Luiz Carlos Bresser Pereira argumenta que a crise do Estado brasileiro exige uma reforma para tornar a administração pública mais eficiente através da adoção de princípios gerenciais. Ele defende que o Estado deve proteger o patrimônio público adotando uma estrutura administrativa descentralizada com foco em resultados e indicadores de desempenho.
Luiz Carlos Bresser Pereira argumenta que a crise do Estado brasileiro exige uma reforma para tornar a administração pública mais eficiente através da adoção de princípios gerenciais. Ele defende que o Estado deve proteger o patrimônio público adotando uma estrutura administrativa descentralizada com foco em resultados e indicadores de desempenho.
Luiz Carlos Bresser Pereira argumenta que a crise do Estado brasileiro exige uma reforma para tornar a administração pública mais eficiente através da adoção de princípios gerenciais. Ele defende que o Estado deve proteger o patrimônio público adotando uma estrutura administrativa descentralizada com foco em resultados e indicadores de desempenho.
Disciplina: Sociedade Civil, Governo, Estado e Organizações no Brasil Luiz Carlos Bresser Pereira Economista, cientista político, administrador de empresas, e formado em direito Foi Ministro da Fazenda, ministro chefe da Secretaria da Administração Federal (SAF), ministro de Reforma do Estado em todo o 1° mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso (1995–1999) Cursou a Faculdade de Direito/USP, é mestre em Administração de Empresas pela Michigan State University, doutor e livre docente em Economia pela USP. Ensina na Fundação Getulio Vargas de São Paulo desde 1959 Sobre o desenho do Estado: uma perspectiva agent x principal Adam Przeworski In Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial Reforma do Estado
Significa construir instituições que possibilitem ao
Estado fazer o que ele deve fazer e impeçam de fazer o que não deve.
Logo, o que deve o estado fazer ou não fazer?
Liberalismo x Keynesianismo x Neoliberalismo
Dilema é que o governo pode fazer coisas melhor do que o livre mercado, mas não tem motivos para crer que ele não excederá os limites da intervenção ótima
O Estado se fortalece e atrai para si interesses
privados. Logo, o motivo para o Estado agir acabam sendo, no limite, interesses particulares
Mera possibilidade de intervenção já causaria danos
Porém, mesmo sem as falhas, a ideia de que o mercado é eficiente já não é mais aceita - Falta de mercados e informação imperfeita
Algumas formas de intervenção são inevitáveis, garantias,
propriedade, lei e ordem
O estado tem portanto um papel positivo. Mas será que o
Estado pode fazer o que deve fazer e não fazer o que não deve fazer?
Noção de Estado vs. Mercado é enganosa. São instituições
específicas que podem induzir atores a agir de forma benéfica ou não Agent x Principal Os agents tem as informações, e o principal não pode observar diretamente todas as ações dos agentes.
Como induzir ao agente agir em nome do interesse do
principal?
Economia é rede de relações entre agents e principals,
cidadãos, políticos, burocratas, empresários, trabalhadores. A economia depende da boa estrutura dessas relações. Políticos e agentes de mercado Um problema usual é o compromisso. Compromissos por governos futuros.
Bons e maus compromissos (exemplo dos sindicatos)
Aparelhar o Estado de modo que faça bons
compromissos (revisão judicial, leis detalhadas e contratos bem estruturados) A intervenção estatal pode ser melhor que a não intervenção quando os governos dispõem de informações, instrumentos legais para regular e rede que permita bons compromissos Políticos e Burocratas Delegação é inevitável. Relação agent x principal na qual a atuação do burocrata pode não coincidir nem com o interesse da população nem do politico. Problema do controle indireto.
Autonomia pela incapacidade da lei prever tudo.
