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Erik Andersen Bastos Melo

Centro Universitário Senac

Intervenções gráficas urbanas: O reflexo da homossexualidade em São Paulo

Projeto de pesquisa submetido ao Centro Universitário


Senac para o desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de
Curso do Bacharelado em Design LFE em Design Gráfico.

Orientador:
1. Luciano Augusto Mariussi

São Paulo
2023
AGREDECIMENTO

Primeiramente, agradeço ao meu orientador Luciano Mariussi, por sua orientação,


suporte e conhecimentos compartilhados ao longo deste processo. Suas sugestões
valiosas e feedbacks construtivos foram fundamentais para o desenvolvimento deste
trabalho.

Reconheço também principalmente a minha mãe Erika Cristina, ao meu padrasto Célio
Pereira e meu avô Adoni Bastos, que sempre estiveram ao meu lado, fornecendo apoio
emocional e encorajamento durante toda a jornada acadêmica. Suas palavras de
incentivo foram essenciais para superar os desafios encontrados ao longo do caminho.

Por fim, minha gratidão a todos que de alguma forma estiveram presentes nessa
jornada acadêmica e contribuíram para o sucesso deste trabalho. Sou extremamente
grato por toda a ajuda e apoios recebidos.

Obrigado!
"ACIMA DE TUDO, NUNCA PERCA A VONTADE DE CAMINHAR. TODOS OS DIAS, EU
CAMINHO ATÉ ALCANCAR UM ESTADO DE BEM-ESTAR E ME AFASTO DE QUALQUER
DOENÇA. CAMINHO EM DIREÇÃO AOS MEUS MELHORES PENSAMENTOS E NÃO
CONHEÇO PENSAMENTOS ALGUM QUE, POR MAIS DIFÍCIL QUE PAREÇA, NÃO POSSA
SER AFASTADO AO CAMINHAR. ”
- Søren Kierkegaard
SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................... 5

ABSTRACT ............................................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 7

OBJETIVOS .............................................................................................................................. 9

JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 10

METODOLOGIA...................................................................................................................... 11

INTERVENÇÃO URBANA ...................................................................................................... 12

INTERVENÇÕES GRÁFICAS NO ESPAÇO URBANO EM SÃO PAULO ........................... 15

lINGUAGEM ARTÍSTICA E REFERÊNCIAS ......................................................................... 23

A HOMOSSEXUALIDADE VISTA EM SOCIEDADE ............................................................ 30

DISCRIMINAÇÕES CONTRA OS HOMOSSEXUAIS NA CAPITAL PAULISTANA ........... 33

DESIGN COMO LINGUAGEM ............................................................................................... 37

LINGUAGEM DAS CAMPANHAS HOMOSSEXUAIS ABORDADAS EM SÃo PAULO ..... 41

ESTUDO DE CONCEPÇÃO ................................................................................................... 47

PROJETO ................................................................................................................................ 51

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 67

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... 68

CRONOGRAMA ...................................................................................................................... 71

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 72
5

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a homossexualidade no contexto social
em São Paulo, tendo como proposta o desenvolvimento de intervenções gráficas digitais,
que questiona o uso dos espaços públicos sobre o respeito a diversidade. A partir de uma
análise do contexto urbano do qual as intervenções emergem e do tipo de cultura que ali se
constrói, a intervenção urbana é compreendida como uma forma de resistência própria das
culturas populares, onde se identifica uma constante tensão frente à cultura hegemônica.

Palavras-chave: Intervenções gráficas urbanas, homossexualidade, design, discriminações


em São Paulo.
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ABSTRACT

This paper aims to reflect on homosexuality in the social context in São Paulo, having as a
proposal the development of digital graphic interventions, which put questions on the use of
public spaces on respect for diversity. Based on an analysis of the urban context from which
the interventions emerge and the type of culture that is inserted there, urban intervention is
understood as a form of resistance owned by the popular cultures, where a constant tension
is identified against the hegemonic culture.

Keywords: Urban graphic interventions, homosexuality, design, gender discrimination in São


Paulo.
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INTRODUÇÃO

A cidade de São Paulo é um amontoado de ruas e casas, objetos e imagens, onde cidadãos
paulistanos convivem diariamente com situações de diversas naturezas. É neste meio, de
tantas diferenças, que a imagem urbana se consolida na discriminação e exclusão. Meu
trabalho consiste em enfatizar e discutir os principais tipos de discriminações contra os
homossexuais no cenário urbano paulistano.

O ponto de partida para os estudos recai sobre a homossexualidade, onde a homofobia não
é um problema que afeta apenas a minoria. O reconhecimento e o respeito à diversidade e
à pluralidade constituem um fundamento da democracia como Igualdade de direitos. Fim da
discriminação. Fim da violência. Cidadania plena. Reconhecimento. Respeito. Essas são as
nossas reivindicações.

A pesquisa se inicia trazendo algumas considerações sobre os artistas pautados como:


Eduardo Scrur, Arnaldo Antunes, Andrés Sandoval e Augusto Sampaio, para compreender
sobre as obras na cidade e impactos causados pelas suas interferências e ruídos que fogem
do senso comum. O trabalho também consistiu em novas referências para a discussão
urbana que ampliassem a questão da conscientização imediata através de artistas que
realizam intervenções por meio dos lambes e gerenciar encontros para mapear e entender
a cidade como o todo.

Intervenções gráficas urbanas têm feito parte do cotidiano das cidades e impactado, de
diversas formas, os espaços de convivência e passagem nessas geografias. Para além das
intervenções com a utilização por meios dos lambes, são cada vez mais presentes e geram
tensões no que se refere a sua existência e propagação. Assim como essa particularidade
faz atentar para outras formas de significação das intervenções, demanda também uma
discussão de uma perspectiva compreensiva, qualitativa e localizada para a demarcação do
processo.
A partilha da sensível faz ver quem pode tomar parte no comum em função daquilo
que faz, do tempo e do espaço em que essa atividade se exerce. Assim, ter essa ou
aquela ‘ocupação’ define competências ou incompetências para o comum. (Raniere,
2009, p. 16)
8

De lá para cá, são anos em luta para transformar a arte urbana em uma arte reconhecida.
É realmente preciso ocupar e resistir assim como qualquer causa. Impulsionar o lambe é
uma forma de procurar por respeito também. Há muitos anos, o papel e a cola, através da
feitura de cartazes, são utilizados como publicidade ou pela simples vontade de comunicar
uma mensagem principalmente nas décadas de 60 e 70, com duras críticas ao período da
ditadura militar, a arte de espalhar papel por ruas, postes e superfícies urbanas tornou o
lambe-lambe uma linguagem de pertencimento à cidade.

O lambe é uma ótima estratégia de crítica e reflexão. Nada melhor que a rua para se debater
e deixar aquela inquietação para se pensar melhor sobre o assunto abordado as questões
da homossexualidade. Nesse sentido de intensificação da cultural, contendo as formas
dispersas da realidade, vemos o lambe-lambe como objeto não colecionável. A arte fica
exposta nas ruas, sendo do público para o próprio público, até́́́́ o cartaz ser arrancado.
9

OBJETIVOS

O discurso pela busca dos direitos homossexuais surge nesse contexto como uma
possibilidade da cultura perante a liberdade e expressão do desejo. A violência está
mascarada como uma forma de sociabilidade, que validaria normas sociais como um poder
de controle. Para os transgressores, o uso da força física justifica o impedimento do
reconhecimento do outro em seus atributos de identidade pessoal.

Atribuir a utilização principal do lambe-lambe como o meio intervenção urbana, dispara uma
linha crítica do movimento homossexual1, propondo uma reflexão contrária à atitude dos
transgressores, pautando desigualdade e norma social. Utilizar esses elementos de
composições nas grandes cidades, tem em relação viés crítico e dispõe-se de uma ideia e
reflexo sobre como a homossexualidade é vista hoje em dia.
[...] conceptualizado como não tendo uma identidade, essencial ou permanente. A
identidade torna-se uma ‘celebração móvel’: formada e transformada continuamente
em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas
culturais que nos rodeiam (HALL, 1999, p. 12-13).

Demonstrar as práticas de intervenções gráficas urbanas, é fazer da cidade um lugar de


diálogo. Se colocando de forma crítica na sociedade, debater os movimentos contra culturais
e mediar de forma ativista para impor todas as questões que semeiam a diversidade e
igualdade.

1
Movimentos civis LGBTQIAP+ no Brasil são uma série de manifestações sócio-político-culturais em favor do
reconhecimento da diversidade sexual e pela promoção dos interesses dos homossexuais diante da sociedade
brasileira.
10

JUSTIFICATIVA

A percepção da sociedade em relação às discriminações, constroem esses espaços onde o


respeito não cabe ao outro considerando aquilo que é fora dos padrões normais. O trabalho
focal condiciona as ações ou reflexões humanas, permitindo a ampliação da visão para a
estrutura e organização coletiva, cultural e social, identificando onde nos inserimos e
interagimos nestes contextos.

Ao analisar os artistas que constroem um campo de questionamento na cidade,


compreende-se que se cria uma ruptura na cultura hegemônica, levando até de certa forma
uma reflexão sobre as ações no cotidiano, e isso nos fazem pautar qualquer discurso ou
reflexão na capital. A aplicação deste trabalho é o contato direto com a comunidade
homossexual, trazendo a possibilidade de ocorrerem relações de afeto, identificação ou
questionamentos, gerando conexões pessoais e coletivas através dos lambes expostos pela
cidade, que promovem uma intensa experiência de autoconhecimento e reconhecimento da
nossa identidade, conforme a definição de Havrey:
A questão do tipo de cidade que desejamos é inseparável da questão do tipo de pessoa
que desejamos nos tornar. A liberdade de fazer e refazer a nós mesmos e a nossas
cidades dessa maneira é, sustendo, um dos mais preciosos de todos os direitos
humanos. (HARVEY, 2013, 28)

Abrir-se à percepção do espaço comum e público, e apropriar-se do seu uso como lugar de
expressão pessoal e coletiva, de trocas, da convivência, e das relações múltiplas entre os
indivíduos, resgatando também seu potencial transformador e de espaço urbano mais
democrático e social.

