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Pensando cartografias em uma pesquisa entre


comunicação, arte e cidade
Thinking on cartographies in a research between communication, art,
and the city

Resumo
Danielle Marcia Hachmann de Neste artigo, teço reflexões sobre perspectivas que têm guiado
Lacerda da Gama minha investigação de tese em Comunicação sobre (com)
dani.dagama@hotmail.com artistas de rua no Rio de Janeiro. O recorte em suas práticas
Orcid: https://orcid.org/0000- propõe pensá-las como produtoras de metamorfoses potentes,
0002-9429-8914 ainda que efêmeras, no espaço urbano. Baseio-me em
Doutoranda em Comunicação perspectivas cartográficas, aliadas a uma sociologia do
cotidiano, para agenciar-me e refletir sobre o campo, a fim de
(UERJ). Pesquisa realizada com
seguir os atores em seus saberes de rua. É possível notar que
bolsa CAPES
artistas de rua desenvolvem um conhecimento afetivo e sensível
adquirido em seus percursos e performances na cidade, no
intuito de nela intervir e convocar seus públicos, em momentos
de “ser/estar-junto-com” (MAFFESOLI, 1988). Considero que
esses saberes podem guiar, também, os percursos do cartógrafo.
Palavras-chave: artistas de rua, cartografias, sociologia do
cotidiano.

Abstract
In this paper I weave reflections on perspectives that have been
guiding my thesis research in Communication about (with)
street artists in Rio de Janeiro. The focus in their practices
proposes to think of them as producers of potent, albeit
ephemeral, metamorphoses in urban space. I base myself on
cartographic perspectives, allied to a sociology of everyday life,
to act and reflect about the field, in order to follow the actors in
their street knowledge. It’s possible to notice that street artists
develop an affective and sensible knowledge acquired in their
journeys and performances in the city, in order to intervene and
convoke their audiences, in moments of “being together with”
(MAFFESOLI, 1988). I believe that this knowledge can also be
useful and guide the paths of the cartographer.
Keywords: street artists, cartographies, sociology of everyday
life.

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metamorfoseia, em inúmeras práticas e ações


1 Imaginar uma pesquisa moventes e desejosas de diferentes sujeitos e grupos
que lhe produzem cotidianamente.
Vivemos desde o último século intensas Dentre tais sujeitos, estão os artistas de rua, que
reestruturações, ou desestruturações, sociais, frutos trabalham tendo por suporte o cenário urbano, onde
da rápida evolução das tecnologias, dos meios de promovem interações com os transeuntes através de
comunicação e de transporte, que alteraram de performances “no meio do caminho”. Intervenções
modos nunca vistos as relações entre as pessoas. Nas artísticas, ao colocar música, dança, poesia, de
grandes cidades, tais mudanças têm se refletido em maneira inesperada no cotidiano dos citadinos,
dinâmicas cotidianas aliadas à velocidade e a uma geram afetos e memórias, experiências e
preponderância dos trânsitos versus uma ocupação socialidades momentâneas a partir do espaço em que
dos espaços públicos, gerando lacunas nas ocorrem, produzindo, como nas palavras de Martín-
experiências e intercâmbios cotidianos entre os Barbero (1994, p. 31, tradução da autora), “[...] uma
habitantes. comunicação que arranca da expressividade do
Nesse contexto, como afirma Martín-Barbero espaço”. Para promover esses encontros e a fim de
(1994, p. 27, tradução da autora), vivemos um realizar bem seu trabalho tais artistas buscam
ordenamento urbano que privilegia avenidas e ruas agenciar-se aos ambientes, comunicando-se com
como operadoras de fluxos, com “[...] centros eles e com os passantes, adquirindo um saber que
comerciais reordenando o sentido do encontro entre abarca a técnica, mas também o sensível, construído
as gentes”. Assim, quando se dão, encontros no a partir de suas próprias vivências na rua.
espaço urbano baseiam-se em experiências de Em minha investigação de tese em Comunicação
consumo ou em práticas institucionalizadas, entre os venho acompanhando a atuação de artistas de rua
trânsitos velozes e individualizados de um a outro em espaços públicos no Rio de Janeiro1. Dentre as
lugar, nas brechas designadas pelo tempo da várias formas cotidianas e “subterrâneas” de fazer
produção e do trabalho, cada vez mais precarizado. cidade e produzir momentos vividos em comum,
Em contrapartida a essa dinâmica difusa e proponho voltar-me às artes de rua – como tecedoras
fragmentada, Martín-Barbero recupera a existência de encontros potentes, ainda que efêmeros, no
das “centralidades subterrâneas”, no sentido espaço urbano – e destacar o conhecimento
maffesoliano: manifestações diminutas, mas produzido por seus atores sobre a urbe. Para tanto, é
vigorosas, que promovem maneiras de se comunicar necessário elaborar uma investigação também
a/na cidade, conferindo-lhe sentidos outros através ancorada nos encontros e no sensível.
de experiências compartilhadas e sensíveis. Afirma De início, trago um pouco da trajetória que me
Maffesoli (1988, p. 207) que é “[...] nos interstícios trouxe a este trabalho. Ao longo da dissertação de
da vida oficial – momentos ou espaços que são mestrado em Ciências Sociais, trabalhei no campo
reapropriados de uma maneira a que chamei da Antropologia da Performance, etnografando
‘minúscula’ [...] que se exprime da melhor forma a batalhas de poesia (slams) na cidade de Salvador, na
intensidade do ser/estar-junto-com.” É por meio Bahia. Os procedimentos metodológicos utilizados
dessas ações, em que se pode compartilhar a cidade então foram a observação participante e entrevistas.
e vivê-la junto de outros, que a urbe se

