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2019-2020
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Programa
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Programa
3
Programa
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Programa
Elvira Silva
esilva@fep.up.pt A269
(Regente)
6
Bibliografia Principal
Microeconomics Microeconomics
7
Bibliografia Complementar
Princípios de Economia
Robert Frank e Ben Bernanke
Edição/reimpressão: 2003
Editor: McGraw-Hill
8
Avaliação
• Avaliação distribuída:
• Exame final:
1ª época: 10 de Janeiro, 14h 30m
2ª época: 29 de Janeiro, 8h 30m
9
Capítulo I
Escolha e Escassez
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Capítulo 1. Escolha e Escassez
Índice
1.1 Escolha, escassez e o problema económico
1.2 O princípio do custo-benefício
1.2.1 Custo de oportunidade
1.2.2 Preço de reserva
1.2.3 Custo de oportunidade e atividade alternativa relevante
1.2.4 Distinção entre custo (benefício) médio e custo (benefício) marginal
1.2.5 Custo de oportunidade e custo afundado
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
1.4 A curva de possibilidades de produção
1.5 Análise positiva versus análise normativa
1.6 Microeconomia versus macroeconomia
Bibliografia
• Mankiw e Taylor (2011), capítulos 1, 2, 3.
• Besanko e Braeutigam (2011), capítulo 1.3.
• Frank e Bernanke (2003; capítulos 1, 2 e 3)
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1 – Escolha e escassez
12
1 – Escolha e escassez
Bens e Recursos
Bem: algo que satisfaz uma necessidade humana
Neste contexto, um bem deve ser entendido em sentido lato; ou seja, pode significar um
produto ou um serviço.
Exemplos: aulas de microeconomia, serviços de saúde.
Recurso: algo que serve para produzir bens, mas não satisfaz diretamente uma
necessidade humana
logo, tem uma utilidade indireta
não é um bem em sentido estrito; é um bem intermédio ou um fator de
produção.
Exemplos: trabalho, terra, máquinas, edifícios.
Consumo
Consumo é a utilização de bens para a satisfação das necessidades/desejos.
São utilizadas de forma indistinta as designações necessidades e desejos:
necessidades/desejos incluem alimentação, vestuário, habitação, etc., mas também desejos
humanos não básicos (por ex., casa de férias, veículo desportivo, etc.).
No caso dos bens duradouros (e.g., automóvel, frigorífico), consome-se os serviços que
os bens proporcionam.
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1.1 Escolha, escassez e o problema económico
Ou seja:
Os indivíduos, as famílias, as empresas e os países defrontam-se com
escassez de recursos.
Todas as decisões ou escolhas são condicionadas/restringidas pela
escassez dos recursos disponíveis.
Dada a escassez, qualquer decisão ou escolha económica envolve um
trade-off: ter mais de um bem significa ter menos de outro.
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1.1.A - O princípio da escassez
Notas:
15
1.1.A - O princípio da escassez
Exemplo: Considere uma família em que cada um dos seus membros tem
tudo o que deseja ou necessita. (Essa família não precisaria tomar
decisões sobre como afetar/gastar os seus recursos e, portanto, não teria
que fazer escolhas.)
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1.1.B - O problema económico
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1.1.B - O problema económico
Ao nível das famílias, por exemplo, duas famílias podem dispor dos mesmos
recursos, mas as suas escolhas podem ser diferentes quanto à aplicação desses
recursos. Por ex., uma família decide que os filhos vão trabalhar após concluir a
escolaridade obrigatória, enquanto outra decide que os filhos vão fazer uma
licenciatura (em economia).
Em particular:
Uma das formas de racionamento é através do sistema de preços,
que resulta da operação da oferta e da procura nos mercados dos
bens e dos fatores de produção. Assim, o funcionamento dos mercados
permite realizar o racionamento dos bens escassos entre os indivíduos
de uma sociedade.
A troca livre de recursos produtivos e de bens nos mercados pressupõe
direitos de propriedade sobre os recursos e sobre os bens; e o
funcionamento de um sistema de justiça para fazer cumprir esses
direitos.
A satisfação das necessidades com base nos recursos escassos pode
ser levada a cabo de forma mais ou menos eficiente. 19
1.1.B - O problema económico
Questão:
Como é que os economistas resolvem este dilema ou trade-off?