Dificuldade em analisar a conduta de cada agente
(apenas da equipe). Critério financeiro na avaliação. Propostas: • Valorização do profissional • Sistemas de monitoramento com perda do cargo em caso de mau desempenho • Recrutamento com avaliação de sinais de alto desempenho • Fiscalização institucional (possibilidade de um agente bloquear outro quando ação puder causar dano) • Múltiplos principal e agent com funções opostas • Incentivar competição e descentralização Políticos e Cidadão Relação especial (agents determinam a conduta do principal). Mas isto é justificado porque são eleitos.
Controle prospectivo e retrospectivo.
Cumprimento de promessas de campanha? Liberdade
para deliberar, adaptar mudanças, capacidade de governar Responsabilização posterior – não reeleição. Julgamento é prejudicado pela manipulação e falta de informação
O atuar bem depende das condições em a decisão foi
tomada. Nem sempre o resultado por si só reflete se um ato foi bom ou não. Então, avaliações posteriores devem levar informações gerais sobre os políticos em consideração
entre os poderes (processo legislativo vs. decreto), criação de ramos independentes Conclusão Intervenção pode ser melhor que não intervenção. Objetivo da reforma não pode ser desaparelhar o Estado
Exemplo: 40% dos subsídios a alimentação chegam
aos que precisam. Melhor continuar e melhorar do que acabar com programa, mesmo que a eficiência perfeita não seja factível Gestão do setor público: estratégia e estrutura para um novo Estado Luiz Carlos Bresser Pereira In Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial Considerações iniciais Década de 80: ajuste estrutural (endividamento)
Entretanto, o novo Presidente decidiu transformar a antiga e
burocrática secretaria da presidência, que geria o serviço público, em um novo ministério, da Administração Federal e Reforma do Estado.
Reforma administrativa incluída entre as reformas
constitucionais já definidas como prioritárias - reforma fiscal, reforma da previdência social e a eliminação dos monopólios estatais – aproximação do mercado de trabalho publico e privado À emenda seguiu-se a publicação de um documento sobre a reforma administrativa - “Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado” - cuja proposta básica é a de transformar a administração pública brasileira, de burocrática, em administração gerencial.
A percepção generalizada de que o ajuste estrutural
não era suficiente para que houvesse a retomada do crescimento. O pressuposto neoliberal foi irrealista: estado mínimo não tem apoio político, e as falhas de estado não são piores que as falhas de mercado. Solução para crise é reformar o Estado (reduzir em alguns pontos e ampliar em outros). Autonomia financeira e tornar o serviço publico mais coerente, corrigindo falhas sem causar falhas maiores
Otimizar o atendimento de demandas e proteção do
patrimônio público – interesses privados e rent seeking “O Estado deve ser público, as organizações não-estatais e sem fins lucrativos (ou organizações não-governamentais) devem ser públicas. Bens estritamente públicos, como um meio ambiente protegido, devem ser públicos. Direitos públicos são os direitos que nos asseguram que o patrimônio público, a res publica, entendido em sentido amplo, seja público - que seja de, e para, todos, em vez de ser objeto de rentseeking, e de ser privatizada por grupos de interesse.”
Duas instituições criadas para proteger o patrimônio
público tinham de mudar: a democracia e a administração pública burocrática Patrimonialismo e Burocracia Sociedades pré-capitalistas: a privatização do Estado, ou a interpermeabilidade dos patrimônios público e privado.
Burocracia é a instituição administrativa que usa,
como instrumento para combater o nepotismo e a corrupção - dois traços inerentes à administração patrimonialista -, os princípios de um serviço público profissional, e de um sistema administrativo impessoal, formal e racional. Apesar disto, quando o Estado ampliou seu papel social e econômico, a estratégia básica adotada pela administração pública burocrática - o controle hierárquico e formalista sobre os procedimentos - provou ser inadequada.
Esta estratégia talvez pudesse evitar a corrupção e o
nepotismo, mas era lenta, cara, ineficiente. Fez sentido no tempo do Estado liberal que só precisava garantir a propriedade
Estado visto como forma de garantir excedentes por nova
classe de burocratas e políticos Administração Pública Gerencial Resposta à crise do Estado: redução de custos, eficiência e proteção do patrimônio público.
