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Políticas Sociais

e Questões
Contemporâneas
Material Teórico
Políticas Sociais e Problemas Transversais I

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Mauricio Vlamir Ferreira

Revisão Técnica:
Prof. Me. Priscila Beralda Moreira de Oliveira
a

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Políticas Sociais e Problemas
Transversais I

• Introdução;
• Políticas Sociais e Problemas Transversais I;
• As Demandas Globais e Nacionais em Torno da Chamada
Questão Ambiental;
• Análise Crítica das Políticas Sociais Brasileiras na Atualidade.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Explicar de que forma a interdisciplinaridade pode contribuir para
um futuro melhor à sociedade.
· Identificar os programas que poderão contribuir para um melhor
convívio das pessoas em relação ao meio ambiente.
· Evidenciar como a instabilidade política e econômica afetam o
desenvolvimento e a ampliação das políticas sociais no Brasil.
· Focalizar as metas do milênio das Nações Unidas como estratégias
importantes para que o mundo possa estabelecer novos patamares
em um meio ambiente e em um mundo sustentável.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Políticas Sociais e Problemas Transversais I

Contextualização
Nosso planeta sempre passou por diversas transformações sociais e políticas
que, se por um lado beneficiaram muitos povos, por outro lado trouxeram
miséria, sacrifício, dizimando civilizações inteiras, seja por guerras, por miséria
extrema, ou ainda por subordinação praticada por uma civilização mais avançada
tecnologicamente sobre outra que se defendia por meios primitivos de combate.

Com o advento da Revolução Industrial, a partir do século XVIII, a aceleração


da produção industrial criou indústrias que faziam circular rapidamente o comércio,
e com ele a exploração da classe trabalhadora, desencadeando novas situações
de miséria e desigualdade social e que por outro lado enriquecia e fortalecia a
dominação econômica e social por uma pequena elite burguesa.

Assim, o interesse privado ao longo dos séculos substituiu o interesse social


como um todo.

É possível compreendermos que quando tratamos de meio ambiente, não


podemos apenas ter o conceito de preservação da floresta em mente.

Meio ambiente é todo o espaço em que vivemos, sendo consideradas também


as formas de relações dos sujeitos, seja objetiva ou subjetiva, seja na floresta, na
casa onde vivemos, no trabalho, na escola, nas ruas, ou até mesmo nos meios de
transporte que utilizamos para nos deslocar de um lugar ao outro.

Por isso, ter a consciência de interdisciplinaridade é importante quando nos


referimos à questão ambiental, pois não pode ser encarada apenas por um ângulo,
por um aspecto científico determinado e hermético.

O estabelecimento de novos tratados deverá pensar a sociedade como geradora


de riquezas através de um eixo de sustentabilidade, dentro da ética e do respeito do
direito à vida, seja de qual organismo ou organicidade esse sujeito pertença.

As regras de convívio social no futuro próximo devem estabelecer novas relações


de respeito ao homem e ao seu entorno, onde prevaleça a boa convivência entre
os sujeitos e seu modo de vida.

O respeito ao meio ambiente significa ir além da preservação da natureza,


significa pensar e fazer mais do que todas as outras sociedades já pensaram
na história.

A convergência entre a luta social e a luta ambiental é um fato e uma imposição


para a vida nas próximas décadas.

Desta forma, a evolução humana estará subordinada ao desenvolvimento


sustentável e à preservação do Planeta, e este será o único modo de sobrevivência
na Terra.

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Introdução
Nosso planeta sempre passou por diversas transformações sociais e políticas
que, se por um lado beneficiaram muitos povos, por outro lado trouxeram
miséria, sacrifício, dizimando civilizações inteiras, seja por guerras, por miséria
extrema, ou ainda por subordinação praticada por uma civilização mais avançada
tecnologicamente sobre outra que se defendia por meios primitivos de combate.

A origem das disputas entre os povos começou a ser pesquisada e estudada


profundamente por Friederich Engels, que considerou no modo de viver dos povos
indígenas estadunidenses do século XIX uma base primitiva de organização das
famílias nômades, verdadeiros clãs matriarcais, ou seja, os indígenas viviam em
vastos territórios em diferentes localizações, sem a necessidade de fixação em um
delimitado espaço de terras (ENGELS, 1984).

