Você está na página 1de 15

EXPERIÊNCIAS ERRANTES EM TEATRO PARA TEMPOS PANDÊMICOS:

a rua e a casa como lugares praticados na investigação de


performatividades cênicas

Takna Mendonça Formaggini1

RESUMO:

Este trabalho tem por objetivo analisar experiências entre teatro e cidade, investiga-
das no contexto do projeto de Pesquisa-Extensão Teatro de Rua: espaços urbanos
em cena, realizado no segundo semestre de 2019 e no período de isolamento social
ocorrido a partir de março de 2020 devido à pandemia de COVID 19. A investigação
pretendeu abranger um estudo da prática empírica de atuação a partir da percepção
sensível da cidade para a prática de um teatro de rua que dialogue com os sentidos
pessoais e coletivos presentes nos espaços públicos de Campos dos Goytacazes,
assim como o tempo-espaço entre a possibilidade e a impossibilidade desta experi-
mentação dentro do cenário pandêmico que acometeu a segunda fase desta pes-
quisa.
Palavras-Chave: Cidade. Arte. Teatro de Rua. Covid-19.

ABSTRACT:

This work aims to analyze the relationship between art and the city based on the ex-
perience of a project Pesquisa-Extensão Teatro de Rua:espaços urbanos em cena, in
the context of the initiative was carried out in the second half of 2019 and in year of
2020 marked by the social isolation since March of 2020 due to the Covid-19 pande-
mic. This investigation comprises a study on artistic performance based on the sensi-
tive perception about a city to a street theater practice that strikes a chord with both
personal and group feelings in public spaces in the city of Campos dos Goytacazes. It
also took into consideration the time-space between the possibility and the impossibi-
lity of such type of performance in the second phase of this study, which was heavily
affected by the pandemic.
Keywords: City. Art. Street Theater. Covid-19.

1 Graduada em Licenciatura em Teatro pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO.


Mestre em Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas - UFF. Professora de Teatro
do Instituto Federal do Rio de Janeiro - IFRJ. takna.formaggini@ifrj.edu.br
1
A ampliação do campo de reflexão arte – cidade, em seus aspectos estéticos e polí-
ticos, principalmente no contexto pandêmico de isolamento social, baseia-se na apreensão
da ideia de que uma sociedade que se desenvolve culturalmente, é uma sociedade que se
percebe no espaço que ocupa, pensa criticamente sobre ele e estabelece afetos por estes
espaços públicos urbanos. Este debate construído e fortalecido nas pesquisas que envolvem
ações empíricas realizadas nos últimos anos por mim no trabalho realizado a partir do Projeto
de Integração Pesquisa-Extensão “Teatro de Rua: espaços urbanos em cena”, coordenado
por mim no Instituto Federal Fluminense - Campos, campus Centro, no ano de 2019 e 2020.

Com um trabalho que envolve a pesquisa e a experimentação através de laboratórios


que pretendem compreender as relações da cena teatral com o cotidiano da cidade. A per-
cepção das co-presenças que se dão nas relações sociais cotidianas, são comumentemente
evitadas, trazendo uma mecanicidade que reflete diretamente no processo da recepção da
cena, portanto a metodologia que nos interessa, deve considerar trabalhar com o oposto
disso, ou seja, fortalecer a percepção dos atuadores com o momento presente, no encontro
com o espaço e com o outro na intenção de trazer organicidade ao trabalho do ator na cons-
trução da cena, na exploração livre de suas qualidades afetivas e capacidades técnicas e
internas que refletirão nas experiências futuras da recepção teatral. O foco pretendido, por-
tanto, se dá na elaboração da significação presente na preparação dos atuadores voluntários,
para a construção de um processo artístico significativo a partir da relação de afeto destes
com a cidade que pretendem atuar. Os trabalhos corporais de atuação realizados seguem na
busca de uma linguagem de apropriação dos sentidos cidade, da relação de si mesmos com
o espaço e com o outro, na busca por essa porosidade afetiva.

Os itinerários públicos de intervenção artística transformam-se em itinerários de con-


finamento, reorganizando esta etapa da pesquisa, porém, nutrida por todos os pertencimen-
tos vividos pelos participantes durante a construção da investigação ocorrida nas primeiras
etapas da pesquisa. Os atuadores pesquisadores, agora no isolamento de suas residências,
refletem sobre a criação em teatro e a rua dentro de um contexto pandêmico e da problemá-
tica da impossibilidade do estar na rua, assim como da impossibilidade da recepção presente
da obra teatral devido ao isolamento social imposto. Passamos a experimentar, portanto, os
corpos destes atuadores pesquisadores a partir deste(s) novo(s) espaço(s) observado(s): ter-
ritório de espera e do espaço da rua enquanto espaço desejado.

