Você está na página 1de 22

Geografia: conceitos básicos.

Aula 1

Prof. Dr. Eduardo Samuel Riffel


“Introdução: o que é Geografia”

GEO= MUNDO GRAFIA= DESCRIÇÃO

OU SEJA:

GEOGRAFIA É A DESCRIÇÃO DO MUNDO

COM O PASSAR DO TEMPO ESSE CONCEITO EVOLUIU

HOJE: OBJETO DE ESTUDO DA GEOGRAFIA É O

ESPAÇO GEOGRÁFICO
“Introdução: problematizando o
conhecimento a partir da experiência”

Objeto de estudo da Geografia: ESPAÇO GEOGRÁFICO.

-ESPAÇO GEOGRÁFICO: pode ser entendido como o espaço


natural modificado pelo trabalho humano.

-Façamos o seguinte exercício mental: pense em um local da


sua cidade que você possui laços de afetividade;

-Como se dá a sua vivência com esse local?


-Como se dá a sua relação com a natureza nesse local?
“O homem e a natureza”

O homem, desde os tempos mais remotos, esteve vinculado à


natureza.
O homem ao fazer uso do que estava a sua volta, tinha a
disposição um conjunto diversificado de espécies vegetais e
animais; ao fazer a escolha de uma espécie sobre as outras,
demarca a sua utilidade para si.
Alimentando um ciclo de trocas mútuas.

Homem no período neolítico


Fonte da imagem:
https://www.preparaenem.com /historia/neolitico.
“O homem e o trabalho
modificando a natureza”
As necessidades inerentes à condição
humana de viver, como morar, vestir e
alimentar, vão sendo ampliadas e
conduzidas na dinâmica das condições
objetivas da produção que, na medida
em que se sofisticam, proporcionam um
alargamento das necessidades atreladas
a outros bens e consumos, em que se
perde a dimensão do que é realmente
necessário.
Assim, “produzir” as condições de
sobrevivência institui-se em um jogo
dialógico que abriga materialidade e
simbolismo. O Homem, a natureza e o trabalho
Fonte da imagem: Dantas e Morais, 2012.
“O homem e o trabalho
modificando a natureza”
O homem, nesse processo de “produção” das condições de sua
sobrevivência é enredado na trama do fazer e do como fazer, articulados
na relação homem-trabalho-técnica-natureza. O homem passa a
transformar a natureza a partir de um conjunto de necessidades que
ultrapassam a esfera da “sua casa”, e passam para a sua rua, sua
cidade, seu estado, e assim por diante em escalas variadas e crescentes.

A partir disso identificamos o TRABALHO como importante ferramenta


de modificação do espaço pelo homem.

De acordo com Milton Santos, “O espaço geográfico é a natureza


modificada pelo homem através do seu trabalho.” (SANTOS, 1978, p.
119)
“Categorias de análise
do espaço”

-Paisagem;

-Lugar;

-Território;

-Região;
“PAISAGEM”

Todos os dias, ao sair de casa, você se depara com um conjunto de


elementos no seu trajeto. São ruas, pontes, semáforos, calçadas, carros,
pessoas, bicicletas, árvores, animais etc. que se impõem combinando-se
ao seu passo, a sua escuta, a sua visão e ao seu olfato.
Pense sobre seu trajeto feito diariamente e reflita como os seus
sentidos são acionados para fazer esse percurso.
Você consegue distinguir cheiros, sons, cores e texturas no caminho
que te coloquem em contato com o espaço?

Fonte das imagens:


infoescola.com
“PAISAGEM”

A paisagem é criação e recriação da natureza no homem, na medida em


que este, ao modificar as formas originais, percebe, experimenta e
vivencia os processos sócio-afetivos que estruturam e constituem a sua
relação com a natureza. Na mesma dimensão, ocorre a criação e
recriação do homem na natureza, visto que esta, ao assumir contornos
moldados pela ação humana,
ressignifica suas formas
originais, passando a adquirir
ritmos e feições vinculados
ao resultado do encontro do
homem com a natureza.