A partir da origem da disputa da propriedade privada, houve a necessidade


do patriarcado, onde o homem assumiu a responsabilidade pela conquista dos
territórios, fortalecendo a nucleação única da família e sendo o principal e mais
forte protetor de seu clã.

A hereditariedade passou a prevalecer e, conforme o crescimento das famílias


avançava, havia a necessidade de conquistas de novos territórios, e a guerra seria
um instrumento necessário para estabelecer novas fronteiras, subordinar os povos
vencidos, escravizá-los e aproveitar sua mão de obra para ao avanço das civilizações
da Idade Antiga.

Após a queda de Roma, os feudos se estabeleceram em organizações sociais


baseadas no poder de domínio da terra através de um senhor que trocava a
segurança da propriedade pelo domínio de agricultores e artesãos num sistema de
vassalagem, sendo instituído o feudalismo.

Posteriormente, com o surgimento das nações e das grandes navegações, os


reis faziam prevalecer o mercantilismo como sistema exploratório da riqueza e dos
bens de consumo para seus reinos dominantes das colônias descobertas, como a
América, o continente africano e a Ásia.

Esse movimento econômico exploratório de obtenção de riquezas e matérias-


primas para as colônias europeias fez surgir o esgotamento de recursos naturais e
em muitos países, como o caso do Haiti, país que disseminou o extermínio total de
sua população indígena, que foi substituída pela população escrava negra, passando
esta a ser a maioria explorada na ilha de São Domingo, na região do Caribe.

Com o advento da Revolução Industrial, a partir do século XVIII, a aceleração


da produção industrial criou indústrias que faziam circular rapidamente o comércio,
e com ele a exploração da classe trabalhadora, desencadeando novas situações
de miséria e desigualdade social e que por outro lado enriquecia e fortalecia a
dominação econômica e social por uma pequena elite burguesa.

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UNIDADE Políticas Sociais e Problemas Transversais I

Ao analisarmos esse breve resumo histórico, podemos perceber que o interesse


privado ao longo dos séculos substituiu o interesse social como um todo.

O ser humano, para consolidar a estrutura social como conhecemos atualmente,


carece de lidar com o fator exploratório para se desenvolver ao longo de seu
processo evolutivo.

Esse modelo de exploração e crescimento baseado na exploração material e


social desencadeou sérias complicações para a sociedade do século XXI. Podemos
citar alguns exemplos:
·· A poluição e a contaminação dos rios, do solo e do ar;
·· O desmatamento descontrolado;
·· Guerras territoriais que dizimaram e dizimam populações por interesses
econômicos. Exércitos que utilizaram e utilizam armas químicas e
biológicas, tornando territórios férteis em propriedades tóxicas e inúteis
ao cultivo agropecuário;
·· Radioatividade de acidentes nucleares;
·· Exploração indevida e descontrolada da fauna e da flora ainda existente;
·· Dizimação de populações indígenas, destruindo culturas milenares;
·· Falta de investimentos na área da saúde, havendo de tempos em tempos
verdadeiras epidemias globais de doenças endêmicas;
·· Escassez de alimentos, por motivo de esgotamento das terras, decorrentes
de exploração e cultivo sem a preocupação da renovação das culturas;
·· Escassez de água, por falta de políticas de saneamento e controle das
fontes e mananciais;
·· Troca da floresta por campos imensos da agroindústria, que privilegia
a colheita de grãos e pastagens de gado, provocando imensas áreas de
queimada em territórios como a floresta amazônica;
·· Aquecimento global (efeito estufa), que promove o aumento da temperatura,
contribuindo para o derretimento da calota polar, aumentando o nível
dos oceanos e causando desarmonia nas temperaturas e no clima em
todas as regiões da Terra.

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Figura 1 - Planeta Terra em degradação
Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

Conforme vimos acima, a questão ambiental


é um fenômeno complexo, fruto do contexto
social – e não apenas das questões ecológicas.

Importante! Importante!

Para maior compreensão sobre os graves problemas sociais do mundo e do meio


ambiente, assista ao vídeo A questão ambiental, elaborado pelo Ibama e que mostra
a degradação em nosso planeta - o link desse vídeo pode ser encontrado no Material
complementar para atividades de aprofundamento.

As Demandas Globais e Nacionais em Torno


da Chamada Questão Ambiental
É importante termos a compreensão de que os impactos vividos pela sociedade
atual a torna responsável pelas ações impactantes de outras sociedades ao longo do
desenvolvimento histórico, principalmente após o avanço da exploração capitalista
e da agudização das tensões sociais.