1
Diversas práticas podem ser abarcadas como artes de “tais como praças, anfiteatros, largos, boulevards”. Em
rua. Para uma definição em nosso campo, na cidade do seu artigo 2º, expõe: “Compreendem-se como atividades
Rio, é possível basear-se na lei 5429/12, conhecida culturais de Artistas de Rua, dentre outras, o teatro, a
como Lei do Artista de Rua (redigida em diálogo com dança, a capoeira, o circo, a música, o folclore, a
movimentos de artistas da cidade), que dispõe sobre literatura e a poesia”.
apresentações artísticas em espaços públicos abertos,

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Ao fim da investigação, pude perceber que muitas processos ligados às performances e percursos dos
coisas que me falaram sobre o slam e que me artistas na cidade. O foco está em acompanhar suas
permitiram compreendê-lo, no entanto, foram práticas olhando-as “pelo meio”, no que alio os
apreendidos em momentos não metódicos, quando fazeres cartográficos aos fazeres dos artistas,
eu mesma transitava pela cidade, e tendo atenção às pensando em como seus saberes podem inspirar
narrativas que surgiam dos atores em suas relações meus próprios modos de pesquisar. Considero que
com os territórios – quando demonstravam uma tais perspectivas cartográficas, ao mirar os
conexão complexa entre periferias, entre centro e movimentos dos sujeitos nos territórios, em um
periferias, e com outras manifestações culturais da processo de constante fazimento, aliadas a uma
cidade, para além do momento da performance do sociologia do cotidiano, ao voltar-se às histórias
slam. Assim, a pesquisa se fez a partir da relação dos “mínimas” e saberes-fazeres dos sujeitos, são
atores e da pesquisadora com o espaço, inclusive caminhos possíveis para compor uma pesquisa
encaminhando a noção de performance como um sobre (com) esses atores na apreensão de aspectos
processo mais amplo, agindo para além do palco da cidade.
onde se declamavam os poemas. Fernandes e Herschmann (2015, p. 297)
Quando elaborei meu projeto de doutorado na consideram o ato de cartografar como “[...] conjunto
área da Comunicação, escolhi voltar-me ao estudo de procedimentos de pesquisa por meio dos quais se
com artistas de rua, nos imaginários e socialidades busca contemplar e conferir destaque às diferentes
produzidos por eles em seus trânsitos e ocupações narrativas presentes (considerando inclusive as
pela cidade. Assim, a partir do vivido na pesquisa de fabulações que alimentam os imaginários locais)”.
mestrado, em uma investigação de cunho Os autores indicam-na como ferramenta relevante
etnográfico, propus utilizar a cartografia, método para investigações de dinâmicas sociais em
que considerei apropriado para pensar na relação contextos urbanos, que privilegiem processos
dos atores com seus territórios de atuação e comunicativos. Já, para Latour (2012, p. 179),
vivência, e por possibilitar incluir na pesquisa construir cartografias é produzir “relatos de risco”,
procedimentos que incluíam as derivas, os com suas incertezas e controvérsias. O autor
encontros e o sensível, em suma, os percursos para argumenta que a tarefa do cartógrafo é rastrear e
além das performances. Conforme Caiafa (2019), a acompanhar os atores e descrever associações,
cartografia aproxima-se, em certas versões, da tecendo a própria rede que, para ele, não é o que está
etnografia, e vem sendo utilizada em diversos sendo descrito, e sim uma ferramenta do método.
campos em diálogos interdisciplinares. A Nesse ponto, trago a discussão travada por
antropóloga, atuante no campo da Comunicação, Ingold sobre o termo “redes”. O autor busca
dialoga notadamente com as formulações de diferenciar redes técnicas de comunicação das redes
Deleuze e Guattari e suas noções de cartografia e engendradas pelos fios de uma aranha: estes não
rizoma. conectam pontos, e sim “são tecidos a partir de
Nessa direção, tenho dialogado com cartografias materiais exsudados pelo corpo da aranha, e são
dos afetos e movimentos do desejo (PASSOS et al., dispostos segundo seus movimentos. Nesse sentido,
2009; ROLNIK, 2011), baseadas na filosofia eles são extensões do próprio ser da aranha à medida
deleuzo-guattariana, e na cartografia das que ela vai trilhando o ambiente” (INGOLD, 2008,
associações, pela perspectiva de um “pesquisador- p. 210-211): os fios da teia são linhas ao longo das
formiga” (LATOUR, 2012). Ainda, apoio-me nas quais a aranha vive, e sua “rede” é tecida pelos
errâncias urbanas e corpografias, conforme Careri percursos e experiências cotidianos da aranha no
(2017) e Jacques (2012), como operadores práticos mundo. Penso, assim, nessa metáfora ao tratar os
e reflexivos voltados à dimensão espacial, aos percursos dos artistas na cidade, nesta cartografia

