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O que é a Casa Amarela Providência?

A Casa Amarela é um Centro Educacional localizada no Morro da Providência, Zona Central


da cidade do Rio de Janeiro, o projeto visa a intregação da comunidade a sociedade e na
colaboração do desenvolvimento humano e territorial a partir da arte, apoio social, educação e
cultura buscando uma queda no impacto social mediante a realidade das comunidades
cariocas com o descaso governamental do estado. O artista francês JR, juntamente ao
fotógrafo brasileiro Maurício Hora fundaram o projeto em 2009.

O projeto no quesito de integração e desenvolvimento do indivíduo na


sociedade.
O projeto funciona juntamente com a colaboração de educadores, moradores, artistas,
ativistas e produtores locais ou de outras localidades. Essa integração ocorre no espaço Casa
Amarela promovendo encontros artísticos e culturais, cursos profissionalizantes, fomento da
educação e do desenvolvimento de conhecimentos e saberes para o aprimoramento do
indivíduo e como consequência a valorização do território e cultura local.
É de suma importância entender como um projeto desse nível interfere diretamente na vida
das pessoas da comunidade. A partir do momento em que há um fator resultante e focado na
integralização dessas pessoas ao mundo como um todo intervem totalmente no rumo daquela
vida.
Para Gonçalves e Nercolini (2018, p. 35): "Toda e qualquer produção artístico-cultural
é engendrada dentro de uma cultura, nas conexões estabelecidas entre as diversas
manifestações artísticas, nestes ambientes “entreculturais” vivenciados pelos sujeitos
contemporâneos."
O projeto constitui ideais fortíssimos em relação ao desenvolvimento humano, em que você
tem o ensino e a valorização da arte e cultura, que ensina os valores da vida e da valorização
da vida e dos caminhos que a arte proporciona e como é ser uma pessoa culturalmente ativa
em uma sociedade é um ponto positivo, entender e saber usufruir do mundo e suas
possibilidades, aprender a apreciar um lugar, uma cultura local, um estilo de música, arte ou
dança. E parte para o ponto da oferta de cursos profissionalizantes, momento em que ocorre
uma integração profissional ao mundo e ao mercado de trabalho daquelas pessoas, mostrar e
entender o que há de melhor naquilo e como seguir um caminho profissional, entendendo as
demandas e uma financeiramente ativa e equilibrada. A continuidade dos conhecimentos e
saberes, os fundamentos da vida, e como esses tópicos interem diretamente no julgamento e
no discernimento das pessoas em relação ao uso e a inclusão de si a um lugar e a uma cultura.
Com isso se estabelece a criação de um vínculo entre a comunidade ao mundo, mostrar que
todos fazem parte e que o acesso é para todos, acesso aos museus, galerias de arte, cinemas,
praças e locais públicos, universidades e empresas.

O propósito:
Incentivar a educação, artística, cultural e social para influenciar no desenvolvimento
de crianças, jovens e adultos.

A visão:
Promoção e criação da ambientalização socioeducativa e comunicativa com os meios
sustentáveis e territoriais do Morro da Providência, assim tornando-se um centro educacional
artístico de cunho social referência no movimento social das comunidades.

O valores:
A valorização cultural e tradicional do lugar e a garantia de uma harmonia e respeito
às diversidades, juntamente com comprometimento da educação étnico-raciais.

A arte pode mudar o mundo?


A arte como mudança do estado do ser sempre teve um papel fundamental desde a sua
existência. O meio artístico é uma das únicas ferramentas capaz de desbloquear sensações e
visões de cunho a explorar nossa existência, nosso papel na sociedade e até a expressar
mundos e sociedades utópicas. Somos capazes de vivenciar a experiência de utopias,
devaneios, modelos de sociedade, lugares inexistentes graças a arte e quando falamos em arte,
temos: artes plásticas, artes visuais, cinema, música, teatro, dança, performance, artesanato e
fotografia. Todas essas são ferramentas que criam a vivência e experiência capaz de nos
mostrar ideias e aflorar sensações e sentimentos nas pessoas. A arte ajuda na formação de
modelos, influência na formação e na tomada de decisão de indivíduos, a tornar alcançável o
inalcançável, ela é capaz de mostrar lugares e caminhos que pode-se seguir, funciona como
um abridor de portas.
Quando se concretiza isso e torna a arte em algo aplicável a uma sociedade é trazer um
ar de esperança e a prática de aflorar a criatividade nas pessoas. Pessoas criativas são pessoas
de maior valor para uma sociedade, elas são capazes de encontrar e criar soluções tão práticas
e funcionais, é um investimento social com um caráter riquíssimo e capaz de trazer um
retorno imensurável para uma comunidade, por exemplo.
Portanto, a arte detém a capacidade de mudar o mundo. A arte enriquece a sociedade,
ela explora não só a criatividade do indivíduo, mas tem forte influência na questão do
desenvolvimento do ser, no seu discernimento em fruto da sua existência e no seu papel como
ser humano participativo de uma comunidade.