A compreensão das diversas estruturas da sociedade que envolvem cultura,


religião, economia, política, Ciência, tecnologia, direito, entre outros fatores são
indispensáveis para a prevenção e ação de maiores danos ambientais. Então, é
possível compreendermos que quando tratamos de meio ambiente, não podemos
apenas ter o conceito de preservação da floresta em mente.

Meio ambiente é todo o espaço em que vivemos, sendo consideradas também


as formas de relações dos sujeitos, seja objetiva ou subjetiva, seja na floresta, na

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UNIDADE Políticas Sociais e Problemas Transversais I

casa onde vivemos, no trabalho, na escola, nas ruas, ou até mesmo nos meios de
transporte que utilizamos para nos deslocar de um lugar ao outro.

Por isso, ter a consciência de interdisciplinaridade é importante quando nos


referimos à questão ambiental, pois não pode ser encarada apenas por um ângulo,
por um aspecto científico determinado e hermético.

Porém, por diversas vezes, os meios de comunicação e os instrumentos de


controle social dos oligopólios burgueses nos fazem acreditar que a compreensão
de meio ambiente está ligada apenas à preservação de florestas e animais.

Porque isso acontece? Pelo fato de a política servir ao domínio econômico do


sistema capitalista, uma vez que a classe política e o sistema capitalista não se
interessam pela inclusão social, uma vez que esta é financiada pelos diferentes
interesses econômicos do capital especulativo.

Independentemente de qual seja a origem do interesse, lobbies poderosos se


organizam para barrar leis e projetos de interesses sociais, privilegiando apenas
uma parte interessada na exploração da riqueza e na obtenção de lucros.

Assim, não há o interesse e nem o compromisso do capital especulativo com as


questões ambientais dos territórios, crescendo os bolsões de miséria nas periferias
das grandes cidades, a falta de planejamento urbano, a valorização dos territórios
e o desenvolvimento desenfreado das grandes propriedades rurais em favor do
latifúndio e da agroindústria.

Quando tratados de forma coletiva, os problemas ambientais, sejam de cunho


ecológico, ou social não agregam o interesse nem do Estado, nem do capital
especulativo, pois resolver todas as demandas de uma só vez não torna os
problemas lucrativos.

Figura 2 - Imagem da tragédia da Samarco em Mariana - MG


Fonte: Wikimedia Commons

Não haveria, assim, mais votos para o político e nem contratos de mão de obra
firmados com as empresas.

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As pessoas simplesmente se tornam, assim, agentes passivos e dependentes do
sistema vigente, que existe para privilegiar os interesses da minoria mais poderosa
da sociedade.

Desta forma, as relações sociais devem ser repensadas e revistas para que
as formas de organização política sejam mais representativas e tenham mais
conhecimento de seus direitos e para compreender os seus deveres enquanto
cidadãos participativos das políticas públicas, em defesa do meio em que vivem.

A necessidade do estabelecimento de novos marcos de convívio em situações


de respeito ao meio ambiente, diante desta nova ordem é fator primordial para um
novo tempo de organização social.

Tanto a sociedade como o Estado não podem mais virar as costas para problemas
sérios ambientais que significarão num futuro próximo sérias disputas por terra,
alimentos, água e pela própria sobrevivência humana.

O momento atual vivido é único em nossa história, pois temos que, além de
pensar, agir de modo seletivo, compreendendo que nosso meio ambiente não
suporta mais degradação.

A degradação não significa apenas a destruição física, mas nos tempos atuais, a
falta de compromisso ético, as atitudes mínimas de desrespeito ao próximo podem
nos levar a um sistema de intolerância jamais visto.

Respeitar valores sociais, direitos das minorias, dos trabalhadores, das etnias,
das opções de gênero, idade e raça será fundamental para que possamos continuar
existindo em nosso planeta.

As guerras e disputas atuais levam em consideração as barreiras e os domínios


de um país ou território pela exploração de alguma matéria-prima que agregue
valor de exportação ou lucro.

No mundo atual, a chamada guerra ideológica deu lugar a conflitos de interesses


econômicos de exploração.