22
1.2 O princípio do custo-benefício
23
1.2.1 Custo de oportunidade
24
1.2.1 Custo de oportunidade
Por exemplo:
i. se o melhor uso alternativo dos recursos ou fatores produtivos utilizados na
produção de um carro (e.g., trabalho, aço) fosse produzir 12 frigoríficos, então o
custo de oportunidade de produzir um carro seria igual a 12 frigoríficos que
poderiam ter sido produzidos mas não foram;
ii. suponhamos que o melhor uso alternativo dos recursos ou fatores produtivos
empregues na construção de um estádio de futebol seria construir e equipar um
novo hospital, então o custo de oportunidade do estádio de futebol seria igual a
um novo hospital que poderia ter sido construído mas não foi.
25
1.2.1 Custo de oportunidade
26
1.2.1 Custo de oportunidade
Exemplo 1.2
Um supermercado decidiu oferecer gratuitamente um televisor de plasma a cada um
dos compradores entre as 10h e as 11h. O custo monetário explícito do televisor
para um dado comprador, neste caso, é zero. Contudo, o custo de oportunidade é
igual ao valor do melhor uso alternativo do tempo do comprador.
Exemplo 1.3
O custo de oportunidade da licenciatura em economia. Interessa não só o montante
das propinas pago (custo monetário explícito), mas também o valor de mercado do
tempo do indivíduo, que é o fluxo de rendimentos que deixou de ganhar durante o
tempo que toma para completar a licenciatura.
27
1.2.1 Custo de oportunidade
28
1.2.1. Custo de oportunidade
Notas:
30
1.2.2 Preço de reserva
b) O preço de reserva para obter um bem é diferente do preço de transação desse bem.
Preço de reserva é um conceito subjetivo, e o seu verdadeiro valor não tem de ser
comunicado à contraparte na troca. Por sua vez, o preço de transação é o valor
efetivamente contratado.
31
1.2.2 Preço de reserva
32
1.2.2 Preço de reserva
Exemplo 1.5:
Considere que foi colocado a leilão um telemóvel Nokia Classic 3320, em bom estado
de funcionamento. Sabe-se que o preço de reserva do vendedor é de 45 €. O António
tem interesse no aparelho, sendo o seu preço de reserva de 80 €.
Admita-se que o leilão é presencial e que o objecto é atribuído ao indivíduo que faça
a maior licitação, pelo valor licitado por esse indivíduo. Considere agora que o leilão
tem início e que são feitas sucessivamente várias licitações, a saber: 1ª: 48€; 2ª: 50€;
3ª: 52€; 4ª: 53€. Após a 4ª licitação não ocorre mais nenhuma durante alguns
instantes e coloca-se ao António a decisão de fazer a sua licitação de imediato, sob
pena de este leilão terminar e ser vendido ao indivíduo que licitou por 53€.
a) Será que o António deve licitar um preço igual a 80 €?
b) Admita que o António faz uma licitação por 55€ e que não surgem mais licitações.
Nestas condições há oportunidades de ganho para o comprador (António) e para o
vendedor? Em caso afirmativo, calcule os excedentes económicos do comprador e
do vendedor.
Aplicação do conceito de preço de reserva
Exemplo 1.6 :
Limpo a casa
Contrato empresa
35
Aplicação do conceito de preço de reserva
Vamos supor que ser eu a fazer a limpeza da casa implica que eu deixe de fazer
um trabalho de consultadoria numa empresa, pelo qual a empresa me pagará €
100/hora.
Efetivamente, o preço de reserva para ser eu a realizar o serviço de limpeza é de
€ 100/hora.
36
Aplicação do conceito de preço de reserva
Vamos supor que eu telefono a uma empresa e digo à gerente que o preço
máximo que estou disposto a pagar pelo serviço é de € 10/hora de trabalho.
37
Conceitos de custo de oportunidade, preço de reserva e
excedente económico
em que
38
Aplicação dos conceitos de custo de oportunidade, preço
de reserva e excedente económico
Exemplo 1.7 (Exemplo 1 em Frank & Bernanke, 2003, p.7): Noite do rock ’n’ roll
Eric Clapton (EC) dá um concerto na FEP. Com o meu cartão da Universidade do
Porto beneficio de entrada gratuita. A alternativa que eu considero é assistir, à
mesma hora, a um concerto do Bob Dylan (BD) no Europarque.