A relação estabelecida por pessoas, enquanto sujeitos errantes (JACQUES, 2014),


ao vivenciarem a cena teatral que se dá em espaços públicos não convencionais, deflagram

2
pontos geradores de reflexões acerca dessa ressignificação afetiva que considera que a de-
marcação espacial destinada à cena teatral, em fusão com o espaço urbano traduz-se nesse
novo ambiente ainda não percebido, no despertar do olhar sobre a rua neste contexto de
espaço público, possibilitando à comunidade que passe a compreendê-la como lugar de en-
contro e não de passagem. A pesquisa, portanto, caminhou na busca incessante por uma
autonomia de criação pessoal, com prática de grupo estruturada por meio de processos de
criação que buscaram proporcionar aos investigadores, reunirem-se em torno dessas ações
artísticas articulando a formação de encontros e vivências na pretensão de promover a rela-
ção de experiência estética e estésica2 dos envolvidos, entendendo o teatro como “um fenô-
meno único que se coloca como um acontecimento espetacular e que encontra seu sentido na
relação de jogo com o espectador, o qual, mesmo não possuindo códigos da linguagem teatral,
relaciona-se com ele” (CABRAL, 2017, p. 179). A compreensão no que concerne ao sentimento
de pertencimento e ao sentido de direito à cidade, amplia-se a partir do momento em que nos
percebemos privados do espaço público e das relações ali estabelecidas, em tempos de isola-
mento social e virtualidades e confinamentos impostos pela pandemia de Covid-19.

Espaços públicos como propositores: afetos, itinerários e ressignificações

Na investigação empírica para o estabelecimento de uma jornada de busca destes


Itinerários, que envolvesse o pensamento sobre a existência de jogo entre o teatro, o espaço,
a comunidade, e suas relações pessoais de afeto pela cidade, roteirizou-se, nas ações pesqui-
sadas, um roteiro organizado para visitas a espaços públicos que fossem selecionados pelos
próprios participantes do projeto, a partir de suas relações pessoais entre as fontes estudadas
e suas memórias afetivas para com estes espaços da cidade. Objetivamos a observação da
rotina destes lugares enquanto uma auto-percepção do corpo sensível atuador no espaço, au-
xiliando dessa forma, o levantamento da escolha da linguagem e ações físicas a serem utiliza-
das em trabalhos pretendidos. As visitas a estes locais ao promoverem fruição sensível e esté-
tica a partir da experiência da ação na seleção destes espaços de intervenção cênica, preten-
deu investigar procedimentos de atuação e sua inter-relação entre o corpo-atuador, a memória
do espaço e com o público heterogêneo e fluído da rua. Esta investigação também pretendeu
compreender as relações estabelecidas a partir da elaboração/construção cultural que se dá a
partir do meio em que vivemos, os significados simbólicos e culturais que este meio carrega, e
que fazem parte de um universo de relações construídas entre a cidade e a sociedade.

2 De “estesia”: capacidade de perceber sensações; sensibilidade.


3
Foram realizados encontros presenciais e posteriores saídas para as ruas em curtas
intervenções investigativas nestes espaços urbanos, identificando assim alguns itinerários de
relevante significação cultural e afetiva para os atuadores participantes, no sentido que se dá
dentro da reflexão sobre espaços não convencionais de encenação teatral e também en-
quanto interferência na percepção de significados histórico afetivos entre a sociedade e a
carga semântica presente nestes locais. Para estas ações, os participantes do projeto, so-
mando um grupo de 18 participantes reunidos a partir de divulgação com chamada aberta
para participação no projeto, com objetivo para a pesquisa prática/corporal que seria desen-
volvida neste período.

No decorrer destes encontros, foi desenvolvido um trabalho de preparação para os


atuadores, na linguagem de práticas de grupo de um teatro pensado para os espaços da rua,
na intenção de explorar linguagem específica para um corpo que percebe a cidade assim
como para uma cidade que percebe o corpo, utilizada para as intervenções cênicas, com
aporte a partir de levantamento bibliográfico, leituras e fichamentos e debates levantados
junto ao grupo, assim como a pesquisa de textos teatrais adaptados para estes estudos. Para
a fase final destas ações, previa-se a investigação artística advinda do processo vivenciado
pelo grupo nos espaços urbanos eleitos pelos atuadores pesquisadores, posteriormente alte-
rado para os espaços privados devido à pandemia, durante todo o processo anterior de per-
cepção da cidade, para que enfim, ao final do projeto, pudessem ocorrer as ações teatrais
pretendidas.