Os Estados Unidos, a Rússia e a China são as maiores potências mundiais militares


no mundo atual. Ter armamentos não significa exatamente assegurar a paz mundial.
Mas ter armamentos e uma indústria armamentista forte significa atualmente poder
conquistar territórios importantes para o tráfego comercial mundial.

A Guerra Civil presenciada atualmente na Síria provocou, além da instabilidade


política interna, uma série de conflitos e quebra de um poder central, este aliado da
Rússia, que acabou por fragmentar uma sociedade inteira.

No jogo do poder mundial, milhares de pessoas saíram do território sírio,


principalmente em direção ao continente europeu.

Esse verdadeiro êxodo, unido à fuga da população africana, assolada pela fome,
encontra na Europa um obstáculo invisível e tão cruel quanto as adversidades
sofridas por sírios e africanos em suas terras de origem: a xenofobia.

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UNIDADE Políticas Sociais e Problemas Transversais I

A Europa atualmente passa por um momento de intolerância social e desrespeito


à imigração estrangeira, principalmente de cidadania de países do chamado
Terceiro Mundo.

Novas formas de organizações da extrema direita se espalham pelo continente


europeu e se tornam verdadeira ameaça à democracia no Velho Continente.

Em contrapartida, o incentivo dos Estados Unidos à oposição do governo sírio


e a influência de ocupação estadunidense em regiões de controle muçulmano na
Ásia como, por exemplo, no Afeganistão, levaram à organização de movimentos
paramilitares que fugiram ao controle de qualquer nação.

Tanto talibãs afegãos, como militantes da Al-


Qaeda e novos movimentos terroristas como
o Estado Islâmico, formam novas estratégias
de arregimentação e organização de atentados
terroristas na Europa, nos Estados Unidos e
na África.

Novas formas de aliciamento para a chamada “Guerra Santa”, escravização de


meninas, leis onde o terror e as constantes ameaças de morte e execuções de civis
fazem parte do novo clima de ameaça à vida humana neste início de milênio, ou
seja, em alguns lugares do mundo a preservação da vida vale nada ou muito pouco.

O tráfico humano, de mulheres e de órgãos, além da ampliação do trabalho


escravo no mundo, fruto da retirada de direitos trabalhistas em muitos países, por
ordem do estado neoliberal vigente no mundo, são constatações concretas e não
mais acontecem em uma determinada região do Planeta.

A instalação de um sistema de produção global conecta várias regiões do Planeta


através da massificação da cultura, da comunicação e da economia.

A troca de informações em um mundo globalizado gera a dominação de


sociedades inteiras pela indústria mundial.

Figura 3 - Marcas-símbolos do capitalismo (ex.: Coca-Cola, Ford etc.)


Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

Uma Coca-Cola pode ser consumida com um Big-Mac, famoso lanche da rede
McDonald’s no Brasil, na China ou na Rússia, com o mesmo padrão de sabor
no mundo.

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Mas o que isso tem a ver com a questão ambiental? E o que isso tem a ver com
o lugar em que vivo?!

No nosso dia a dia questões mundiais complexas tem tudo a ver como a forma
com que vestimos, com a música que ouvimos, com o que comemos e como
somos influenciados pelo consumismo e até porque devemos dormir exatamente
oito horas por dia.

A influência da sociedade manipulada pela economia global nos imprime uma


forma de consumo supérfluo que se impõe sobre nossas decisões e de certa forma
amplia as expressões da questão social.

Um exemplo disso: por onde passamos vemos propagandas, somos influenciados


a comprar o tênis X, ou uma marca de roupa Y por influência da propaganda na
TV, ou até por influência de amigos que estão usando produtos que estão na moda.

Para Karl Marx (2005) isto se chama fetiche da mercadoria, o que ocasiona o
consumo desenfreado de produtos supérfluos, onde quem realmente decide o que
devemos ou não usar é o dono do capital e não o consumidor.

Se um jovem que vive no estado de alienação em um sistema capitalista e não


possui dinheiro nem para a sua alimentação básica diária, este sujeito se aliará a
quem pode lhe garantir uma boa soma de dinheiro para a sua satisfação pessoal.
Desta forma se organiza o crime no mundo.

O tráfico de drogas alicia os jovens desta forma, pois garantem facilmente o


fetiche da mercadoria de jovens para a compram de tênis, roupas de marca, entre
outras mercadorias por eles desejadas.

