em que uma alta dose de insulina está sendo administrada, o
animal deverá passar por uma nova curva glicêmica para que seja possível reestabelecer
uma dosagem que não desencadeie hipoglicemia.
Outras complicações
A catarata diabética é uma das complicações mais comuns e ocorre devido à penetração
da glicose no cristalino através do humor aquoso. Essa glicose em excesso será
metabolizada e transformada em frutose, a qual atua como um agente hidrofílico
causando uma tumefação e ruptura das fibras do cristalino, o que leva à formação da
catarata, que é um processo rápido e irreversível e provoca a cegueira no animal. Uma
tentativa de melhora do quadro da cegueira é por meio da cirurgia de catarata, mediante
a retirada do cristalino. Porém, como a catarata diabética predispõe a uveítes, muitas
vezes isso torna inviável esse procedimento.
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
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CAPÍTULO 3
Hiperparatireoidismo secundário
a doença renal
Fisiopatologia
O hiperparatiroidismo renal secundário ocorre como uma progressão do quadro de
insuficiência renal, por meio da hipocalcemia, da deficiência de vitamina D e da retenção
de fósforo. Essa hiperfosfatemia inibe a produção de calcitriol, o qual, associado ao
quadro de hipocalcemia, estimulará as glândulas paratireoides.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos incluem os sintomas encontrados em paciente com insuficiência
renal, como poliúria, polidipsia, hiporexia, apatia, emagrecimento progressivo, êmese,
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UNIDADE II │ DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
mucosas hipocoradas, pelagem opaca e sem brilho, hálito urêmico, úlceras em cavidade
oral ou necrose em ponta de língua e deformidades faciais decorrentes da osteodistrofia
(Figura 8).
Fonte: http://www.fmv.ulisboa.pt/spcv/PDF/pdf6_2014/51-56.pdf.
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DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E METABÓLICOS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE II
Figura 9. Imagem radiográfica craniana: osteopenia da mandíbula e maxila com aparência sugestiva de perda
da sustentação óssea dos dentes (setas).
Fonte: http://www.fmv.ulisboa.pt/spcv/PDF/pdf6_2014/51-56.pdf.
Tratamento e prognóstico
Não existe um tratamento específico para o hiperparatireoidismo renal, o que se
preconiza é o tratamento suporte da doença renal mediante o controle hidroeletrolítico,
o controle das alterações renais e o controle dos sinais clínicos, visando proporcionar
uma melhor qualidade de vida ao paciente.
Os animais podem ter uma sobrevida de dias até dois anos após o diagnóstico do
hiperparatireoidismo, o que dependerá exclusivamente do estágio da doença renal no
qual o animal se encontra e como organismo dele responderá à terapia suporte.
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DOENÇAS
DERMATOLÓGICAS EM UNIDADE III
ANIMAIS JOVENS
CAPÍTULO 1
Impetigo em cães
Fisiopatologia
Seu aparecimento está relacionado ao processo inflamatório que se instala devido ao
acúmulo de fezes e urina em áreas cutâneas, principalmente na região abdominal.
Além disso, relata-se alto parasitismo intestinal, desnutrição por manejo alimentar
errôneo, doenças virais e manejo sanitário deficiente do local onde os filhotes
se encontram.
Sabe-se também que essas infecções bacterianas são, em sua maioria, de origem
estafilocócicas, e os estafilococos por sua vez liberam toxinas que agem sobre as
desmogleínas 1 (DSG 1), causando a formação de vesículas bolhosas; quadro semelhante
ao que ocorre no pênfigo foliáceo.
Outras bactérias que podem estar envolvidas no quadro de impetigo são as Pseudomonas
spp., Escheria sp. e Enterobacter sp.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos predominantes do impetigo são as pústulas com conteúdo amarelado
ou esbranquiçado, pápulas eritematosas, crostas melicéricas e colarinhos epidérmicos.
Podem estar acompanhadas de prurido e lambeduras leves a moderadas (Figura 10).
54
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Figura 10. Imagem de um cão jovem com a formação de pústulas (círculo) secundárias à dermatite superficial.
Nota-se a presença de crostas melicéricas decorrentes do rompimento dessas pústulas.
Devido às pústulas serem de fácil rompimento, muitas vezes os tutores podem relatar o
aparecimento de uma espécie de “bolha de pus ou espinha”, mas no exame clínico apenas
serão visualizadas a lesão papular e as crostas melicéricas. Um dado importante que
ajudará a diferenciar se é uma piodermite ou foliculite que o animal está apresentando
é a presença ou não de pelos nessa lesão. No impetigo, por não ter acometimento de
folículo piloso, a lesão estará restrita à pele, sem presença de pelo no centro da lesão ou
na pústula.
Como uma das causas é doença viral e parasitária, uma boa anamnese e exame físico
devem ser realizados para determinar a causa do quadro. Em paciente com sinais
clínicos sistêmicos concomitantes ao dermatológico, é necessário investigar as causas
virais, como parvovirose e cinomose e parasitismo intestinal.
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UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Figura 11. Imagem microscópica 100x em óleo de imersão, na qual se evidencia a presença de células
acantolíticas (seta) e de bactérias cocoides (círculos) na análise de uma pústula intacta secundária à piodermite.
Tratamento e prognóstico
O tratamento irá variar de acordo com a causa primária e a gravidade das lesões em
relação às pústulas. Na maioria das vezes, o tratamento tópico com shampoo antisséptico
e spray com antibióticos é suficiente para o controle da infecção. Nos casos em que as
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DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
lesões não são controladas, a antibioticoterapia pode ser adotada. O fármaco de escolha
é a cefalexina, porém, por serem animais muito jovens, o uso de antibioticoterapia oral
é desencorajado.
Nos casos de doenças sistêmicas, o tratamento suporte deve ser adotado concomitante
ao tratamento das lesões pustulares. Em animais com acometimento sistêmico grave, o
tratamento por meio de banhos deve ser desconsiderado.
A nutrição clínica desses animais deve ser revisada, dando prioridade para alimentações
balanceadas, como as super premium e premium. O uso de imunoestimulantes
se mostra benéfico para melhorar a condição clínica desses animais, como o uso de
suplementos comerciais com spirulina em sua composição.
Outro fator de extrema importância é o manejo sanitário do local onde o filhote fica.