No que concerne ao tema, quanto mais paredes aparecem mais lambes são colados.
Quanto mais nos damos, mais recebemos. Quanto mais presente, mais futuro. Onde uma
técnica que pode e deve ser respeitada e multiplicada para diversos usos, tornando o
lambelambe uma linguagem de pertencimento à cidade. Nascia também aí, o cartaz como
forma de expressão artística.
11

METODOLOGIA

Para a composição deste trabalho, o primeiro passo foi compreender como a


homossexualidade é vista atualmente em São Paulo, acarretando levantar dados de casos
de homofobia ocorridos na capital através das fontes de Pesquisa IBOPE, G1 e Folha de S.
Paulo. Para a produção, foram utilizadas diversas fontes de pesquisa, entre livros, websites,
documentários e artigos, de modo a concretizar o embasamento teórico sobre o tema
apresentado.

Integralizando a pesquisa, foram realizados diversos experimentos com artistas e coletivos


de arte urbana, para que houvesse uma análise mais profunda sobre o meu tema e como
eu poderia expurgar nas ruas. O trabalho será realizado através de lambe-lambes como o
meio de intervenções gráficas e utilizar os espaços urbanos para a concretização do
trabalho e fazer com que se crie diferentes formas de narração por quem passa e os veem
expostos, condicionando a criar um discurso naquele ambiente que foi inserido. E mais
especificamente será projetado no dia 17/05 (Data internacional contra a homofobia), a qual
fortifica a realização do trabalho.

O estudo aplicado sobre o processo de elaboração será fundamentado em ideias e estilos


narrativos diferentes, abordando a respeito da homossexualidade marginalizada no contexto
social, que se subdivide em três categorias: frases ativistas, trocadilhos e
reflexões/questionamentos. Movendo elementos do British Punk2, para a construção dos
conceitos discutidos nesta análise.

O método de pesquisa escolhido favorece uma liberdade na análise de se mover por


diversos caminhos do conhecimento. Isso possibilita assumir várias posições no decorrer
do percurso, não obrigando atribuir uma resposta única e universal a respeito do tema. As
possibilidades de análise são inúmeras quando se trata da expressão sociocultural de uma
sociedade.

2
British Punk - Movimento punk em Londres de 1976 como uma subcultura dos principais conceitos norteadores na
indignação, habilitando o indivíduo a construir e reinventar sua própria identidade.
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INTERVENÇÃO URBANA

As cidades são o horizonte da contemporaneidade, não se pode compreender a criação


artística atual independentemente das grandes escalas da metrópole, aliadas à perda das
referências históricas e locais que provocam. Essa questão tem marcado decididamente a
produção e o debate atuais em torno da arte e do espaço público: nos últimos anos, foram
desenvolvidos diversos projetos para o espaço urbano, cuja relação com operações das
manifestações e desenvolvimento urbano são cada vez mais complexas e polemicas,
gerando ao mesmo tempo uma ação de refluxo, de reafirmação da autonomia da obra
ocupada.

Na transição da década de 1940 para a de 1950, o Expressionismo Abstrato. Contudo, o


caráter autocrítico destas pinturas revelou o seu distanciamento do mundo, de modo que, a
partir dos anos 1960, uma nova geração de artistas buscou resgatar uma relação mais
aproximada com o real. Tal reaproximação entre a arte e a realidade deu-se não apenas
numa dimensão estética, mas também política, cultural e social. Neste contexto, o papel das
instituições, o lugar da arte como os grandes museus, o mercado e o público foram
questionados.
Artistas como Michael Asher, Daniel Buren, Marcel Broodthaers, dentre outros,
contestaram a ‘inocência’ do espaço, ou seja, a sua ênfase nos aspectos físicos e
espaciais, incorporando ao site aspectos relativos à sua estrutura cultural definida
pelas instituições de arte. Os espaços institucionais (galerias, museus etc.) passaram a
ser vistos como modelos ideais que expressavam a si mesmos colaborando no
distanciamento entre o espaço da arte e do mundo exterior. Daniel Buren acreditava
que qualquer trabalho, independentemente do local em que está exposto, é
contaminado pelo lugar, portanto, de acordo com o artista, se ele não enfrenta e
considera tal influência converte a obra num modelo autorreferente. Para Buren, a
arte é, antes de tudo, política, existindo a partir da consideração dos seus limites
formais e culturais. (CARTAXO, 2006, p. 85)

Ao final dos anos 60 a obra de arte passou a ser definida em termos de sua contextualização
espacial, trocando os espaços tradicionais de exposição pelo espaço cotidiano da cidade,
visto um caminho que partiu de uma abordagem estatizante para a reequacionar o espaço
urbano, não apenas em termos espaciais e geográficos, mas também considerando suas
dimensões institucionais, econômicas e políticas, assiste-se a uma progressiva ocupação
pelo artista do espaço composto.
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Os espaços urbanos abandonados induzem a um exotismo local. As propriedades


metafóricas, enfatiza sua dimensão, transformando-se em temas para cada intervenção. Há
uma forte dimensão pitoresca nessa deambulação por edifícios em ruínas. Uma experiência
que se pode fazer, em última instância, em qualquer lugar, ameaçando paradoxalmente a
especificidade da inscrição original. É evidente que a crítica que perpassa essas
formulações despreza vários aspectos a obrigação de procurar obras através da cidade
exige do espectador um engajamento muito superior do que demanda à visita organizada e
mais passiva a um museu. Além disso, a revelação de espaços que se quer tornar
extraordinários pode produzir resultados.

Com esse movimento, a arte trouxe para si locais que antes eram esquecidos, como guetos
da cidade ou mesmo muros, aproximando também agentes pertencentes a estes lugares,
ao mundo das artes, e dando-lhes voz. Com isso, a torna mais socializante ao incluir novas
pessoas para fazer ou mesmo contemplar arte. Como por exemplo em A cidade e suas
histórias, realizado em 1997, tinha-se uma estação de trens (Estação da Luz) e um trecho
ferroviário que atravessa os locais significativos do período fabril da cidade de São Paulo:
os silos do antigo Moinho Central, e os galpões e chaminés que restam das Indústrias
Matarazzo.

O público percorreu de trem esses diversos lugares, em uma composição especialmente


configurada para o projeto. As intervenções voltaram-se para a grande escala deste recorte,
com suas áreas inacessíveis à observação e desconectadas da organização urbana da
metrópole como nas obras de Arnaldo Antunes:

Figura 1- Arnaldo Antunes: "lambe-lames", São Paulo

Fonte: Arte/Cidade, catálogos, 1998


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Cartaxo aponta que as inciativas dos artistas em compor no espaço urbano foram
importantes para a mudança de paradigmas com relação ao local na arte, pois:
Na tentativa de reavaliar os espaços institucionais, em si, idealizados, os artistas
buscaram novos lugares, promovendo, consequentemente, novas manifestações
estéticas. O espaço asséptico da galeria ‘cubo branco’, puro e descontaminado, foi
substituído pelo espaço impuro e contaminado da vida real. Surgem os espaços
alternativos para a arte: as ruas, os hospitais, os cruzamentos de trânsito, os mercados,
os cinemas, os prédios abandonados etc. (Cartaxo, 2009)

A arte em diante, trouxe mudanças em ideias quanto ao conceito de arte convencional, onde
o espaço, a implantação da obra, passou a influir no significado. Essas obras quebraram
barreiras ao sair do ambiente de arte tradicional, como as galerias, por exemplo, e passar a
ocupar locais como a cidade. A Enciclopédia Itaú Cultural (s.d.) menciona que:
As obras criadas de acordo com o ambiente e com um espaço determinado. Trata-se,
em geral, de trabalhos planejados – muitas vezes fruto de convites - em local certo, em
que os elementos esculturais dialogam com o meio circundante, para o qual a obra é
elaborada. Nesse sentido, que sinaliza uma tendência da produção contemporânea de
se voltar para o espaço - incorporando-o à obra e/ou transformando-o -, seja ele o
espaço da galeria, o ambiente natural ou áreas urbanas.

Buscando analisar o processo de percepção das obras de arte nesses espaços urbanos e
caóticos da cidade. Parte da análise deste processo de assimilação da arte e design no
espaço urbano e sugere a existência de uma nova forma de percepção e as obras não é
contemplada, ela é absorvida aos poucos, formando-se em sua memória, o que faz crer a
existência de uma nova modalidade de percepção, cujo processo que se constrói
diariamente para a realização de uma intervenção. Segundo Pierre Francastel (1982, p.
197):
Os artistas da transição do século XIX para o XX, “empenharam-se em fixar elementos
móveis do contínuo que foge da percepção para integrá-los em sistemas abertos e não
mais rigorosamente simétricos, isto é, estabilizados, eles se esforçaram por aprofundar
a experiência do ritmo”.

Na tentativa de reavaliar os espaços urbanos, os artistas sempre buscam novos lugares,


promovendo, consequentemente, novas manifestações estéticas. O espaço asséptico da
galeria ‘cubo branco’, puro e descontaminado, foi substituído pelo espaço impuro e
contaminado da vida real. Surgem os espaços alternativos para a arte: as ruas, os hospitais,
os cruzamentos de trânsito, os mercados, os cinemas, os prédios abandonados etc.
Levando em consideração, neste processo não há um limite para as experiências visuais
vistas no âmbito da cidade.
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INTERVENÇÕES GRÁFICAS NO ESPAÇO URBANO EM SÃO PAULO

Nas práticas de intervenção urbana que se propõem a extrapolar a experimentação estética


numa união entre arte e vida, e que se colocam de forma crítica na sociedade, buscando
inspiração para suas atividades em movimentos artísticos que remontam a uma tradição.
Em meados de 1994, o projeto de intervenções urbanas chamado Arte/cidade se
concretizou em São Paulo, que busca destacar as áreas degradas e não valorizadas na
cidade. O processo se caracteriza em visar a linha de força e dinâmica, reunindo artistas e
arquitetos de todos os cantos visando desenvolver um repertório com técnicas e estético
para as práticas urbanísticas não convencionais.

A princípio a discussão de Arte/Cidade estava puramente no campo da cultura; São Paulo


em si não aparecia como assunto a ser debatido. A cidade seria um pano de fundo, um
pretexto para juntar profissionais de diferentes meios (artes plásticas, arquitetura, cinema,
fotografia, poesia, música) e, através uma “nebulosa conceitual” temática fazê-los interagir
em conjunto com a materialidade, espacialidade e força simbólica.

