Você está na página 1de 4

Curso de Aperfeiçoamento em Educação e Tecnologia

Introdução
Vivemos em um tempo onde tudo acontece e se altera de forma rápida. A velocidade da informação, da produção, das
relações, dos acontecimentos vem pautando nossas vidas há algumas décadas. Esse estilo de vida nos fez acreditar na
necessidade de termos tudo pronto, acessível a nosso consumo de forma rápida e instantânea. Se eu preciso de uma
cadeira, basta me deslocar a uma loja de móveis, ou até mesmo algum supermercado onde encontrarei alguns
exemplares que tentarei encaixar na minha necessidade e gosto estético, e em poucos minutos o problema estará
resolvido.
Essa metodologia de vida a qual nos adaptamos parece, num primeiro olhar, muito confortável e eficiente. Porém,
quando observamos mais atentamente e compreendemos o ciclo do processo que alimentamos dia a dia, surgem
algumas problemáticas que precisam ser consideradas.

A superprodução industrial necessária para que esse estilo de vida se mantenha, requer matéria-prima em excesso para
suprir nossa necessidade de consumo, que se torna cada vez mais intensa, que leva, consequentemente a um descarte
massivo, gerando montanhas de lixo. Entre algumas alternativas com propostas sustentáveis para resolver esse
problema, surge a Cultura Maker, uma opção que, além de quebrar com o ciclo do consumo excessivo, aproxima o
usuário de seu objeto, pois ele mesmo participou de sua elaboração.
Em uma análise um pouco mais abrangente sobre a Cultura Maker podemos relacionar essa nova metodologia ao
processo educacional. Diversas competências estipuladas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) são
abordadas na filosofia associada aos pilares do Movimento Maker. Nesta perspectiva, o objetivo deste texto é
destrinchar o tema maker e elencar um repertório de informações relacionadas a esse universo, destinando-as a
gestores de instituições de ensino, de tal forma que se crie uma aproximação entre as metodologias pedagógicas
utilizadas na atualidade e a proposta de ensino relacionada ao Movimento Maker. Diante do exposto até o momento,
faz-se necessário criar abordagens mais aprofundadas relacionadas às ferramentas utilizadas no Movimento Maker em
um cenário nacional e global e sobre as metodologias pedagógicas relacionadas a esse movimento sociocultural.

O que é Cultura Maker


A origem etimológica da palavra maker é proveniente da língua inglesa e em português corresponde ao termo fazer.
Dentre as muitas definições apresentadas pelo dicionário Michaelis, o fazer está relacionado à capacidade de dar
existência ou forma a algo, a conceber, criar e produzir a partir de matérias-primas diversas. Neste ínterim, é correto
dizer que fazer é uma atividade inerente a todos os indivíduos humanos.
Desde os primórdios da humanidade aprendemos a fabricar artefatos e modificar o espaço ao redor. Há pouco tempo,
duas ou três gerações anteriores à nossa, era comum que se buscassem artesãos e alfaiates para ter peças sob medida,
de acordo com as preferências pessoais de cada indivíduo. Com o processo de industrialização, decorrente das duas
primeiras Revoluções Industriais, essa “cultura do fazer” foi se tornando obsoleta, perdendo forças contra o crescente
monopólio das fábricas e suas produções em larga escala. O filme ‘Tempos Modernos’ de Charlie Chaplin (1936)
ilustra, de forma atemporal e cômica, essa sociedade pautada pela superprodução industrial e muitas de suas
consequências na sociedade.

Figura 1: Cena do filme 'Tempos Modernos' de Charlie Chaplin (1936)


Os fazedores
Na Cultura Maker, as pessoas que se dedicam a criação e produção de algo são chamados de Makers, ou Fazedores,
em português, enquanto os ambientes de criação e produção são chamados de Makerspaces. Em uma aproximação do
conceito expresso pelo termo fazer, a Cultura Maker é um movimento sociocultural cuja ideia central reside em criar,
construir e consertar seus próprios artefatos, sejam eles físicos ou digitais.

Alguns autores colocam o Movimento Maker como uma vertente do Do It Yourself, ou Faça Você Mesmo, em
português. Comumente representado pela sigla DIY, o surgimento deste movimento acontece na década de 1940, nos
Estados Unidos. Entretanto o DIY só ganhou popularidade depois dos anos 1950, atrelando-se a ideais anticapitalistas
e anticonsumistas. Por muito tempo o DIY esteve majoritariamente atrelado a técnicas para reformas de casas e
confecção de pequenos objetos. Na atualidade os princípios do DIY estão associados tanto a produção de marcenaria,
customização de objetos e pequenos consertos, quanto a robótica, eletrônica e tecnologia.
Embora as raízes do Movimento Maker estejam ligadas a grupos socioculturais de décadas passadas, foi apenas entre
o final da década de 1980 e início da década de 1990 que ele ganhou potência. O surgimento de computadores
pessoais e a criação de máquinas para prototipação, como cortadoras a laser, fresadoras digitais e impressoras 3D,
fizeram com que o ambiente de criação se tornasse muito mais acessível e prático.

Um outro marco relevante na história do Movimento Maker foi a criação da Make Magazine. Criada nos Estados
Unidos em 2005 por Dale Dougherty, a revista serviu como um meio de popularização dos ideais da Cultura Maker.
Além disso, aponta-se o surgimento da Maker Faire no ano de 2006 uma feira criada para celebrar as artes, os
trabalhos manuais, a engenharia, a ciência projetual e o pensamento Do It Yourself – como uma importante
contribuição para que os indivíduos se organizassem e articulassem suas ideias de tal forma a gerar ambientes de troca
de experiências e conhecimentos.

Os Fablabs são locais que oferecem os materiais e a tecnologia, permitindo que qualquer indivíduo consiga fabricar
praticamente qualquer coisa. O primeiro FabLab foi criado no Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) em
2001, formado por alunos de diversas áreas. O objetivo era criar um espaço colaborativo, participativo e de troca de
ideias para fabricação de artefatos. No ano seguinte a ideia foi replicada em Pabau, na Índia, dando origem ao
primeiro FabLab fora dos Estados Unidos. Na atualidade existem FabLabs distribuídos em mais de 40 países,
conformando uma rede global.

Você também pode gostar