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“encorporada”2, por uma perspectiva corpográfica, precário, feito através de uma comunicação sutil que
conforme Jacques: gravita em torno da performance”. Desses
encontros, afirma, “nascem possibilidades de
As corpografias permitem compreender não só as
configurações de corporalidade como memórias
sociabilidade e de comunicação [...], seja essa
corporais resultantes da experiência de espacialidade, relação entre artista e espectador, entre
mas também as configurações urbanas como memórias espectadores, ou mesmo entre o espectador e a
espacializadas dos corpos que as experimentaram.
Essa espécie de cartografia corporal, em que não se cidade”. Assim, como em comunidades
distingue o objeto cartografado de sua representação, momentâneas, os passantes, em contato com a
tendo em vista o caráter contínuo e recíproco da performance, são chamados pelos artistas a tecer
dinâmica que os constitui, pode ser vista como um
discreto contraponto, ou desvio, à atual outras vivências e perspectivas sobre a urbe. Como
espetacularização das cidades contemporâneas, hiatos no fluxo do cotidiano, conformam, assim,
entendida como um processo globalizado produtor de
grandiosas cenografias urbanas. (JACQUES, 2012, p.
experiências estéticas, modos de experienciar e
301). sentir em comum.
Para produzir essas interações, os artistas
Logo, investigar práticas artísticas como desenvolvem técnicas e saberes, adquiridos por eles
processos comunicacionais na cidade implica uma em suas práticas de rua, no intuito de nela intervir e
abordagem metodológica que dê conta da natureza convocar seus públicos, em momentos de “ser/estar-
dinâmica do espaço e dos corpos na urbe, ainda, junto-com” (MAFFESOLI, 1988). Tais saberes,
tomando palavras de La Rocca, num “pensar com implicando processos comunicacionais e sensíveis,
sentidos”, ao contar a cidade por “pedaços de vida”3. compõem um “conhecimento encorporado”
Desse modo, penso a cartografia como adequada (DAWSEY, 2013, p. 313, grifo do autor), advindo
para realizar, no terreno, uma abordagem dos atores de sua experiência em percorrer e compor com
e das práticas em que se colocam dentro de espaços e gentes.
configurações espaciais-afetivas na cidade. A Seldin (2018, p. 3) comenta a habilidade dos
cartografia, nesse sentido, serve tanto ao estudo artistas de rua na “[...] percepção da flexibilidade
focado nas territorialidades, como nos processos e dos espaços, de novas formas de acessibilidade e de
movimentos dos atores. A tarefa do cartógrafo é, arranjo dos elementos físicos que o compõem”.
assim, descrever entrelaçamentos e percursos, como Interessante notar que, em inglês, o nome dado a
num mapa, propriamente, mas um mapa movente, artistas que se apresentam em espaços púbicos é
no trânsito entre os diferentes elementos do terreno, buskers. A palavra, como explica a pesquisadora,
no que muito podemos aprender ao olhar para como tem origem no vocábulo espanhol “buscar”, cujo
se dão as práticas dos próprios sujeitos pesquisados. sentido é o mesmo em português. Assim, os artistas
de rua foram reconhecidos, desde sua origem, “[...]
2 Imaginar um palco
por sua relação com o espaço, com o ato de buscar
o próximo lugar de performance, o próximo público,
Conforme Reia (2017, p. 390), “performances
a próxima maneira de se sustentar” (SELDIN, 2018,
em espaços públicos criam ‘palcos efêmeros’ em
p. 6).
volta dos quais pessoas se reúnem em um acordo
De modo análogo, para Moreaux (2020, p. 180)