O tutor deve ser instruído a realizar a higiene do ambiente com o uso de desinfetantes
comerciais à base de amônia quaternária, deve limpar os brinquedos e comedouros dos
animais, recolher as fezes e limpar a urina do ambiente.
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CAPÍTULO 2
Celulite juvenil
Não há predisposição sexual, porém cães das raças Teckel, Golden Retriever, Labrador
Retriever, Gordon Setter, Beagle e Pointer possuem uma predisposição racial. Sua
etiologia não está bem elucidada, mas acredita-se que esteja relacionada à reação de
hipersensibilidade e/ou doença viral.
Fisiopatologia
Como mencionado anteriormente, sua fisiopatologia ainda não está elucidada, mas
acredita-se que doenças virais como cinomose, parainfluenza e adenovírus tipo 2
possam estar envolvidas no desencadeamento do quadro clínico. Além disso, supõe-se
que má nutrição, manejo sanitário inadequado e verminoses também podem
desencadear o quadro.
Devido ao quadro ser caracterizado por pústulas estéreis que respondem positivamente
à corticoterapia, cogita-se a possibilidade de que falhas no sistema imune, ligadas à
predisposição racial, estejam envolvidas na fisiopatologia da doença.
Sinais clínicos
As lesões cutâneas incluem alopecia, edema, pápulas, pústulas, crostas e cicatrizes,
especialmente em pálpebras (Figura 12), lábios e região mentoniana. As lesões
cutâneas podem aparecer na extremidade de membros, no abdome, no tórax, no
pavilhão auricular, na vulva, no prepúcio e no ânus, mas não causam prurido como as
piodermites. Em geral, tem seu início abrupto com formação das vesículas pustulares
dentre 24 a 48 horas após o início das pápulas.
58
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Os animais também podem apresentar nódulos flutuantes e firmes pelo corpo, que,
ao serem drenados, apresentam conteúdo sanguinolento ou a presença de pus.
Essas lesões podem se apresentar não pruriginosas, mas com grau de dor moderado em
região de tronco, áreas prepuciais e perineais.
Figura 12. Paciente de 90 dias de idade, da raça Shih Tzu: edema palpebral, com presença de secreção
purulenta.
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UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Tratamento e prognóstico
Animais que apresentem acometimento sistêmico debilitante devem receber tratamento
suporte. Para os demais, a terapia de eleição é por meio da imunossupressão com
prednisona 2 mg/kg/24h até a remissão da sintomatologia, aproximadamente de 2 a 4
semanas. Após iniciar a fase de manutenção, iniciar a diminuição e o espaçamento da
corticoterapia lentamente para evitar recidiva.
Figura 13. Mesmo animal da figura anterior, após 15 dias de terapia imunossupressora à base de prednisolona.
Nota-se a resolução do edema palpebral.
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DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Porém, em geral, o prognóstico é bom. Animais que têm uma resposta rápida a
corticoterapia em geral possuem um melhor prognóstico. Entretanto, animais cuja
terapia tem de ser prolongada costumam apresentar cicatrizes, porém estas tornam-se
apenas um problema estético.
61
CAPÍTULO 3
Dermatoses parasitárias e fúngicas
em filhotes
Neste capítulo, abordaremos um pouco cada uma dessas doenças citadas, em relação
aos sinais clínicos, ao diagnóstico e ao tratamento.
Fisiopatologia
Esse ácaro é um ácaro não escavador, isto é, tem todo o seu ciclo e atividades ocorrendo
na superfície da epiderme dos condutos auditivos dos animais parasitados. Esses ácaros
se alimentam dos resíduos epidérmicos e fluidos teciduais da epiderme, lesionam o
epitélio e causam a inflamação das glândulas ceruminosas e a produção de mais
cerúmen. A transmissão ocorre por contato direto entre animais acometidos, sendo
altamente contagiosa.
Sinais clínicos
O sinal clínico mais visível é prurido otológico e excesso de secreção nos ouvidos.
Em muitos casos, a infestação pelo ácaro passa despercebida pelo tutor, de modo que a
sarna é diagnosticada no momento do exame físico prévio à vacinação, principalmente
quando o filhote foi recém-adquirido. Por isso, é importante o exame físico completo
antes do inicio do protocolo vacinal. O ácaro, em razão de ser muito ativo, causa
62
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Figura 14. Imagem de um conduto de felino filhote com secreção castanho-enegrecida e aspecto de borra de
café devido à otocaríase.
O diagnóstico ocorre por meio de histórico clínico, sinais clínicos, exame de otoscopia
e exame parasitológico do cerúmen.
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UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Figura 15. Visualização, através de vídeo-otoscopia, dos ácaros de Otodectes cynotis em conduto auditivo
externo.
Figura 16. Visualização microscópica do ácaro Otodectes cynotis, coletado por swab.
Tratamento e prognóstico
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DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
maioria das fórmulas não incluem antiparasitários, por isso, antes de indicar um
produto otológico para o tratamento da otocaríase, é importante se certificar de que a
fórmula apresenta agentes acaricidas.
Esses ácaros se movem bastante e podem, inclusive, ir para os pelos. Dessa forma,
associa-se um produto acaricida sistêmico, como as selamectinas, sarolaner, afoxolaner,
fluralaner. Por ser altamente contagioso, todos os animais contactantes devem ser
tratados com medicação tópica, mesmo que não estejam apresentando sinais clínicos.
Fisiopatologia
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UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
A sarna notoédrica acomete felinos com menos de um ano de idade e felinos que
vivem em situação de rua, em locais de superpopulação ou com falta de higiene.
O ácaro Notoedres cati é parasita obrigatório e sobrevive apenas poucos dias fora do
hospedeiro. A transmissão é por contato direto ou indireto, através dos fômites, já
mencionados na sarna sarcóptica. O ácaro desencadeia um processo alergoinflamatório
no animal acometido e causa um prurido intenso contínuo. Essa é considerada uma das
dermatopatias mais pruriginosas que acomete os felinos.
Sinais clínicos
O sinal clínico mais importante da sarna sarcóptica é o prurido, o qual causa escoriações
devido o autotraumatismo. Os ácaros têm predileção por áreas glabras e com poucos
pelos e pode ser observada uma distribuição topográfica nos casos agudos de escabiose.