A compreensão de origem dos idealizadores é também a compreensão do


projeto
Em busca de compreensão da fundação vê se necessário a contextualização de cenário
de vivência dos idealizadores deste projeto. Sendo esses Mauricio Hora e Jr.
Maurício Hora foi tema do livro Morro da favela, ganhador do prêmio Troféu HQ
Mix, escrito por André Diniz e publicado no Brasil em 2011. Nesta novela gráfica tem-se
retratar as memórias de Maurício, não só manifesta as memórias, mas também denota o morro
da Providência. Por meio deste é possível compreender o processo que levou Maurício a se
tornar um dos idealizadores da Casa Amarela, mas não só, como também compreender o
contexto sócio político do mesmo. Nascido e criado no Morro da Providência, Maurício teve
uma infância turbulenta, sendo seu pai o primeiro a instituir uma boca de fumo na
Providência. Maurício foi criado pelos avós até seus 6 anos e não frequentou a
escola-primária, passando a maior parte de seu tempo em casa. Sua história tem como ponto
determinante o seu encontro com uma Pentax, onde começa seu trabalho como fotógrafo:

Tudo era interessante para fotografar no começo. Aí eu fui entender que não era só a
fotografia em si, era a qualidade da fotografia, era o assunto que eu estava
fotografando, diversos elementos para gerar uma imagem. Esse foi um aprendizado
longo (depoimento de Maurício Hora transformado em quadrinho. DINIZ, 2011,
sem página).
Hora se destaca por ser um precursor na retratação afetiva da favela, retratatando
sempre a busca pelo local de paz do local onde nasceu. Por sua criação e vivência no local,
Maurício busca sempre retratar de forma quase afetuosa os locais onde cresceu, mas trazendo
consigo sempre o tom crítico e político, conseguindo efetivamente fugir do local comum
constante retratatado do Morro. Foi o primeiro a retratar a favela a noite, Maurício solicitou
autorização dos agêntes dominantes locais para conseguir realizar tal foto, oque faz com
regularidade para posssibiltar seus projetos.

Isso me deu uma noção e uma capacidade de discutir o território. Agora, me frustra
porque, no fim, vale o que o tráfico determina. Por causa do descaso das
administrações, é ele que tem força. O tráfico consegue transformar e fazer ações, às
vezes sem pensar, e a comunidade aceita, e até gosta. E eu, que estou ali, não
consigo fazer nada. Já aprendi que não posso brigar contra isso.”

Em 2005 Maurício foi um dos constituintes na criação do projeto Favelité, projeto este
que levava as favelas do rio para os metros parisienses. é por meio deste projeto que Jean
Réné conhece o trabalho de Maurício e foi até o Rio de Janeiro conhecê-lo.

Jean Réné, popularmente conhecido pelo pseudonimo JR, se trata de um fotógrafo,


que utiliza-se também de artes plásticas. Propositalmente não é possível localizar muitas
informações a parte da vida pessoal de JR. Internacionalmente conhecido e denomiado como
ativista JR busca sempre o tom político em suas obras, reconehcido tambem por seus projetos
sociais espalhados pelo mundo. Seu trabalho se destaca por utilizar-se do meio urbano porém
fugindo do grafitte, em contra-mão utiliza-se de fotografias em preto e branco aplicadas como
Lambe (tecnica que utiliza habitualmente da impresão de cartazes, sendo colados em muros e
paredes urbanas), a utilização desta tecnica é tida como distinta por se tratar de um método
efêmero, pois pode ser facilmente danificada, porem também é distinto por se tratar de um
método acessível de criação.

Com sua vinda ao Morro da Providência em 2009 JR buscava um local para sediar seu
projeto “Women are Heroes”. Jr realizou sua primeira intervenção artística no Rio de Janeiro
instalando a fotografia da avó de um menino, que havia 3 semanas antes sido capturado pela
policia e levado a uma facção inimiga, onde foi morto. Esta obra estampava a escadaria que
divide o Morro da Providência do asfalto, território de constantes investida da polícia. Ao ver
o rosto desta senhora estampa o reconhecimento gera como comoção popular da comunidade,
assim gerando compreensão do papel da arte na sociedade.

Assim nasce neste local uma abertura social de implementação de projetos artísticos e

sociais. Procurando mudar a forma como se vê o mundo através da arte e esperando tornar
visíveis aqueles que muitas vezes são esquecidos ou vivem à margem da sociedade juntam-se
Maurício Hora e JR para a fundação da Casa Amarela. Maurício trazendo consigo a bagagem
não só artística ativista mas também seu conhecimento e origem, Maurício cresceu como
artista periferico, atualmente entitula-se como fotografo favelado, lutando pela ressignificação
do termo favelado, e buscando não só traduzir ao mundo sua vivência mas tambêm em
constante busca por trazer ao Morro da Providência novos paradigmas. JR traz consigo seu
ativismo político e social, nascendo assim dessa parceria a Casa Amarela.
Referências
GONÇALVES, R. A; NERCOLINI, M. J. A cultura urbana periférica: silenciamentos e
táticas. Revista Soletras, 2018. Disponível em:
https://www.google.com/url?sa=D&q=http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/soletras/art
icle/viewFile/34425/26598&ust=1669929600000000&usg=AOvVaw3e5yJtkf4Aqz2Cb-MXo
pxY&hl=en

O MÉTODO PEDAGÓGICO APLICADO NA CASA AMARELA E


SEU SUCESSO.