Os procedimentos metodológicos organizados para esta primeira fase de trabalho


prático, previam o início e o encerramento de cada encontro com uma conversa reflexiva
direcionada. Como relatos pessoais de cada participante ocorridos no início dos encontros,
surgiram lembranças como as de um cortejo de folia de reis, um mímico de praça, a partici-
pação como espectadores em festivais pontuais ocorridos em anos anteriores3. Dos que re-
lataram suas experiências (parte deles sequer vivenciaram experiências semelhantes de frui-
ção em teatro/arte no espaço da rua), todos concordaram que foram eventos que promoveram
impactos reflexivos decorrentes daquela ação artística, assim como o impacto no que se re-
fere à relação estabelecida por eles com o espaço urbano onde ocorreram as tais experiên-
cias, pois ao passarem novamente naqueles locais onde haviam presenciado a cena de rua,
o olhar e afeto pelo espaço passava a ser atravessado pela experiência estética e afetiva que
fora vivenciada. Saskia Sassen, nesse sentido, já nos havia provocado com seus estudos

3 Como o Festival Cena Aberta, ocorrido na cidade em 2010 e 2011


4
sobre a memória coletiva urbana observando que “Uma determinada cidade possui múltiplos
mundos. Há um imaginário urbano e não apenas o imóvel urbano”. (SASSEN, 2018, s.p.)

Durante estes encontros o debate esteve focado entre os significados simbólicos da


memória coletiva da cidade e/ou a experiência particular de memória de cada participante,
para a escolha dos espaços de encenação possíveis. Desta forma, inspirados no Método dos
Itinerários (PETITEAU, 1987), buscamos criar nossa própria jornada de pesquisa onde, nes-
tes espaços públicos na cidade de significação afetiva e cultural e identificados pelos atuado-
res, fossem apreendidas possibilidades para as intervenções teatrais que integrassem a ex-
periência cênica com o espaço, os moradores e passantes e a fonte dos temas condutores
para a criação artística para a escolha dos percursos. Buscamos observar possibilidades de
espaços de encontro na cidade de Campos dos Goytacazes e como esta experiência preten-
dida faria diferença na intervenção sobre estes espaços e na experiência estética de recepção
entre espaço e espectador.

Jean Yves Petiteau (1987), sociólogo francês que desenvolveu o Método dos Itine-
rários, nos oferece uma metodologia de pesquisa que trata de uma jornada investigativa de
percursos comentados. Os itinerários a serem percorridos, que normalmente são seleciona-
dos após uma primeira etapa de entrevista, permite que o sujeito da ação fale de sua trajetória
de vida e memórias e estas vão preenchendo o sentido do espaço pesquisado. É exatamente
durante este percurso, que se colhem os dados, ao mesmo tempo em que vai-se compreen-
dendo a representação gráfica experimentada. Desta forma, o autor entende o sujeito da pes-
quisa também como um pesquisador, que escolhe um ponto de partida e um ponto de che-
gada para o trajeto comentado.

A jornada do itinerário é como um acordo. O sociólogo, deslocando-se pelo


território do entrevistado não ultrapassa somente os limites espaciais que lhe
são familiares, mas torna-se também explorador. Aceitando o percurso de
um guia (o sujeito pesquisado), aborda o território do outro através de sua
fala, um território que permite ser lido através do fio destes relatos. O verda-
deiro movimento consiste (ao pesquisador) a abdicar de sua própria leitura e
a aceitar a retórica do outro. Uma articulação que consiste em esquecer suas
referências, guardando porém o traço dessa perda, identificando marcas
deste esquecimento. (PETITEAU; PASQUIER, 2001, s.p. Tradução livre da
autora)

Petiteau recomenda que sejam registradas durante a jornada fotos/imagens de cada


momento onde o sujeito da pesquisa pare por alguma razão, seja por memória pessoal, co-
mentários repentinos ou observações que possam modificar esse percurso, como por exem-

5
plo os tempos de parada, as variações de movimento ou mudanças emocionais. Cada mo-
mento como esses são fotografados como registro de pesquisa, assim como a conversa, que
deve, durante todo o tempo, ser gravada em áudio.

O método representa um diálogo enriquecedor entre pesquisadores de


diferentes áreas e mobiliza a fotografia e o entrevistado que, como guia,
produz uma narrativa sensível. O conceito de espaço é revisitado a partir
da própria exploração do entrevistado. Por fim, é preciso destacar a ela-
boração pragmática desse método mediante pesquisas, gerando traba-
lhos que rechaçavam a oposição entre ciências sociais e emoções. (RE-
GINENSI, 2019, P. 125)

Inspirados, portanto, pelo Método dos Itinerários, prevemos, a partir da realização


dos debates em grupo, fazer um levantamento de itinerários possíveis a partir das memórias
afetivas de cada pesquisador atuador participante dos Encontros de Pesquisa. Partindo des-
tes percursos pessoais de relação com a cidade, possibilitar as definições de locais de pes-
quisa de cena de rua para a realização das intervenções cênicas planejadas. Segundo Regi-
nensi (2019), o sujeito entrevistado “associa o tema da pesquisa a questões de sua história
de vida, de sua trajetória residencial e profissional (…) e relação atual que o pesquisado vive
com determinadas áreas da cidade em seu cotidiano”. Desta forma, a criação de sentidos e
relação com a cidade não se concentra apenas no resultado final do projeto, e sim durante
toda a construção do processo de pesquisa teatral durante as fases de trabalho – cada atua-
dor (sujeito pesquisado) vai se tornando uma espécie de guia do trajeto do espaço pesqui-
sado, perturbando e modificando os espaços urbanos investigados. Os atuadores pesquisa-
dores tornam-se então devoradores culturais da cidade e de si mesmos, no sentido de que
atuam a partir da percepção de o que a cidade causa nele e atuam artisticamente na cidade
a partir do que estes espaços urbanos oferecem a ele. Perceber a cidade, sentir a cidade,
ouvir e olhar a cidade, criando assim itinerários de sentido.