Embora não estivesse relacionado diretamente às iniciativas de recuperação e valorização


urbana, Arte/Cidade vinha em momento propício e inseria-se na mesma discussão, ainda
que em outro tom. O projeto consiste em divisões por bloco, concedido pela primeira edição
chamado Cidade sem janelas, realizado em 1994:
“O antigo Matadouro Municipal da Vila Mariana, em São Paulo. Havia aí um espaço
murado, uma estrutura arquitetônica pesada e isolada do resto da cidade. Ela recebeu
artistas voltados para um corpo a corpo com a matéria, a inércia e o peso das coisas.

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Figura 2 - O antigo Matadouro Municipal da Vila Mariana São Paulo, 1994

Fonte: acervo Pucsp

Segunda edição de Arte/Cidade em à Cidade e seus Fluxos, foi instalada no vale do


Anhangabaú — um dos locais mais emblemáticas do centro de São Paulo — em uma área
em torno do Viaduto do Chá. Tendo Nelson Brissac sozinho como curador, o evento contou
com vinte e um participantes (entre eles Regina Silveira, Abílio Guerra e Tadeu Knudsen),
ocupando locais em três edifícios antigos (da Eletropaulo, do Banco do Brasil e o Edifício
Guanabara) e no espaço público entre eles.

Figura 3 - Arte/Cidade: à Cidade e seus Fluxos, São Paulo, 1995

Fonte: acervo Pucsp – Arte/Cidade


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A terceira etapa do Arte/Cidade, a Cidade e suas Histórias revelou-se a maior e mais


complexa de todas. Embora já estivesse em estudo e negociação desde 1995 (e pensada
no princípio para acontecer nesse ano), só pôde ser concretizada em outubro de 1997. O
evento propunha uma excursão por ruínas industriais ao longo de um trecho de cinco
quilômetros do sistema ferroviário. No bairro da Barra Funda; E o edifício do antigo Moinho
Central, no bairro do Bom Retiro. Tal qual Cidade sem Janelas, o espaço visitado nesta
etapa era uma ruína desconectada da cidade; a escala assumida, porém, era realmente
metropolitana, e ultrapassava qualquer possibilidade de apreensão de uma totalidade pelo
olhar ou pelo passeio individual:
“O público percorreu de trem esses diversos lugares, em uma composição
especialmente configurada para o projeto. As intervenções voltaram-se para a grande
escala deste recorte, com suas áreas inacessíveis à observação ocular e
desconectadas da organização urbana da metrópole atual. ”

Figura 4 - Arte/Cidade: a Cidade e suas Histórias, São Paulo, 1995

Fonte: acervo Pucsp – Arte/Cidade

O embrião do quarto Arte/Cidade foi o Brasmitte, um projeto de intervenção artística de


aspiração internacional, organizado pelo Grupo de Intervenção Urbana e o Instituto Goethe,
ocorrido em 2002. A zona leste era caracterizada por lugares e edifícios em degradação,
espaços desfigurados e desarticulados por viadutos e operações urbanas e,
particularmente, pela ocupação informal desses espaços — comércio de camelôs,
catadores de lixo, favelados e sem-teto — toda uma população nômade ou seminômade.
“Arte/Cidade propõe uma nova modalidade de intervenção urbana: partir de toda uma região,
compreendendo os processos de reestruturação urbana, os elementos arquitetônicos e as formas de ocupação
existentes e as operações previstas ou em andamento. (PEIXOTO, 2002-3). ”

De maneira inédita, a organização levantou a gama de questões da área discutidas: pobreza


e exclusão social, moradia e o trabalho informais, especulação imobiliária, desagregação
do tecido urbano, descaso das autoridades e apropriação generalizada do espaço público.
18

Esta foi uma diferença em relação aos eventos pregressos: além da experiência da cidade
e da leitura de sua configuração espacial, a escolha dos locais de intervenção teve ambição
de instigar uma leitura dos processos urbanos.

Figura 5 - Arte/Cidade: zona leste, São Paulo, 2002

Fonte: acervo Pucsp – Arte/Cidade

Figura 6 – Arte/Cidade: zona leste, São Paulo, 2002

Fonte: acervo Pucsp – Arte/Cidade


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A exposição final de Arte/Cidade Zona Leste (de março a abril de 2002) possuiu
intervenções de vinte e oito participantes, das quais catorze estavam espalhadas por locais
da zona leste e doze concentravam-se na torre leste das edificações abandonadas da
Indústria Santista, transformadas em sede do SESC Belenzinho. A curadoria desta edição
provavelmente foi a mais direcionada do projeto Arte/Cidade; sua posição indicaria também
uma mudança de concepção e critério artísticos. Até a terceira edição, a arte era
considerada por um prisma de percepção, experiência e representação, algo que traria uma
nova relação simbólica e fenomenológica com a cidade:
“Aqui se explicita a relação entre arte e cidade: trata-se de despertar a experiência do
mundo de que toda arte é expressão. (...) pois retornar às próprias coisas é voltar ao
mundo anterior ao conhecimento, ao qual este sempre remete e com relação ao qual
qualquer determinação científica é abstrata e dependente. (...) Retornar da geografia
à paisagem. A função da arte é construir imagens da cidade que sejam novas, que
passem a fazer parte da própria paisagem urbana. (PEIXOTO, 1996, p.13). ”

Partindo também para o levantamento das questões sobre os problemas das cidades
através de uma ocupação poética ou crítica dos espaços em São Paulo, se deu por parte
dos curadores designers Celso Longo, Daniel Trench e Elaine Ramos, a criação da
exposição Cidade Gráfica e os dias 20/nov/2014 e 4/jan/2015 no Itaú Cultural de São Paulo.
Reunindo projetos dos artistas: Detanico & Lain, Cao Guimarães, Coletivo Garapa, Comum,
Daniel Escobar, Fernanda Goulart, Frente TrêsDe fevereiro, Gia, Marcelo Drummond,
Opavivará Coletivo, Piseagrama, Estúdio Radiográfico, Renata Marquez & Wellington
Cançado, Ricardo Portilho e Vitor Cesar. Reúne projetos gráficos (livros, cartazes, fontes),
pesquisas acadêmicas e obras na fronteira entre design e artes visuais.

De acordo com os curadores, Cidade Gráfica se distingue de uma exposição típica de design
inicialmente porque não apresenta trabalhos que criam soluções para um cliente específico
– eles nascem das demandas urbanas e de uma interpretação sobre as linguagens e as
rotinas da cidade. A exposição também foge a definições rígidas do design gráfico, que
aparece em simbiose com a dança, as artes visuais, a performance e a fotografia.
20

Figura 7 - Abridores de Letras de Pernambuco, 2013

Fonte: ItaúCultural

A figura 7 se concentra em Mapear os "abridores de letra" remanescentes em Pernambuco,


com base em um amplo registro virtual, foi a proposta dos pesquisadores. O grupo percorreu
cerca de 800 quilômetros do litoral ao interior, passando por seis cidades e conhecendo o
trabalho de 12 pintores letristas, compilados numa publicação. Na exposição, foram
expostos alguns originais que trazem a materialidade da tinta, do suporte e do gesto manual.
Em 2013, Pernambuco.

Figura 8 - Frente 3 de Fevereiro, São Paulo. Bandeiras, 2006

Fonte: ItaúCultural

As bandeiras fazem parte da tradição das torcidas uniformizadas de futebol. São produzidas,
transportadas e abertas nas arquibancadas de modo coletivo. Como cartazes agigantados,
grafam orgulhosamente o nome da torcida que as produziu. O tamanho, no universo
competitivo das torcidas, é sinônimo de poder – e garantia de maior exposição na cobertura
21

televisiva. O coletivo Frente 3 de Fevereiro se apropria desses mecanismos de produção e


veiculação de informação para realizar ações que lidam de forma enfática com a questão
do racismo, alvo principal das investigações do grupo. Ocorrido na Final da Taça
Libertadores da América. São Paulo e Atlético Paranaense jogam a final que decidirá o
melhor time de futebol das Américas. No estádio lotado, 75.000 pessoas assistem o jogo.
Em suas casas milhões de espectadores olham a tela da TV. No meio da transmissão uma
bandeira gigante começa a ser aberta pela torcida, uma frase se revela trazendo um
estranhamento ao espetáculo televisivo: ONDE ESTÃO OS NEGROS?

Figura 9 - Coletivo Oitentaedois São Paulo, Movimento Tipográfico, 2013

Fonte: ItaúCultural

O break, estilo de dança que compõe a cultura hip-hop junto com o grafite e o rap, tem no
cenário urbano o seu ambiente conforme a imagem acima. Neste projeto, Caio Yuzo se
apropria de movimentos característicos dessa manifestação artística para construir, em um
vídeo, as 26 letras do alfabeto com o próprio corpo. Além do filme, o coletivo produziu
lambelambes com as letras formadas pela coreografia. Colados em diversos lugares
percorrido centro de São Paulo em 2013, os cartazes chamavam atenção para um QR code
que levava para a página do vídeo na internet. Colaboraram: Georges Boris, Bruno Zaitsu,
Lina Nagano e Susie Fugii.
22

Figura 10 - Cidade Limpa, São Paulo: 2001 a 2007

Fonte: ItaúCultural – autor desconhecido

Figura 11 - Cidade Limpa, São Paulo: 2001 a 2007

Fonte: ItaúCultural – autor desconhecido

Referindo-se à lei de 2007, Romero diz: “Depois da Cidade Limpa, acabou”. A justaposição
de planos e escalas diferentes, somada a enquadramentos precisos, resultou em imagens
que ora subvertem tendo símbolos e logotipos raramente aparecem, ora sublinham a
agressividade típica da publicidade de rua, sem viabilizar nome dos autores, empresa ou
qualquer tipo de informação percorridos em diferentes lugares em São Paulo meados entre
2001 a 2007.

Através da análise das obras citadas neste artigo, elementos foram identificados como
diferenciais para que o espaço na qual elas foram produzidas se transformasse em um lugar.
23

Alguns destes elementos capazes de gerar um sentimento de imensidão em seu


observador. Podendo este ser observado e desfrutado por pessoas que, muitas vezes, não
possuem acesso a arte; a quebra de contraste proposital que desafia de forma irreverente
o centro histórico onde foi construída através da combinação de seus materiais e formatos;
ou através da transformação da relação entre um local e as pessoas que o frequentam
propiciada pelos grafites e murais espelhados pela cidade, capazes de instigar sentimentos
e reflexões sociais que outrora aqueles que passam não teriam se a parede ainda estivesse
intacta. Em conclusão, estes elementos mudam em variados graus as relações que o local
possuía previamente com as pessoas que o frequentavam antes da confecção da obra.