A sedução para o crime organizado vem através da compra fácil do carro, da


alimentação em lugares totalmente distantes da vivência sentida da fome. O shopping
center acaba se tornando a “Meca do consumo” da população. E assim o exército da
violência, onde os soldados foram abandonados pelo Estado, organiza-se.

Nos campos a prática não é diferente. Trabalhadores rurais são executados a


mando dos donos do latifúndio assim como índios são executados em seus territórios
de origem e de direito. Caçadas aos animais silvestres são organizadas para deleite
de caçadores brasileiros e estrangeiros. Assim como a prostituição infantil, que é
oferecida aos turistas dos países do Primeiro Mundo que desembarcam nas cidades
litorâneas especialmente para essa finalidade.

Em setembro de 2000, refletindo e baseando-se na década das grandes


conferências e encontros das Nações Unidas, os líderes mundiais se reuniram na
sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, para adotar a Declaração do Milênio da
ONU (2000).

Com a Declaração, as nações se comprometeram a uma nova parceria global


para reduzir a pobreza extrema, em uma série de oito objetivos – com um prazo
para o seu alcance em 2015 – que se tornaram conhecidos como os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM). São eles:

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UNIDADE Políticas Sociais e Problemas Transversais I

1. Redução da pobreza;
2. Atingir o Ensino Básico universal;
3. Igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;
4. Reduzir a mortalidade na infância;
5. Melhorar a saúde materna;
6. Combater HIV/Aids, a malária e outras doenças;
7. Garantir a sustentabilidade ambiental;
8. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

O último relatório dos ODM da ONU mostra que o esforço de 15 anos tem
produzido o mais bem-sucedido movimento de combate à pobreza da história. E
não ficou somente nisso. Confira alguns resultados do esforço mundial das metas
do milênio:
·· Desde 1990, o número de pessoas que vivem em extrema pobreza
diminuiu em mais da metade;
·· A proporção de pessoas subnutridas nas regiões em desenvolvimento
caiu quase pela metade;
·· A taxa de matrículas no Ensino Primário nas regiões em desenvolvimento
atingiu 91 por cento e muito mais meninas estão agora na escola em
comparação com 15 anos atrás;
·· Ganhos notáveis também foram feitos na luta contra HIV/Aids, malária e
tuberculose;
·· A taxa de mortalidade de menores de cinco anos diminuiu em mais da
metade e a mortalidade materna caiu 45 por cento no mundo;
·· A meta de reduzir pela metade a proporção de pessoas que não têm
acesso a fontes de água potável também foi atendida.

Os esforços concentrados de governos nacionais, da comunidade internacional,


da sociedade civil e do setor privado têm ajudado a expandir esperança e
oportunidade para as pessoas ao redor do mundo.

O trabalho em conjunto ainda não atingiu milhões de pessoas – precisamos nos


esforçar um pouco mais para acabar com a fome, alcançar a plena igualdade de
gênero, a melhoria dos serviços de saúde e ter todas as crianças na escola.

O conceito de mudança para o mundo nos leva para um caminho sustentável.

Para maior compreensão sobre os graves problemas sociais do mundo e do


meio ambiente, assista ao vídeo A história da pobreza – por que pobreza?
O link desse vídeo pode ser encontrado no Material complementar para ativida-
des de aprofundamento.

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Análise Crítica das Políticas Sociais
Brasileiras na Atualidade
Partindo da constatação das diferentes questões que vinculam a questão
ambiental e as políticas sociais implantadas no Brasil, há uma constatação que
desde 2002 o País passou por um processo de melhorias e transformações sociais.
Porém, esse processo passou por profundas críticas pela elite burguesa dominante
em nosso país.

As políticas sociais foram pontos de apoio importantes para tirar da linha da


pobreza milhões de pessoas.

O combate à fome e à miséria foram estratégias importantes que mudaram


o meio ambiente de pessoas que não tinham perspectivas de desenvolvimento
pessoal e social enquanto cidadãos de direitos. Porém, os principais programas do
governo federal não se limitaram apenas a área social.

Figura 4 - Bolsa-Família
Fonte: Wikimedia Commons

Conheceremos alguns destes programas abaixo (BRASIL, [20--]):

Programa Bolsa-Família
Programa realizado pela União, em parceria com o Distrito Federal, com os
Estados e com os municípios, com o objetivo de garantir a alimentação mínima
através de uma pequena renda às famílias.

