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DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS DE FILOSOFIA
Niteroi
2017
(Fotografia da autora)
Seguimos então andando para onde se concentra o "Centro presente", que fica
localizado mais perto das Barcas. Alguns garis perto, senhores sentados nos bancos, o
cheiro da pipoca e do churrasquinho se misturavam dando uma espécie de cor para
aquela parte da praça. Ao mesmo tempo, se você ficasse parado alguns minutos
observando o movimento que a estação Araribóia provocava, notaria a espécie de
maratona olímpica que acontecia sempre logo após o fechamento das catracas. A
estação Paquetá sempre muito vazia, muito também por possuir outra dinâmica. Ao lado
dela, uma rede do Bob's que também não possuía muito movimento no dia. Logo a
direita, dava pra ver o VLT parado devido ao horário. Continuamos então caminhando
pela praça em direção as ruínas. Uma pouco antes, nos deparamos com pessoas tirando
selfie com um "skate gigante" que se encontra no meio do caminho, onde muitos
adolescentes ficam sentados conversando. Me recordo da época na qual um aplicativo
chamado "Pokemón go" virou uma febre, e era exatamente nesse espaço onde se
concentrava todos esses jovens para fazerem grandes círculos e realizarem suas caçadas
através de seus aplicativos. Alguns passos depois chegamos nas ruínas e mais em
específico na árvore que mencionei no início do relato.
A árvore ficava ao lado direito da ruína pra quem olha vindo das Barcas. Não
muito iluminado perto, e também não era tão imponente em tamanho e largura de raízes
como as outras diversas árvores da praça. O mistério das fitas e disquetes pendurados
não descobrimos, mas só de detectá-las já foi ótimo. Partimos então para a estátua. A
estátua do Osório. Reparei que a estátua de Osório está sem as botas de montaria, logo
abaixo painéis fundidos em bronze, nas laterais do pedestal, retratando da guerra que
expressam as violentas batalhas. Mas o mais interessante é o que percebo em seguida.
Abaixo de seu nome, um pixe escrito "sou santa, sou puta, sou filha da luta". Vestígios
de ocupações da UFRJ, PUC RIO, UERJ. Perto do degrau, um manto e um copo de
cachaça. E o cavalo que carrega Osório, inclinado para baixo. Pessoas nos olhavam
como quem pensava "o que essas garotas estão fazendo ali" e a cada segundo que
passava, nosso olhar se transformava. Pegando esse ponto, é Interessante analisar como
as ideias podem vir a ser atores em situações sociais. Roberto Da Matta, em seu livro
Fábula das 3 raças, conclui que quando deixamos por alguma circunstância as ideias
virarem atores, é porque já deixamos de penetrar no mundo social. Podendo assim então
cair no plano das abstrações. Para não fugir dessa perspectiva, resolvi atentar o olhar
para pensar também que essa estátua possui uma longa história com a praça e que boa
parte dela mudou ao longo dos anos. Em 2011, 2012 depois de ter passado por uma
restauração, ela possuía partes de bronze que foram furtadas, havia também uma grade
em volta da obra, que por ordens superiores foram removidas todas as peças restantes,
contudo foi alertado o risco de outras peças serem perdidas, porque os sucessivos furtos
não haviam sido apurados.
Estátua do General Osório
REFERÊNCIAS