As regiões mais acometidas são as regiões de borda de orelha, nas articulações
úmero-radio-ulnar e tíbio-tarso-fibular, onde serão vistas descamação e hiperemia,
pápulas eritematosas, crostas melicéricas ou hemáticas e formação de lesões
pustulares. Nos casos crônicos, podem ser observadas lesões crostosas importantes,
hiperqueratóticas e lignificadas, muitas vezes deformando o pavilhão auricular
do animal acometido (Figura 17 e Figura 18). Outro sinal clínico que é observado
em animais com sarna é a seborreia e um odor rançoso, e isso se deve à produção
exagerada de gordura devido ao trauma constante que os ácaros causam à epiderme.
66
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Figura 17. Paciente com borda de orelha apresentando hipotricose, sangramento por autotraumatismo. A região
de borda de orelha é um dos locais de eleição para coleta de exame parasitológico de raspado cutâneo.
Figura 18. Lesão alopécica, eritematosa, com presença de hiperqueratose e descamação em região
tibiotarsofibular.
Figura 19. Felino com sarna notoédrica em fase inicial. É possível observar a alopecia e eritema em região pré-
auricular.
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UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Figura 20. Criança acometida por sarna sarcóptica, lesões papulares, eritematosas em região de contato com
animal infectado.
Figura 21. Visualização microscópica do ácaro Sarcoptes scabiei no exame parasitológico do raspado cutâneo
superficial.
Outro exame muito simples é o chamado reflexo otopodal positivo, em que é realizada a
fricção da borda de orelha e o animal responde movimento o membro pélvico ipsilateral
68
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
ao tentar coçar a região. Todavia, esse sinal positivo não é patognomônico da sarna
sarcóptica ou notoédrica, pois animais com piodermite, otocaríase, seborreia e demais
dermatopatias pruriginosas podem apresentar essa mesma reação positiva ao avaliar o
reflexo otopodal.
Outro exame que pode ser solicitado é o histopatológico, porém, devido à facilidade de
descarte do quadro pelo diagnóstico clínico, não é tão utilizado na nossa rotina. Mas as
alterações observadas incluem intensa acantose com espongiose, hiperqueratose
paraqueratótica, presença de infiltrado inflamatório perivascular, presença de
linfócitos e eosinófilos, porém, em relação à visualização do ácaro, é mais comum serem
visualizados em biópsias de quadros de sarna notoédrica do que sarna sarcóptica.
É importante estar ciente de que, em cerca de 50% dos raspados, o resultado será
negativo, no entanto a suspeita de sarna sarcóptica não deve ser descartada,
principalmente se o paciente for filhote, se tiver histórico de baixa resposta ao
uso de corticoterapia, se tiver humanos contactantes com lesão, se tiver mais
de um animal na casa com os mesmos sinais clínicos, se for animal errante. Por
isso, o histórico clínico e a anamnese são tão importantes, pois muitas vezes
realizamos o diagnóstico clínico ou terapêutico baseados nos sinais clínicos e
não no achado do ácaro no raspado. Com a melhora do quadro, confirmamos o
diagnóstico de sarna sarcóptica ou notoédrica.
Tratamento e prognóstico
A higienização ambiental com produtos acaricidas como o amitraz deve ser realizada
semanalmente por 30 dias. Lembrar-se de tratar todos os contactantes, mesmo que
sejam assintomáticos, pois podem estar subclínicos e se tornarem fonte de reinfecção.
Os animais crônicos com sinais sistêmicos devem receber tratamento suporte para os
sinais clínicos que estiverem apresentando.
70
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Demodiciose canina
A demodiciose ou sarna demodécica, também conhecida popularmente como “sarna
negra”, é uma das sarnas mais comuns em cães e sua causa está relacionada à resposta
imunológica dos cães. Ocorre com maior frequência em filhotes devido a esse quadro.
É causada pelo ácaro Demodex canis; um ácaro escavador, o qual se localiza dentro dos
folículos pilosos e das glândulas sebáceas. Outros tipos de ácaros já foram relatados
na literatura, como o Demodex injai e o Demodex cornei, porém, devido à sua baixa
ocorrência, não iremos discorrer sobre eles. A seguir, abordaremos a sua etiopatogenia,
as suas apresentações clínicas, o seu diagnóstico e os seus tratamentos.
Fisiopatologia
O ácaro Demodex canis é um ácaro comensal da pele, ou seja, presente na pele de todos
os animais, inclusive animais saudáveis. Contudo, devido à predisposição genética,
hereditária e imunológica, pode ocorrer seu supercrescimento e desencadear um
quadro clínico. São ácaros escavadores, localizando-se no folículo piloso e em glândulas
sebáceas, medem cerca de 0,2 mm de comprimento, são finos, possuem quatro pares de
patas e sua morfologia é bem diferente se comparada aos demais ácaros.
Seu ciclo ocorre todo na pele e dura cerca de 20 a 35 dias, dividindo-se em cinco fases;
a fase de ovos fusiformes, larval e protoninfas com três pares de patas, ninfas com
quatro pares de patas e fase adulta com a formação de cabeça, tórax e quatro pares
de patas. Em animais com quadros clínicos generalizados, é comum achar todas ou
quase todas as formas do ciclo na visualização microscópica do exame parasitológico
do raspado cutâneo.
Sinais clínicos
A sarna demodécica pode ser classificada, de acordo com a sua distribuição, em localizada
ou generalizada; e de acordo com a faixa etária na qual ocorre, em juvenil ou adulta.
Em razão de a demodiciose juvenil ser a mais comum, escolhêramo-la para o enfoque
71
UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Figura 22. A) Pododemodiciose com acometimento de extremidade de membros torácicos, lesões eritematosas
e alopécicas. B) Pododemodiciose com região interdigital edemaciada, alopécica e exsudativa.
A B
Fonte: elaborada pela autora.
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DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Figura 23. A e B) Paciente com demodiciose generalizada, com alopecia universal, presença de pápulas e
melanodermia; quadro popularmente chamado de “sarna negra”.
A B
Fonte: elaborada pela autora.
Figura 24. A e B) Demodiciose generalizada com apresentação clínica de dermatite úmida aguda devido à
infecção bacteriana secundária.
A B
Fonte: elaborada pela autora.
Figura 25. A e B) Demodiciose generalizada com pele eritematosa, hiperqueratótica, alopecia e principalmente
presença de inúmeros comedos, tanto na região posterior quanto no abdome.
A B
Fonte: elaborada pela autora.