No momento inicial dos Projeto de Pesquisa-Extensão, ocorrido no segundo semes-


tre de 2019, foram realizados estudos de texto, preparação corporal e integração do grupo.
No segundo momento levou-se a experiência e pesquisa corporal sensível para os espaços
da cidade, com foco na investigação da experiência de presença dos participantes para com
a cidade: observação, percepção sensorial, percepção de espaço urbano e do corpo no es-
paço, além da continuidade dos debates sobre os textos e autores que dialogassem com a
pesquisa e o pensamento da ação artística pretendida para a cidade e espaços não conven-
cionais. Desenvolveu-se nesta fase, os jogos aplicados para o treinamento de Viewpoints no
contexto da percepção dos sentidos relativa ao entorno urbano, seja com a criação de cenas

6
ou com a observação do espaço cotidiano e seus errantes e também o levantamento dos
itinerários pessoais dos participantes a serem investigados na fase final do processo.

Estas três fases de ação foram constituídas de oficinas práticas com o grupo de atu-
adores e teve como foco a integração entre o grupo e a busca de um objetivo físico de per-
cepção entre os corpos e o espaço, ocorrido visando a fase de investigação nos espaços da
rua a partir da observação estésica do espaço e dos corpos presentes. Este trabalho de pre-
paração dos atuadores pesquisadores para a linguagem do teatro de rua nestas práticas de
grupo, nas saídas para o espaço público, e também nos debates realizados, permitiu empiri-
camente a experiência artística dentro da ideia de porosidade enquanto trama de percepções
histórico afetivas envolvidas na relação de percepção sensível para com o espaço urbano.

Todos os afetos estão na cidade. Ódios, paixões, vergonhas, compaixões,


ressentimentos, desejos. Quanto mais a cidade puder absorver esses afetos,
mais densamente humana ela vai-se tornando. E quanto mais complexos
forem esses afetos e tanto mais variada a rede de relações humanas e soci-
ais, tanto maior a elaboração será necessária para a decodificação de seu
sistema de valores e à sua representação. (PECHMAN, 2009, p. 01)

Nos primeiros encontros com o grupo, na busca desse olhar significante sobre o lugar
enquanto concentração do acontecimento urbano e enquanto rede de relações humanas, como
nos aponta Pechman, os atuadores pesquisadores percorreram de forma errante a Av. Alberto
Torres, em Campos dos Goytacazes, no rastro de recortes visuais pertencentes a poética pre-
sente na rotina da cidade, na construção de pontos significativos, experimentando assim traje-
tórias surpresa, sugeridas pelos parceiros de jogo. Ao final de cada encontro realizado com o
grupo de atuadores, em todas as fases de investigação teórico-práticas, havia uma roda de
conversa sobre estas experiências pessoais e coletivas das pesquisas de campo acompanha-
das de análises teórico-reflexivas a partir das intervenções artísticas praticadas no dia e seus
efeitos no uso da cena ocorrida no espaço urbano aberto, enquanto provocação de afetos.

Na investigação construtiva de percepção dos pontos de atentividade do corpo no


espaço urbano, a Praça do Liceu, localizada de frente para a Casa Villa Maria4, enquanto
espaço público, veio contribuir para treinamento de poéticas de construção de pertencimento
entre o espaço, os atuadores pesquisadores e a comunidade presente nestes espaços públi-
cos. A cidade que, segundo Saskia Sassen, possui múltiplos mundos: imaginários urbanos, e

4 A Casa de Cultura Villa Maria é um espaço cultural associado a Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) localizada em um bairro de classe média alta e compõe o qua-
drilátero histórico de Campos dos Goytacazes. Ver Tavares e Miranda (2009).
7
não apenas imóveis urbanos. Esta Praça, foi uma localidade que muito contribuiu para as
práticas de investigação do projeto, por ser local de circulação de pessoas, como grupos de
estudantes do Colégio Estadual Liceu de Humanidades de Campos, de transeuntes que utili-
zam o local como passagem para o centro da cidade e para os vários cartórios localizados no
entorno, além do movimento da Câmara Municipal, OAB e de colégios particulares que coe-
xistem neste espaço onde também cruza a linha de trem que atravessa a cidade. Desta forma,
as práticas de exercícios e intervenções cênicas realizadas neste local, permitem uma sen-
sorialidade que seja carregada de memória, paisagem e de poder simbólico.