LINGUAGEM ARTÍSTICA E REFERÊNCIAS

Quando apreciamos uma intervenção gráfica urbana, nós a vemos de modo geral uma
maneira bem específica que é a do próprio movimento pelo espaço urbano: pelos vidros de
nossos carros, ou ônibus, ao andar a pé por uma calçada. Esse olhar se constitui assim, de
certo modo imagens da cidade. Causando uma saturação visual nos espaços urbanos
(PEIXOTO, 2004).
Um olhar que não pode mais ver, colado contra o muro, deslocando-se pela sua
superfície, submerso em seus despojos. Visão sem olhar, tátil, ocupada com os
materiais, debatendo-se com o peso e a inércia das coisas (PEIXOTO, 2004, p. 174).

São ranhuras que aparecem como intervenção no espaço urbano, que comunicam e
interferem visualmente na cidade. As intervenções estão nos elementos urbanos nas ruas,
nas grades das janelas, nos corrimões das escadas, nas antenas dos para-raios, nos
mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes,
esfoladuras. Assim produzem presenças na cidade. O trabalho daquele que intervém não
é, pois, apenas o de manipular os elementos pictóricos, mas o de se apropriar dos
elementos materiais das cidades e dos movimentos que seus habitantes fazem pelo espaço.

As relações do design gráfico e as questões urbanas, estão ligadas de múltiplas e


complexas determinações situações que cabe em cada cidade. Cada artista busca
expressar ao limite suas potencialidades estruturais e técnicas e seu alcance urbanístico e
social. As possibilidades de intervenção em áreas urbanas e no edificado, os problemas de
24

sustentação estrutural, o uso de materiais e dispositivos eletrônicos são estudados, em cada


caso, visando a experimentação e a transgressão das funções convencionais.

Intervenções em megacidades colocam a questão da percepção de grandes áreas urbanas,


que escapam por completo ao mapa mental de seus habitantes. A opção por uma região
irredutível à experiência individual exclui a possibilidade de uma noção comum de
dimensões e traçado. Quando as cidades estão adotando estratégias de
monumentalização, voltadas para o marketing, a promoção imobiliária e o turismo cultural.
Fazendo assim com que a arte de expressão fique cada vez mais distantes aos olhares de
quem percorre pela cidade.

Artistas como Eduardo Srur, Arnaldo Antunes, Andrés Sandoval e Augusto Sampaio que
resulta para as minhas referências, pois cada intervenção é o conjunto delas, levando em
consideração múltiplas relações entre diferentes escalas urbanas, várias implicações
sociais e políticas e múltiplas possibilidades de apreensão e leitura, desde a visitação local
até a informação por meios de comunicação.

As escolhas por meio destes cinco artistas atendem as expectativas para compor meu
trabalho. Pois todos apresentam perfis semelhantes: quando não são edificações,
inseremse por completo no entorno urbano. Os artistas se destacam em uma série de
elementos que devemos levar em consideração para conceber a relação que se pode criar
entre a cidade e as intervenções gráficas feitas sobre elas:
Artista independente, Eduardo Srur trabalha em seu ateliê em São Paulo onde
constituiu acervo pessoal ao longo da carreira que inclui séries de pinturas, esculturas,
múltiplos, fotografias, aquarelas e gravuras. Recebendo o Prêmio
Michelângelo de Pintura Contemporânea no Centro Cultural de São Paulo (1996)
25

Figura 12 - Eduardo Scrur: ATENTADO, São Paulo: 2004

Fonte: site do autor Eduardo Scrur

Figura 13 - Eduardo Scrur: ATENTADO, São Paulo: 2004

Fonte: site do autor Eduardo Scrur

Figura 14 - Eduardo Scrur: ATENTADO, São Paulo: 2004

Fonte: site do autor Eduardo Scrur


26

O trabalho do Eduardo Scrur, consistiu em realizar os ataques nos outdoors espalhados por
São Paulo, 2004. Para enfatizar uma crítica à especulação publicitária, são interferências
estéticas, já que as cores e as imagens são previamente combinadas. As ações, sempre
subversivas, são uma resposta ao bombardeio visual da mídia na paisagem urbana.

Figura 15 - Arnaldo Antunes: Apenas Pensa, São Paulo: 2019

Fonte: imagem pela folha São Paulo – Avenida duque de Caxias.

Figura 16 - Arnaldo Antunes: Apenas Pensa, São Paulo: 2019

Fonte: imagem pela folha São Paulo – Avenida duque de Caxias.


27

O artista Arnaldo Antunes, músico e poeta realiza a intervenção escrito em vermelho, com
o fundo amarelo a poesia, “Apenas Pensa”. Na esquina das avenidas Duque de Caxias com
a São João, no centro de São Paulo em São Paulo, 2019. Um grafite que compõe uma
poética de 600 metros com essas duas palavras. Repetidas, formando um poema.
“Vai ser um presente para a cidade”, diz o mais importante é que vai valorizar essa
região que é muito bonita” – Arnaldo Antunes.
O artista gráfico, André Sandoval por suas artes cria-se estampas para marcas como
L’Occitane, Coca-Cola, Melissa e Neon. O seu trabalho também desenvolve projetos de
livros, murai como ilustrador. Entre seus parceiros de arquitetura e design, trabalha com
Marcelo Rosenbaum, Grupo SP, PS2 Design e Bloco Gráfico. Desenha as ilustrações das
esquinas da revista Piauí. Tendo como das principais atrações em São Paulo, na mostra
SESC de artes, Prosa na escada:

“Em cada bandeira de acetato há uma palavra. E as bandeiras, alinhadas, formam uma frase
de oito palavras, que podem ser recombinadas em frases diferentes. Texto do escritor
Chico Mattoso: amar / esta / cidade / é / quebrar / um / certo / pacto
O / meu / piano / nunca / toca / a / nota / dó

quero / morar / na / sua / gaveta / até / a / morte

toda / leveza / há / de / sentir / cansaço / e / dor ver /

helicópteros / só / me / dá / saudade / e / cócegas”

- Serigrafia sobre acetato.

Figura 17 - Andrés Sandoval: Prosa na escada, São Paulo: 2008

Fonte: site do autor Andrés Sandoval


28

Intervenção literária em escadas. Criando-se narrativas policiais partindo de estrutura


labiríntica e circular de uma escada. Ocorrido em diversos SESC em pinheiros, Pompéia e
Avenida Paulista em 2008.

Em relação ao artista plástico e educador, Augusto Sampaio. Realiza diversas interferências


urbanas e projetos colaborativos em diversas cidades brasileiras. Tendo ação educativa na
Pinacoteca do Estado de São Paulo. O projeto em Estúdio Valongo, 2011. No bairro de
Valongo, no centro de Santos (SP). A intervenção consiste em impressos em serigrafias, os
desenhos foram colados nos muros do bairro, assim, transformando em murais gráficos, os
elementos visuais compostos travam uma conversa com a arquitetura dessa região da
cidade.
Artista plástico e educador, formado em Arquitetura (FAU-USP) e pós-graduado em
Cinema, Vídeo e Fotografia (FEBASP). Desde 1993 mantém um trânsito complementar
entre práticas de ateliê e oficinas de artes vinculadas à educação não-formal. Realizou
interferências urbanas e projetos colaborativos em cidades no Brasil e no exterior.

Figura 18 - Augusto Sampaio: projeto em Estúdio Valongo, São Paulo, 2011

Fonte: ItaúCultural – Intervenção Augusto Sampaio


29

Figura 19 - Augusto Sampaio: projeto em Estúdio Valongo, São Paulo, 2011

Fonte: ItaúCultural – Intervenção Augusto Sampaio

Figura 20 - Augusto Sampaio: projeto em Estúdio Valongo, São Paulo, 2011

. Fonte: ItaúCultural – Intervenção Augusto Sampaio


30

Cada obra, permanente ou impermanente, é autônoma e está no tempo e espaço


disponibilizados para ser vivenciada por todos. É interessante observar, na atualidade, que
os cadernos de artista, os textos confessionais ou outros tipos de documentação textual
produzida pelo artista, comumente usados para um conhecimento maior do seu trabalho,
tornam-se obras.

A HOMOSSEXUALIDADE VISTA EM SOCIEDADE

Em nossa sociedade, sujeitos de orientação homossexual têm sido expostos de maneira


incisiva a atitudes de discriminação e preconceito., havendo dificuldades, conflitos
decorrentes de ter a orientação definida. A questão da insaciabilidade é expressamente
refletida como base as definições sociais: algo diferente, não aceito, anormal, fora da curva,
p estranho de dito, ouvido e até mesmo vivido.

A limitação quanto as atitudes, pensamentos e ações também fazem parte da definição do


que é o homossexual. Em qualquer esfera, não importa qual situação seja estando fora ou
dentro do armário, o comportamento do indivíduo gay é restrito, é limitado com vistas a
adequar-se ao ambiente social a que pertence, seja para evitar situações constrangedoras,
ou até mesmo para se manter em segredo da orientação sexual que possui.