Importante destacar que quando se trata de quadro em animais idosos, sinais sistêmicos
inespecíficos podem ser observados, pois o quadro de demodiciose adulta está
ligado a doenças imunossupressoras, como doenças virais ou parasitárias, endócrinas
e tumorais.
73
UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Impressão por fita de acetato: menos utilizado, mas de fácil execução e indolor
ao paciente, é indicado em casos de dermatites úmidas e exsudativas. Utiliza-se uma
fita adesiva a qual é colocada sobre a área em que será coletada a amostra; após, é
realizada uma pressão da área com os dedos para que os ácaros possam ser expulsos
dos folículos. Repete-se essa pressão por algumas vezes para que seja obtido o maior
número de ácaros na amostra a ser analisada. A fita adesiva é, então, fixada em uma
lâmina de vidro e sua observação é realizada no microscópio, em que é possível ver os
ácaros, porém eles se apresentam imóveis. Devido ao fato de os ácaros estarem imóveis
na fita e esta conter muitos artefatos, como bolhas de ar e células da superfície da pele,
necessita-se de certa prática para adotar apenas esse método como exame complementar.
Minha sugestão é que sempre realizem o EPRC e a fita de acetato para que sejam
comparados os resultados e para que seja adquirida prática na execução do exame com
fita adesiva.
Tricograma: como o ácaro habita o folículo piloso, a análise dos pelos pode evidenciar
a presença dos ácaros. O exame é realizado por meio da avulsão dos pelos da área
lesionada, os quais são colocados em uma lâmina de vidro e encobertos por uma lamínula
ou por outra lâmina de vidro, para que a amostra seja analisada no microscópio. O
objetivo é que sejam vistos ácaros de Demodex canis na amostra coletada. É menos
utilizado em razão de ter uma sensibilidade de diagnóstico menor que o EPRC.
74
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Figura 26. Imagem evidenciando a técnica de coleta do EPRC. Nota-se que é realizada a delimitação da área
a ser raspada e, então, pressiona-se com os dígitos de forma que os ácaros possam ser expulsos de dentro do
folículo e coletados durante o raspado profundo.
75
UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Figura 27. Visualização de inúmeros ácaros de Demodex canis em amostra coletada por meio do EPRC de cão
da figura anterior, vista em microscópio na objetiva de 10x.
Tratamento e prognóstico
O tratamento pode ser entendido de duas formas, quando se obtém a remissão dos sinais
clínicos e quando se obtém a cura parasitológica. Muitas vezes, o paciente é tratado
apenas até a remissão dos sinais clínicos, não sendo realizado o seu acompanhamento
por meio do EPRC até que se obtenha também a cura parasitológica, o que pode
predispor à recidiva do quadro.
76
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
» Fluralaner: dose trimestral, por via oral, até três EPRC serem negativos.
» Afoxolaner: dose mensal, por via oral, até três EPRC serem negativos
(Figura 28).
» Sarolaner: dose mensal, por via oral, até três EPRC serem negativos
(Figura 29).
77
UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
78
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Figura 28. Cão apresentado na Figura 24, com cura clínica após o tratamento com afoxolaner e
antibioticoterapia com cefalexina.
Figura 29. Cão apresentado na Figura 25, com cura clínica após o tratamento com sarolaner e banhos com
perióxido de benzoíla.
79
UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
A dermatofitose ocorre mais em animais mais jovens com até doses meses de idade,
com maior prevalência em felinos. Verificou-se que tem uma predileção racial; nos cães,
a raça Yorkshire é a mais predisposta, e em felinos, gatos da raça Persa. No entanto,
todas as raças podem ser acometidas.
Fisiopatologia
80
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Sinais clínicos
Os quadros de dermatofitose podem se apresentar como lesões localizadas, circulares e
delimitadas, com centro alopécico, eritematoso ou descamativos, ou se apresentar como
um quadro generalizado, com alopecia disseminada, hipotricose, descamação, epilação
facilitada e presença ou não de prurido (Figura 30 e Figura 31). Em alguns casos, os
animais podem apresentar otite fúngica concomitante às lesões dermatológicas e, em casos
crônicos, alopecia universal, com hiperqueratose e hiperpigmentação importante da pele.
Figura 30. Cão com lesões eritematosas e crostosas em região dorsal mimetizando uma piodermite. Note a
importante perda de pelos na região acometida.
Figura 31. Cão da raça Yorkshire apresentando área de alopecia importante em região torácica com presença
de descamação da pele.
81
UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Figura 32. A) Lesão anular eritematosa em região de antebraço causado por M. canis. B) Lesão anular em região
facial de criança que teve contato com felino infectado por M. canis.
A B
Fonte: elaborada pela autora.
O diagnóstico ocorre por meio de história clínica, sinais clínicos e exames complementares.
Sempre que suspeitamos de doença zoonótica, devemos indagar ao tutor se alguém da
casa apresentou lesões, pois a resposta pode ser positiva, o que é mais uma ferramenta
para sustentar nosso diagnóstico. É nossa função, como médicos veterinários, indicar
a procura de um médico dermatologista e instituir medidas de prevenção, levando em
consideração que somos umas das profissões envolvidas na saúde pública.
Figura 33. Fluorescência a lâmpada de Wood, coloração verde-mação em área acometida. A) Paciente felino
acometido. B) Animal apresentado na Figura 34 ao ser submetido ao exame direto da lâmpada de Wood.
A B
83
UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Figura 34. A) Meio de cultura Dermatobac, com mudança de sua coloração. B) Visualização da amostra
crescida em microscópio com objetiva de 100x, em que se pode observar macroconídeos.
A B
Fonte: elaborada pela autora.
Tratamento e prognóstico
84
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
85
UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Muitos animais acabam sendo assintomáticos, por isso o ideal seria que, quando
um animal fosse diagnosticado com dermatofitose, culturas fúngicas fossem
realizadas em todos os animais contactantes. Porém, essa realidade nem sempre
se aplicada devido aos custos, por isso, obrigatoriamente, todos os animais
contactantes devem ser tratados topicamente com formulações antifúngicas. Em
gatis com mais de um animal acometido, a recomendação é que seja realizado
tratamento sistêmico e tópico em todos, inclusive nos assintomáticos.
Papilomatose canina
A papilomatose pode acometer várias espécies de animais, com exceção dos felinos.
No entanto, neste capítulo, focaremos na nossa espécie de estudo, que são os cães.