Questões:
(i) Qual é o custo de oportunidade de assistir ao concerto do Clapton?
(ii) Suponha-se que o meu preço de reserva para ouvir o Clapton é de € 8.
Qual é o meu custo de oportunidade de assistir ao concerto do Dylan?
A que concerto devo assistir?
39
Aplicação dos conceitos de custo de oportunidade, preço
de reserva e excedente económico
40
Aplicação dos conceitos de custo de oportunidade, preço
de reserva e excedente económico
Aviso/Armadilha #1: Quando se faz uma escolha não se devem ignorar os custos implícitos.
Para evitar cair nesta armadilha, devemos pensar sempre naquilo que sacrificamos quando
desenvolvemos uma ação/atividade.
- Viagem #2: Viagem de avião a Paris no fim de semana a seguir às férias em Londres para
assistir ao casamento do irmão:
Custo do bilhete: € 400
Dado que assistir ao casamento do irmão tem um grande valor, já decidiu que irá a Paris
independentemente do cupão ser ou não utilizado nessa viagem.
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1.2.3. – A) Identificação da alternativa relevante
Questão 1:
a) Calcule o custo de oportunidade de utilizar o cupão de passageiro frequente para ir a
Londres.
b) Diga se deve fazer a viagem a Londres utilizando o cupão de passageiro frequente
ou não deve fazer a viagem a Londres.
Questão 2:
Suponha que o cupão de passageiro frequente expira no fim da semana de férias
em Londres, pelo que a única utilização possível seria na viagem a Londres.
Calcule o custo de oportunidade de utilizar o cupão de passageiro frequente para ir a
Londres e diga se deve fazer a viagem a Londres ou não.
Notas/comentários:
Como mostra este exemplo, um recurso, ainda que obtido gratuitamente, pode
ter um custo de oportunidade se a sua melhor utilização alternativa tiver valor.
Na aplicação do conceito de custo de oportunidade, nomeadamente no seu
cálculo, devemos identificar com precisão aquilo que deixamos de fazer (ou
seja, de que prescindimos) quando tomamos uma decisão.
44
1.2.3. – B) O valor temporal da riqueza (ou do rendimento)
Notas para reflexão
45
1.2.3. – B) O valor temporal da riqueza (ou do rendimento)
Notas para reflexão
Exemplo 1.9: Imagine que um amigo lhe pediu emprestados € 1000 e comprometeu-
se a pagar-lhe passado um ano. Suponha que os seus € 1000 estão atualmente
aplicados numa conta de poupança a uma taxa anual de 10%, e que continuarão
aplicados do mesmo modo caso não conceda o empréstimo ao seu amigo. Se não
concedesse o empréstimo, iria ter € 1100 no fim do ano.
Qual o custo de oportunidade de fazer o empréstimo ao amigo?
Nota: Quando um empréstimo/depósito se realiza, podemos inferir que ambas as partes beneficiam
desse contrato. Por exemplo, no caso de um empréstimo, o valor de reserva do banco (i.e., menor
dos pagamentos que aceitaria para prescindir desse montante durante um dado período de tempo)
é pelo menos igual ao montante dos juros que o banco irá receber. Por sua vez, para o indivíduo a
quem é concedido o empréstimo, o valor de reserva (i.e., o valor máximo que o indivíduo está
disposto a pagar para dispor desse montante durante um determinado período de tempo) é pelo
menos igual ao montante dos juros que terá de pagar.
46
1.2.4 Distinção entre custo e benefício médio e custo e
benefício marginal
Exemplo 1.10:
Suponha que o benefício total de ver 1, 2, 3 e 4 jogos de futebol na TV, num mesmo dia, é igual a
80, 90, 95 e 97, respectivamente.
Custo marginal: custo adicional (ou o aumento no custo total) necessário para
produzir/consumir uma unidade adicional de um bem.
47
1.2.4 – A) Os custos e benefícios relevantes são sempre
marginais
Exemplo 1.11:
Vamos supor que o custo médio de transportar um passageiro de Lisboa a Londres
é de 400 euros. Será lucrativo para a TAP oferecer uma tarifa reduzida de € 300 a
um estudante num voo que não está completamente cheio?