É orientada para o cidadão e para a obtenção de
resultados; pressupõe que os políticos e os funcionários públicos são merecedores de um grau limitado de confiança; como estratégia, serve-se da descentralização e do incentivo à inovação; o instrumentos de controle sobre os gestores públicos com base em resultados Burocracia: controle de processos, controle preventivo.
de autoridade e de responsabilidade ao gestor público, rígido controle sobre o desempenho, aferido mediante indicadores acordados e definidos por contrato. Eficientes na gestão do Estado, e são recursos muito mais efetivos na luta contra as novas modalidades de privatização do Estado.
Não é mais necessário afirmar o poder do Estado e
necessidade de confiança Reforma Neoliberal? O enfoque gerencial sobre a administração pública emergiu com vigor na Grã- Bretanha e nos EUA depois de Governos conservadores terem assumido o poder em 1979 (Governo Thatcher) e em 1980 (Governo Reagan), o que levou alguns analistas a verem, neste enfoque, uma visão intrinsecamente conservadora.
Na Inglaterra isto até é válido, mas em diversos outros
países o governo da reforma era social-democrata. Mas a relação que é feita tem outra justificativa. Quase sempre a reforma passa por um ajuste fiscal, preocupação com o gasto
Reação forte dos servidores e alusão ao
neoliberalismo. Apesar de ter explicação histórica, não faz sentido. Para ter um estado forte é preciso ter um orçamento equilibrado
O risco é não obter apoio dentro do funcionalismo
Reformando a estrutura do Estado A nova gestão precisa de uma estrutura administrativa reformada
Os Estados modernos contam com quatro setores: o
núcleo estratégico, as atividades exclusivas, os serviços não-exclusivos, e a produção de bens e serviços para o mercado Nas atividades exclusivas, a administração deve ser descentralizada; nos serviços não-exclusivos, a administração deve ser mais que descentralizada - deve ser autônoma: a sociedade civil dividirá, com o governo, as tarefas de controle.
No núcleo estratégico e nas atividades exclusivas a
propriedade será estatal. Ao contrário, na produção de bens e serviços há hoje consenso cada vez maior de que a propriedade deva ser privada. Nas atividades exclusivas surge o público não estatal. Serviços não exclusivos:
Burocratismo Neoliberalismo Social-democrata
Controle do Estado Privatização Financiamento estatal e controle da sociedade
No domínio das atividades exclusivas, a ideia é a
criação de “agências autônomas”; e as atividades não- exclusivas deverão se transformar em “organizações sociais”. As atividades de produção de bens para o mercado será regulada. Reforma do Estado para Cidadania
Luiz Carlos Bresser Pereira
Reforma Gerencial no Brasil O Plano Diretor da reforma do Aparelho do Estado, aprovado em 1995, contou com 3 dimensões: institucional, cultural e de gestão
Qualidade como estratégia de gestão - Dois programas
principais são criados: Programa de Qualidade e Participação, mais geral, e o Programa de Reestruturação e Qualidade dos Ministérios Programa de Qualidade e Participação: Mudança de cultura burocrática para gerencial. Para todos os órgãos da Administração Federal.