A papilomatose é considerada uma doença infectocontagiosa de causa viral, sendo
responsável pela formação de massas neoplásicas benignas, as quais podem acometer
vários tecidos e provocar lesões únicas ou múltiplas.
A papilomatose apresenta uma alta especificidade por espécies, sendo a canina uma
delas, além de ter predileção por tecidos das regiões orais, genitais, oculares e cutâneas.
No entanto, não tem predileção por raça ou sexo, sendo susceptíveis em animais jovens
em razão de estes terem a sua imunidade baixa ou em formação, assim como acomete
animais de outras idades com quadros de imunossupressão.
Fisiopatologia
Como já mencionado, o vírus induz a hiperplasia das células da camada basal, mas atinge
todas as camadas da pele durante a sua replicação. Sendo assim, retarda a maturação
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DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Sinais clínicos
Os papilomas possuem uma consistência dura, com uma coloração que varia de
acinzentada a enegrecida, e superfície friável ao toque. Os nódulos são circunscritos e
podem variar de pequenas formações de 0,5 cm de diâmetro até grandes massas.
87
UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Figura 35. Papiloma em região de lábio superior em cão SRD jovem. Note o aspecto de “couve-flor” característico
dessa enfermidade.
Como já mencionado, afeta mais animais jovens e ocorre em cães de um a cinco meses.
Dependendo da sua localização, pode ocasionar problemas mais graves ao animal,
como obstrução faríngea e disfagia.
Com relação aos exames para a confirmação do papiloma, podem ser utilizadas técnicas
de citologia e de histopatologia. No exame histopatológico, será observada a hiperplasia
88
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
Tratamento e prognóstico
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UNIDADE III │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS
Figura 36. Animal apresentado na Figura 35 em tratamento com suplementos de ômega 3 e homeopatia com
Thuya 30 CH. Note a remissão das estruturas em andamento.
90
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS JOVENS │ UNIDADE III
O prognóstico é quase sempre favorável, com resposta positiva aos tratamentos, exceto
nos casos em que o quadro clínico seja incompatível com a manutenção de vida do
paciente. Isso ocorre em casos de papilomatose disseminada em cavidade oral, esofágica
e faríngea, os quais podem levar o animal a óbito se não forem tratados em tempo hábil.
91
DOENÇAS
DERMATOLÓGICAS EM UNIDADE IV
ANIMAIS GERIÁTRICOS
CAPÍTULO 1
Alergia alimentar tardia em cães
Neste capítulo, abordaremos uma doença alérgica que pode acometer os animais
idosos; a alergia alimentar. As reações adversas ao alimento correspondem de 10 a
20% das doenças alérgicas relatadas em cães, o que pode ter início de poucos meses de
vida a mais de dez anos de idade nos cães. Por isso a importância de sabermos sobre
ela, principalmente quando atendermos um paciente com sinais clínicos sugestivos de
doença alérgica, a qual começou tardiamente, após os 10 anos de idade.
Os alimentos com maior taxa de reação adversa são carne bovina, produtos lácteos,
frango e trigo e, de forma intermediária, há reações alérgicas ao ovo de galinha, à soja,
à carne de cordeiro, de porco e de peixe e ao milho. Algumas raças como Boxer, Pastor
Alemão, West Highland White Terrier, Pug e Labrador parecem ser geneticamente
predispostas a apresentar alergia alimentar.
Fisiopatologia
Entender o porquê ocorre a doença alérgica alimentar é importante, embora não se
saiba ainda o motivo de alguns cães apresentarem esses sinais clínicos só após idade
avançada. O conhecimento do mecanismo que desencadeia as reações alérgicas nos
ajuda a escolher o melhor tratamento para que seja evitado o desencadeamento dos
sinais clínicos.
92
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE IV
Sinais clínicos
Os sinais clínicos da alergia alimentar em cães são semelhantes aos de outras doenças
dermatológicas de origem alérgica, como prurido crônico. Geralmente, de moderado
a grave, perene e contínuo, comumente associado a eritema, erupções papulares,
alopecia ou hipotricose autoinduzidas, escoriações, erosões e dermatite piotraumática,
geralmente encimadas por crostas (Figura 37).
Piodermites bacterianas superficiais recorrentes são vistas em 66% dos cães. Também
pode ser observada pododermatite. A presença de sinais gastrentéricos, como aumento
do peristaltismo, fezes amolecidas, diarreia e êmese crônicas intermitentes, foi
observada em 20 a 30% dos animais.
93
UNIDADE IV │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
Figura 37. A) Bulldog francês, fêmea, 2 anos, com lesão erosiva e alopécica em região facial secundária a
autotraumatismo. B) Pitbull, fêmea, 3 anos, com otite externa com pavilhão auricular apresentando lesões
escoriativas por autotraumatismo. C) Cão, sem raça definida, fêmea, 1,5 anos com lesão localizada, alopécica
com eritema em região peribucal devido a alergia alimentar. D) Cão, sem raça definida, fêmea, 7 anos, com
blefarite secundária a alergia alimentar, região periocular com alopecia, lignificação e hiperpigmentação
evidenciando cronicidade.
A otite externa bilateral é relatada em cerca de 56 a 80% dos cães com alergia alimentar,
podendo ser o único sinal clínico dessa morbidade nesses animas. Geralmente, a otite
associada à alergia alimentar é bilateral, tem caráter recorrente e tendência a
cronificação. É associada a liquenificação, hiperplasia epitelial, estenose dos condutos
auditivos, disbioses auriculares e otite média.
94
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE IV
A duração da dieta restritiva para cães deve ser, no mínimo, de cinco semanas e, no
máximo, de oito semanas. Após é realizado um desafio provocativo, onde a dieta anterior
que o paciente ingeria é reintroduzida em sua alimentação, se houver uma piora total
do quadro há suspeição de alergia alimentar, se houver piora parcial dizemos que o
animal tem dermatite atópica induzida por alimentos.
Outra forma de diagnóstico que está sendo testada e estudada são os testes alérgicos
que podem ser sorológicos, de puntura e de contato. No entanto, exige profissional
habilitado para a execução de tais procedimentos. Os profissionais auxiliam, além
do diagnóstico, a orientar quanto à proteína que poderá ser utilizada na dieta
restritiva, principalmente em animais que não se adaptem ou que apresentem alergia
às dietas comerciais.