Este programa foi responsável pela retirada de aproximadamente 36 milhões


de pessoas da linha da pobreza, sendo reconhecido mundialmente como a
melhor estratégia de diminuição e combate à pobreza, além de fazer girar a roda
da economia.

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UNIDADE Políticas Sociais e Problemas Transversais I

Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)


São recursos de origem contributiva dos trabalhadores através de programas
como o PIS e o Pasep, que financiam o seguro-desemprego, o abono salarial, além
de também custear programas econômicos de desenvolvimento.

Programa Brasil Sem Miséria


Este programa insere as famílias que possuem crianças de 0 a 6 anos, sendo
responsável pelo incremento da transferência de renda, da ampliação de vagas em
creches e do repasse de recursos para alimentação escolar das crianças matriculadas
em creches públicas e ações voltadas para enfrentar problemas relacionados à saúde
na infância, incluindo suplementação de vitamina A, sulfato ferroso e medicação
gratuita contra asma.

Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico


e Emprego (Pronatec)
Estratégia de inserção de jovens e adultos ao Ensino Profissionalizante, o
Pronatec tem o objetivo de inserir a população em melhores empregos em função
da qualificação profissional oferecida pelo Programa.

Ciência sem Fronteiras


Ação também voltada à área da educação, que beneficiou mais de 20 mil
estudantes apenas no ano de 2012, através da concessão de bolsas de estudos em
diversos países e também no Brasil.

Programa Crack, é Possível Vencer


Programa voltado à área da saúde que tem como objetivo aumentar a oferta
de tratamento de saúde e atenção aos usuários, enfrentar o tráfico de drogas e
as organizações criminosas através de atuação preventiva educativa, informativa
de capacitação.

Programas de Agricultura Familiar e de apoio a Pesca


Programas de financiamento voltados ao incentivo de produtos agropecuários
de pequenas famílias de agricultores e de pescadores que estimulem a pequena
produção além de incentivar práticas sustentáveis de desenvolvimento econômico
sem prejuízos ou danos ambientais.

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Programas de Moradias Populares – Minha Casa, Minha Vida
Programas que incentivam o financiamento de baixo custo a trabalhadores
para aquisição de moradias populares, tirando milhares de famílias do pesadelo
do aluguel.

Podemos constatar que esses programas incentivam o desenvolvimento social,


não especificamente na área social, mas através do incentivo ao conhecimento, ao
bem-estar da população e pelo acesso à inclusão econômica e social.

A ideia da integração das políticas sociais é um princípio de uma base para que o
crescimento de um país como o Brasil se dê de forma sólida. Porém, os avanços dos
programas sociais não se dão de forma isolada. É necessária complementaridade
de ações e programas para que haja o fortalecimento da sociedade.

A questão ambiental passa pela continuidade dos programas e das políticas


sociais, uma vez que não são as ações pontuais que determinam o crescimento
socioeconômico de uma nação.

Os valores da cooperação e da solidariedade devem ser os norteadores da


política social e da melhor forma de lidar com a questão ambiental.

A participação popular é uma das formas mais efetivas de controle e fiscalização


do orçamento, do planejamento e da execução dos projetos pelos governos, pela
sociedade civil.

Neste novo panorama, deverá sempre prevalecer a justiça distributiva, que faça a
diferença em favor dos menos favorecidos, e não para o privilégio de uma minoria
neste mundo.

Novas relações de cordialidade e respeito à diversidade e às diferentes ideologias,


culturas e crenças dos habitantes de nosso planeta deverão fazer parte das regras
universais deste novo tempo.

O estabelecimento de novos tratados deverá pensar a sociedade como geradora


de riquezas, através de um eixo de sustentabilidade, dentro da ética e do respeito do
direito à vida, seja de qual organismo ou organicidade este sujeito pertença.

As regras de convívio social no futuro próximo devem estabelecer novas relações


de respeito ao homem e ao seu entorno, onde prevaleçam a boa convivência entre
os sujeitos e seus modos de vida.

O respeito ao meio ambiente significa ir além da preservação da natureza,


significa pensar e fazer mais do que todas as outras sociedades já pensaram
na história.

Após a reunião de nações na Conferência Mundial pela Preservação do Meio


Ambiente, em 1992, conhecida como Eco-92, ocorrida na Cidade do Rio de
Janeiro, definiu algumas estratégias de mudança de atitudes dos países.

