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FACULDADE DE DIREITO
SOCIOLOGIA I
Introdução:
Desde os tempos antigos, datado da Grécia antiga, antes da construção das pirâmides
do vale do Gizé, se discute o que é arte e seu impacto no mundo e nas pessoas, como um todo.
Escultores do helenismo grego, pintores do renascimento italiano, e mais recentemente,
dançarinas russas do ballet de Bolshoi. Todos estes artistas já se fizeram ou ainda farão essa
fatídica pergunta, o que é arte? Ou até, transformando esta questão em uma melhor pergunta:
por que arte? Queremos saber o porquê da arte nos tocar de tantas formas, e de tantas
diferentes formas, em indivíduos diferentes, como é possível a simples expressão e
compreensão do mundo através dos olhos do outro nos conectar como civilização através da
cultura.
Para além de todas estas indagações, neste artigo eu e meus colegas iremos mais
longe, nosso estudo aqui contempla a arte e, principalmente, em como ela muda o mundo.
Como a arte é usada como ferramenta para alcançar igualdade social e acesso à cultura.
Artistas que fazem do mundo um lugar melhor, através desta antiga forma de expressão,
trazendo a cultura em lugares que normalmente não se chega por meios comuns.
Neste artigo apresentaremos o projeto Casa Amarela, criado pelos artistas Jean Réne
(também conhecido como JR) e Maurício Hora, uma iniciativa que através da arte e da
cultura, muda a vida de inúmeros jovens da periferia. A Casa Amarela é um espaço cultural,
que foi fundado no ano de 2009, no Morro da Providência, na cidade do Rio de Janeiro. O
projeto tem como foco, não só a introdução no campo da arte e da cultura, mas todo um apoio
social, carecido pela população do morro, negligenciada pelas autoridades da cidade do Rio
de Janeiro, problema que populações de comunidades conhecem bem, tendo este empecilho
como uma constante no quotidiano.
O projeto impacta positivamente inúmeros jovens do Morro da Providência, jovens
que antes tinham pouco contato com a cultura, agora vêem neste projeto, uma oportunidade
para aprenderem algo novo, tanto como para seu próprio lazer, mas também tendo a
oportunidade de adquirir também uma profissão, alcançando assim uma nova perspectiva.
O propósito:
A visão:
O valores:
A arte como mudança do estado do ser sempre teve um papel fundamental desde a sua
existência. O meio artístico é uma das únicas ferramentas capaz de desbloquear sensações e
visões de cunho a explorar nossa existência, nosso papel na sociedade e até a expressar
mundos e sociedades utópicas. Somos capazes de vivenciar a experiência de utopias,
devaneios, modelos de sociedade, lugares inexistentes graças a arte e quando falamos em arte,
temos: artes plásticas, artes visuais, cinema, música, teatro, dança, performance, artesanato e
fotografia. Todas essas são ferramentas que criam a vivência e experiência capaz de nos
mostrar ideias e aflorar sensações e sentimentos nas pessoas. A arte ajuda na formação de
modelos, influência na formação e na tomada de decisão de indivíduos, a tornar alcançável o
inalcançável, ela é capaz de mostrar lugares e caminhos que pode-se seguir, funciona como
um abridor de portas.
Quando se concretiza isso e torna a arte em algo aplicável a uma sociedade é trazer um
ar de esperança e a prática de aflorar a criatividade nas pessoas. Pessoas criativas são pessoas
de maior valor para uma sociedade, elas são capazes de encontrar e criar soluções tão práticas
e funcionais, é um investimento social com um caráter riquíssimo e capaz de trazer um
retorno imensurável para uma comunidade, por exemplo.
Tudo era interessante para fotografar no começo. Aí eu fui entender que não era só a
fotografia em si, era a qualidade da fotografia, era o assunto que eu estava
fotografando, diversos elementos para gerar uma imagem. Esse foi um aprendizado
longo (depoimento de Maurício Hora transformado em quadrinho. DINIZ, 2011,
sem página).
Hora se destaca por ser um precursor na retratação afetiva da favela, retratando sempre
a busca pelo local de paz do local onde nasceu. Por sua criação e vivência no local, Maurício
busca sempre retratar de forma quase afetuosa os locais onde cresceu, mas trazendo consigo
sempre o tom crítico e político, conseguindo efetivamente fugir do local comum constante
retratado do Morro. Foi o primeiro a retratar a favela a noite, Maurício solicitou autorização
dos agentes dominantes locais para conseguir realizar tal foto, oque faz com regularidade para
possibilitar seus projetos.
“Isso me deu uma noção e uma capacidade de discutir o território. Agora, me frustra
porque, no fim, vale o que o tráfico determina. Por causa do descaso das
administrações, é ele que tem força. O tráfico consegue transformar e fazer ações, às
vezes sem pensar, e a comunidade aceita, e até gosta. E eu, que estou ali, não
consigo fazer nada. Já aprendi que não posso brigar contra isso.”