Por se tratar de animais idosos, o diagnóstico diferencial é muito importante. São elas
as doenças endócrinas como hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo e diabetes
mellitus, sarnas como a sarcóptica e demodécica, alérgica a picada de ectoparasitas e
dermatofitose, ou quaisquer outras patologias que diminuam a imunidade do animal e
predisponham a quadros dermatológicos.
Tratamento e prognóstico
A dieta restritiva acaba sendo o principal tratamento após o diagnóstico da alergia
alimentar. Pode ser realizada a partir de rações comerciais hipoalergênicas e alergênicas
e a partir de alimentação caseira.
95
UNIDADE IV │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
É importante instruir o tutor que opte pela dieta caseira sobre como proceder, para que
não ocorra contaminação cruzada com outros alimentos, e informar que o animal não
poderá ser mantido apenas com uma alimentação composta por carboidrato e proteína
por toda a vida. É estritamente necessário que o tutor consulte um nutricionista
veterinário para que a dieta caseira seja balanceada e não cause deficiências nutricionais
ao animal em longo prazo.
O prognóstico costuma ser favorável, com o controle dos sinais clínicos mediante o
tratamento instituído, desde que seja seguido corretamente e que, principalmente, o
tutor esteja ciente da importância da dieta restritiva e que não forneça nada além do
que foi recomendado pelo médico veterinário.
96
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE IV
97
CAPÍTULO 2
Demodiciose felina
Fisiopatologia
Basicamente em felinos, o quadro clínico do Demodex cati se instala devido a um
quadro primário de imunossupressão, o que faz com que a população de ácaros
aumente na pele e cause sinais clínicos. Dentre as doenças descritas que podem
desencadear o quadro de demodiciose felina, destacam-se: infecções crônicas do trato
respiratório, como a asma felina; doenças autoimunes; doenças endócrinas, como
diabetes mellitus e hipertireoidismo; toxoplasmose; vírus da leucemia felina (FeLV);
vírus da imunodeficiência felina; parasitose intestinal e neoplasias, como o carcinoma
de células escamosas.
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DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE IV
Sinais clínicos
Os principais sinais clínicos no caso da demodiciose por Demodex gatoi são as lesões
e alopecias em cabeça e pescoço, as quais são causadas pelo quadro pruriginoso que o
ácaro provoca. Essas lesões são principalmente por alopecia autoinduzida por excesso
de lambedura, e também podem ser observadas na região interna das coxas, no abdome
ventral, nos flancos, nos membros anteriores, nas regiões as quais os felinos conseguem
lamber com mais facilidade. Nos casos mais graves, pode-se observar um quadro de
dermatite miliar e o surgimento de úlceras indolentes em lábios.
Figura 38. Felino da raça Persa, fêmea idosa, apresentando lesões por autotraumatismo devido à demodiciose
felina por Demodex cati.
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UNIDADE IV │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
Gatos com hipotricose, alopecia e prurido devem ser sempre investigados quanto
à possibilidade da demodiciose felina. Em caso de descarte de todas as outras
dermatopatias, o diagnóstico terapêutico pode ser realizado, assim como ocorre na sarna
sarcóptica em cães, em que a resposta positiva ao tratamento subsidia o diagnóstico.
Sendo assim, os exames para diagnóstico diferenciais são:
100
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE IV
Figura 39. Visualização microscópica de um ácaro de Demodex cati. Amostra obtida por meio de raspado
cutâneo.
Figura 40. Visualização microscópica de um ácaro de Demodex gatoi. Amostra obtida por meio de raspado
cutâneo.
Tratamento e prognóstico
O tratamento sempre será baseado em tratar não somente a demodiciose, mas também
o fator que está desencadeando a imunossupressão do paciente. Por isso a importância
de investigar a causa de base como foi mencionado no tópico anterior.
101
UNIDADE IV │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
102
CAPÍTULO 3
Tumores de anexos cutâneos
O tumor de anexos cutâneos tem uma ocorrência bastante comum em cães, principalmente
nos animais mais idosos, sendo benignos em sua maioria. Já em gatos, a sua ocorrência
é rara e costuma também acometer os felinos idosos, porém diferentemente dos cães,
tem um caráter maligno.
Os tumores mais comuns são os das glândulas sebáceas, os quais podem ser classificados
em hiperplasia de glândulas sebáceas, epiteliomas sebáceos, adenomas sebáceos e
adenocarcinoma sebáceo. Esses tumores têm preferencia por regiões de cabeça, tórax e
abdome, mas podem se estender para orelhas e membros.
Fisiopatologia
Não se sabe ainda o que desencadeia o desenvolvimento dos tumores sebáceos nos
animais, porém alguns estudos acreditam que medicamentos como os diuréticos
tiazínicos possam estar envolvidos nos quadros de carcinomas sebáceos.
Sinais clínicos
Os tumores de glândulas sebáceas se apresentam clinicamente como lesões
proeminentes, de superfície lisa ou irregular, as quais podem ser planas ou pendulares,
alopécica, de coloração que varia de esbranquiçada a amarelada (Figura 41).
Seu tamanho pode variar desde lesões milimétricas até lesões maiores e bem visíveis e
pode apresentar ulcerações, inflamações e infecções secundárias. Os animais podem ter
nódulos isolados ou múltiplos nódulos espalhados pelo corpo.
103
UNIDADE IV │ DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS
Figura 41. Cão da raça Cocker, idoso, apresentando um quadro de hiperplasia da glândula sebácea. Note o
nódulo solitário em região facial.
104
DOENÇAS DERMATOLÓGICAS EM ANIMAIS GERIÁTRICOS │ UNIDADE IV
Tratamento e prognóstico
O tratamento vai variar de acordo com o caráter de malignidade, e pode ser desde
a sua retirada por meio cirúrgico até a sua manutenção e observação. Em seguida,
discutiremos um pouco sobre cada técnica.
Figura 42. Inúmeros tumores sebáceos retirados de um único animal por meio de punch. Foram enviados para
análise histopatológica posteriormente, a qual confirmou hiperplasia sebácea.
105
MISCELÂNCIAS
DE DISTÚRBIOS UNIDADE V
ENDÓCRINOS E
DERMATOLÓGICOS
CAPÍTULO 1
Hiperadrenocorticismo e hipotireoidismo
em cães
Devido a essa alta ocorrência, abordaremos neste capítulo a sua fisiopatologia, os seus
sinais clínicos, o seu diagnóstico, os diagnósticos diferenciais e as opções de tratamento.