A questão que a TAP deve colocar é a seguinte: Quais são os custos adicionais para
a TAP de permitir que este estudante faça a viagem pagando € 300 ?
48
1.2.4 – A) Os custos e benefícios relevantes são sempre
marginais
49
1.2.3 – A) Os custos e benefícios relevantes são sempre
marginais
Excedente
Nº de Custos Receitas
eventos totais do totais do ano Económico Custo Benefício Custo Benefício
organizados ano 12 12 do ano 12 médio médio marginal marginal
Notas:
De acordo com o princípio do custo-benefício, os únicos custos e benefícios relevantes
na tomada de decisão de desenvolver ou não uma determinada ação/atividade são os
custos e benefícios marginais, isto é, os que correspondem ao incremento da atividade
em causa - e não os custos e benefícios médios.
A natureza de um certo custo ou benefício ser marginal (ou não) vai depender do
problema económico que está presente.
Não há nada de intrínseco ao custo (por ex., se ocorre uma só vez ou se é
recorrente) ou ao recurso (por ex., se é material ou se é imaterial) que defina a sua
natureza de marginal ou não.
É o problema económico que vai permitir identificar se um dado custo é relevante,
i.e., se para o problema em causa esse custo é marginal. Por exemplo,
considerem-se as seguintes três decisões:
i. hoje: decidir se se investe, ou não, no TGV
ii. daqui a 10 anos: decidir se se adquire, ou não, uma nova composição
iii. daqui a 11 anos: decidir se se realiza uma nova viagem diária Porto-Vigo-Porto, ou não.
Custos fixos: são custos que não variam com o nível de uma atividade
(por exemplo, com a quantidade produzida de um bem por uma empresa).
Exemplo 1.12:
i. O valor mensal pago pela inscrição num ginásio não varia com o número de vezes
que vou ao ginásio. Logo, para efeito da tomada de decisão sobre se hoje vou ao
ginásio, ou não, a mensalidade é um custo fixo.
ii. Muitos ginásios têm campos de ténis pelos quais cobram à hora. Uma vez que o
montante que tenho que pagar varia com o número de horas que jogo ténis, para
efeito da tomada de decisão sobre se jogo ténis, ou não, o montante a pagar é um
custo variável.
53
1.2.3 – B) Custos fixos e custos variáveis
iii. Se já sou membro do ginásio e estou a considerar quantas vezes por semana irei
jogar ténis, então a mensalidade é um custo fixo. Este custo é irrelevante para esta
decisão e deve ser ignorado. Devo ter apenas em conta o preço por hora que tenho
de pagar; este preço ( €/hora) é igual ao custo adicional resultante de jogar mais
uma hora de ténis. Assim, este custo é variável.
54
1.2.4 Custo de oportunidade e custo afundado (irreversível ou irrecuperável)
Quando um dado custo ocorre quer a ação seja levada a cabo ou não, esse custo é
irrelevante para a tomada de decisão (de efetuar ou não a ação). Os únicos custos
que devemos considerar quando tomamos uma decisão sobre efetuar, ou não, uma
ação são aqueles que podemos evitar ao não efetuar a ação.
55
1.2.5 Custo de oportunidade e custo afundado
56
1.2.5 Custo de oportunidade e custo afundado
Note-se que, quando esta decisão está a ser tomada, os € 5 são (já) um
custo afundado, porque não há qualquer hipótese de serem recuperados.
Desta forma, para ambos os grupos, o custo adicional de se servir
novamente é zero. Então, para ambos os grupos, um indivíduo deve servir-
se mais uma vez se o benefício marginal for superior a zero. Admitindo
apetites iguais (supondo seleção aleatória do primeiro grupo), não há
qualquer razão para que não se sirvam, em média, o mesmo número de
vezes.
57
1.2.5 Custo de oportunidade e custo afundado
58
1.2.5 Custo de oportunidade e custo afundado
COport. Conc. = 25 + 2 = 27
COport. Fut. = 30 – 2 = 28
EEcon. Conc. = 30 – 27 = 3
EEcon. Fut. = 25 – 28 = – 3
59
1.2.5 Custo de oportunidade e custo afundado
(b)
Se o Luís não tivesse comprado o bilhete antecipadamente:
60
1.2.5 Custo de oportunidade e custo afundado
Notas:
(i) Uma vez que um custo afundado é irrecuperável, não pode variar com o
nível de atividade. Por isso, todos os custos afundados são custos fixos.