A investigação empreendida nestes espaços pretende procedimentos de atuação


artística em inter-relação com o público da rua, enquanto portadores dessa memória presente
nestes espaços, que são “marcos de uma época e de uma classe social, que estão represen-
tados na permanência de elementos significativos para a memória coletiva, e, portanto, para
a construção do sentido de identidade, como ícones do poder simbólico econômico e político
da elite social campista” (TAVARES, MIRANDA, 2009).

Bogart e Landau (2017) sugerem que esse trabalho de início de processo, traga uma
série de atividades efetuadas com intenção de proporcionar o contato (intelectual e emocio-
nalmente, individual e coletivamente) com a fonte na qual se está trabalhando. Como fonte,
no caso, entende-se uma questão, imagem ou evento histórico, por exemplo, que inspire um
trabalho inicial em processo.

A perspectiva do Trabalho de Fonte permite uma comunicação silenciosa


e invisível. É uma forma de acender o fogo a fim de que todos possam
compartilhá-lo. Não se trata de encenar. Não se trata de fixar um produto
final. Trata-se de criar o tempo no início do processo (as vezes somente
um dia ou dois, as vezes um mês ou mais, dependendo sempre das limi-
tações do tempo) para avançar, de um modo verdadeiro e pessoal para
todos os envolvidos, a questão encerrada no interior da peça. (BOGART,
LANDAU, 2017 p.189-90)

A intenção era a pesquisa de Fontes de textos a serem assimilados com a temática


de devoração cultural e pertencimento, contribuindo para a compreensão do universo da ci-
dade e sua história, que faz parte do reconhecimento dos atuadores pesquisadores para uma
criação artística construída a partir da percepção da afetividade das relações de uma cidade
que tem dificuldade em criar valores relativos a sua própria história, ao seu povo e ao seu
espaço. Para a etapa que discutiu a recepção teatral que pretendíamos analisar por parte dos
passantes/público, fomos à rua explorar as características do espaço externo, comunicação
e interação do grupo com esses sujeitos passantes, bem como de que forma a presença do

8
grupo em determinados espaços, interferiam como estímulos e influência na cotidianidade do
espaço, ainda que não houvesse ação proposta, e sim “apenas” presença e observação.

Para o terceiro momento, prevíamos a realização de intervenções urbanas em forma


de cenas curtas e de cortejo cênico musical nos espaços da cidade selecionados a partir dos
itinerários levantados por cada atuador pesquisador durante o processo. Em nosso roteiro,
os itinerários levantados seriam levados para o brain storm com o grupo, onde estabelecerí-
amos relações entre os locais escolhidos e o sentido das intervenções teatrais que vinham
sendo construídas, a fim de fechar um percurso cênico urbano significativo. Esta última etapa,
porém, foi interrompida devido à pandemia mundial de COVID19 estabelecida no país partir
de março de 2020, que exigiu da população um período de quarentena e isolamento social
que perdurou ao longo de todo ano de 2020, causando assim a impossibilidade do trabalho
coletivo e uso do espaço público por questões sanitárias de prevenção de contaminação pelo
vírus, então recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Desse modo, após os primeiros meses de pandemia, reestruturamos as ações pre-


vistas para a fase final da última etapa da pesquisa, agora a partir de uma nova ótica: a
elaboração de cartografia dos espaços de pesquisa percorridos (itinerários levantados na
etapa anterior do trabalho) pelos participantes durante os processos dos encontros e que
previa o espaço de percurso das apresentações cênicas que ocorreria nesta última etapa,
passou a ser pensada inversamente: não mais a partir dos locais a serem percorridos no
espaço público, mas a cartografia dos espaços de ação/inação dos atuadores a partir da nova
realidade de isolamento social.

Os itinerários que estávamos construindo inspirados no Método dos Itinerários, pas-


saram a ser repensados e reconstruídos com base na observação solitária do itinerário indi-
vidual observado a partir da experiência de cada atuador pesquisador confinado em seu ter-
ritório particular (suas residências) e a percepção destes novos sujeitos de pesquisa que en-
frentavam a espera e a impossibilidade do encontro, do trabalho coletivo e do uso do espaço
público. Portanto passamos a considerar duas cartografias: 1) a dos espaços de investigação
percorridos durante os Encontros de Pesquisa realizados no espaço urbano; 2) a dos espaços
de ação/inação provocados pelo isolamento social, ocorridos dentro das residências de cada
atuador. Em relação à duração dos encontros presenciais de pesquisa, esta era a previsão
inicial:

1. Pesquisa de textos e de linguagem. Entrosamento e preparo corporal. Visitas de


observação a espaços urbanos levantados.
9
2. Retorno para trabalho com o material levantado. Experimentações de laboratório na
rua (percursos levantados). Investigação da relação das cenas com os Itinerários se-
lecionados. Investigação da relação das intervenções com o público passante.

3. Ensaios das cenas em saídas para os espaços. Apresentações públicas das ce-
nas. Levantamento da experiência estética de atuadores e espectadores.

Figura 1

Fonte: Elaborado pela própria autora, produzido por Carolina Cidade

O roteiro de cada itinerário previsto no cronograma inicial foi construído por nós a
partir do contexto pessoal de relação de afeto destes com a cidade, como apontados no Mapa
1. Os primeiros meses de trabalho de integração e sensibilização, os participantes se apro-
priaram do treinamento de Viewpoints de modo que a busca pelo corpo sensível no espaço
percebesse a continuidade do trabalho físico enquanto um treinamento necessário de compo-
sição, permitindo que as saídas ao espaço urbano já se utilizassem de todos os conceitos tra-
balhados de forma imbricada com o “esboço de ideias no tempo e no espaço, olhar para elas,
responder-lhes e criticá-las e refinar ou definir novas direções” (BOGART, LANDAU, 2017).

É comum quando alguém se inteira pela primeira vez dos nomes dos view-
points individuais, tornar-se obsessivo na tentativa de localizá-los em qual-
quer lugar. “Você viu como aquelas pessoas ali responderam cinestesica-
mente umas às outras?” Claro, esse é o modo como a vida é e sempre foi;
mas nomear os Viewpoints nos permite dissecar a realidade de um modo
identificável e, talvez, repetível no palco. (BOGART, LANDAU, 2017, p. 228)

10
Nesse sentido, retornamos a busca a porosidade entre o ator e a cidade, citada por
Carreira (2009) assim como a porosidade da cidade com seus encontros e afetos, citada por
Pechman (2009) e observamos como é importante que esse processo torne-se consciente
para os atuadores, na construção de uma linguagem de atuação em teatro que investigue as
relações Arte – Cidade dentro do contexto dos signos que referenciam esta construção.

ESPAÇOS PRIVADOS COMO PROPOSITORES:


pensando teatro, espaço e isolamento social

A investigação da prática empírica de atuação em teatro de rua na cidade de Campos


dos Goytacazes como abordagem metodológica para alcançar os objetivos e responder as
questões levantadas nesta pesquisa, foi proposta a partir das ações realizadas pelo teatro no
espaço da rua e também quando este espaço não é possível, como no caso do isolamento
social imposto pela pandemia, sendo necessária a busca de respostas que partissem da hi-
bridação dessas novas experiências, a promoção de reflexões alternativas que se fizeram
necessárias ao debate pretendido entre espaço público e espaço urbano dentro do contexto
que se costurava durante o desenvolvimento da metodologia. Portanto, além da conexão da
experiência sensível dos indivíduos em sua relação com a presença, também considera-se o
fator da ausência destas relações para com a paisagem urbana, onde a compreensão de arte
pública pretendida para a cidade fica negligenciada a uma situação de privação deste espaço
e das possibilidades do encontro devido ao isolamento social imposto pela pandemia de co-
ronavírus ocorrida em 2020. Durante todo o processo de adaptação a que fomos submetidos
dentro do contexto pandêmico e de isolamento na fase final da pesquisa, pairava sobre nós
uma questão fundamental: se o isolamento social se mantiver por 1 ano, ficaremos sem fazer
teatro por 1 ano? E se durar 3 anos, não faremos teatro por 3 anos?

Na busca pela adaptação da metodologia de trabalho, o Método dos Itinerários pre-


tendido transforma-se em uma proposta de itinerários entre público e o privado dentro do
processo de ações artísticas individuais dos atuadores-pesquisadores que se viram obrigados
a abdicar do espaço urbano e da fisicalidade proveniente da arte da presença que o teatro
tem por princípio. Essa reflexão pretendeu considerar a imposição do espaço privado en-
quanto uma espécie de itinerário de confinamento.

Portanto, o material colhido durante as pesquisas de itinerários passa a se apresen-


tar em um novo formato de cartografia e também na criação de microvídeos autorais produ-
zidos em confinamento pelos atuadores. A fase final da pesquisa foi reprogramada incluindo
11
a escrita dos atuadores sobre a experiência de seus processos em formulário individual online
e os micro-vídeos publicizados em redes sociais como forma de proporcionar modos de re-
cepção, ainda que virtuais. O itinerário doméstico individual de cada artista atuador pesqui-
sador que passou a ver-se distante das possibilidades de utilização da rua de uma hora para
outra, percebia-se às voltas da dependência absoluta do uso de tecnologias para qualquer
tipo de comunicação.

Fundava-se assim a percepção de novas rotas itinerárias que, a partir daquele mo-
mento, passavam a ter seus percursos experimentados dentro das próprias moradias dos
sujeitos da pesquisa. O Método de Jean-Yves Petiteau, que prevê em imagens o registro dos
momentos significativos do percurso, foi ressignificado e adaptado por nós como uma maneira
de reflexão que se refere ao debate Arte-Cidade, materializado em ações que mantém diálogo
também com o foco Corpo-Cidade. No lugar das imagens que seriam colhidas em fotos du-
rante os trajetos na cidade, permaneceram os micro-videos enquanto um auto registro de
confinamento. No lugar das cenas e intervenções cênicas que percorreriam estes trajetos
pela cidade, cenas gravadas em vídeo e partilhadas em redes sociais.

(...o método) reabilita, enfim, a noção de espaço que não é mais mobilizado
em uma só dimensão cartográfica, a de reprodução. Na dinâmica do deslo-
camento que a jornada do itinerário implica, a pessoa entrevistada revisita o
espaço aplicando nele o sentido de exploração territorial. Assim colocado em
uma situação de guia, seu relato sensível articula suas próprias referências
com as categorias do social reparáveis espacialmente. (PETITEAU; PAS-
QUIER, 2001, s.p. Tradução livre da autora)

Estas angústias vividas pelos atuadores-pesquisadores participantes do projeto em


relação aos desafios da criação coletiva em isolamento, ao mesmo tempo em que viam-se
em meio a uma pandemia mundial de saúde pública, eram acompanhadas pelos anseios de
toda uma classe teatral a nível universal (considerando que o isolamento social acontecia ao
mesmo tempo no planeta inteiro), que estabelecia a impossibilidade da manutenção de prati-
camente todos os processos de pesquisa e criação de trabalho coletivo em teatro neste perí-
odo. Como passa então a ser vista a investigação da presença no percurso Corpo-Cidade em
uma situação como essa? O teatro, dentro de uma realidade de isolamento social, morreria?
Junto a isso percebeu-se que os números de cursos de arte e teatro via plataforma online
aumentaram. As lives trouxeram não só apresentações individuais ao vivo feitas de dentro da
casa dos artistas, adaptadas por eles mesmos para a nova situação, mas também numerosos
debates sobre esse tema, realizados através das mesmas plataformas e assim, peças teatrais

12
via plataformas digitais de reunião remota como Zoom, Meet, entre outros tornaram-se solu-
ção viável para que artistas pudessem trabalhar em-grupo-cada-um-em-sua-casa, produzir,
estudar, investigar e manter a conexão coletiva, ainda que através das plataformas online.

Esse aquilombamento virtual junto ao quadro social em que nos encontrávamos inseri-
dos despertou o considerável aumento da demanda pelas tecnologias aplicadas ao teatro en-
quanto ferramenta tecnológica na produção artística. A vida cotidiana em isolamento como fonte
de criação em obra de arte e como novo espaço de percepção e criação, contribuindo com a ideia
de que o itinerário de cada atuador pesquisador passa então a ser o seu endereço de moradia.

Figura 2: A não-rua e o corpo no(s) espaço(s) observado(s):

Fonte: Elaborado pela própria autora, produzido por Carolina Cidade

Dentro dos debates semanais promovidos pelos integrantes do projeto (nesta última
fase, realizadas sempre via plataformas online), foi-se chegando a um formato de pensa-
mento criativo que discutisse a condição deste novo itinerário imposto, entendendo que o
teatro canaliza a necessidade de expressão inerente à natureza humana e a vida em comu-
nidade. O momento de incertezas em que vivíamos naquele momento com a pandemia do
COVID-19 em relação à prática teatral, foi o tema de partida centralizador dos questionamen-
tos sobre o sentido da ação teatral: se o teatro é a arte da presença, o que é o teatro sem a
presença? Portanto, o que é considerado presença e não-presença quando falamos de ação
teatral e de espaços de cena, do corpo do atuador e da percepção da cidade quando não
temos a cidade para atuar? Como criar novas possibilidades para o trabalho com o teatro e

13
como se dá essa construção cênica e virtual, advinda do isolamento social causado pelo CO-
VID-19? E como é a experiência de fruição e participação ativa da plateia nesse contexto de
(des)encontro?

Conclusão:

O percurso pedagógico de investigação metodológica a partir do Método dos Itinerá-


rios, proposto para este trabalho, previa uma abordagem da relação que analisa a percepção
do espaço público por atuadores pesquisadores em teatro de rua, foi justaposto de forma ines-
perada pela inclusão do contexto espaço privado. A jornada inicial proposta, em busca da jor-
nada de sentidos presentes para as ações artísticas urbanas a partir da criação de afetos pela
cidade, tomou uma dimensão para além da análise pretendida, trazendo novos e complexos
questionamentos sobre a prática do teatro de rua, do uso dos espaços públicos, assim como a
noção dos espaços privados de confinamento e seus novos itinerários, como propositores de
ação. Durante as experiências de sensibilização com o espaço urbano, os atuadores pesquisa-
dores participantes do processo ativaram memórias e sentidos na escolha das fontes para o
trabalho desenvolvido e também para os espaços de referência de seus próprios itinerários
(demonstrado no Mapa 1), onde ocorreriam os itinerários de ações cênicas antes da quarentena
imposta pelo coronavírus. Havia ali uma diversidade experimental dentro daquela unidade.