Os métodos de ensino aplicados na fundação levam em consideração: o


desenvolvimento cognitivo da criança e do adolescente, a formação social como indivíduo e
principalmente, a inclusão e o acesso a aulas de alfabetização, artes e música, esportes e
dança.
Atualmente, a equipe é composta por 14 instrutores, sendo uma vaga ocupada por um
estagiário do projeto¹. Os educadores trazem para a casa uma ampla quantidade de oficinas,
que vão de dança hip-hop, até aulas de violino. Isso demonstra a preocupação da fundação em
oferecer conteúdo diversificado e que contempla diferentes gostos pessoais.
As oficinas oferecidas na casa são ministradas para quatro grupos de alunos, sendo
estes:
Kekerê (3-7 anos), Erês (8-13 anos), Somodé (14-21 anos) e Adultos. Os nomes dos grupos
pertencem à linguagem Yorubá, de matriz africana. O objetivo é trazer o reconhecimento e
valor aos diferentes grupos étnico-raciais na história e na cultura brasileira, sobretudo no
território que vivem, Morro da Providência , parte integrante da "Pequena África”.
Além das aulas ministradas para crianças e adolescentes, o projeto valoriza a
importância da arte-educação também para os adultos, de maneira a inseri-los em contextos
que não teriam acesso se não fosse pelo projeto. No site é possível encontrar relatos de
diversos ex-alunos, que se encontram com ocupações profissionais graças ao projeto.

“Para que as décadas futuras sejam mais promissoras à arte-educação, é necessário


primeiro romper com o preconceito de que arte-educação significa arte para criança
e adolescente. Arte/educação é epistemologia da arte e portanto, é a investigação dos
modos como se aprende arte na educação infantil, no ensino fundamental e médio e
no ensino superior".²

O projeto também é responsável pela formação de coletivos, unindo os alunos para


além da fundação. A formação de coletivos é essencial para a socialização do indivíduo, na
troca de experiências e aperfeiçoamento pessoal e para criação do senso de comunidade, um
dos pilares da Casa Amarela. Os coletivos e a Casa Amarela cumprem um papel fundamental
para que o acesso à cultura chegue à periferia, e que não é feito por mais nenhum órgão ou
entidade governamental. Apesar de na Constituição de 1988 conter o seguinte artigo:

“Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão
das manifestações culturais. ”³

Apresentação de dança do coletivo Quilombo da Provi, formado com o resultado das


práticas aplicadas nas aulas de dança afro.

Os esforços realizados pela equipe da Casa Amarela cumprem um papel magnífico


que une a arte-educação com a formação do indivíduo, proporcionando aos viventes novos
horizontes e contato com novas realidades.
Por exemplo, o projeto de extensão “Orquestra Luna”, das educadoras Glaucia Maciel
e Juliane Souza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que levou as crianças da turma
Erê para dar um passeio na universidade UNIRIO, onde as crianças tiveram contato com o
campus, com aulas ministradas por professores e se encantaram com o mundo de
possibilidades oferecido pela universidade.
Além desse contato muito importante com o meio acadêmico, os viventes
apresentaram-se em uma orquestra no Theatro Municipal em outubro.

NO TOPO DO MORRO DA PREVIDÊNCIA DESDE 2009: A CASA


AMARELA NA REDE E SUA FORMA DE COMUNICAÇÃO

A forma como a casa amarela se coloca online, suas mídias sociais. Muito a par das
novas tecnologias, com uma página no instagram e facebook, com um bom site que conta com
depoimentos de ex-alunos e explicar
O slogan “can art change the world”, que é uma provocação artística que já é
respondida pela própria fundação, que impactou fortemente a vida de diversos jovens e
adultos na favela da providência no rio de janeiro

Referências
GONÇALVES, R. A; NERCOLINI, M. J. A cultura urbana periférica: silenciamentos e
táticas. Revista Soletras, 2018. Disponível em:
https://www.google.com/url?sa=D&q=http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/soletras/art
icle/viewFile/34425/26598&ust=1669929600000000&usg=AOvVaw3e5yJtkf4Aqz2Cb-MXo
pxY&hl=en

¹Educadores, Website Casa Amarela- http://www.canartchangetheworld.net/educadores


²BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. Editora Perspectiva SA, 2020.
³BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 31.ed. São
Paulo: Saraiva, 2003. p. 134.

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