Consideremos uma empresa que decidiu criar uma nova marca de um produto e que
vai fazer uma campanha publicitária de lançamento. Os gastos na campanha são um
custo fixo. São também um custo afundado. Quer a empresa continue a produzir essa
marca, quer a empresa abandone a produção dessa marca, quer a empresa continue
em operação, quer a empresa deixe de estar no mercado, o custo da campanha
publicitária é irreversível. A empresa não pode recuperar a despesa efetuada; assim,
o custo da campanha publicitária é um custo afundado.
(ii) Nem todos os custos fixos são custos afundados. Por exemplo:
Consideremos que o valor mensal pago para frequentar um ginásio não varia com o
número de vezes que se vai ao ginásio. Este pagamento é um custo fixo. Este custo
é também afundado. Contudo, se o ginásio oferecer um período experimental,
durante o qual a inscrição pode ser cancelada com reembolso total, então a quota
mensal é um custo fixo mas não é um custo afundado.
61
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
62
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Que é que isto tem a ver com os conceitos de que temos vindo a falar?
Com efeito, vamos utilizar os conceitos e princípios económicos estudados até aqui
para compreender como é que a sociedade (e cada um dos indivíduos) vai melhorar
o seu nível de satisfação quando cada um se concentra naquilo em que consegue
ser – relativamente – melhor do que os outros. A especialização de acordo com as
vantagens relativas aumenta a produção e o consumo numa sociedade.
63
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Exemplo 1.14
Considere-se uma economia constituída apenas por uma só pessoa, a Maria, que
afeta o seu tempo de trabalho à produção de café e de nozes. A Maria demora 20
minutos a apanhar um quilo de nozes e 40 minutos a apanhar um quilo de café.
Admita que, nesta economia, à Maria se vem juntar o Tomás. que demora 80
minutos quer para apanhar um quilo de café, quer para apanhar um quilo de nozes.
64
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Notas:
A Maria demora menos tempo a executar ambas as tarefas. Então, a Maria tem
uma vantagem absoluta sobre o Tomás em ambas as atividades.
A vantagem absoluta pode ser analisada em termos de produtividade, ou seja, a
quantidade de um bem produzida por unidade de tempo. Ou seja, a informação
contida na tabela anterior pode ser apresentada do seguinte modo:
Produtividade a Produtividade a
apanhar nozes apanhar café
Maria 3 kg nozes / hora 1,5 kg de café / hora
Tomás 0,75 kg nozes / hora 0, 75 kg de café / hora
65
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Dado que a Maria é mais produtiva na realização de ambas as tarefas, a Maria tem
uma vantagem absoluta sobre o Tomás em ambas as atividades.
Questão: Será que isto significa que a Maria deve efetuar ambas as tarefas?
- do Tomás:
COport. Tomás (apanhar um quilo de nozes) = 1 quilo de café
66
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Custo de Custo de
oportunidade de oportunidade de
apanhar um quilo de apanhar um quilo de
nozes café
Maria 0,5 kg de café 2 kg de nozes
Tomás 1 kg de café 1 kg de nozes
67
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
68
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Exercício:
Consideremos um dia de trabalho de 8 horas. Vamos considerar os
seguintes cenários.
69
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
71
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Produtividade a Produtividade a
programar reparar bicicletas
Paula 3 páginas / hora 6 reparações / hora
Bela 2 páginas / hora 2 reparações / hora
Dado que a Paula é mais produtiva na realização de ambas as tarefas, a Paula tem
uma vantagem absoluta sobre a Bela em ambas as atividades.
c) Admita um dia de trabalho com 8 horas. Suponha que, num dado dia de trabalho, há
16 pedidos de atualização de páginas da Internet a satisfazer prioritariamente e que
há um grande número de bicicletas para reparar.
Admitindo que repartem as atividades entre si de acordo com o princípio das
vantagens comparativas, quantas bicicletas serão reparadas?
