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PROFESSOR EBTT/GEOGRAFIA CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1 - CONCEITO DE GEOGRAFIA.

ESPAÇO GEOGRÁFICO

O espaço geográfico somente passa a existir quando se verifica


interação entre o homem e o meio em que vive, do qual retira o que lhe é
necessário para a sobrevivência, promovendo alterações de suas
características originais.

A forma como as sociedades se relaciona com o espaço vai se


modificando, enquanto sua capacidade de intervenção se acentua e o espaço
geográfico torna-se cada vez mais abrangente, chegando atualmente, a quase

se sobrepor a todo o globo.

O espaço geográfico é resultado da relação entre a sociedade e a


natureza mediada pelo trabalho humano. Ou seja, o espaço geográfico é
constituído historicamente pela ação humana.

Na obra Por uma geografia nova (1978), o conceito de espaço é


central e compreendido como um conjunto de formas representativas de
relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura
representada por relações que estão acontecendo e manifestam-se
através de processos e funções. “O espaço é um verdadeiro campo de
forças cuja formação é desigual. Eis a razão pela qual a evolução espacial não
se apresenta de igual forma em todos os lugares”. (Santos, p.122).

Já na obra A Natureza do Espaço, Milton Santos afirma o espaço


geográfico é um conjunto indissociável de sistemas de objetos e ações. Para o
geógrafo, a natureza é a origem e, pela ação do homem e suas técnicas, as
coisas são transformadas em objetos. Assim, a técnica, ou seja, a forma de
produzir algo, é a principal forma de relação entre o homem e a natureza e,
desta forma, a produção do espaço geográfico.

Um outro olhar do geógrafo, acerca do espaço geográfico, é de que o


espaço sem a ação humana, seria paisagem. Pois, é o homem que anima as
formas e, que, para compreender a dinâmica do espaço geográfico, deve-se
compreender os aspectos históricos, sociais, econômicos, geológicos e
biológicos. É importante, porém, que não se confunda o conceito de espaço
geográfico com o de paisagem.

TERRITÓRIO

A compreensão do termo território não se restringe a sua situação de


conceito geográfico, mas também faz parte do uso corrente de outras ciências,
em que é adotado com significados diferentes. Alguns termos têm importantes
associações com o conceito de território. O mais importante deles é o poder,
já que os territórios são formados fundamentalmente a partir de relações
de poder de determinado agente. As fronteiras territoriais também são
essenciais, uma vez que delimitam a área alcançada por essas relações de
poder, sendo as mais conhecidas, as fronteiras nacionais e outras delimitações
políticas como, por exemplo, subdivisões estaduais internas. Da mesma forma
que ocorre com vários dos demais conceitos, podemos identificar territórios em
níveis escalares diferentes como, por exemplo, em escala mundial, nacional,
regional, local.

 EVOLUÇÃO DO CONCEITO: FRIEDRICH RATZEL

Não é possível conceber um Estado sem território e sem fronteiras. Uma


teoria do Estado que fizesse abstração do território não poderia jamais ter
qualquer fundamento seguro. É fácil convencer-se de que do mesmo modo
como não se pode considerar mesmo o Estado mais simples sem o seu
território, assim, também a sociedade mais simples só poderá ser concebida
junto com o território que lhe pertence.

 EVOLUÇÃO DO CONCEITO: JEAN GOTTMANN

Território é uma porção do espaço geográfico que coincide com a extensão


espacial da jurisdição de um governo. Ele é o recipiente físico e o suporte do
corpo político organizado sob uma estrutura de governo. Podemos, portanto,
considerar o território como uma conexão ideal entre espaço e política. Uma
vez que a distribuição territorial das várias formas de poder político se
transformou profundamente ao longo da história, o território também serve
como uma expressão dos relacionamentos entre tempo e política.

 EVOLUÇÃO DO CONCEITO: CLAUDE RAFFESTIN

O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação


conduzida por um ator sintagmático em qualquer nível. Ao se apropriar de um
espaço, concreta ou abstratamente, o ator "territorializa" o espaço. O território
(...) é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia e informação, e
que, por consequência, revela relações marcadas pelo poder. O espaço é a
“prisão original”, o território é a prisão que os homens constroem para si.

 EVOLUÇÃO DO CONCEITO GIUSEPPE DEMATTEIS

O território (...) é uma construção social, com desigualdades, com


características naturais e relações horizontais e verticais, isto é, significa
uma complexa combinação de certas relações territoriais. (1970).

 TRIBUTÁRIOS TEÓRICOS CONTEMPORÂNEOS.

Moraes (1988; 2002) enfatiza que o território é constituído, ao mesmo


tempo, pela dimensão material das formas de apropriação/produção do
espaço pelo Estado e pelas atividades produtivas; e pela dimensão
imaterial, da construção ideológica e do imaginário territorial referente aos
discursos e práticas de identidade nacional e de identidades regionais. O
território seria, ao mesmo tempo, uma construção militar, econômica,
jurídica e ideológica.

• Andrade (2004) apresenta uma visão de território vinculado ao espaço de


exercício de um poder (domínio ou gestão de uma área), tanto do ponto
de vista de um poder público-estatal quanto pelo poder das grandes
empresas.

• Para Haesbaert (2006) o território pode ser definido em termos políticos,


ou político-jurídicos e históricos, referentes à ação do Estado; em termos
econômicos, associado à apropriação econômica dos espaços, derivada da
divisão territorial do trabalho e da luta de classes; e em termos
culturais, identificado com relações simbólicas – individuais ou
coletivas – com o espaço.

 Território Usado: [...] são os objetos e ações, sinônimo de espaço humano


e espaço habitado, onde se encontram as horizontalidades e as
verticalidades ligados por formas de processos sociais e redes. É uma
configuração espessa de mediações (materiais e imateriais), que contempla
os agentes, tanto os hegemônicos como os hegemonizados e nos permite
compreendê-lo como uma trama de relações complementares e
conflitantes. (SANTOS)
 DERIVAÇÕES DO CONCEITO DE TERRITÓRIO.

 Territorialização: seria o movimento de constituição de referenciais


simbólicos e identitários (materiais e imateriais) junto a um recorte espacial
definido, dotando-o de unidade. Poderia ser também chamada de
enraizamento territorial, vinculando populações, empresas e instituições de
governo ao território.
 Desterritorialização: envolve o desenraizamento e a desorganização de
territórios pela saída ou perda de vínculos identitários da população que
constitui um território/territorialidade, ou pela ação externa de comandos
estatais ou corporativo-empresariais que introjetam novas lógicas de
modernização capitalista e de controle político estranhos ao território. A
globalização possui uma lógica intensamente desterritorializada.
 A reterritorialização, por sua vez, compreende o movimento de
reconstrução e retomada de laços de identidade e inserção territorial sob
novas bases de qualificação.
 Multiterritorialidade: [...] a forma dominante, contemporânea ou ― pós-
moderna da reterritorialização – consequência do capitalismo pós-fordista
da acumulação flexível, das relações sociais construídas através dos
territórios – rede – sobrepostos e descontínuos.
 Microterritorialidades: são territorialidades não institucionalizadas, não
formais, podendo estar vinculadas a grupos segregados ou minorias;
vincula-se mais a espaços de pertencimento e representação do que
espaços de controle, e são evidenciadas em escalas menores.
(HAESBAERT, 2004).

PAISAGEM

O conceito de paisagem está relacionado a tudo que os sentidos humanos


(visão, audição e olfato) podem perceber e apreender da realidade de
determinado espaço geográfico ou parte dele, está diretamente relacionado à
sensibilidade humana.

Há quem entenda a paisagem como uma realidade que pode ser representada
visualmente em uma fotografia ou pintura.

Embora a visão seja o principal sentido com o qual se observa a realidade,


outros sentidos também podem participar da identificação da paisagem,
introduzindo-se informações como sons e odores na descrição da paisagem,
método através da qual ela pode ser bem explorada.

A paisagem também se constitui como uma realidade atual construída através


do acúmulo de acontecimentos ou eventos passados, uma vez que o que é
observado em uma paisagem da atualidade passou por um processo de
constantes mudanças.

Esse aspecto pode ser percebido através da observação de fotografias de uma


mesma paisagem referentes a períodos diferentes, na qual se pode perceber o
que permanece e o que foi sendo alterado, para formar a paisagem atual.
 Paisagem natural e paisagem humanizada

A paisagem natural apresentava um conjunto de muitos elementos naturais.

As paisagens humanizadas ou artificiais de maior visibilidade são as áreas


urbanas construídas pela ação humana. Ao fazer referência à distinção entre
paisagens naturais e humanizadas, Santos assim se manifesta:

A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem. Se no passado


havia a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente
não existe mais.

São as paisagens que mostram, por meio de sua aparência, a história da


população que ali vive, os recursos naturais de que dispõe e a forma como se
utiliza de tais recursos.

A paisagem não é formada apenas de volumes, mas também de cores,


movimentos, odores, sons, etc. (...) e a percepção é sempre um processo
seletivo de apreensão.

LUGAR

conceito de lugar faz referência a uma realidade de escala local ou regional e


pode estar associado a cada indivíduo ou grupo.

O lugar pode ser entendido como a parte do espaço geográfico


efetivamente apropriada para a vida, área onde se desenvolvem as
atividades cotidianas ligadas à sobrevivência e às diversas relações
estabelecidas pelos homens. Para compreensão deste conceito evoca-se a
“valorização das relações de afetividade desenvolvidas pelos indivíduos em
relação ao seu ambiente” O lugar significa muito mais do que simplesmente
uma localização geográfica, ele está relacionado aos diversos tipos de
experiência e envolvimento com o mundo.

Além disso, o lugar também se associa ao sentimento de pertencer a


determinado espaço, de identificação pessoal com uma dada área.

Cada localidade possui características próprias que, em conjunto, conferem


ao lugar uma identidade própria e cada indivíduo que convive com o lugar, com
ele se identifica. Dessa forma, o lugar garante a manutenção interna da
situação de singularidade. As parcelas do espaço geográfico com a qual cada
indivíduo se relaciona e interage compõe o seu lugar. Cada pessoa terá um
lugar diferente da outra, na medida em que ambas possuem vida e cotidiano
diferentes. O lugar possui também íntima relação com os aspectos culturais
que marcam cada sociedade.

ESPAÇO

Conforme Sposito (2004) na geografia tradicional o espaço não é um conceito


chave, sua aparição de maior destaque ocorre nos estudos de Ratzel,
denominado de espaço vital. O autor destaca ainda que na visão
Hartshorniana o espaço é absoluto, constituía um conjunto de pontos que têm
existência em si, apresentando dependência, este dissociava o espaço do
tempo. Para Kant, influenciado por Newton, em que espaço (e o tempo)
associa-se a todas as dimensões, espaço e tempo são categorias filosóficas,
para Kant “todas as coisas, como fenômenos externos, estão justapostas no
espaço” (KANT, 1965, p. 39).

Na geografia neopositivista, a categoria espaço torna-se referência, e é


concebido não mais como absoluto, mas como relativo. Para a geografia crítica
ou radical, de base marxista, o espaço é entendido como totalidade. De modo
que os fenômenos não devem ser estudados isoladamente, mas em conjunto,
pois são interdependes, “fenômenos espaciais em totalidades” (SPOSITO,
2004, p.90). Além disso, a geografia crítica traz uma extensa discussão acerca
da produção social do espaço, isto é, o espaço social criado pelo trabalho
humano para atender as suas necessidades, nessa perspectiva tudo se
constrói com o trabalho (SANTOS, 1980).

O espaço é, portanto, anterior, preexistente a qualquer ação. O espaço é, de


certa forma, "dado" como se fosse uma matéria-prima. Preexiste a qualquer
ação. "Local" de possibilidades, é a realidade material preexistente a qualquer
conhecimento e a qualquer prática dos quais será o objeto a partir do momento
em que um ator manifeste a intenção de dele se apoderar (RAFFESTIN,1993,
p. 144).
2 - CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS BRASILEIRAS.

3 Direitos civis, humanos, políticos e sociais.

4 Biogeografia e conservação de florestas tropicais.

5 Migrações internacionais no século XX e XXI.

6 A atmosfera e a dinâmica climática.

7 Energia renovável e recursos hídricos.

8 A dimensão simbólica do espaço geográfico.

9 Cultura e representações espaciais.

10 A dinâmica populacional.

11 O processo de Industrialização brasileira e a transformação


do espaço urbano. 12A formação dos estados nacionais
modernos.

13 A formação geográfica das sociedades contemporâneas.

14 A geografia da natureza.
15 A geografia no tempo: o alargamento das fronteiras de
apropriação do planeta pelas sociedades humanas ao longo da
história.

16 A hidrosfera, a água e sua importância.

17 Ecologia e planejamento da paisagem.

18 A industrialização e seus impactos na organização do espaço


contemporâneo. 19A litosfera, composição e dinâmica.

20 A modernização da agricultura e suas consequências.

21 A urbanização e as transformações na relação cidade-


campo.

22 Continentes: características físicas e humanas, geopolítica,


atualidades. Características gerais das atividades primárias,
secundárias e terciárias e suas expressões no espaço
geográfico.

23 Tendências atuais do turismo: práticas e discussões


conceituais.

24 Reforma agrária e a questão da terra no Brasil.

25 Ditadura militar brasileira.

26 Divisões regionais do território brasileiro, histórico e


situação atual.

27 Grandes blocos econômicos.

29 Os espaços da produção, da circulação e do consumo no


mundo e no Brasil.

30 O Pantanal.

31 Regionalização do espaço brasileiro.

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