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1.

Contexto da origem das reformas

MATIAS-PEREIRA, José (2009). Curso de Administração Pública: foco nas Instituições


e Ações Governamentais. São Paulo: Editora Atlas. 2ª Edição. Capítulo 16, Partes IV e V.

2. Modelos de administração patrimonialista burocrática

2.1 Administração pública patrimonialista

A administração pública patrimonialista nasce no Estado absolutista, no qual não


havia necessidade de separar o património público do privado. Isto mudou no Estado liberal,
em virtude das conquistas sociais, o que tornou tal separação imperativa. Na AP
patrimonialista, o aparelho do Estado atua como extensão do poder do monarca. Os públicos
funcionavam como recompensa, o que contribuía para a corrupção e para o controlo dos
órgãos públicos por parte dos soberanos.

2.2 Administração pública burocrática

Este modelo nasce na segunda metade do século XIX, com o objetivo de combater o
nepotismo e a corrupção gerados pelo modelo patrimonial. Orientava-se pelos princípios de
desenvolvimento; profissionalização; careira pública; impessoalidade; formalismo,
sustentados pela lei. Este modelo tornou-se inadequado aos interesses do povo porque as
regras sobrepunham-se aos interesses da sociedade. Era mais adequado ao Estado pequeno,
como era o Estado Liberal.

Quando o Estado se torna democrático, surgiram pressões por parte da sociedade, que
pedia uma prestação adequada de serviços. Com o aumento das funções do Estado, este
tornou-se incapaz de as satisfazer, daí que o Estado entra em crise. Foi disto que surgiu a
reforma da gestão pública, que transformou o Estado burocrático em Estado gerencial.

2.3 Redefinição do papel do Estado

Com a redefinição do seu papel, o Estado deixa de ser o responsável direto no


desenvolvimento económico e social por meio da produção de bens e serviços, dando espaço
à privatização. O objetivo desta mudança era de se adequar a nova função do Estado
gerencial.
2.4 Formas de atuação descentralizada e baseada no controlo por resultados

O Estado gerencial precisa atuar de forma descentralizada e baseada nos resultados.


Para tal, torna-se necessária a privatização dos serviços públicos e a terceirização de serviços
sociais para organizações públicas não estatais. E suas atividades exclusivas são delegadas a
agências executivas e reguladoras. O Estado gerencial não rompe com os princípios
anteriores, apenas melhora a prestação de serviços, tornando-os mais flexíveis, para o bom
desempenho.

2.5 Características do modelo gerencial/democrático participativo

 O modelo gerencial enfatiza a redução do tamanho do Estado;


 Usa instrumentos da administração privada;
 Exige a separação entre a política e a esfera administrativa;

Enquanto o modelo democrático-participativo:

 Preocupa-se com o controlo social, pelo processo de democratização da


sociedade civil e aumento da participação desta e da população na gestão
pública;
 Promove a responsabilização, ao envolver a sociedade civil na formulação e
implementação de políticas públicas.

2.6 Críticas ao modelo gerencial

3. Gestão do sector público: estratégia e estrutura para um novo Estado

Bresser Pereira, Luiz (2003). “Gestão do Sector Público: estratégia e estrutura para um
novo Estado”. In Bresser Pereira, Luiz C. & SPINK, Peter (Eds.) (2003). Reforma gerencial do
Estado e administração pública gerencial. Rio de Janeiro, Editora Fundação Getúlio Vargas. 5ª
Edição. Pp. 21-38.

3.1 A reforma do Estado como algo central

O que provavelmente levou os Estados a se interessarem pela reforma nos anos 90 foi
a perceção de que não bastava apenas o ajuste institucional para se retomar o
desenvolvimento. E embora as mudanças introduzidas nos anos 80 tivessem tido resultado
positivo, não e retornou ao crescimento. A premissa neoliberal por detrás das reformas ser
irrealistas pelas seguintes razões: o Estado mínimo não teve legitimidade política em nenhum
país; e provou-se que as falhas do Estado não eram necessariamente piores que as do
mercado.