Atualizações de Reparações de
páginas bicicletas
Paula 48
Bela 16
Total 16 48
73
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Atualizações de Reparações de
páginas bicicletas
Paula 12 24
Bela 4 12
Total 16 36
74
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Mostre ainda que o número de bicicletas reparadas será menor, se a Bela repartir
igualmente o seu tempo pelas duas atividades e se a Paula distribuir o seu tempo de
forma a que todos os pedidos de páginas de Internet sejam satisfeitos.
Atualizações de Reparações de
páginas bicicletas
Paula 8 32
Bela 8 8
Total 16 40
75
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
77
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Tópicos de Resolução
b.1) Vantagem absoluta na produção de calças? (Costureira A)
b.2) Vantagem absoluta na produção de camisas? (Costureira B)
b.3) Vantagem relativa na produção de calças?
A B
Calças 30 minutos 60 minutos
Camisas 60 minutos 30 minutos
COport. A (1 unidade de calças) = 0,5 unidades de camisas
COport. B (1 unidade de calças) = 2 unidades de camisas
(Costureira A)
b.4) Vantagem relativa na produção de camisas?
COport. A (1 unid. camisas) = 2 unid. calças
COport. B (1 unid. camisas) = 0,5 unid. calças
(Costureira B)
78
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
79
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
Notas:
Este princípio tem aplicação a um indivíduo, família, organização produtiva,
país.
O princípio da vantagem comparativa está na base da especialização e das
trocas de mercado.
A vantagem comparativa implica que a especialização é favorável mesmo
quando um dos agentes envolvidos tem vantagem absoluta em todas as
atividades. 80
1.3 Vantagem absoluta e vantagem comparativa
81
1.4 A curva (ou fronteira) das possibilidades de produção
82
1.4 A curva das possibilidades de produção
C = 12 – 0,5 N
83
1.4 A curva das possibilidades de produção
=
0,5 kg de café = Perda em café =
1 kg de nozes Ganho em nozes
Para produzir 24 kg de nozes a Maria tem de sacrificar 12 quilos de café. Por cada kg
adicional de nozes, a Maria deixa de produzir 0,5 kg de café. Isto significa que o custo de
oportunidade de um kg adicional de nozes para a Maria é constante e igual a 0,5 kg de café.
A CPP ilustra o princípio da escassez: como os recursos ao nosso dispor são limitados ter
mais de uma coisa significa geralmente termos menos de outra. 84
1.4 A curva das possibilidades de produção
Café A
(kg/dia) 12
Produtividade
9 CPP da Maria
6
Nozes Café C
3
Maria 3 kg / hora 1,5 kg / hora
0
6 18 24
Nozes
(kg/dia)
85
1.4 A curva das possibilidades de produção
86
1.4 A curva das possibilidades de produção
Para o Tomás:
∆ Qcafé 1 kg de café
COport. (Tomás) nozes = | | = 1 kg de nozes
∆ Qnozes
Para a Maria:
∆ Qcafé 0 ,5 kg de café
COport. (Maria) nozes = | | =
∆ Qnozes 1 kg de nozes
Conclusão:
- O Tomás tem vantagem comparativa na colheita de café (em relação à Maria).
- A Maria tem vantagem comparativa na colheita de nozes (em relação ao Tomás).
87
1.4 A curva das possibilidades de produção
Vamos supor que decidem colher algumas nozes. Como devem organizar o tempo
de trabalho de cada um deles entre as duas atividades?
A Maria tem um custo de oportunidade na colheita de nozes menor que o Tomás.
Logo, partindo da situação extrema em que ambos produzem café (Ponto A), se
quiserem passar a produzir nozes deve ser a Maria a assegurar a recolha de nozes.
Supondo que a Maria passa a afetar 2 horas à colheita de nozes por dia e 6 horas à
colheita de café; e que o Tomás continua a dedicar-se exclusivamente à colheita de
café. Em conjunto produzem (Ponto B):
- Nozes: 6 kg /dia
- Café: 9 kg + 6 kg = 15 kg/dia
88
1.4 A curva das possibilidades de produção
A
18
Café B
(kg/dia)
15 E CPP da Maria e do Tomás
12
C
C: Ponto de especialização
6 máxima
D
0 6 12 24 30
Nozes
(kg/dia) 90
1.4 A curva das possibilidades de produção
Café
(kg/dia) A
CPP da Maria e do Tomás
Café 18
(kg/dia)
E
12 12
CPP da Maria
C
6
24 0 12 24 30
Nozes
Nozes (kg/dia)
Café (kg/dia)
(kg/dia)
CPP do Tomás
Nozes
6 91
(kg/dia)
1.4 A curva das possibilidades de produção
Isto implica que a CPP tenha uma forma arqueada (côncava relativamente à
origem) uma vez que o seu declive é igual ao custo de oportunidade de
produzir uma unidade do bem x, medido em unidades do bem Y.