Fonte: Paula Tomaz,


Geografia e Paisagem, 2018
“Paisagem Natural X Paisagem
Modificada(Humanizada)”

Define-se paisagem natural como resultado de uma combinação


singular de elementos, como relevo, solo e as formações vegetais. Esses
elementos se modificam ao longo do tempo, em um ritmo lento.
A paisagem humanizada refere-se àquelas formações resultantes da
ação humana na superfície terrestre. Elas são produtos do trabalho
social, isto é, do esforço coletivo e organizado que, por meio de técnicas
disponíveis, instalam artefatos os quais são utilizados e recriados a partir
das múltiplas interações que se realizam.

Fonte das imagens:


todamateria.com
“LUGAR”
Com o poncho nos ombros, nos pés as chilenas,
Em noites saudosas no rancho da estância,
Ouvi velhas lendas, ouvi cantilenas,
Da rude peonada, cantando à distância.
Nasci na fronteira, cresci no relento,
Não tenho riquezas, jamais faço luxo,
Cavalgo sem medo nas asas do vento,
Eu sou do Rio Grande, sou um bravo gaúcho!
Filho dos pampas Autor: Elizeu Petrelli de Vitor

Fonte das
imagens: museu
do pampa
“LUGAR”

Ao ler o fragmento, pode-se perceber que a narrativa está baseada na


experiência que o sujeito tem com o lugar, definindo as suas vivências e
pertencimentos.

As experiências dizem respeito às diferentes maneiras que os indivíduos


têm de conhecer e construir a realidade. Elas se alimentam e são
alimentadas pelo espaço vivencial em que se faz presente o campo
material e simbólico.

Não saberíamos responder se são as características físicas do pampa que


definem as experiências ou se são as imagens que o habitante faz do
pampa que definem as suas experiências.
“LUGAR”

Conforme Carlos (1996, p. 20) “o lugar é a porção do espaço apropriável


para vida – apropriada através do corpo – dos sentidos – dos passos de
seus moradores, é o bairro, a praça, é a rua [...]”. O lugar se estabelece a
partir do plano do vivido, do conhecido e reconhecido como parte de
pertencimento do habitante em um espaço delimitado, que aprofunda os
laços entre habitante-lugar, habitante-habitante.

Fonte da imagem:
https://www.agen
dor.com/blog
“O lugar e o não-lugar são as faces de uma
mesma moeda quando se trata de compreender o
espaço geográfico na era da globalização?”
O espaço é apropriado para ser consumido e é nesse processo que surge o
não-lugar. São aeroportos, autoestradas, estações, metrôs, supermercados,
parques temáticos que os indivíduos passam, usam, consomem, sem
estabelecer vínculos afetivos com nenhum deles.

“Se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um


espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional,
nem como histórico definirá o não-lugar”.(AUGÉ, 1994, p. 73)

Fonte da imagem:
https://www.b9.co
m.br/45493/o-role-
consumo/
“Território”

• Vemos na TV a invasão dos EUA ao Afeganistão ou Iraque, ou os


conflitos que ocorrem nas favelas do RJ.
• Vejam, que essas situações conflituosas se estabelecem em uma
base espacial geográfica que pode ser compreendida a partir da
noção de território, na medida em que envolvem uma disputa entre
agentes/atores sociais que divergem e lutam pela posse, domínio
ou ocupação de uma fração do
espaço.

Fonte da
imagem:
Revista
Relações
Exteriores,2018
“Território: ampliando o
conceito”
• Dentre os geógrafos que vêm se dedicando, atualmente, aos
estudos desse tema, destaca-se Rogério Haesbaert, professor
da UFRJ. Para ele (2001; 2002; 2004), é possível agrupar as
várias concepções de território em vertentes básicas: política,
cultural e econômica.

• DIMENSÃO POLÍTICA: refere-se ao espaço-poder, ou jurídico-


político, que dizem respeito às relações espaciais que se
estabelecem na esfera do Estado-Nação.
• O território é visto como um espaço delimitado e controlado,
através do qual se exerce um determinado poder, relacionado ao
poder político do Estado.
“Território: ampliando o
conceito”
Fonte da imagem: vermelho.org

• DIMENSