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A Natureza e a Organização do Espaço Geográfico

(Conceitos basilares da geografia)

Espaço geográfico:

 é um produto histórico e social, politicamente organizado


de acordo com os interesses dos grupos hegemônicos;
 é construído e reconstruído pelas sociedades humanas,
ao longo do tempo, por meio do trabalho;
 para tanto, as sociedades utilizam as técnicas de que
dispõem segundo o momento histórico e segundo suas
crenças, valores, normas e interesses econômicos;
 o espaço geográfico possui historicidade.

(Adas, 2004).
Espaço Geográfico
(Adas, 2004)
 Surge após o território ser trabalhado ou
transformado pelas sociedades humanas.
 Quando sociedades imprimem na paisagem
as marcas de suas formas de organização e
estruturação;
 e da distribuição do poder político e
econômico entre os seus membros e grupos,
enfim, imprime o seu modo de produção.
Espaço Geográfico

Amazônia - Brasil
Espaço Geográfico

Centro Comercial da cidade de Manaus, 1977.


Espaço Geográfico

Favela a beira do rio Negro - Amazonas


Espaço geográfico não é
sinônimo de território.
Para território, os enfoques são os seguintes:
 Extensão ou área de terra sem a presença humana. Ex: território
antártico.
 Base natural de um Estado que sobre ela exerce soberania.
 A área física de um país, estado, município ou distrito: rios,
lagos, mares, baías, ilhas, campos, florestas, montanhas etc.
 Lugar onde se nasceu, terra natal.
 Em termos do conjunto de uma nação, o exercício da soberania
de um contingente humano sobre o espaço físico que habita.
Essa noção de território gerou o conceito de pátria.
 No Brasil, durante muito tempo o termo foi usado para designar
uma divisão político-administrativa que, não sendo estado, era
administrada pela União ou governo federal.
Espaço geográfico não é
sinônimo de território.

Favela da Rocinha - Rio de Janeiro/RJ


Espaço geográfico não é
sinônimo de território.
Espaço geográfico não é
sinônimo de território.
Espaço geográfico não é
sinônimo de território.

Passeio Público em Fortaleza - CE


O conceito de lugar
 Para a geografia, o lugar é a porção do espaço onde se
desenrolam as relações cotidianas.
 Espaço que nos são familiares, que fazem parte da
nossa vida.
 O nosso lugar nos dá identidade própria e nos permite
estabelecer relações com lugares diferentes no resto do
mundo.
 A esse conjunto de lugares, marcados por diferentes
naturezas, que passaram por diferentes processos
históricos, unidos por uma complexa rede de relações
que se realizam nas mais variadas escalas,
denominamos espaço geográfico.
O conceito de lugar

Praia de Iracema, em 1945


Espaço Geográfico
 O espaço geográfico é diferenciado, pois resulta de
um passado histórico, da densidade demográfica,
da organização social e econômica e dos recursos
técnicos dos povos que habitam os diferentes
lugares. São, portanto, realidades temporais.

 espaços naturais, não sofreram a intervenção


humana. Hoje eles quase inexistem, pois são
extremamente raros os lugares desconhecidos pelo
ser humano ou que não sofreram sua intervenção.
Cidade Formal e Informal
 Cidade formal – dotada
de excelente infra-estrutura.
 cidade informal –

detêm um quadro
desolador de miséria e
carência em vários
aspectos.
Segregação Espacial
Trata-se de um processo social no qual o
acesso aos espaços
de maior ou menor
valorização
da cidade é
determinado pelo
poder aquisitivo
das pessoas.
O Espaço é Político
“O espaço foi formado, modelado, a partir de
elementos históricos ou naturais. [...] A produção do
espaço não pode se comparar a produção de tal ou
qual objeto particular, de tal ou qual mercadoria. E, no
entanto existem relações entre a produção de coisas e
a produção do espaço. E isso devido à existência de
grupos particulares que se apropriam do espaço para
administrá-lo e explorá-lo”.
(Henri Lefèbvre)
Outros Conceitos Geográficos
Importantes:
 A Paisagem

“Unidade visível do arranjo espacial que a nossa


visão alcança, a paisagem tem seu caráter social,
pois é formada de movimentos impostos pelo
homem através do seu trabalho, cultura e
emoção”. Ela é produto da percepção, mas
necessita passar a conhecimento espacial
organizado, para se tornar verdadeiro dado
geográfico.
(MEC, PCN – Ensino Médio, dez.
1999).
A Paisagem

Caatinga Seca. Caatinga do Brasil arquivos, 2007.


Fronteira, Território e
Territorialidade

 “As fronteiras dividem povos, separam nações e


distanciam culturas.
 Essas barreiras imaginárias já foram cenário de
batalhas sangrentas, em que pessoas se
digladiavam com um único objetivo de ampliar o
domínio geográfico de seus países”.
 Daí a idéia de as fronteiras serem conhecidas como
linhas vermelhas.
 E entrar no território alheio pode ser uma afronta.
”(Os Caminhos da Terra, set. 2000, ano 9, p.40)”.
As fronteiras políticas podem ser:

 Fronteiras efetivas, que representam limites


territoriais reconhecidos internacionalmente, como a
fronteira entre Brasil e Uruguai.
 Fronteiras em litígio, onde existe um limite
territorial de fato, sobre o qual não há acordo, ou
que está sujeito à arbitragem, como ocorre com
Venezuela e Suriname.
 Fronteiras indefinidas, onde não foram
demarcados limites entre os Estados; os limites
mostram, apenas, áreas aproximadas de soberania,
como por exemplo, entre Iêmen e Arábia Saudita.
Fronteira, Território e
Territorialidade
 O território é a porção do espaço geográfico
definida por relações sociais e políticas. Sua
origem está ligada às características geográficas,
históricas e culturais de determinado grupo social
que procura consolidar seu domínio sobre a área
territorial que ocupa.
 fronteiras que delimitam o espaço onde procura
exercer sua influência.
 As diferentes formas de apropriação social do
espaço geográfico determinam territorialidades
nas diversas extensões e em diferentes períodos de
tempo. Constituem as diversas formas de
apropriação dos territórios.
Senhor e Escravos. Militão, 1870.
.
O Estado – Nação
“O Estado - nação é essencialmente formado de
três elementos:
1) o território;
2) um povo;
3) a soberania”.