92
1.4 A curva das possibilidades de produção
A CPP da economia diz-nos que a economia está no ponto E = (12, 12). Neste ponto, o
Tomás gasta 8 horas na produção de café, produzindo 6 kg de café por dia. A Maria
terá de recolher os 6 kg de café restantes, para o que necessita de 4 horas. As 4 horas
restantes são utilizadas a apanhar nozes (12 kg). Esta divisão do trabalho foi feita com
base nos princípios da vantagem comparativa e do custo de oportunidade crescente.
Supondo que ambos não seguem estes princípios e decidem dividir o seu tempo de
modo que a produção de cada um deles consiste em metade de nozes e metade de
café. O Tomás produz 3 kg de nozes/dia e 3 kg de café/dia. A Maria tem de dedicar à
colheita de café o dobro do tempo dedicado à colheita de nozes. Produz 8 kg de
nozes/dia e 8 kg de café/dia. A produção diária conjunta é de menos um quilo de cada
bem por dia
93
1.4 A curva das possibilidades de produção
Esta economia conta com um montante fixo de recursos (terra, trabalho e capital) e
com uma dada tecnologia disponível (inclui o conhecimento tecnológico dos
indivíduos).
94
1.4 A curva das possibilidades de produção
95
1.4 A curva das possibilidades de produção
A
Curva de possibilidades de produção
Pão (unidades/ano)
B
Conjunto de possibilidades de produção
C
Livros 96
(unidades/ano)
1.4 A curva das possibilidades de produção
dP
Num ponto da fronteira, o custo de oportunidade de L = –
dL
97
1.4 A curva das possibilidades de produção
Pão
Pão
unid/ano
unid/ano
100
90
70
40
98
1.4 A curva das possibilidades de produção
∆P − 10
COport. Livros = = = 0,125 unidades Pão
∆L 80
∆P −20
COport. Livros = = = 0,33(3) unidades Pão
∆L 60
∆P −30
COport. Livros = = = 0,75 unidades Pão
∆L 40
∆P − 40
COport. Livros = = = 2 unidades Pão
∆L 20
99
1.4 A curva das possibilidades de produção
dP dP
– > – ⇒ Custo de oportunidade crescente
dL B dL A
dP
– é constante ⇒ Custo de oportunidade constante
dL Livros
100
1.4 A curva das possibilidades de produção
Ponto atingível: qualquer combinação dos dois bens que pode ser produzida com
os recursos disponíveis; são os pontos situados ao longo (eficientes) ou abaixo da
CPP (ineficientes).
Ponto ineficiente: qualquer combinação dos dois bens a partir da qual, com os
recursos disponíveis e a tecnologia existente, é possível aumentar a produção
de um dos bens sem reduzir a produção do outro bem. Numa combinação de
dois bens abaixo da curva, verifica-se o seguinte:
há recursos que não estão a ser utilizados na totalidade
e/ou os recursos não estão a ser utilizados da melhor maneira, isto é, de
forma ótima (por ex., barreiras à mobilidade de recursos, utilização de
tecnologias de produção obsoletas).
Ponto eficiente: qualquer combinação dos dois bens a partir da qual, com os
recursos disponíveis e a tecnologia existente, não é possível aumentar a
produção de um dos bens sem reduzir a produção do outro bem.
101
1.4 A curva das possibilidades de produção
Pão
Atingível e eficiente
Inatingível ou impossível
Atingível mas ineficiente
Livros
102
1.4 A curva das possibilidades de produção
Ponto inatingível (ou impossível): qualquer combinação dos dois bens que não
pode ser produzida com os recursos disponíveis e a tecnologia existente. Em
qualquer ponto acima da curva, teríamos pelo menos mais de um dos bens.