Fisiopatologia
Antes de falarmos sobre a fisiopatologia, vamos relembrar rapidamente sobre a
anatomia e função das glândulas adrenais, e como se dá a produção normal dos
glucocorticoides, de modo que possamos compreender melhor o porquê determinadas
alterações desencadeiam o quadro de hiperadrenocorticismo.
Cortisol
Sinais clínicos
108
MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS │ UNIDADE V
Figura 43. Paciente com hiperadrenocorticismo. Note o abaulamento abdominal devido à redistribuição de
tecido adiposo pela cavidade abdominal.
Figura 44. Mesma paciente da figura acima evidenciando a alopecia bilateral simétrica; quadro comum em
casos de doença endócrina.
109
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
111
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
112
MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS │ UNIDADE V
A dosagem basal de cortisol como forma de diagnóstico isolada não é uma fonte
confiável, já que não ocorre ritmo circadiano da secreção de cortisol nos cães.
Sendo assim, mesmo animais saudáveis podem apresentar aumento de cortisol
basal, assim como pacientes com HAC podem apresentar cortisol basal dentro
dos valores de referência (5 a 60 ng/mL ou 0,5 a 6 mg/dL).
Tratamento e prognóstico
113
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
Todas os sinais clínicos secundários ao HAC devem ser tratados, como, por exemplo,
tratar casos de piodermites, de diabetes mellitus, realizar o tratamento da calcinose
cutânea em animais que apresentarem o quadro, e assim consecutivamente.
O prognóstico dependerá principalmente das complicações que o quadro de HAC
poderá desencadear.
Complicações do hiperadrenocorticismo
114
MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS │ UNIDADE V
O diabetes mellitus pode ocorrer em 10% dos cães diagnosticados com HAC, e isso
ocorre porque o excesso de cortisol endógeno leva a um aumento da gliconeogênese
hepática e à resistência insulínica.
Hipotireoidismo em cães
Podemos definir o hipotireoidismo como uma doença multissistêmica, que acomete
principalmente cães de meia-idade, não tem predisposição sexual, sendo muito rara
em felinos. Possui predileção racial pelas raças Golden Retriever, Doberman Pinscher,
Setter Irlandês, Boxer, Schnauzer, Dachshund, Cocker Spaniel e Poodle.
115
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
Fisiopatologia
Eixo hipotálamo–hipófise–tireoide
Classificação do hipotireoidismo
Segundo a sua etiologia, o hipotireoidismo pode ser classificado em primário, secundário
ou terciário. Abaixo, descreveremos cada um deles:
Sinais clínicos
Esses animais chegam às clínicas com o histórico de letargia, ganho de peso sem
aumento de apetite e sem aumento da ingestão de alimentos, inatividade, intolerância
a exercícios, intolerância ao frio, de modo que procuram sempre estar em lugares
mais quentes ou sob sol, ou apresentado estado hipotérmico quando aferida a
temperatura retal. Na avaliação física, é possível notar mixedema facial, pelo acúmulo
de mucopolissacarídeos na derme, quadro este denominado fácies trágicas (Figura 45
e Figura 46).
117
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
Figura 45. Paciente com mixedema facial, “fácies trágicas”; secundário ao quadro de hipotireoidismo.
118
MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS │ UNIDADE V
119
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
Tratamento e prognóstico
A dose recomendada de levotiroxina é de 0,022mg/kg (22 µg/kg) SID ou BID por via
oral. Pode-se notar melhora nos quadros neuromusculares em aproximadamente duas
a quatro semanas após a reposição hormonal, e, nas alterações dermatológicas, em
aproximadamente quatro a seis semanas. O paciente com reposição hormonal deve ser
avaliado, inicialmente, após seis a oito semanas do início da suplementação para que a
dose da medicação possa ser reavaliada.
120
CAPÍTULO 2
Alopecia X em cães
Abaixo, discutiremos um pouco sobre quais são as principais suspeitas, além dos
tratamentos disponíveis para essa dermatopatia.
Fisiopatologia
Ainda não está bem elucidada a sua fisiopatologia, uma vez que já foram realizadas
pesquisas genéticas em raças nórdicas e nada foi encontrado de alteração para que
se explicasse a predileção racial. Outra condição que também foi descartada é a
relacionada a hormônios sexuais, já que mesmo animais castrados podem desenvolver
a dermatopatia.
As atuais teorias que tentam explicar a ocorrência dos sinais clínicos é um distúrbio
que pode ocorrer na esteroidogênese adrenal, apresentando-se como uma variação
do hiperadrenocorticismo hipófise-dependente. A outra teoria seria devido a uma
deficiência do hormônio do crescimento, e existe ainda a teoria de que o quadro ocorre
devido a um desequilíbrio hormonal sexual pela adrenal, ocasionando uma excessiva
produção de hormônios androgênicos. Por fim, a teoria mais atual argumenta que a
alopecia X é causada por uma desregulação do receptor folicular local, sendo este o
distúrbio base do quadro.
Sinais clínicos
Os sinais clínicos se limitam a pele e pelos, sem envolvimento sistêmico. É observada
uma alopecia simétrica e bilateral, principalmente em região dorsal, em região
121
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
Figura 47. Paciente da raça Spitz Alemão com alopecia generalizada poupando cabeça e porção distal dos
membros.
Fonte: https://www.marvistavet.com/alopecia-x.pml.
Figura 48. Paciente com alopecia X. É evidente a hiperpigmentação das áreas alopécicas.
Fonte: https://thedoggiestyleblog.wordpress.com/.
122
MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS │ UNIDADE V
Um exame que pode ser utilizado como auxiliar no diagnóstico da alopecia X é o teste
hormonal da mensuração da concentração de 17 OHP pós-estimulação com ACTH, a
qual estará elevada nos casos de alopecia X. No entanto, os novos estudos mostraram
que a mensuração hormonal não é um método que demonstra resultados consistentes
no caso dessa dermatopatia, além de apresentar um custo elevado, o que limita a sua
utilização.
Tratamento e prognóstico
Apesar de não haver comprovação de fatores hormonais sexuais envolvidos na
etiopatogenia, recomenda-se a castração de todos os animais inteiros com sinal clínico
de alopecia X, pois, em alguns casos, foi observado a repilação após 4 a 8 semanas
123
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
Outro tratamento recente descrito como uma alternativa que apresenta resultados
satisfatórios na repilação dos animais com alopecia X é a técnica de microagulhamento.