Uma vez que foi o estado quem causou a crise dos anos 80, tornou-se necessário
reconstruí-lo, e não reduzir as suas funções, como propunham os neoliberais. As reformas
iniciadas nos anos 80 ganharam atenção nos anos 90 porque os cidadãos foram se dando
conta de que a administração burocrática não às demandas que estes que estes apresentavam
ao capitalismo.

A maior razão que desperta o interesse na reforma é a crescente importância que se dá


à proteção do património público contra as ameaças das privatizações, que concentra o bem
público nas mãos de poucos, não de todos. Foi com esta crescente importância que se viu a
necessidade de refundar a república; que a reforma do estado ganhava nova prioridade e que
a democracia e administração burocrática precisavam mudar, aprimorando-se a democracia e
passando-se para a administração gerencial.

3.2 Patrimonialíssimo e democracia

Patrimonialismo significa incapacidade ou relutância de o principe destignuir o


património público e seus bens. Foi com o surgimento do capitalismo e da democracia que se
feztal distinção. A democracia e a administração burocrática surgiram para proteger o bem
público da privatizaçao do estado. A democracia defende os direitos civis, e a burocracia,
servindo-se dos seus princípios, combate a corrupção e o nepotismo. Contudo, a burocracia
era lenta, cara e ineficiente. A burocracia de ser útil quando o estado acrescentou para si
ouutras funções.

3.3 Administração pública gerencial

Surgiu na segunda metade do século XX, como modo de enfrentar a crise fiscal, como
estratégia para reduzir o custo e tornar a administração dos serviços públicos mais eficiente, e
como instrumento de proteção do património público da corrupção. Caracterizou-se pelas
suas orientação pelo cidadão e aos resultados; e pressupõe confiança nos servidores e nos
políticos em grau limitado; descentralização e incentivo à criatividade; e uso de contrato de
gestão como instrumento de controlo dos gestores públicos. Esta administração orienta-se
para os resultados; defende o combate ao nepotismo e à corrupção por meio não rígidos;
combate a privatização por meio da descentralização, da delegação de autoridade e
responsabilização do gestor público, etc.

3.4 Reformando a estrutura do estado

A administração gerencial pressupõe a reforma da estrutura administrativa. Os estados


modernos têm quatro sectores: um núcleo estratégico, no qual se definem as leis, as politicas,
e como as fazer cumprir; actividades exclusivas, as que garantem diretamente o cumprimento
das leis e políticas públicas, bem como seu financiamento; serviços não-exclusivos: todos
aqueles que o estado provê, mas podem ser oferecidos pelo privado ou sector público não
estatal; e o sector da produção de bens e serviços formada por empresas estatais.

Nestes quatro sectores há medidas que se podem tomar quanto às reformas; seja
quanto à AP, o tipo de propriedade e o tipo de instituição. O modelo de administração
adotado é o gerencial. Quanto ao tipo de propriedade, o núcleo estratégico e as atividades
exclusivas do estado, a propriedade será estatal. Enquanto na produção de bens e serviços, há
consenso de que esta deve ser privada. Mas em relação aos serviços não exclusivos, a
definição do regime de prioridade é mais complexo: se estes devem ser financiados pelo
estado, seja porque envolvem direito humanos, seja porque implicam externalidades
aferíveis, não há razão para serem privados. Mas porque não implicam o exercício do poder
do estado, não há razão para que sejam controlados por ele.

Não devendo ser necessariamente privados ou públicos, a alternativa é adoção de uma


propriedade pública não-estatal ou pública não-governamental. Assim, existem três
possibilidades em relação a esses serviços: ter controlo do estado; ser privado; e ter
financiamento estatal, mas com controlo da sociedade. O burocratismo e o estatismo
defendem o controlo do estado; os neoliberais defendem a privatização; e os social-
democratas defendem o financiamento estatal acompanhado do controlo social.

Existem duas principais instituições usadas para implementar essa reforma: para as
atividades exclusivas, deve-se criar uma agência autónoma; e para as atividades não-
exclusivas, deve-se convertê-las em organizações sociais.

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