Programa de Reestruturação e Qualidade dos
Ministérios: Focado nos Ministérios, adesão voluntária, verificação de boas medidas já implantadas em cada setor e analisar a descentralização em dois aspectos
Importância do planejamento e gestão caminhar junto
com a reforma institucional Agências Executivas Pelo Plano Diretor são dois tipos de agências que executam atividades exclusivas do Estado: agências executivas e reguladoras. Em comum, ambas são autarquias dotadas de autonomia especial
Agência reguladora é mais autônomas por executar
políticas permanentes, independente do governo. Função é dada na lei de criação Agência executiva é dotado de maior autonomia de gestão e responsabilização por resultados, possibilitando adaptação às expectativas dos usuários
Exemplo de diferença – nomeação dos dirigentes
Separação da prestação do serviço e formulação de
políticas dentro de um ministério. Conversão de Secretaria que preste o serviço em Agência Executiva, evitando a criação de novas instituições. Fortalecimento do núcleo estratégico Contrato de gestão precedido de plano estratégico de estruturação, aprovado pelo Ministério, com indicação de metas e controle de resultado, indicadores de desempenho
Autonomia de orçamento (agregado e sem cortes), de
recursos humanos (adaptação de estruturas) e outros serviços e contratações
Problema é que órgãos queriam celebrar o contrato por
maior autonomia sem estarem minimamente preparados Organizações Sociais Papel central dentro da reforma
Os serviços sociais e científicos (não exclusivos) que eram
prestados diretamente pelo estado podem ser transferidos para entidades públicas não estatais
Espaço entre o Estado e o Mercado
Crescimento do número de entidades pela melhor
qualidade e maior eficiência, além de auxiliar no desenvolvimento econômico da região Publico é diferente de estatal. O publico não estatal pode ser visto como forma de controle social. Papel de intermediação.
Divisão bipartite do direito.
Por que não deve ser privado? Serviços básicos,
subsidiados pelo Estado, incompatíveis com a busca pelo lucro.
Mas isto é um dever do Estado? E se não for?
Publicização como alternativa ao estatismo e a privatização.
Extinção da entidade estatal para dar origem a essa
nova organização, após decisão ministerial ou criação de nova entidade
Risco de “feudalização”
Participação do popular nos Conselhos, e controle de
resultados através do contrato de gestão. Reforma Gerencial na Saúde Municipalização = porta de entrada
Responsabilização e proximidade dos usuários.
Mesmo com recursos federais, os gestores e Conselhos Municipais cuidarão efetivamente da saúde local, o que é mais efetivo
Controle sobre a demanda (ao invés da oferta de
leitos). Competição entre prestadores e hospitais Nova política de recursos humanos Pressão por alterações no trabalho dentro do setor público
Aumentar eficiência (amarras)
Cortar custos (mesmo com capacitação e recompensa
por resultados) Atividades exclusivas do Estado – “Carreiras”
Recrutar profissionais de excelência
Remuneração compatível
Programas de capacitação – maior adaptação
Eliminação de privilégios e redução de custos Primeira e principal medida foi a adoção de folha única para o Poder Executivo Federal Economia de 40 milhões no primeiro mês Erros, fraudes e gratificações sem amparo legal (ausência de controle) Dificuldade em interpretar leis e pressão sobre dirigentes de recursos humanos Auditoria SIAPE Fim da indexação de salários e efeitos em cascata
Regime Jurídico Único, criado após CF/88, era muito
protecionista
Substituição no caso das férias, licença-prêmio,
afastamento com remuneração para exercer cargo em comissão, incorporação, tetos, melhoras no PAD e mera aplicação da lei. Simplificação das compras Necessidade de nova lei de licitações
Lei 8.666/93 – muito burocrática
Ausência de autonomia e responsabilidade do
administrador, com culto muito alto para coibir corrupção, sem no entanto tratar da possibilidade de conluio entre fornecedores Utilizou como padrão obras e serviços de engenharia
Processo caro e lento, o que representa aumento médio de
10 a 20% dos preços quando se trata de compras pelo poder público
Critério do menor preço
Propostas Reduzir a lei pela “metade”
Classificar o objeto da contratação
Simplificação de compras menores; unificação e
aumento do limite de dispensa
Maiores garantias de que a obra ou serviço sejam
realizados nos prazos pactuados Terceirização Política de terceirizar atividades de apoio
Possibilidade de focar em suas áreas de atuação
Vedar a execução indireta para suprir falta de pessoal e