A técnica consiste na passagem de um rolo dérmico com microagulhas de aço
inoxidável acopladas em um cilindro e com uma haste para manuseio. A função dessas
microagulhas é causar um estímulo físico através de milhares de microperfurações.
Esses microtraumas estimularão o folículo piloso, fazendo com que aja novamente o
crescimento dos pelos nas áreas alopécicas.
Outros tratamentos também devem ser adotados para que a pele se mantenha
hidratada, como shampoos e cremes umectantes, emolientes e hidratantes. Em casos
de infecções bacterianas e fúngicas secundárias ao quadro de alopecia X, devem ser
tratadas concomitantemente ao tratamento da condição dermatológica de base.
124
MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS │ UNIDADE V
Figura 49. Paciente da figura 47 após tratamento com melatonina. Note a repilação das áreas que antes
estavam alopécicas.
Fonte: https://www.marvistavet.com/alopecia-x.pml.
O tratamento da alopecia X para cada animal pode variar, pois alguns respondem
apenas com o uso da melatonina, outros necessitam da associação da melatonina
com o microagulhamento, e, outros, apenas de microagulhamento. Assim, como
pode haver animais que não respondem a esses tratamentos, deve-se optar pelo
uso do trilostano. Assim, o recomendado é que sejam explicados ao tutor os
tratamentos existentes para que seja possível chegar a um consenso sobre qual
tratamento será adotado.
125
CAPÍTULO 3
Síndrome metabólica e obesidade
em animais
Na medicina veterinária, esse termo ainda não é tão usado como na medicina humana,
mas sabe-se que, com o aumento da obesidade nos animais, as consequências da
síndrome metabólica também ocorrem nos animais.
Nos cães e gatos, a obesidade está relacionada a muitos feitos deletérios, como a
diminuição da expectativa de vida, predisposição a doenças endócrinas, dentre estas o
diabetes mellitus tipo 2, a hiperlipidemia, as doenças cardiovasculares, a hipertensão e
a aterosclerose. Suspeita-se que atualmente cerca de 20% dos cães atendidos na rotina
médica veterinária apresente algum grau de obesidade.
126
MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS │ UNIDADE V
Diagnóstico da obesidade
127
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
O escore de condição corporal (ECC) é utilizado para saber o índice de gordura corporal
do paciente. É utilizado tanto em cães como em gatos. O escore corporal é obtido por
meio da palpação da caixa torácica, do abdome e da base da cauda, pois é o ponto
no qual se avalia a espessura da camada adiposa. As costelas devem ser facilmente
palpadas, o abdome não pode estar abaulado e não pode haver acúmulo de gordura em
cauda e corpo. O animal, quando observado de cima, deve ter um corpo em formato
de ampulheta.
Fonte: https://vejasp.abril.com.br/blog/bichos/obesidade-cachorro-canina/.
INTERPRETAÇÃO:
» Escore 1: desnutrido.
» Escore 5: obeso.
As medidas morfométricas são utilizadas para cães e são obtidas com base na
mensuração em centímetros (cm) da circunferência pélvica (CP) e da distância da patela
até tuberosidade do calcâneo (CL). Com essas medidas associadas ao peso corporal
(PC) do animal, adicionadas em uma equação padrão, será fornecida a estimativa
em porcentagem da gordura corporal (GC). A equação é diferente para os sexos.
Segue abaixo:
128
MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS │ UNIDADE V
INTERPRETAÇÃO:
Como já citamos acima, a obesidade leva à síndrome metabólica, a qual provoca várias
desordens no organismo. Por isso, sempre que atender um paciente obeso, o profissional
deve realizar um check completo. Isso inclui hemograma, função renal, função hepática,
colesterol e triglicerídeos, aferição de pressão arterial, ultrassom e ecocardiograma em
casos de alteração com a pressão arterial.
Resistência insulínica
O tecido adiposo armazena lipídeos. Em pacientes obesos, os adipócitos se tornam
sobrecarregados e não conseguem mais estocar os lipídeos em excesso, os quais acabam
se acumulando em tecidos não adiposos, como fígado, pâncreas e músculo esquelético,
acarretando a diminuição da secreção de insulina.
129
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
Hiperlipidemia
Outro problema que também acomete os animais obesos são os problemas articulares
por causa da sobrecarga de peso nas articulações. A obesidade predispõe à ruptura
de ligamento, ao agravamento da osteoartrose em cães com displasia coxofemoral e à
degeneração articular. Isso corre devido aos mediadores inflamatórios que são liberados
pela gordura, os quais degradam a cartilagem articular e diminuem o líquido sinovial.
Tratamento e prognóstico
O tratamento é relativamente simples na maioria dos casos, associando-se uma dieta
balanceada a exercícios físicos como base do tratamento e da prevenção da obesidade.
As causas secundárias da síndrome metabólica devem ser tratadas de acordo com a
necessidade de cada caso.
130
MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS │ UNIDADE V
131
UNIDADE V │ MISCELÂNCIAS DE DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS E DERMATOLÓGICOS
O prognóstico é favorável na maioria dos casos, porém depende muito mais do empenho
do tutor do que do próprio animal. É necessário conscientizar, desde a primeira consulta,
que a dieta não é uma tarefa fácil para os animais, assim como não é para nós. Leva-se,
no mínimo, 3 meses para que seja possível atingir melhoras significativas, esses animais
devem ter a dieta restrita e o tutor não pode fornecer nada além do recomendado.
O insucesso no tratamento, muitas vezes, dá-se pelo sentimento de pena que os tutores
sentem ao limitar a alimentação do seu animal, a julgarem que seus animais estão
passando fome ou vontade. A mudança do comportamento do animal, que pode passar
a ficar mais agressivo ou ansioso pelo quadro da fome, deixa seu tutor desestimulado e
o faz desistir do tratamento.
Por isso, é necessário expor quais as complicações que o quadro de obesidade trará à
saúde do animal, assim como quais serão as dificuldades que terão de ser superadas
pelos dois, cão/gato e tutor, durante o período de dieta. Esse conhecimento facilita a
aceitação e a conscientização, o que aumentará as chances de sucesso.
132
Referências
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