A utilização do território pelo povo cria o espaço.


As relações entre o povo e seu espaço e as
relações entre os diversos territórios nacionais são
reguladas pela função da soberania.
O Estado – Nação
“A ação das sociedades territoriais é condicionada no
interior de um dado território”:
1) “pelo modo de produção dominante à escala
internacional;
2) pelo sistema político;
3) pelos impactos dos modos de produção e dos
momentos precedentes ao modo de produção atual”.

(Milton Santos, Por Uma Geografia Nova, Hucitec, p. 189-190).


O conceito de nação
 envolve a existência de um povo organizado sob as
leis do Estado.
 Os indivíduos que formam um povo são unidos por
laços culturais comuns, como religião, língua,
história, tradições e costumes.
 Encontramos, em alguns lugares, dois ou mais
povos com características distintas, vivendo em um
mesmo Estado.
 Essa situação desperta o sentimento de
nacionalismo, Isto é, o desejo de ter o seu próprio
Estado – Nação, estabelecido em um território
definido.
Arranjo Espacial Econômico
ou Estrutural
 É resultado da articulação, no centro da
instância econômica, entre as forças
produtivas e as relações de produção.
 As forças produtivas, por sua vez articulam a
força de trabalho com os meios de produção.
 Essa articulação visa garantir sobrevivência,
o conforto, o bem-estar e o lazer dos próprios
indivíduos.
O Arranjo Espacial Econômico
ou Estrutural
 O espaço é considerado objeto de trabalho, enquanto
primeira natureza, por intermédio de seus componentes,
que são expressos sob a forma de matérias-primas.
 No modo de produção capitalista, as relações de
produção e as forças produtivas se articulam com a
força de trabalho, gerando uma estrutura de classes: o
proletariado e a burguesia.
 O proletariado só é dono da sua força de trabalho e,
para sobreviver, tem de vendê-la ao capitalista, em troca
de salário.
 O capitalista detém os meios de produção, bancos,
empresas ou dinheiro aplicado no mercado financeiro.
Numa formação capitalista
dependente
 As formações regionais, em suas diferenças de
organização e estrutura, expressam as formas de
produção-expropriação de excedentes.
 As desigualdades regionais expressam as formas de
articulação impostas pelo modo de produção da região
dominante às demais.
 As metrópoles concentram as riquezas, enquanto os
locais de produção - expropriação de excedentes
concentram a pobreza.
 A causa das desigualdades espaciais, portanto, é a
mesma das desigualdades sociais: o capital explorando
o trabalho.
Numa formação capitalista
dependente
 O espaço capitalista será uma formação de
múltiplos espaços desiguais.
 A desigualdade, do ponto de vista social e
espacial, é uma desigualdade acarretada
pela maior ou menor acumulação ou posse
de bens necessários, ou criados pelo
trabalho humano.
O Arranjo Espacial
Superestrutural
 Para manter essa estrutura injusta, os donos do capital reforçam
seu poder através de outras instâncias, como a político-jurídica e
ideológica.
 No plano político-jurídico, a burguesia não deixa que os
trabalhadores ou seus partidos ocupem o poder do Estado. Para
isso reforçam o poder dos partidos que lhe são favoráveis,
financiando campanhas eleitoras ou lobies nas câmaras
municipais, estaduais ou federais.
 No plano ideológico, incute-se na cabeça das pessoas que as
desigualdades espácio - sociais são fenômenos naturais e
irreversíveis.
 Para a transmissão da ideologia são utilizadas algumas
instituições como a igreja, a escola e os meios de comunicação
social: jornais, revistas, rádio, televisão e internet.
O Reflexo da Ideologia
 Sobre a cultura, que se preocupará com a formação
de laços de unidade nacional e consciência étnica e
histórica.
 Por isso, alguns aspectos culturais que dão mais
lucros são incentivados, como desfiles de escolas
de samba e jogos de futebol, em detrimento de
outras manifestações culturais.
 Na década de 70 muitos estádios de futebol foram
construídos, em vez de casas populares, cujo
déficit, até os dias atuais é grande.
O Reflexo da Ideologia no
Brasil
 As manifestações culturais regionais acabam sendo
“engolidas” pela suposta cultura nacional, gerada
em São Paulo e Rio de Janeiro.
 O que foge desses padrões é considerado caipira e
brega.
 A partir do momento em que compreendemos o
jogo das variadas ações do homem sobre e no
espaço, podemos desvendar as contradições
sociais.
 A partir desse conhecimento, devemos transformá-
las, para que consigamos minimizar ou acabar com
elas.
O Reflexo da Ideologia no
Brasil
E, também, para que
possamos chegar a
construir uma
organização espacial
mais justa e humana,
onde realmente todas as
Pessoas sejam iguais, e
não como nos arremedos
de democracia, onde todos são iguais em função
das leis, mas, na realidade, alguns são um
pouco mais “iguais” que os outros.
O Reflexo da Ideologia no
Brasil
O Reflexo da Ideologia no
Brasil
O Reflexo da Ideologia no
Brasil

Paraisópolis a esquerda e Morumbi a direita.


Google Earth, agosto, 2009.

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