Em 2005 Maurício foi um dos constituintes na criação do projeto Favelité, projeto este
que levava as favelas do rio para os metros parisienses. é por meio deste projeto que Jean
Réné conhece o trabalho de Maurício e foi até o Rio de Janeiro conhecê-lo.
Com sua vinda ao Morro da Providência em 2009, JR buscava um local para sediar
seu projeto “Women are Heroes”. JR realizou sua primeira intervenção artística no Rio de
Janeiro instalando a fotografia da avó de um menino, que havia 3 semanas antes sido
capturado pela polícia e levado a uma facção inimiga, onde foi morto. Esta obra estampava a
escadaria que divide o Morro da Providência do asfalto, território de constantes investidas da
polícia. Ao ver o rosto desta senhora estampa o reconhecimento gera como comoção popular
da comunidade, assim gerando compreensão do papel da arte na sociedade.
Assim nasce neste local uma abertura social de implementação de projetos artísticos e
sociais. Procurando mudar a forma como se vê o mundo através da arte e esperando tornar
visíveis aqueles que muitas vezes são esquecidos ou vivem à margem da sociedade juntam-se
Maurício Hora e JR para a fundação da Casa Amarela. Maurício trazendo consigo a bagagem
não só artística ativista mas também seu conhecimento e origem, Maurício cresceu como
artista periférico, atualmente entitula-se como fotógrafo favelado, lutando pela ressignificação
do termo favelado, e buscando não só traduzir ao mundo sua vivência mas também em
constante busca por trazer ao Morro da Providência novos paradigmas. JR traz consigo seu
ativismo político e social, nascendo assim dessa parceria a Casa Amarela.
“Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão
das manifestações culturais. ”
Apresentação de dança do coletivo Quilombo da Provi, formado com o resultado
das práticas aplicadas nas aulas de dança afro.
KEKERÊ:
Originado de nome Yoruba, a palavra tem o significado de pequeno, dessa forma, tudo
que está pequeno, tende a crescer. O grupo, que acolhe as crianças de 3 á 7 anos, tem esse
nome, para que as mesmas, já conheçam desde bem pequenas, os grupos étnico-raciais e a
cultura brasileira, além, de entender sobre a história do local que estão, o morro da
providência.
“O grupo Kekerê simboliza nosso trabalho com crianças pequenas na Casa Amarela,
que é o início e o fundamento do processo educativo na instituição. Acreditamos que
a educação infantil é um solo fértil, pela possibilidade de contribuir na continuidade
das aprendizagens da criança em sua trajetória na Casa Amarela e ao longo da vida.”
De acordo com a citação, esse grupo atua na vida da criança, já que nessa idade, as
coisas da mais práticas e construtivas, pois eles ainda não tem uma noção muito grande do
que acontece. Então, o grupo Kekerê, ensina tudo que é possível para a criança, como etnias,
religiões, deficiências, gêneros, culturas, para que essa idade, consiga entender a importância
de diferenciar e valorizar esses grupos, sem nenhuma discriminação e consciência.
O mesmo grupo atua com outras áreas, como alfabetização, dança afro é brincadeiras.
Pelo ponto de vista da Casa Amarela, tudo que puder ensinar para a criança, é de extrema
importância e essencial para a formação dela, por isso, na área de alfabetização, os pequenos,
são totalmente auxiliados, com atividades educativas, mas, que não obriguem tanto os
menores, a se sentirem pressionados com algo que não consigam fazer. A ferramenta
educativa, atua juntamente com práticas didáticas, de brincadeiras, em busca de uma forma
mais gradativa é fácil deles entenderem. Os atuantes do grupo, mostram que quando se é
menor, as coisas que mais se aprendem, são em formas de jogos, desenhos e principalmente
brincadeiras diversas, por isso, não pode deixar de entrar, no meio da construção do Kekerê.
Na dança afro, a compreensão simbólica nas reuniões, são os temas mais importantes,
com o principal estudo em OXUM. As músicas africanas, são sempre o ponto certo, com o
ambiente totalmente preparado para lidar e apoiar essas crianças, na aprendizagem desse
tema, que as levam ao fascínio, com a imagem de OXUM. As mesmas, aprendem os termos
de ioruba, que são presentes em toda a mitologia e ecologia dos orixás, os termos do tipo
abebé e a função dos orixás e as demais palavras. Os instrumentos também se tornam algo
simbólico, e diários, já que simbolizam a energia, e em como esses pequenos vão aprender a
controlá-la, trabalhá-la e apropriar essa energia.