2
Tenho optado por aderir, no texto, aos autores que da aranha e o ambiente se co-formam, encorporados, e
utilizam o termo “encorporação”, no lugar de não incorporados, um pelo outro.
3
“incorporação”. Conforme o dicionário on-line Informação oral, em aula lecionada na disciplina
Priberam, o prefixo in- exprime, dentre outros sentidos, Cidades Invisíveis, a convite dos professores Micael
um movimento para dentro, enquanto o prefixo en- dá Herschmann e Cíntia Fernandes, em 05/05/2023, na
ideia de mudança de estado ou forma. Por isso: imigrar Escola de Comunicação da UFRJ.
(in-migrar), mas enraizar (en-raizar). Como vejo, a teia

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o artista de rua, “como bom praticante da cidade”, que se faz acompanhando as transformações da
exercita sua habilidade de mapear o terreno, por paisagem. O cartógrafo busca no terreno elementos
interagir com detalhes só perceptíveis no para compor seus mapas, descobrindo “[...] que
“movimento e na sua prática de atuar”. Moreaux, matérias de expressão, misturadas a quais outras,
que além de pesquisador atua como músico de rua que composições de linguagem favorecem a
no Rio, destaca a capacidade dos artistas de se passagem das intensidades que percorrem seu corpo
apropriarem de elementos e ritmos do lugar para no encontro com os corpos que pretende entender”
construir suas performances, desenvolvendo uma (ROLNIK, 2011, p. 66, grifo meu). Tais reflexões
“leitura” dos ambientes e dos transeuntes. me levam a olhar para as práticas investigadas
O autor aponta, então, alguns aspectos que o rabiscando minha própria cartografia a partir delas,
artista observa ao chegar a um lugar, como: numa postura que se proponha “acariciante”,
caminhos e horários propícios (cuidando, também, produzindo um “conhecimento comum”
para não “esbarrar” na rotina do lugar ou atrapalhar (MAFFESOLI, 1988). É, assim, atenta aos saberes
os fluxos de pedestres e carros); onde e como se desses sujeitos que “[...] vivem o onírico como
posicionar ou como experimentar com os elementos possibilidade e a arte como comunicação”
do espaço; a presença ou não de outros agentes (FERNANDES, 2005, p. 16) que imagino meus
(como ambulantes e feirantes); a possibilidade de se procedimentos de pesquisa: os passos da aprendiz-
utilizar da sombra de uma árvore ou prédio; ou, cartógrafa vão sendo inventados, também, no
mesmo, a impossibilidade de atuar frente a caminho, fazendo “passar intensidades” com
determinados estabelecimentos. O pesquisador aqueles com quem pretende atuar. Tal como o artista
destaca, portanto, uma constante negociação com os que, no meio da praça, inventa um palco.
elementos dominantes do espaço, mas, também, Se, com uma sensibilidade astuciosa, usando
uma busca por possibilidades de “[...] apropriar-se termos de Certeau (1998, p. 47), o artista em suas
das particularidades que o lugar apresenta para táticas irá “captar no voo” suas possibilidades de
potencializar a dramaturgia do grupo e tocar as ganho, pode-se compreender que o processo de
pessoas deste lugar” (MOREAUX, 2020, p. 184). busca atenta também faz do procedimento
Ao cartógrafo na cidade, então, pode ser útil cartográfico um modo de criação: “[...] pode ser
apreender, no trabalho dos artistas de rua, modos cultivada a atenção cartográfica que, através da
como trabalham sua relação com o espaço, a fim de, criação de um território de observação, faz emergir
ali, realizar sua performance e convocar sua um mundo que já existia como virtualidade e que,
audiência, favorecendo vibrações em comum, ou enfim, ganha existência ao se atualizar”
seja, buscando “passar afetos” (ROLNIK, 2011; (KASTRUP, 2009, p. 50).
MOREAUX, 2020). O depoimento a seguir, de um Mas, assim como a existência de um palco em
músico de rua na cidade de Berlim, ilustra bem esse seu trajeto habitual surpreende o transeunte, acasos
aspecto: e reações inesperados podem acontecer também
para o artista, que aprende a lidar com o imprevisto
Quando se está na rua, o artista tem que capturar a
atenção, criar uma vibração para fazer as pessoas se
e com o improviso. Barros e Coutinho (2021)
aproximarem. [...] Eu acho que as performances de rua afirmam que, embora o artista saia para a rua com
permitem o estabelecimento de novas relações, novas suas cenas e canções ensaiadas e planejadas, é a
conexões entre as pessoas e entre as pessoas e a cidade.
(SELDIN, 2018, p. 8). resposta do público que dará o tom da performance.
Por isso, explicam que a escuta precisa ser praticada
Entendo, portanto, haver um entrelaçamento em a cada nova interação. Ademais, salientam, há uma
nossas táticas, na medida em que a cartografia, pluralidade de estímulos que demandam uma
como orienta Rolnik (2011), é como um desenho atenção necessária ao artista e que geram um

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aprimoramento de suas “competências para o jogo (2012) e Careri (2017). Para Jacques (2012, p. 24),
teatral na rua” (BARROS e COUTINHO, 2021, p. o errante tem maior preocupação com “práticas,
159). Os autores narram, por exemplo, desde ações e percursos” do que com “representações,
intervenções de crianças, como de um bêbado que planificações ou projeções” (JAQUES, 2012, p. 24),
dá um abraço no artista, impossibilitando seus vendo a cidade não a partir da visão de um mapa,
movimentos. Cada um, afirmam, é acolhido e mas a experimentando “de dentro”. Tal perspectiva
incluído no jogo, ou num “novo jogo”. Desse modo, se coaduna a uma pesquisa compreensiva, voltando-
artista e sua performance vão sendo forjados pelos se à descrição dos fenômenos a partir das
encontros. experiências vivenciadas pelo cartógrafo no campo.
De modo similar, as pistas que guiam o Nessa direção, para Careri, a deriva envolve a
cartógrafo, de acordo com Passos, Kastrup e busca do encontro com o outro, um “dispositivo de
Escossia (2009, p. 13), devem servir à “[...] uma interação para habitar territórios já habitados”
atitude de abertura ao que vai se produzindo e de (CARERI, 2017, p. 29), o que permite tecer outro
calibragem do caminhar no próprio percurso da elo entre as práticas dos artistas e dos pesquisadores-
pesquisa”, ou seja, um constante “fazer com” – cartógrafos. Ainda, para Herschmann e Fernandes
como o fazer do artista, que está sempre a compor (2014, p. 44), a deriva apresenta-se como
com os espaços que percorre e onde atua. Traço essa abordagem que permite, por desvios ou
analogia também quando os autores argumentam détournements, observar interações da cidade “[...]
que “[...] o corpo a corpo com o campo da pesquisa como um espaço de comunicabilidades dinâmicas
comporta sempre uma dose de imprevisibilidade e que se dobram e desdobram infinitamente”. Destaco
mesmo de aventura.” (PASSOS et al., 2009, p. 204). a associação que fazem, também, os autores, com a
Voltando-me, ainda, a orientações de Kastrup: prática de sujeitos que, como os que aqui
acompanho, elaboram desvios nos sentidos
[...] a atenção do cartógrafo acessa elementos
processuais provenientes do território – matérias
planejados dos espaços urbanos.
fluidas, forças tendenciais, linhas em movimento [...]. Ao longo da feitura desta cartografia junto aos
O cartógrafo é, nesse sentido, guiado pelas direções artistas, assim, é preciso olhar atento a seu caminhar,
indicadas por qualidades inesperadas e pela
virtualidade dos materiais. [...] Trata-se, em certa “ao rés do chão” (CERTEAU, 1998), em seu saber-
medida, de obedecer às exigências da matéria e de se fazer. É necessária também uma pesquisa aberta à
deixar atentamente guiar, acatando o ritmo e serendipidade, ao inesperado. É possível pensar,
acompanhando a dinâmica do processo em questão.
[...] Mais do que domínio [do campo], o conhecimento assim, como Kastrup (2009), em uma cartografia
surge como composição. (KASTRUP, 2009, p. 49). que não é competência, mas performance. Nesse
sentido, venho trabalhando em minha pesquisa atual
Parece-me muito com o modo com que o artista
com a cartografia como modo de pesquisar afetivo e
urbano conduz sua prática, desenvolvendo relações
disposto a experiências imprevistas e oportunidades
sensíveis e de aprendizado constante com a cidade e
de criar e fazer-com – assim como parecem fazer os
estratégias específicas para possibilitar seu trabalho,
artistas nas ruas. Considero que tais posturas levarão
ao fazer e refazer suas rasuras nos espaços. Tais
a compreender de modo mais amplo as questões
artistas abrem espaços para “coletividades
propostas e as que serão construídas, também, no
temporárias” (SIMPSON, 2011), lidando com
caminho. Assinalo adotar um horizonte de
negociações e acasos, aprendendo a ler os espaços
“investigador-passeante” (CORREIA et al., 2017, p.
para escrever/inscrever-se neles.
180), atenta às ruas, às experiências cotidianas e às
Assim, a fim de rastrear e acompanhar esses
múltiplas maneiras de experienciar a cidade, dentre
atores, utilizo o procedimento da deriva, inspirada
as quais se incluem as da própria pesquisadora.
em práticas de errâncias urbanas conforme Jacques
Para tanto, minhas principais ferramentas, desde

