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RIBEIRÃO PRETO
2019
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TRABALHO DE ETNOGRAFIA
Ribeirão Preto
2019
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RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5
QUESTÃO....................................................................................................................... 7
OBJETIVO...................................................................................................................... 8
METODOLOGIA........................................................................................................... 9
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 17
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1. INTRODUÇÃO
“Pixação: arte contemporânea. Não aquela. Esta que está aí por toda
parte em todas as cidades. Sem rosto. Sem dentes. Sem holofotes. Vão
e vejam. (COSTA, 2007, p. 182)
2. QUESTÃO
3. OBJETIVO
4. METODOLOGIA
Portanto, ainda de acordo com Geertz (1989), analisar, nesse caso, o ato de pichar
é “escolher entre as estruturas de significação e determinar sua base social e sua
importância” (GEERTZ, p. 19, 1989).
Para complementar a visão etnográfica exposta por Geertz (1989), Malinowski
(1986) aponta para a questão do rigor científico que, apesar de sua utilidade
inquestionável para produção de pesquisas, possui como falha, no seu próprio princípio
básico, o excesso de precisão, pois esta não existe na vida real. Portanto, podemos
aprender muito sobre as estruturas sociais, mas não sobre a vida humana.
Ainda em Malinowski (1986):
Diante disso, e de acordo com DaMatta (1986), é necessário observar quão exótica
ou familiar é a situação para prosseguir com o estudo, que, na etnografia em questão, é
de grande estranhamento por parte do grupo de pesquisadores. Nesse sentido, a pesquisa
tomada como exótica deve ser pautada pelo questionamento e pela coerência interna da
sociedade, sendo que a coerência interna não significa absolutamente uma supressão ou
ausência de conflitos, de contradições ou de posições divergentes e diferenciadas, mas
que, no entanto, contribui para o entendimento do estudo.
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Através dessa observação, então, será possível compreender a arte do picho e sua
importância social, acima de dúvidas metodológicas.
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5. RELATOS DE CAMPO
Com a base teórica pronta, o grupo precisou buscar por contatos para realizar
entrevistas. Também, através do diálogo com indivíduos que estão inseridos na cultura,
foram obtidas informações a respeito de eventos, que eram denominados por “encontros”,
De início foi necessário localizar pessoas que estavam inseridas na cultura através
das redes sociais. Com dificuldade para localizar diretamente os pichadores foi necessário
rima os quais, por sua vez, tinham contato com pichadores. Dessa forma, foram
agendadas datas para que o grupo de pesquisadores pudesse conversar pessoalmente com
Além dos encontros, em uma sexta-feira à noite (08/11/2019) foi visitada a praça
onde ocorrem, com certa regularidade, encontros de batalhas de rima, os quais possuem
descrevem esse termo como um local de encontro, em que os pichadores trocam suas
aumentando o alcance de entendimento dos seus pichos. Nessa perspectiva, o apreço por
esses encontros foi notado através dos relatos, visto que, como o universo dos pichos só
para essa atividade. O reconhecimento e a noção de status foi bem destacado na conversa,
caracterizando o ato de pichar como uma forma de adquirir visibilidade daqueles que já
estão inseridos nesse grupo, mas também para atingir a sociedade. Nesse sentido, a
reflexão ocorreu em torno do fato de que muitas pessoas criticam o picho por não entender
(2002) para questionar a importância das “pastas”, trocadas nesses tipos de eventos, que
Ainda nessa discussão, o grupo de pichadores comentou sobre como essas pastas
espalham o picho deles.
Outro relatou:
Pra mim é só pichação, não tem nada de grafite não, eu nem gosto de
grafite. Grafite é um bagulho comercial, pra querer ganhar uma moeda.
Não tem nada a ver com nossas ideia.
Tem uns cara que faz janela, tem uns cara que faz mais prédio, uns que
faz só muro, uns que faz janela, uns cara que faz escalada, uns que faz
tudo. Mas o fundamental aqui na pichação, independente disso, é fazer
pichação pra tudo que é lado. Mas pra mim, a adrenalina do baguio é
subir no baguio. Não vou sair por aí de madrugada pra pichar muro, não
desmerecendo ninguém, mas a fita é subir nos barato, se jogar mesmo,
e fazer prédio e essas parada aí. Eu penso assim né, tem quem pense de
outra forma.
Questionou-se a um deles sobre o que ele pensava das opiniões contrárias ao pixo:
Nóis pixa memo, tá nem aí, vê esse bando de burguês e tamo nem aí,
aqui é expressão memo, bagulho é anarquia e cabô.
Os mano nunca chama e quando chama acha que a gente vai dar uma
moral pra eles depois. Foda ainda é sair sozinha na rua, no escuro, e às
vezes trombar com um mano mal intencionado... mas é isso, tamo na
cena sabendo de todos os perigos e na luta contra eles.
Perguntou-se aos pixadores sobre a forma como eles viam o picho protesto.
O governo parece que quer ver a gente burro… Nóis aqui é pixador
mas ninguém é burro, tá todo mundo vendo o que tá acontecendo
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Outro completou:
A gente tá aqui pra ser visto memo, pra sair no jornal, pra pixar muro e
aparecer na tv...
O grupo, então, questionou aos pixadores como era a vida durante o dia, quem
eles eram quando não estavam pichando. Descobriu-se que a maioria deles trabalham
formalmente, alguns fazem faculdade e outros possuem até mesmo o diploma de ensino
superior.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
A LETRA E O MURO. Direção: Lucas Fretin. São Paulo (SP): NTSC, 2002.
GEERTZ, C. Uma descrição densa: por uma teoria interpretativa da cultura. In: A
interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989.
PIXO. Direção: João Wainer, Produção: Roberto T. Oliveira. São Paulo (SP): Sindicato
Paralelo Filmes, 2009.