ERÊS:
O grupo dos Erês, também com origem Iorubá, tem o significado de brincar, fala sobre
a espírito infantil, mas, o mesmo nome, também contém significado, em Tupi-Guarani, com
qualificar e quantificar as emoções. O grupo acolhe crianças e pré adolescentes, de 8 ate 13
anos. A atividade principal, é o entendimento dos mesmos, com a valorização das culturais e
etnias raciais, e o combate com a desigualdade.
Os pequenos, aprendem nesse grupo, a ter autoestima com sua origem, e desde cedo a
compreenderem melhor a história de cultura africana, e afro-brasileira, assim entendendo, que
isso que estão lendo, contém no dia a dia, e na busca de acabar e superar o racismo. Os
recursos utilizados, são textos e imagens que tendem mostrar a construção histórica dos
ancestrais, tendo informações sobre a vida deles, e consequentemente, melhorando a
comunicação, atenção, iniciativa, e a noção de pertencimento e identidade racial.
A música no grupo, se tornou um instrumento marcante, contando com violinos,
violoncelo, e teoria da música. E para aqueles que se interessam nessa área, a Orquestra Luna,
fará uma apresentação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com os viventes tendo
espaços adequados, no seu direito.
O ICAB, é um desdobramento da dança afro que estimula a memória, construindo
percursos e dando fortalecimento para identidade, da dança afro na vida da criança. Esse
projeto, é constituído por mestres da cultura, viventes culturais e profissionais de dança, que
estão lá, colaborando com isso, e mostrando a vivência deles, para os pequenos que estão
aprendendo agora.
As aulas práticas do grupo, são de esportes diversos, tendo aula de skate, boxe e até
mesmo inglês. Os materiais, são todos disponibilizados pela Casa Amarela, que em agosto de
2022, construiu sua primeira pista de skate, no alto do morro da Providência. Já a aula de
Boxe, tem como intuito desenvolver o emocional, físico e cognitivo das crianças. Além de
auxiliar na disciplina, equilíbrio, respeito e coletividade. Nas aulas de inglês, as crianças
tendem a ter interesse, pela língua estrangeira, opções boas de trabalho na vida adulta e as
possibilidades de saírem do pais, sem contar, com as aulas interativas que os fazem conhecer
uma nova perspectiva do mundo.
SOMODÉ:
Esses dois trabalhos, somado a outras feitos por diversas ONGS produzem e um efeito
moral e social de importância política cultural fundamental e eficaz na população brasileira, o
apoia a juventude tem sido uma forma de prosperar um ambiente que produziu e ainda produz
uma grande parte da identidade cultural no país, buscar recursos e externos e aplicá los nas
pessoas aqui ali vivem, com o intuito subsistência cultural, podendo ampliar horizontes e
fomentar uma gama de recursos para própria comunidade.
A CUFA por meio de seus trabalhos com a música, com a dança e o fono na cultura de
rua como: o rap, o hip hop, o basquete e o futebol de várzea, proporcionou e revelou diversos
talentos que hoje ocupam um papel de referência na sociedade, artistas que hoje podem viver
e construir discussões importante ao desenvolvimento social, esse papel e essas possibilidades
têm impactos profundos na representatividade real das favelas no mundo moderno.
“Durante as conversas é muito evidente que o fator sobrevivência sempre pesa mais,
resistir, antes de tudo, é sobreviver na Sevirologia como já dizia o mestre Soró.
Garantindo a sobrevivência, o ato de resistir implica em destruir alguma coisa para
construir outra coisa.” (CABRAL, 1974, p. 11).
Considerações finais:
Referências:
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. Editora Perspectiva SA, 2020.
BEIRIGO, Nicollas. Meio fotógrafo, meio artista plástico, JR é o ativista urbano que você
precisa conhecer, GQ. 2019. Disponível em:
<https://gq.globo.com/Cultura/noticia/2019/03/meio-fotografo-meio-artista-plastico-jr-e-o-ati
vista-urbano-que-voce-precisa-conhecer.html>
CABRAL, Amílcar. Análise de alguns tipos de resistência. Lisboa: Seara Nova: 1974.
Casa Amarela. Can Art Change The World, 2022. Nossos Grupos. Disponível em:
<www.canartchangetheworld.net>
DE MATTOS, Mára Beatriz Pucci. Projeto Casa Amarela: uma experiência de educação
inclusiva e trabalho social. Saber & Educar, n. 19, p. 86-95, 2014.
FELIPPSEN, Cosme. Casa amarela põe os artistas no mundo da lua, Diário do Porto,
2019. Disponível em:
<https://diariodoporto.com.br/casa-amarela-poe-os-artistas-no-mundo-da-lua/>
TELLA, Marco Aurélio Paz. Atitude, arte, cultura e autoconhecimento: o rap como voz
da periferia. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 2000. Disponível em:
<https://tede.pucsp.br/bitstream/handle/18440/1/Marco%20Aurelio%20Paz%20Tella.pdf>