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o início, têm sido os calçados confortáveis para dá durante as performances, mas aos próprios
caminhar. Além disso, as anotações no caderno de percursos de “busca4” dos artistas por oportunidades
campo vão sendo preenchidas como migalhas para criar esses momentos vividos em comum,
deixadas no caminho, para que ele possa ser refeito mantendo-me atenta às ações e afetos que
no momento da reflexão e da escrita. Registro meus congregam os agrupamentos temporários surgidos a
percursos entre ruas e redes como ordenação desses partir de suas intervenções.
encontros, intentando, como orienta Latour (2012), Nesse sentido, para pensar uma investigação em
apresentar uma objetividade na pesquisa não pela que possa cartografar dialogando com os modos de
distância do sujeito investigador, mas pela fazer próprios da expressão que investigo, tomo aqui
apresentação de diversos mediadores percebidos no como operadores reflexivos os recursos que
campo. Maffesoli nomeia “procedimentos acariciantes”: a
intuição, o senso comum, a metáfora e a analogia.
3 Imaginar a cidade Uma aproximação acariciante está “[...] atenta ao
detalhe, aos elementos menores, numa palavra,
Para Maffesoli (1988; 1998), é relevante ao àquilo que está vivo” (MAFFESOLI, 1998, p. 192).
pesquisador na contemporaneidade compreender Desejando nutrir um conhecimento encorporado da
uma dada expressão e mostrar seu enraizamento cidade é que traço entrelaçamentos entre uma
social, olhando-a “por dentro” e descrevendo como pesquisa acariciante, os modos de fazer do
ela funda simpatia, no que serve de cola às cartógrafo e os saberes dos artistas de rua.
agregações, e os afetos que as animam no dia a dia. Em primeiro lugar, para Maffesoli, centralidades
Uma sociologia do cotidiano, aliada à intuição e às subterrâneas, como estou considerando as práticas
analogias do imaginário, afirma, pode acercar-se das urbanas dos artistas, são baseadas não apenas no
vibrações do corpo social, um conhecimento que se aspecto racional mas numa intuição, constituindo-se
aproxima do viver (MAFFESOLI, 1988). Adequo por uma vontade de compartilhar. Fernandes (2005,
aqui esse olhar enraizado a um olhar “pelo meio”, p. 54), em sua análise do autor, afirma que a intuição
em diálogo com a perspectiva cartográfica que “[...] exprime um saber incorporado, ou savoir
venho seguindo, entendendo o meio não como uma incorporé, que, em cada grupo social e em cada
“média”, mas como “lugar onde as coisas adquirem persona, se apresenta sem mesmo estes terem plena
velocidade” (DELEUZE, GUATTARI, 1995, p. consciência do fato.” Trata-se, portanto, de um
18). Assim, conforme defendem as pesquisadoras “conhecimento comum”, nos termos maffesolianos,
Escossia e Tedesco (2009, p. 106), conhecer é que se produz a partir das experiências dos atores
acompanhar os movimentos que constituem os em seus fazeres e interações cotidianos.
processos e fenômenos, “ou seja, conhecer a Esse conhecimento, resultado da metáfora e da
realidade é traçar seu processo constante de intuição é, para Maffesoli (1988), uma sabedoria
produção”. “encarnada”, produto da vida concreta. Devemos
Além disso, para Maffesoli (1998, p. 203), a fim apreender, conforme o autor, como pesquisadores
de que se construa um conhecimento baseado no do social, o saber dos atores não como algo a partir
cotidiano vivido, “[...] é necessário apelar para os do qual falar, mas válido em si. Por isso, se o
poetas, para os artistas, para os místicos, ou para a pesquisador busca compreender as efervescências
experiência do senso comum que saiba aderir àquilo contemporâneas não só descrevendo-as, mas
que é, viver e fruir daquilo que é”. Nesta pesquisa, também “intuindo-as”, ou sentindo-as, ele se
portanto, pretendo voltar-me não apenas ao que se

4Referindo-nos ao termo buskers, mencionado rua.


anteriormente, termo inglês para designar artistas de

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aproximará de seus sujeitos de estudo Enquanto estruturalmente a faixa de pedestre é


ressignificada por picadeiro e o asfalto por plateia,
(FERNANDES, 2005). pode-se dizer que todo o restante se torna os
Aplicando a intuição ao trabalho do cartógrafo, “bastidores” [...]. Se seguida essa lógica de
portanto, proponho um olhar que ressalte e destaque ressignificação, outros locais podem assumir
características distintas às descritas como originais
aquilo que já existe, com uma percepção apurada, [...]. Logo, um bar pode assumir características de
como a dos artistas, que rotineiramente intuem, nas “camarim”. (SOUZA NETO et al., 2020, p. 46).
arquiteturas e objetos mais banais, possibilidades de
Enfim, perante os ajustes fluidos, por vezes
criar outras coisas a partir do que ali “já está”. Nesse
precários, das socialidades nas metrópoles
sentido, a sensibilidade do cartógrafo, como ensina
contemporâneas, Martín-Barbero (1994, p. 28) nos
Rolnik,
propõe a pergunta: “Na cidade implodida e
[...] desponta aqui e ali, em qualquer grupo, e, pode-se descentrada, o que convoca hoje as gentes a reunir-
dizer, independentemente das referências técnicas ou se, que referentes as fazem sentir-se juntas?”. É
teóricas. Isso gera uma espécie de cumplicidade
implícita, uma subconversa que se dá através dos mais nesse sentido que busco apreender as manifestações
variados grupos, corrente subterrânea que atravessa a e interações que os artistas nas ruas produzem,
todos, buscando – encontrando às vezes e, em outras, provocando re-uniões, ainda que localizadas e
desencontrando – diferentes formas de inteligibilidade,
diferentes cartografias e diferentes mundos. E, para efêmeras. Considero que o conhecimento gerado a
isso, qualquer língua que se invente é sempre bem- partir do cotidiano vivido e produzido por eles
vinda. (ROLNIK, 2011, p. 75).
permite compreender formas que concorrem para o
É possível pensar, nessa “língua inventada” acontecimento dessas comunidades instantâneas e
para a ressignificação dos espaços da urbe.
para uma conversa entre mundos, nas metáforas e
Para Perán (2013), mapas foram feitos desde
analogias, de que trata Maffesoli. Estas que servem sempre, mas, antes de adquirir vocação científica e
ao fazer dos artistas e que, para o cartógrafo, são servir à gestão política do território (e como
ferramenta para detectar e apropriar-se de matérias-
meios vigorosos para descrever a vitalidade de suas
primas, mão de obra, recursos), a cartografia foi algo
práticas: o artista na rua age sobre o espaço ao “fazer mais próximo de um gênero literário:
ser”, ou fazer “como se”, em constantes
[...] a cartografia estava soberanamente afetada pela
reviramentos. Propõe, com sua cena, seus imaginação, por como se imaginavam os confins
desconhecidos do mundo e que, em consequência, só
equipamentos, ou apenas seu corpo em podiam ser objeto de sonhos. É nesse sentido que lhes
digo que genuinamente a cartografia não pertence à
performance, uma ressignificação de espaços lógica da ciência, pertence à lógica do imaginário, do
triviais, “[...] tornando-os aparato e estruturas de sonhado, do intuído mais do que do consagrado.
(PERÁN, 2013, p. 106, tradução minha).
apoio para seu fazer” (SOUZA NETO et al., 2020,
O autor propõe, então, tomar essa ferramenta
p. 45). Ao riscar no chão um quadrado com giz,
representativa e hegemônica e subvertê-la a fim de
subitamente “faz virar” um palco. Ao tratar de gerar outros relatos. Em pesquisas nas cidades no
artistas que se apresentam em semáforos em uma campo da arte e da comunicação, de muito nos serve
pensar na cartografia como feitura de mapas a partir
cidade do interior de Minas Gerais, os pesquisadores
das experiências dos atores – suas “narrativas
descrevem como alguns dos elementos que, no errantes” (JACQUES, 2012). Afinal, a cidade
espaço da cidade, “estão ali” para outros fins, são “real”, para além da cidade representada no mapa
usados pelos artistas “como se” fossem outros: geográfico, se constitui também pela cidade
“imaginada”, vivida por seus habitantes e visitantes,