Estas experiências foram de grande importância para a mudança de encaminha-


mento que se fez necessária na fase final da pesquisa, pois as relações estabelecidas por
eles durante todo o processo desenvolvido no Projeto, assim como as saídas para as experi-
mentações urbanas, foram à base para o pensamento que permitiu perceber o cenário de
nossas residências como espaço de confinamento e por isso mesmo também como espaços
propositores possuidores igualmente de itinerários de memória afetiva.

Esta autopercepção enquanto artistas criadores dentro destes microespaços dispo-


níveis (residências e plataformas digitais – demonstradas no Mapa 2), enquanto itinerários
pessoais de confinamento, possibilitou o encontro de formas possíveis para que se manti-
vesse a criação em teatro existindo naquele momento. Como uma “encenação da espera”,
que considera o teatro como arte inerente a nossa existência e legitima a fala de Artaud (1993)
quando este diz que “(...) mais urgente não me parece tanto defender uma cultura cuja exis-
tência nunca salvou uma pessoa de ter fome e da preocupação de viver melhor, quanto ex-
trair, daquilo que se chama cultura, ideias cuja força viva seja idêntica à da fome” (ARTAUD,
1993). A pandemia e o consequente isolamento social instituídos, ampliaram as interconexões
14
em rede virtual, promovendo diálogos entre a área teatral e novas disciplinas compartilhadas
a partir das angústias relativas a conjuntura instaurada por parte de pesquisadores das áreas
envolvidas. Multiplicaram-se os debates via eventos em plataformas digitais, onde a classe
teatral passava a se questionar: COMO FAZER TEATRO, UMA ARTE DA PRESENÇA, UMA
ARTE COLETIVA, EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL? Portanto, permito-me, portanto,
pensar nesta pesquisa como parte de um processo que, contrariando os procedimentos de
análise, principalmente devido a essa experiência sem precedentes para a vida das cidades
e para as artes cênicas, não encontrando, por ora, soluções definitivas.

Bibliografia

ARTAUD, Antonin. O Teatro e seu duplo. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1993.
BOGART, Anne. O Livro dos Viewpoints: um guia prático para viewpoints e composição. Anne Bo-
gart / Tina Landau. Organização e tradução Sandra Meyer. 1. ed. São Paulo: Perspectiva, 2017.
CABRAL, Michelle Nascimento. Processos comunicacionais no teatro de rua: performatividade e
espaço público. 1. ed. Jundiaí, SP: Paco, 2017.
CARREIRA, André. Ambiente, fluxo e dramaturgias da cidade: materiais do Teatro de Invasão.
PPGAC UNI-Rio. V. 01- Fascículo 01 – p.01-10, janeiro-junho, 2009.
CARREIRA, André. Sobre um Ator para um Teatro que Invade a Cidade. João Pessoa, Moringa, Pa-
raíba, v. 02, n. 02, p. 13-26. jul/dez, 2011.
CEFAÏ, Daniel. Como nos mobilizamos? A contribuição de uma abordagem pragmatista para a socio-
logia da ação coletiva. Tradução de Bruno Cardoso. Dilemas, Rio de Janeiro, v.2, n.4, 2009.
COHEN, Renato. Work in Progress na cena contemporânea: criação, encenação e recepção. São
Paulo: Perspectiva, 2004.
JACQUES, Paola Berenstein. Elogio aos Errantes. Salvador: EDUFBA, 2014.
PECHMAN, Robert Moses. Cenas, algumas obs-cenas, da rua. Fractal: Revista de Psicologia, Rio
de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 351-368, Maio/Ago, 2009.
PETITEAU, Yves, PASQUIER, Elisabeth., La méthode des itinéraires : récits et parcours. In: GROS-
JEAN,M., THIBAUD, J.-P. (Org.), L’espace urbain en méthodes. Parenthèses., Marseille, 2001, p.
63-78.
PETITEAU, JEAN YVES, RENOUX , BERNARD, Dockers à Nantes. L’expérience des itinéraires.,
ESAAA Editions/Ensa Nantes, 2017.
REGINENSI, Caterine. A cidade como cenário de oportunidades: etnografia das margens. Pa-
raná: Appris, 2019.
REGINENSI, Caterine. Caminhar como método de pesquisa. 2020. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=MQwwI_xH0Dw&feature=youtu.be. Acesso em: 21/12/2020.
SASSEN, Saskia. Futuro Imperfeito. [Entrevista concedida a [Pedro Zimmermann]. Fronteiras do pen-
samento. Disponível em: https://canalcurta.tv.br/filme/?name=futuro_imperfeito . 2018. Acesso em:
10/08/2019.
TAVARES, Rosilene Cunha; MIRANDA, Elis. Representações no espaço: o quadrilátero histórico em
Campos dos Goytacazes. Políticas Culturais em Revista, v. 2, n. 2, p. 100-121, 2009.

15

Você também pode gostar