Com pressuposto básico, percebe-se que os homossexuais ainda são foco de preconceitos
nesta sociedade, que historicamente desencadeou padrões culturais de comportamento
baseados em conceitos morais e dogmáticos. Nesta perspectiva, em muitas situações
assistidas, muitos se deparam em casos de exclusão do próprio seio familiar, que os levam,
geralmente, a não assumirem abertamente a própria identidade.
31

Figura 21 - Carta em que Freud trata sobre ‘reverso da homossexualidade’, 1935

Fonte: acervo Gazeta Online

Conforme a imagem acima, isso se reflete em 1935 quando Freud escreve em inglês uma
carta que informa algo sobre como um cérebro psicanalista europeu concebiam a
homossexualidade. E ao conteúdo não sabe ao certo, não identificando a identidade dos
sujeitos, e nem mesmo em qual cidade foi postado a carta ou a data exata em que uma
mulher americana resolveu escrever a Freud, conforme a imagem o nome rasurado. Em
resposta à carta, Afirma Freud:
"a homossexualidade certamente não é uma vantagem, tampouco é algo de que se
envergonhar, não é nenhum vicio, nenhuma degradação, não pode ser classificada
como doença" (IANINI, p. 28)

O propósito da carta se destaca pela aflição e indignação de uma mãe que pedia ao
psicanalista que curasse seu filho homossexual. Freud, chama de injustiça e crueldade
considerar a orientação sexual como delito, e cita grandes nomes da história que eram
homossexuais, como Platão, Michelangelo e Leonardo Da Vinci. O manuscrito, em inglês,
faz parte do acervo do Museu da Sexologia, em Londres. Pois em 1935, atos homossexuais
eram considerados crime tanto na Europa central quanto na América. As
homossexualidades eram consideradas perversas ou desvios. E por outro lado,
32

organizações sociais reivindicavam direitos dos dois lados, mas ainda assim está fora da
realidade de muitos a quebra de preconceito.
"Para alguns deles, encontrar essa mulher por quem se apaixonam depois de uma
infância e de uma adolescência problemáticas representa a chance de realizar o
sonho de constituir uma família. Porém, a grande questão sobre sua identidade
aparece mais tarde, quando constatam aquilo que não conseguem mais esconder: a
inevitável atração – tanto sexual quanto afetiva – por pessoas do mesmo sexo."
(Moris, Vera, Paranhos, Fábio, Coragem de ser)

Em 2010, pela primeira vez, o IBGE apontou, no Censo, 60 mil famílias que se identificaram
como homoafetivas – número provavelmente subdimensionado, uma vez que o casamento
de pessoas do mesmo sexo só se tornou oficial em 2013. Devemos considerar que os
direitos humanos representaram uma grande conquista

Para a humanidade, pois conforme sua especificação abrangente se chega à conclusão de


que o respeito à dignidade é essencial para universalização das pessoas. Porém para que
ocorra esta universalização se faz necessário a eliminação do preconceito e da
discriminação em todas as suas formas: sociais, culturais e ideológicas. Conceitualmente,
o termo homossexual foi criado por um médico húngaro Karoly Maria Kertbeny em 1869.
Somente na década de 1890, aparece pela primeira vez em inglês a palavra
“Homossexualidade” usada por Charles Gilbert. A partir de então se passou a designar como
homossexuais as pessoas do mesmo sexo/ gênero (homens e mulheres) que sentem
atração entre si.

Um dos principais dilemas do homossexual em se “afirmar” como tal é o ter de se assumir


diante da família e da sociedade na busca de aceitação e apoio. Este processo de
autoaceitação pode durar a vida inteira, pois na maioria dos casos, constrói-se uma
identidade primeiramente para si mesmo, e, então isso pode ser ou não revelado para outras
pessoas.

No Brasil o ato de assumir publicamente sua orientação sexual e/ou identidade de gênero é
popularmente denominado como “Sair do armário”, em língua inglesa tal fato denomina-se
Outing. Esta aceitação tem seus desdobramentos nos processos de sociabilidade dos
homossexuais, que ao se reconhecerem e se aceitarem como tal, lutam pela garantia de
33

seus direitos de cidadão, livre da discriminação, independentemente de sua orientação


sexual. Segundo Reich (1989, p.224)

“A supressão da sexualidade das crianças e adolescentes tem a função, em última


instância, „de facilitar, para os pais, a imposição de que seus filhos os obedeçam
cegamente” (1989, p.224).

Assumir publicamente sua orientação sexual ou identidade de gênero é um momento


significativo na trajetória pessoal e social, pois no decorrer da história vários fatos
contribuíram negativamente para o início desta aceitação, pois se sabe que sempre houve
uma forte influência ideológica advinda das grandes religiões. Diante disto a população
LGBT está se deparando com um novo espaço, onde leis estão sendo criadas no intuito de
respaldar os direitos que até então eram negados a está parcela da população, por outro
lado temos que reconhecer que direitos são para todos conforme rege nossa constituição e
não podem, desta feita, criar leis visando interesses próprios.

DISCRIMINAÇÕES CONTRA OS HOMOSSEXUAIS NA CAPITAL PAULISTANA

Na atualidade o que se percebe é que o tema homossexualidade está na mídia, sendo


notícia de jornais, temas de novelas, e contendas do poder executivo e legislativo.
Contudo, pesquisa pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São
Paulo, mostrou que 32% dos homossexuais entrevistados afirmaram sofrer preconceito
dentro das salas de aula e que os educadores ainda não sabem reagir apropriadamente
diante das agressões, que podem ser físicas ou verbais, no ambiente escolar. Os dados
da pesquisa apontam que o min Ministério da Educação que ouviu 8.283 estudantes na
faixa etária de 15 a 29 anos todos os anos. A professora do Departamento de Ciências
Humanas e Educação (DCHE) da Ufscar, aponta:
“A educação para a diversidade não é uma doutrinação capaz de converter as pessoas
à homossexualidade, como se isso fosse possível. O objetivo é criarmos condições
dentro das escolas para que professores e alunos possam aprender e ensinar o
convívio com as diferenças que naturalmente existem entre todos”, disse a
pesquisadora.
34

No cotidiano social e escolar expressões como “viado” e “bicha” são comuns, referem se,
na maioria das vezes, pejorativamente as sexualidades não-hegemônicas, como indica a
Fig.
Figura 22 - Homossexualidade –xingamento

Fonte: acervo escola pública interior de São Paulo

A palavra “viado” refere-se à homossexualidade, aqueles que fogem aos padrões da


Masculinidade, passível de retaliações, punições, atos de violência, sofrimento, injurias,
ofensas e bullyings podem ser constantes. Por isso é necessário questionamento,
discussões, entre os alunos, professores, familiares e comunidade para problematizar as
temáticas sexualidades e questões de gênero. Representações sexuais de estudantes de
uma escola pública do interior do Estado de São Paulo, a partir da expressão gráfica em
suas carteiras.

Figura 23 - Homossexualidade e violência

Fonte: acervo escola pública interior de São Paulo


35

Diante do uso da violência simbólica ao atribuir o nome “viado” e da violência física


Representada na arma questiona-se a negação da existência de outras possibilidades de
afetos e desejos. Há ainda um “X” sobre os dois personagens, indicativo de algo proibido,
colocando a homossexualidade como proibida e aos gays a eliminação. Existe uma relação
histórica entre o uso de armas, a violência e a masculinidade. Representações sexuais de
estudantes de uma escola pública do interior do Estado de São Paulo, a partir da expressão
gráfica em suas carteiras.

Tais atos como estes, podemos observar que ainda estamos fora da realidade e o trabalho
para a quebra de preconceito continua. Ainda que também os locais além das escolas
predominantes a discriminação está ligada a questões familiares e religiosas como
causadoras da violência homofônica no cenário que vivemos. Depoimentos como a do João,
é mais que uma realidade distinta da quebra do preconceito.
"Minha mãe não aceitou. Em três ocasiões ouvi dela: “Seu veado, você é a vergonha
da família! Imagine a cabeça deles quando souberem que o pai é veado! ”" (Moris,
Vera, Paranhos, Fábio, Coragem de ser, pag.33)

João, 42 anos, empresário, morador do interior paulista. Mesmo passando pela


discriminação, resolveu se assumir para a sociedade e principalmente aos seus familiares.
Ele se sente aliviado pois acaba tendo uma pressão psicológica dívida entre o eu e a
sociedade.

Entretanto, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), sancionou uma lei que pune todo
tipo de discriminação contra a população LGBTQI+ por parte de pessoas físicas e jurídicas.
O descumprimento prevê advertência e multa. Em casos de estabelecimentos comerciais,
poderá haver a suspensão de funcionamento por 30 dias ou até chegar a cassação do
alvará. A lei 17.301 é de coautoria da hoje deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) e do
vereador Reis (PT):
"qualquer forma de discriminação em razão de orientação sexual ou identidade de
gênero" na capital. Entre outros comportamentos, o município passa a considerar
discriminação contra a população LGBTQIP+:
36

● Praticar qualquer tipo de ação violenta, constrangedora e intimidatória;


● Proibir a permanência em qualquer ambiente, público ou privado, aberto ao público;
● Praticar atendimento diferenciado;
● Impedir a hospedagem em hotéis, motéis, pensões ou similares;
● Impedir a locação e compra, de bens móveis ou imóveis;
● Demitir direta ou indiretamente em função da orientação sexual do empregado;
● Restringir o acesso aos transportes públicos, incluindo táxis;
● Negar o ingresso de aluno em estabelecimento público ou privado;
● Praticar ou induzir o preconceito pelos meios de comunicação.

Pesquisa Viver em São Paulo, da Rede Nossa SP e do Inteligência em Pesquisa e


Consultoria (Ipec), sobre a percepção dos paulistanos em relação aos direitos da população
LGBTQIA+, aponta que 59% dos moradores da capital paulista já sofreram ou presenciaram
pelo menos uma situação de preconceito em função de orientação sexual ou identidade de
gênero.

Figura 24 - Dados do Ipec sobre como os paulistanos avaliam o que a Prefeitura de SP

Fonte: Dados acolhido pela pesquisa no portal G1

Os moradores das Zona Oeste e Sul da cidade de São Paulo, são os mais que avaliam
negativamente a gestão municipal em relação a violência de gênero, conforme o gráfico
acima. Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que “trabalha no combate à homofobia e
discriminação sexual, e na promoção de condições igualitárias de identidade de gênero com
o objetivo de diminuir a discriminação e o preconceito em quem vive na capital com adoção
de um conjunto de medidas em diversos órgãos municipais”.
37

“Nos últimos anos, a comunidade LGBTI de São Paulo alcançou grandes conquistas, como
a sanção da Lei Municipal nº 17.301, que proíbe e pune atos discriminatórios em razão da
orientação sexual e de identidade gênero.

Apesar dos indicadores negativos, para a maioria relativa dos entrevistados, a cidade de
São Paulo é tolerante em relação a população LGBTQI+. Em uma escala de 1 a 10, em que
1 significa “totalmente intolerante” e 10 significa “totalmente tolerante”, os paulistanos
classificaram a cidade de São Paulo com a nota 6,3 em 2021. Dados apontados pela
pesquisa Viver em São Paulo, da Rede Nossa SP e do Inteligência em Pesquisa e
Consultoria (Ipec).