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em outras escalas e percursos. territorialidades efêmeras. O caminho da


Praticar uma sociologia do cotidiano pensando investigação, também dinâmico, só poderá ser
processos artísticos-culturais, e os imaginários e construído ao longo da pesquisa, junto ao campo e
socialidades que produzem, é destacar sua potência aos atores, deixando-se surpreender e nutrir pelos
afetiva, que se contrapõe à cidade programada pela inesperados (como a serendipidade da própria arte
racionalidade, pelo apego ao funcionalismo que que acontece na rua). Assim, as pistas trazidas aqui
derruba arquiteturas e memórias, que divide e isola, são pontos de partida, guias para uma habitação do
privatizando espaços. Cartografar tais processos é terreno, embora nas cartografias, como nas
abrir-se ao desejo do encontro que, fundado em performances, tudo pode acontecer. Interessa,
sonhos e sensibilidades as mais diversas e no enfim, arquitetar uma cartografia encorporada pela
espírito do comum que baseia subterraneamente experiência vivida, ao seguir os atores em seus
nossas comunidades, ressurge sempre, produzindo desejos de fazer sobre a cidade.
na cidade suas metamorfoses.
Referências
4 Considerações de partida
BARROS, R. de; COUTINHO, E. 2021. O corpo em
jogo na rua. Ephemera Journal, 4(8): 151-165.
Nas brechas dos tempos da produção e do
consumo, aposto nesta pesquisa no CAIAFA, Janice. 2019. Sobre a etnografia e sua
acompanhamento de pequenos “comuns” que se dão relevância para o campo da comunicação. Questões
Tranversais, 7 (14): 37-46.
resistindo ao esvaziamento de espaços gregários da
cidade, tantas vezes asfixiada por processos de CARERI, F. 2017. Caminhar e parar. São Paulo, G.
urbanização desumanizada e fragmentada. Desse Gili, 2017, 98 p.
modo, volto-me às atuações e práticas de artistas nas CERTEAU, M. de. 1998. A invenção do cotidiano:
ruas, na produção de instantes de encontro na urbe. artes de fazer. 3 ed. Petrópolis, Vozes, 351 p.
No contexto do Rio de Janeiro, optei por fazer
DAWSEY, J.C. 2013. Descrição tensa (Tension-Thick
um recorte em práticas de música e poesia, por Description): Geertz, Benjamin e performance. Revista
terem sido aquelas com que tive contato mais de Antropologia, 56(2): 291-320.
frequente em minhas derivas. Nessa moldura, venho DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. 1995.
acompanhando bandas de rock de rua, que Introdução: Rizoma. In: DELEUZE, Gilles;
promovem acontecimentos inesperados na GUATTARI, Félix. Mil Platôs: Capitalismo e
Esquizofrenia. vol. 1. São Paulo, Editora 34. p. 2-18.
paisagem da urbe; poetas de batalhas de poesia
(slams), em suas performances e percursos sonoros ESCOSSIA, L. da. TEDESCO, S. 2009. O coletivo de
espalhando-se por toda a cidade; e fanfarras forças como plano de experiência cartográfica. In:
PASSOS, E., KASTRUP, V., ÉSCOSSIA, L. da.
femininas de carnaval, que convocaram minha (orgs.). Pistas do método da cartografia: Pesquisa-
atenção logo de início, a fim de refletir sobre uma intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre,
Sulina, p. 92-108.
cidade ocupada e percorrida por mulheres, não
apenas nesse festejo, mas pensando-o como parte do FERNANDES, C. S. 2005. Sociabilidade,
próprio imaginário compartilhado da cidade do Rio. Comunicação e Política: a Rede MIAC como
provocadora de potencialidades estético-comunicativas
Tal como acontece aos artistas, que capturam na cidade de Salvador. Florianópolis, SC. Tese de
seus momentos de “caça” em pleno voo doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina,
(CERTEAU, 1998), considero a cartografia como 222 p.
caminho possível para acompanhar esses atores e FERNANDES, C.S.; HERSCHMANN, M. 2015. Usos
processos dinâmicos, uma estratégia adequada para da cartografia nos estudos de comunicação e música.
Fronteiras: estudos midiáticos, 17(3): 290-301.
tempos instáveis e fluidos, de nomadismos e

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