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UNIDADE Políticas Sociais e Problemas Transversais I

Atualmente existem acordos internacionais, como o Protocolo de Quioto, que


definem metas de redução da poluição para os próximos anos. Porém, não bastam
ações de apenas um lado da preservação da vida na Terra.

As ações para a questão ambiental não se resumem a acordos e muito menos a


ações de governos.

A participação da população em processos


decisórios é cada vez mais importante para o
futuro da humanidade.

A convergência entre a luta social e a luta ambiental é um fato e uma imposição


para a vida nas próximas décadas.

Dessa forma, a evolução humana estará subordinada ao desenvolvimento


sustentável e à preservação do Planeta – e não o contrário. Este será o único modo
de sobreviver num futuro próximo.

Para maior compreensão sobre os graves problemas sociais do mundo e do


meio ambiente, assista ao vídeo A história das coisas, que alerta sobre a perda dos
recursos do Planeta através do consumismo. O link desse vídeo pode ser encontrado
no Material complementar para atividades de aprofundamento.

Em Síntese Importante!

Nosso planeta sempre passou por diversas transformações sociais e políticas que, se
por um lado beneficiaram muitos povos, por outro lado trouxeram miséria, sacrifício,
dizimando civilizações inteiras, seja por guerras, por miséria extrema, ou ainda por
subordinação praticada por uma civilização mais avançada tecnologicamente sobre
outra que se defendia por meios primitivos de combate.
Com o advento da Revolução Industrial, a partir do século XVIII, a aceleração da
produção industrial criou indústrias que faziam circular rapidamente o comércio, e com
ele a exploração da classe trabalhadora, desencadeando novas situações de miséria e
desigualdade social e que por outro lado enriquecia e fortalecia a dominação econômica
e social por uma pequena elite burguesa.
Assim, o interesse privado ao longo dos séculos substituiu o interesse social como
um todo.
É possível compreendermos que quando tratamos de meio ambiente, não podemos
apenas ter o conceito de preservação da floresta em mente.
Meio ambiente é todo o espaço em que vivemos, sendo consideradas também as
formas de relações dos sujeitos, seja objetiva ou subjetiva, seja na floresta, na casa onde
vivemos, no trabalho, na escola, nas ruas, ou até mesmo nos meios de transporte que
utilizamos para nos deslocar de um lugar ao outro.

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Por isso, ter a consciência de interdisciplinaridade é importante quando nos referimos à
questão ambiental, pois não pode ser encarada apenas por um ângulo, por um aspecto
científico determinado e hermético.
O estabelecimento de novos tratados deverá pensar a sociedade como geradora de
riquezas através de um eixo de sustentabilidade, dentro da ética e do respeito do direito
à vida, seja de qual organismo ou organicidade esse sujeito pertença.
As regras de convívio social no futuro próximo devem estabelecer novas relações de
respeito ao homem e ao seu entorno, onde prevaleça a boa convivência entre os sujeitos
e seu modo de vida.
O respeito ao meio ambiente significa ir além da preservação da natureza, significa
pensar e fazer mais do que todas as outras sociedades já pensaram na história.
A convergência entre a luta social e a luta ambiental é um fato e uma imposição para a
vida nas próximas décadas.
Desta forma, a evolução humana estará subordinada ao desenvolvimento sustentável e
à preservação do Planeta, e este será o único modo de sobrevivência na Terra.

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UNIDADE Políticas Sociais e Problemas Transversais I

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
A História da pobreza. Porque pobreza?
A História da pobreza. Porque pobreza? 2013.
Disponível em: https://goo.gl/nqs5Rf
A História das coisas
A História das coisas. [20--].
Disponível em: https://goo.gl/4W76Da
A Questão ambiental
A Questão ambiental. 2004.
Disponível em: https://goo.gl/nKXqfV

 Leitura
A origem da família, da propriedade e do Estado
ENGELS, F. A origem da família, da propriedade e do Estado. 3. ed. São Paulo:
Global, 1984.
Disponível em: https://goo.gl/rkGAxG
Poder local, políticas sociais e sustentabilidade
JACOB, P. Poder local, políticas sociais e sustentabilidade. 1999.
Disponível em: https://goo.gl/ThbnHh
Política ambiental para quem?
SIQUEIRA, L. de C. Política ambiental para quem? 2008.
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