103
1.4 A curva das possibilidades de produção
Deslocação da curva
Uma deslocação da curva para dentro representa uma diminuição das possibilidades
de produção. Isto pode resultar de um choque tecnológico negativo (por ex.,
empresas proprietárias de tecnologias específicas abandonam o país, emigração de
pessoas muito qualificadas) e/ou de uma redução na dotação de fatores produtivos
(por ex., em resultado de uma devastação natural como incêndios, tsunami ou
terramoto).
104
1.4 A curva das possibilidades de produção
Deslocação da curva
Bem 1
NovaCPP
CPP inicial
Bem 2
105
Nota para reflexão
106
1.4 A curva das possibilidades de produção
(Cozinheiro A, em ambas)
c) Calcule, para cada cozinheiro:
c1) o custo de oportunidade de produzir mais um bolo-rei.
c2) o custo de oportunidade de produzir mais um pão-de-ló.
c1) COport. (A) R = 2 pães-de-ló c2) COport. (A) P = ½ bolos-rei
COport. (B) R = 4 pães-de-ló COport. (B) P = ¼ bolos-rei
107
1.4 A curva das possibilidades de produção
108
1.4 A curva das possibilidades de produção
Verdadeira. Porquê?
109
1.4 A curva das possibilidades de produção
Qualquer razão de troca que permitisse obter entre 2 e 4 pães-de-ló por bolo rei seria
vantajosa para ambas as partes
110
1.5 Análise positiva e análise normativa
112
1.6 Microeconomia e macroeconomia
113
Aplicações
Exercício 1) Suponha que o Prof. X tinha planeado ir caçar no sábado. Entretanto, alguns dias
antes recebe um pedido da secretaria para ir fazer uma vigilância de exame.
Admita-se o seguinte:
a atividade de caça dá-lhe satisfação e a atividade de fazer vigilâncias de exames dá-lhe
insatisfação;
se aceitar fazer a vigilância nesse sábado de manhã deixa de poder ir caçar;
o preço de reserva da atividade ‘ir caçar’ é de 20 €, e o preço de reserva para ‘ir fazer a
vigilância’ é de 70 € ;
se for caçar tem custos de deslocação, de alimentação e de material de 15 €; a atividade de
fazer vigilâncias de exames implica custos explícitos insignificantes.
114
Aplicações
Suponha que num restaurante há 3 empregados de mesa, A, B e C, que deverão realizar as tarefas de
‘pôr as mesas’ (M) e ‘preparar as entradas de pão, paté, etc.’ (E). Admita que cada um tem 2 horas de
trabalho disponível para realizar uma ou outra das tarefas. Qualquer um é capaz de desempenhar as
tarefas M e E corretamente mas demoram tempos diferentes a realizar uma delas; esses tempos são
apresentados na tabela.
a) Se houver 12 M e 12 E a realizar, o gerente deve atribuir a tarefa M a B, e não a C.
b) Se houver 13 M e 13 E a realizar, e o gerente atribuir a tarefa E a A e B, é de esperar que ambas as
tarefas possam ser concluídas a tempo.
c) Se houver 12 M e 12 E a realizar, o gerente deve atribuir a tarefa E a A, e não a B.
d) Se houver 14 M e 14 E a realizar, e o gerente atribuir a tarefa M a B e C, é de esperar que ambas as
tarefas possam ser concluídas a tempo.
A 15 15
B 15 20
C 10 15
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Aplicações
Exercício 3) A empresa Alfa adquiriu e instalou uma máquina, no início de 2010. Considere-se os seguintes
valores relativos a essa máquina, nessa data:
- preço de aquisição da máquina no início de 2010 75.000 €
- custo de instalação da máquina, no início de 2010 5.000 €
À data de final de 2012, por razões imprevistas de mercado, a máquina deixa de ter interesse económico para a
produção, nessa empresa. O valor contabilístico da máquina, nessa data, é de 50.000 €. A empresa Alfa está a
considerar a possibilidade de dar uma nova utilização ao espaço ocupado pela máquina e coloca duas
alternativas relativamente ao destino a dar a essa máquina: revender a máquina a uma outra empresa nesse
setor (empresa Beta), ou vender a máquina a uma empresa de sucatas (empresa Kapa). Considere-se os
seguintes dados, à data de final de 2012:
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