O perfil médio de quem sofreu ou presenciou ao menos uma das situações de preconceito
na cidade são os jovens de 16 a 34 anos, quem não tem religião, quem se declara não
heterossexual e quem acredita que a gestão atual tem feito pouco ou nada para combater
a violência contra a comunidade LGBTQI+, segundo o levantamento. Com isso, conclua-se
que mesmo havendo leis contra homofobia, sancionadas precisam de mais rigor, pois os
atacam são verbais e físicos são constantes.
Cabe ao governo de São Paulo, promover campanhas de conscientização e inclusão;
aumentar as penas contra quem pratica atos discriminatórios contra a população
LGBTQIA+; ampliar os serviços de proteção à população LGBTQIA+ em situação de
violência; melhorar a atuação dos canais de denúncias e fortalecer os serviços de
assistência social.

DESIGN COMO LINGUAGEM

O design gráfico como linguagem tem funções que vão além dessa relação com a
linguagem verbal. Na Idade Média e no Renascimento, os pintores eram contratados pela
igreja para realizar painéis que ilustrassem para a população, em geral analfabeta, as
maravilhas da divindade, e as passagens bíblicas. Era um meio de dar forma às narrativas
transmitidas apenas oralmente através das missas e sermões.

A relação do design a sociedade é colocada com uma relação entre forma e conteúdo,
que inclusive se reflete em uma complexa divisão de como o todo. No final do século XIX,
os pôsteres ‘eram uma expressão da vida econômica, social e cultural, competindo entre
38

si para atrair compradores para os produtos e público para os entretenimentos’ como


escreveu o historiador de design Richard Hollis.
"Se o design é uma atividade desenvolvida pelo ser humano e para o ser humano.
Fazer design é justamente praticar estas habilidades da melhor maneira possível, de
forma ética, estética, consciente e responsável. Assim, pode-se dizer que o design
constitui a interface nas relações estabelecidas entre o ser humano e o entorno."
(FONTOURA e PEREIRA, 2004, p.r)

Por meio deste questionamento, o design gráfico de comunicação visual nos grandes
centros urbanos tem uma atuação constante e é um dos principais dispositivos para
processar e comunicar informação. A forma gráfica dos conteúdos de modo a completar a
mensagem que se deseja comunicar e no âmbito do design gráfico, o uso da intervenção
enfatiza uma problemática e comunica a população dos acontecimentos regionais e capitais.
Tais como estes cartazes feito por designers espelhados pelos centros urbanos de São
Paulo.

Figura 25 - Série de cartazes lambe-lambe criada pelo Vertentes Coletivo

Fonte: acervo do site pristina.org

Figura 26 - Série de cartazes lambe-lambe criada pelo Vertentes Coletivo

Fonte: acervo do site pristina.org


39

O design gráfico nestas figuras, é usado de forma política e esses cartazes são um exemplo
do que pode ser comunicado de forma inteligente quando se trata da política brasileira. A
série de cartazes foi produzido em 2018, percorrido por muitas vias nos centros de São
Paulo.

Figura 27 - Cartaz: sua frase que diz “Pobre não tem hábito alimentar.”

Fonte: acervo do site pristina.org

A figura acima, corresponde a um diálogo do prefeito João Doria, vazado em 2017. Com a
grande repercussão, Vertentes Coletivo, acabou realizando esta intervenção. Vivemos
numa época em que nossa relação com aquilo que possuímos está passando por uma
transformação radical. Desde que surgiu como profissão, o design é usado para manipular
desejo ou em outros pontos, provocar a sociedade para a resolutiva de algum problema.

A evolução da Intervenção Urbana é constante e absorve mais e mais expressões artísticas.


Essa absorção se dá pela produção e criatividade de artistas que se reinventam
cotidianamente e buscam referências nas mais diferenciadas fontes. Que misturam a Arte
Contemporânea ao urbano e numa brincadeira consciente, criam modos de interpretar seus
discursos políticos, sociais, estéticos (MOTA, 2009).
40

Figura 28 - Henrique Montanari, aka EDMX

Fonte: acervo de projetos isupportstreetart

Figura 29 - Henrique Montanari: intervenção na parede próximo à estação Santana

Fonte: acervo de projetos isupportstreetart

Henrique Montanari, da aka EDMX nasceu em São Paulo, Brasil em 1977. É mestre em
Belas Artes (Universidade de São Paulo) e trabalha com design desde 1996. Um renomado
artista percorrido em São Paulo, onde realizou suas intervenções no miocão conforme as
41

imagens acima, realizando também em diferentes ambientes como jardim das invasoras e
entre outros. Um de muitos exemplos que o campo de design pode explorar quando o
assunto é urbano.

Isso se resume a uma linguagem gráfica que é um tipo de comunicação utilizando gráficos,
imagens e expressões matemáticas para expressar e transmitir pensamentos ou ideias. O
desenho, especificamente, as pinturas rupestres do Paleolítico Superior, destaca como uma
das primeiras tentativas do homem de transcender qualquer tipo de comunicação.

LINGUAGEM DAS CAMPANHAS HOMOSSEXUAIS ABORDADAS EM SÃO PAULO

Quatorze de novembro de 2010. Um grupo de jovens gays foi atacado por outros rapazes
com lâmpadas fluorescentes em São Paulo. Horas depois, no Rio de Janeiro, um casal gay
foi abordado por três militares em serviço, e baleado no abdômen aos gritos de ‘viado tem
que morrer’. As imagens e fatos foram superexpostos pelos noticiários televisivos.

O disparo e a lâmpada deixaram cicatrizes no tecido de uma cidade, esvaziando a


possibilidade de encontros. A rua tornou-se espaço de passagem e de medo. a mídia
nacional bombardeou noticiários com discussões sobre o caso, acompanhando ‘agressores’
e ‘vítimas’, seus advogados, suas famílias e seus históricos pessoais. Peritos judiciais e
psicossociais apresentam suas interpretações. A ‘homofobia’ tornou-se pauta da vez.

Diante de um caso como esse e de demais, a publicidade tenta por meio de diversos
veículos conscientizar que os homossexuais fazem parte de nossa sociedade e que isso
não se caracteriza anormal pelo fato de sentir atração pelo mesmo sexo.

A campanha de Dia dos Namorados de O Boticário, que mostra diferentes tipos de casais,
heterossexuais e homossexuais, trocando presentes, provocou polêmica e tem gerado uma
onda de mobilizações nas redes sociais. Até mesmo o Conar (Conselho Nacional de
Autoregulamentação Publicitária) decidiu abrir um processo para julgar a propaganda após
receber mais de 20 denúncias de consumidores que consideraram o comercial
"desrespeitoso a à sociedade e à família".
42

Figura 30 - Oboticário: Campanha Dia dos Namorados

Fonte: Campanha Oboticário no Youtube

Comercial como este, passando em rede nacional, comercial traz diferentes formações de
casais trocando presentes. Vídeo gerou uma espécie de "competição" entre "likes 3 " e
"dislikes4" no YouTube. A iniciativa por parte da empresa não é inédita, pois tem sido cada
vez mais comuns empresas se oporem a favor da diversidade.

Figura 31 - Campanha do Banco do Brasil: para todas as formas de amor.

Fonte: Campanha no portal do Twitter BB

Campanha do Banco do Brasil: “PARA TODAS AS FORMAS DE AMOR”. Que foi realizada
em 2015, para a conscientização da luta contra a homofobia (17/05). Que por parte teve boa
repercussão, onde enfatiza na campanha um desenho de uma criança constituída pelos

3
Likes: equivalente ao verbo ''gostar'' da nossa língua. 4
Dislikes: É o contrário de like - significa não gostar.
43

seus dois pais e um cachorro ao fundo de uma casa com arco íris. Uma mensagem Clara
que existe diferentes tipos de amor e que todos devem respeitar e que hoje fazem parte de
nossa sociedade e está cada vez mais comuns ações como esta.

Assim como nas campanhas, no futebol não é tão diferente, o time de futebol paulistano
também se posicionou a favor da liberdade por gênero e principalmente contra a homofobia.
“Demorou. Muito mais do que deveria, mas, finalmente, o São Paulo Futebol Clube
se posicionou contra a homofobia. O clube publicou nas redes sociais ação
fortalecendo o amor livre. ”

Figura 32 - São Paulo futebol club: ninguém aguenta mais homofobia no futebol

Fonte: acervo no site hypeness

Contudo, infelizmente o Club paulistano errou na data, assim celebrando a invasão da


polícia, em 1969, ao bar gay Stonewall Inn, em Nova York. O episódio de repressão e
violência resultou em manifestações em diversas cidades dos Estados Unidos.

O posicionamento do São Paulo, que errou nas datas importantes para a comunidade LGBT,
ajudou a transformar o ambiente machista que envolve o futebol. Os estádios, infelizmente,
ainda são palco de xingamentos e ofensas homofóbicas, simplesmente ignoradas por
clubes, pela própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Superior Tribunal de
Justiça Desportiva (STJD).
44

“Antes de ter caráter punitivo, o tribunal tem caráter pedagógico. No caso dos
árbitros, a gente vai oficiar para que coloquem na súmula as manifestações
homofóbicas considerando o número de torcedores envolvidos” - Paulo César
Salomão Filho, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva.

Percorrendo em São Paulo, e principalmente pelo centro, pude observar que mesmo diante
de tanta incompreensão pelos homossexuais, existem cartazes, lambe-lambes, grafites e
entre outros defendendo a causa. O exemplo encontrado na Estação Butantã da Linha 4
do Metrô de São Paulo, onde muitos como eu reside, apresenta um tipo incomum de
comunicação urbana, pois combina a hibridização de tecnologias comumente utilizadas na
linguagem gráfica contemporânea com a linguagem da intervenção artística.

Figura 33 - Estações das linhas 4- apoia luta contra a homofobia

Fonte: acervo no site moemasp

Nas ruas da capital paulistana, podemos observar em inúmeras intervenções e


manifestações sem indicar o autor da obra e sim enfatizar a mensagem aos olhos de que o
vê. São elaborados com poucos elementos, mais visualmente utilizados a tipografia e a
construção de imagens para uma linguagem simples e objetiva do problema, assim
provocando ruídos por aqueles que passam de carro, frequentam transporte o público e são
instalados em pontos estratégicos, para uma gama maior de público.
45

Figura 34 - Lambe-lambes: Mais amor por favor

Fonte: Fotografia tirada na avenida próximo à estação do Anhangabaú

Estudante universitário e redator publicitário, o soteropolitano Felipe Queiroz, 27, tem


espalhado pelas ruas que “O que tem que ser... Sei lá! ”. Artista urbano apaixonado pelas
letras, Felipe é criador do Poesia de Post.

Figura 35- Lambe-lambes: Felipe Queiroz pelas ruas

Fonte: acervo do site correio24horas

Assim como o Felipe Queiroz, artistas usam o lambe-lambe para falar de amor, desamor,
homofobia, racismo, machismo e temas cotidianos. Além de ser direto como forma de
linguagem que atinge as pessoas nas ruas.

A importância das intervenções urbana é infinita, desde um sorriso que a pessoa dá ao se


deparar com uma poesia em um poste, até o queixo caído com um grafite gigantesco no
46

meio da cidade. Temos de entender que a cidade também é um meio de comunicação, não
só de propaganda com outdoor, por exemplo. As ruas são muito mais espelhos e
consequentemente, reflexo da sociedade em que vivemos.
47

ESTUDO DE CONCEPÇÃO

Figura 36 – Moldes Figura 37- Processo Figura 38 – Desenvolvimento

Para o desenvolvimento dos lambes foi usado em um processo de criação manual, testando
combinações de cores, posição das frases e de que maneira seriam vistos e aplicados nas
ruas. Foram atribuídos 3 cores, sendo elas: preto, branco e vermelho e diversificando em
fontes e tamanhos diferentes sem aplicação de Grid4, pois o processo se construir a partir
de elementos Punks.

Figura 39 – Moodboard homossexualidade

4
Grid: Malha, grid ou grelha, no design gráfico, é uma estrutura geométrica constituída por eixos desenvolvida para
auxiliar o alinhamento de elementos textuais e imagéticos numa composição visual.
48

Para o desenvolvimento do Moodboard homossexualidade, foram atribuídas imagens que


poderiam agregar no meu trabalho como uma ideia de resposta e grito em todas atrocidades
que ocorrem contra os homossexuais. Foram atribuídas cores, frases de impacto e
principalmente a pauta LGBTIAP+

Figura 40 – Moodboard Movimento Punk

Os principais conceitos norteadores no moodboard movimento punk, consiste sobre a


indignação, autoexpressão e experimentação, representados pela estética do “Faça Você
Mesmo” (DIY — Do it Yourself). Habilitando o indivíduo a construir e reinventar sua própria
identidade através da aparência, atitude e até mudanças de nome.

No que se refere aos desdobramentos no design gráfico, uma corrente de artistas gráficos
que se opunha aos moldes do modernismo (pós-modernistas) viu na estética punk a
oportunidade de desestabilização da ordem em prol da anarquia, do caos e da emoção;
onde a geometrização e os grids eram consideradas símbolos de repressão e banalização,
possibilitando assim a transformação do conceito de legibilidade e a quebra da noção de
clareza.
49

Figura 41 – Construção da identidade visual

Figura 42 - Construção da identidade visual alternativo

A identidade desenvolvida, será inserida como uma forma de mostrar quem é o artista e
direcionar o indivíduo procurar no Instagram para a consolidação da ideia. Serão inseridas
nos quantos inferiores dos lambes direitos e nos quantos esquerdos, havendo a junção nos
Lambes para não destoar.
50

Figura 43 – Identidade visual em PB e Laranja

O logo em construção será aplicado nos lambes tendo como um ponto marcante a
representatividade do autor, atribuindo a imagem com a escrita CARECAGUARA, que tem
a junção dos nomes careca, uma ideia de construção do próprio rosto do autor e Guara, a
localidade de onde veio que em Guarapiranga.

Para o desenvolvimento final do projeto, as intervenções gráficas serão construídas através


do Photoshop PS, atribuindo elementos dos moodboards, pesquisa do projeto sobre a
homofobia, as vivencias obtidas com êxito nas ruas para assim compor o trabalho. A
principal ideia através do lambes desenvolvidos com elementos do movimento Punk, é tratar
a homossexualidade no seu contexto atual, colocando em questão a pluralidade e os
momentos dessociáveis que se passam ainda nos tempos atuais e discutir o que precisam
serem vistas.
51

PROJETO

Todo artista de rua tem que lidar com o público passante, diariamente, qualquer que seja
sua plataforma de trabalho. O fundo em preto, branco e o vermelho, traz as cores presentes
nos elementos que compõe a materialidade do urbano, fazendo alusão ao excesso de
colagens, letras, e informações visuais sobre as problemáticas nas capitais.

Essas escolhas não foram feitas por falta de planejamento ou conhecimento de design. A
utilização da Influência e a Evolução do Design Punk, permiti que viole as regras
convencionais de design “bom”. Intencionar e questionar os padrões e desafiar as normas
da cultura contemporânea, presentes nestes 9 lambes. Como não cumpre nenhuma regra,
como layouts de grade ou composição perfeita, o design punk pode ser libertador e
ultrapassar os limites do design convencional.

Figura 44 – Lambe 01 Figura 45 – Lambe 02 Figura 46 – Lambe 03

Os três primeiros lambes titulados como “O discurso dele era ódio”, tem por construção
frases mais ativistas, tratando o que os homossexuais passam constantemente no seu dia,
seja por frases, ou até o ponto da agressão. Essa maneira de verbalizar o cotidiano nos
mostra que não cabem mais esses modelos que se caracterizam repudio de ódio.
52

Figura 47 – Lambe 04 Figura 48 – Lambe 05 Figura 49 – Lambe 06

Para a construção do quarto ao sexto lambe, tem por caracterização de reflexões e


questionamentos. Diariamente homossexuais passam uma tensão ao demonstrar seus
afetos em locais públicos, frases tais como estas tem um pacto mais reflexivo, em que a
mudança seja por parte do outro e não mais uma obrigação dos gays se esconderem.

Figura 50 – Lambe 07 Figura 51 – Lambe 08 Figura 52 – Lambe 09

Na construção do sétimo ao nono lambe, foram atribuídos elementos de trocadilhos. Frases


de resistência, de força para a comunidade LGBTQIAP+. Contestar essas palavras na rua,
53

a intenção é gerar mais pessoas que simpatizam com a causa, que o próprio se identifique
com essas frases e reflita como quer ser tratado perante a cultura.

Figura 53 – mooboard 01

Os moodboards foram essenciais para entender como funcionariam todos os nove lambes
unidos, sem distorcer a ideia da proposta e caminhar o público para uma leitura mais direta
e propositiva.
54

Figura 54 – mooboard 02
55

Para o detalhamento, a construção dos lambes foram usadas diversas fontes que remetesse
a ideia da construção de cartazes punks, foram inseridos para a composição do material as
fontes tipográficas: Punk Typewriter, Half Bold, Payday Regular, Fidelga e Nue Machina. Entre
as fontes, algumas tem os dois pesos na maiúscula e minúsculas, e outras fonte apena na
construção da família tipografia somente nas maiúsculas conforme as imagens abaixo.

Figura 55 – Fonte tipográfica: Punk Typewriter

Figura 56 – Fonte tipográfica: Half Bold


56

Figura 57 – Fonte tipográfica: Payday Regular

Figura 58 – Fonte tipográfica: Fidelga


57

Figura 59 – Fonte tipográfica: Nue Machina

Para a versão final da identidade de marca, foi atribuído o nome final de carecaguara,
trabalhado no negativo para aplicação nas partes inferiores esquerdos e direitos nos lambes.
As versões consistem tanto no digital quanto no impresso.

Figura 60 – logo carecaguara Branco Figura 61 – logo carecaguara Preto


58

Figura 62 – Sticker

O adesivo é atribuído como um completo do trabalho, tem um fator funcional como de um


cartão de visitas, isso facilita na repercussão do trabalho, pois identifica quem é o artista e
como é o trabalho dele. O motivo pela qual foi realizado esse Sticker5, é pela palavra frase
inglesa: PARENTAL ADVISORY EXPLICIT CONTENT, que tem como significado informar que
existe uma conteúdo explicito e em amarelo o logo que vai direcionado para a página do
Instagram. Esses Stickers são colados em vias públicos junto com demais adesivos e podem
ser compartilhados entre artistas de rua.

A intensão do site é um complemento através do Instagram, para o público entender sobre o


trabalho, o motivo da realização e o processo que gera em torno dos 9 lambes. Disponível
através do link: https://keepo.io/guara/

5
Sticker - É um adesivo é um tipo etiqueta: um pedaço de papel impresso, plástico, vinil ou outro material com adesivo sensível à
pressão temporário ou permanente em um lado. Pode ser utilizado para fins funcionais, dependendo da situação
59

Figura 63 – Site careguara I parte superior

Figura 64 – Site careguara I parte inferior


60

Figura 65 – Instagram careguara

Figura 66 – Instagram careguara


61

Figura 67 – Instagram careguara

Figura 68 – Notificações da página Figura 69 – Mensagens no Instagram


62

A página do Instagram é importante e funciona em junção aos lambes, como uma forma de
registro e uma maneira mais prática de mais pessoas poderem encontrar sobre o trabalho,
gerar encontros e diálogos através da rede social e assim atingir também online, gerando
uma repercussão maior do trabalho e uma forma de se expandir mais rapidamente.

Ao realizar o trabalho na rua e postar na página do Instagram para concretizar o acervo,


houve grandes repercussões, tanto quanto em curtidas, quanto em mensagens positivas.
Gerou também a possibilidade de montar um coletivo através de artistas que realizam
diversos discursos, práticas com o lambe para abordar outros cartazes com frases
impactantes em são Paulo.

O primeiro lambe foi exposto na paulista, atraindo diferentes olhares, tantos dos que gostam
e de outros que não se simpatizam com as intervenções. E neste quesito, o acervo no
Instagram é a maneira de proteger o trabalho, pois pessoas, prefeitura, polícia e entre outras
podem rasgar ou até mesmo tirar e durar por pouco tempo devido as mudanças climáticas
que afetam também a durabilidade do trabalho.

Os demais lambes foram inseridos em diversos pontos em São Paulo, mais concentrados
pelo centro, começando pela Paulista, e percorrendo os cantos possíveis para serem
colados, analisando se tem circulação de pessoas, quais os tamanhos que vão para a
parede, variando entre A4, A3, A2 e A1. Criando uma narrativa que possibilidade diversa
formas de compreensão, tendo os lambes juntos como um painel, tanto individualmente.
63

Figura 70 – Impressão dos Lambes

Figura 71 – Mural de Lambes na Praça Roosevelt


64

Figura 72 – Lambe: Não podemos mais Figura 73 – Lambe: Jogue a homofobia

Figura 74 – Lambe: jiló Figura 75 – Lambe: Não tolero mais


65

Figura 76 – Mural de Lambes Colados

Figura 77 – Mural de Lambes Colados


66

A percussão do trabalho exposto nas ruas, geraram diferentes formas de compreensão, a


qual o meu trabalho propôs a ter, tanto nas questões positivas, onde o público LGBTQIAP+
se identificaram, compartilharam através das redes socais, e trocaram mensagens diretas.
Por outro lado, ao percorrer alguns pontos onde foram inseridos os lambes, tiveram a
consequência que já esperava, alguém vandalizando, rasgando e entre outros.

Figura 78 – Lambes obstruídos

Não podemos concluir quem foi que realizou tais rasgos, mas poderei afirmar que o objetivo
foi idealizado com sucesso, pessoas de tantas e inúmeras pessoas espalhadas, o tal feito
pode ter vindo de alguém que não goste deste tipo de intervenção, homoboficos e entre
outros. Mas poderei concretizar que para qualquer feito como nas imagens acima, tem de
ler e após isso a reação vai de acordo com cada indivíduo.
67

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio deste trabalho, obteve-se diversos resultados sobre a relação das intervenções
gráficas urbanas: a interação com o público, encontro com outros artistas que norteiam o
tema tratado e até a organização de um coletivo chamado “Lambixas” que propõe através
de lambes pautar, discutir e questionar a sociedade sobre a pluralidade que ainda é um
tema a ser discutido por um tempo.

Ao tomar como objeto de estudo a compreensão do tema tratado, pode-se notar como a
cultura passou a ser um aspecto importante para a determinação do poder de uma
sociedade, além de possibilitar a eclosão de fortes movimentos e conceitos, permitindo
pautar qualquer questão cabível a ser discutida.

Considerando, ainda, a carência artístico-cultural da sociedade marginalizada nas grandes


cidades, esta pesquisa pretendeu trazer à possibilidade de se apropriar da cidade para criar
e apresentar as necessidades da compreensão da maneira como a homossexualidade é
visada atualmente e quais repressões passamos diariamente contra a homofobia. O
trabalho condicionado na capital surge a necessidade de diálogo com o questionamento da
contemporaneidade, de suas nuances e de suas representações.

Por fim, este estudo é apenas o início de muitos outros e tem a pretensão de se estender
por um tempo. Existem lacunas com relação à inclusão das pessoas homossexuais no
contexto social que precisam ser preenchidas.
68

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Arnaldo Antunes: "lambe-lambe", São Paulo


Figura 2 - O antigo Matadouro Municipal da Vila Mariana São Paulo, 1994
Figura 3 - Arte/Cidade: à Cidade e seus Fluxos, São Paulo, 1995
Figura 4 - Arte/Cidade: a Cidade e suas Histórias, São Paulo, 1995
Figura 6 – Arte/Cidade: zona leste, São Paulo, 2002
Figura 7 - Abridores de Letras de Pernambuco, 2013
Figura 8 - Frente 3 de Fevereiro, São Paulo. Bandeiras, 2006
Figura 9 - Coletivo Oitentaedois São Paulo, Movimento Tipográfico, 2013
Figura 10 - Cidade Limpa, São Paulo: 2001 a 2007
Figura 11 - Cidade Limpa, São Paulo: 2001 a 2007
Figura 12 - Eduardo Scrur: ATENTADO, São Paulo: 2004
Figura 13 - Eduardo Scrur: ATENTADO, São Paulo: 2004
Figura 14 - Eduardo Scrur: ATENTADO, São Paulo: 2004
Figura 15 - Arnaldo Antunes: Apenas Pensa, São Paulo: 2019
Figura 16 - Arnaldo Antunes: Apenas Pensa, São Paulo: 2019
Figura 17 - Andrés Sandoval: Prosa na escada, São Paulo: 2008
Figura 18 - Augusto Sampaio: projeto em Estúdio Valongo, São Paulo, 2011.
Figura 19 - Augusto Sampaio: projeto em Estúdio Valongo, São Paulo, 2011.
Figura 20 - Augusto Sampaio: projeto em Estúdio Valongo, São Paulo, 2011.
Figura 21 - Carta em que freud trata sobre ‘reverso da homossexualidade’, 1935
Figura 22 - Homossexualidade –xingamento
Figura 23 - Homossexualidade e violência
Figura 24 - Dados do Ipec sobre como os paulistanos avaliam o que a Prefeitura de SP Figura
25 - Série de cartazes lambe-lambe criada pelo Vertentes Coletivo.
Figura 26 - Série de cartazes lambe-lambe criada pelo Vertentes Coletivo.
Figura 27 - Cartaz: sua frase que diz “Pobre não tem hábito alimentar.”
Figura 28 - Henrique Montanari, aka EDMX
Figura 29 - Henrique Montanari: intervenção na parede próximo à estação Santana
Figura 30 - Oboticário: Campanha Dia dos Namorados
Figura 31 - Campanha do Banco do Brasil: para todas as formas de amor.
69

Figura 32 - São Paulo futebol club: Ninguém aguenta mais homofobia no futebol
Figura 33 - Estações das linhas 4- apoia luta contra a homofobia
Figura 34 - Lambe-lambes: Mais amor por favor
Figura 35- Lambe-lambes: Felipe Queiroz pelas ruas
Figura 36 – Moldes
Figura 37- Processo
Figura 38 – Desenvolvimento
Figura 39 – Moodboard homossexualidade
Figura 40 – Moodboard Movimento Punk
Figura 41 – Construção da identidade visual
Figura 42 - Construção da identidade visual alternativo Figura
43 – Identidade visual em PB e Laranja
Figura 44 – Lambe 01
Figura 45 – Lambe 02
Figura 46 – Lambe 03
Figura 47 – Lambe 04
Figura 48 – Lambe 05
Figura 49 – Lambe 06
Figura 50 – Lambe 07
Figura 51 – Lambe 08
Figura 52 – Lambe 09
Figura 53 – mooboard 01
Figura 54 – mooboard 02
Figura 55 – Fonte tipográfica: Punk Typewriter
Figura 56 – Fonte tipográfica: Half Bold
Figura 57 – Fonte tipográfica: Payday Regular
Figura 58 – Fonte tipográfica: Fidelga
Figura 59 – Fonte tipográfica: Nue Machina
Figura 60 – logo carecaguara Branco
Figura 61 – logo carecaguara Preto
Figura 62 – Sticker
Figura 63 – Site careguara I parte superior
Figura 64 – Site careguara I parte inferior
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Figura 65 – Instagram careguara


Figura 66 – Instagram careguara
Figura 67 – Instagram careguara
Figura 68 – Notificações da página
Figura 69 – Mensagens no Instagram
Figura 70 – Impressão dos Lambes
Figura 71 – Mural de Lambes na Praça Roosevelt
Figura 72 – Lambe: Não podemos mais
Figura 73 – Lambe: Jogue a homofobia
Figura 74 – Lambe: jiló
Figura 75 – Lambe: Não tolero mais
Figura 76 – Mural de Lambes Colados
Figura 77 – Mural de Lambes Colados
Figura 78 – Lambes obstruídos
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CRONOGRAMA

ETAPA 1 - MARÇO: Pesquisa em artigos, definição de termos e conceitos e fundamento teórico;


ETAPA 2 - ABRIL: Pesquisa bibliográfica, fichamento e revisão do estudo;
ETAPA 3- MAIO: Experimento, estudo do caso, análise do projeto e considerações dos orientadores;
ETAPA N - JUNHO: Revisão do projeto, análise das informações, considerações finais dos orientadores e
apresentação banca 2.
72

REFERÊNCIAS

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temporário e permanente. Annablume: Fapesp, 2000.
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1, p. 121-144, 2007.
CARTAXO, Z. Arte os espaços públicos: a cidade como realidade. Revista Cartaxo, rio de Janeiro, V.1,
nm1, 2009.
CARTAX, Z. Pintura em distensão. Rio de Janeiro: Oi Futuro/Secretaria do Estado de Cultura do Rop de
Janeiro, 2006.
ENCICLOPÉDIA ItaúCultural. Disponível em:
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo5419/sitespecific/. Acesso 01 nov 2021.
PEIXOTO, Nelson Brissac. Intervenções urbanas – Arte/cidade. São Paulo: Editora Edições Sesc, 2012.
PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens urbanas. 3ª. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora Senac - São Paulo,
2004.
WILHEIM, Jorge. São Paulo uma interpretação. São Paulo: Editora Senac, 2019.
PORO, Intervenções urbanas e ações efêmeras. Disponível em: Acesso 02 nov,2021.
CIDADE GRÁFICA ItaúCultural, Disponível em:
https://www.itaucultural.org.br/sites/cidadegrafica/index.html./. Acesso 02 nov, 2021.
ARTE/CIDADE, grupo de intervenção urbana. Disponível em:
http://www.artecidade.org.br/indexp.htm. Acesso 02 nov, 2021.
ARGAN, G. C. História da Arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
CALVINO, Italo. As Cidades Invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
IANINI, Gilson. Caro Dr. Freud: Respostas do século XXI a uma carta sobre homossexualidade. Editora
Autêntica. Belo Horizonte, 2019.
MORIS, Vera. Coragem de ser: Relatos de pais e homossexuais. Editora GLS. São Paulo, 2017.
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agencia-de-noticias/noticias/26192-casamentos-homoafetivos-crescem-61-7-em-anode-queda-no-
total-de-unioes. Acesso 03 nov, 2021.
VILELA, Gabriela Jaqueline Domingues. Um Estudo sobre representações de sexualidade e atitudes
sexuais de adolescentes de uma Escola Pública: análise-descritiva de grafitos em carteiras escolares São
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Acesso em 04 nov, 2021.
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BBC. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-48801567.Acesso em 06 març,
2023.
73

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2023.
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9D. Acesso em 16 mar, 2023.
Desinteracao. https://desinteracao.tumblr.com/post/40064655378/o-design-punk-e-suas-
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WAGNER, C. M. Freud e Reich - Continuidade ou ruptura?São Paulo: Summus Editorial, 1995.
HIGGINS, M.; RAPHAEL, C. (Org.). Reich speaks of Freud. New York: Condor Book, 1967-1972.

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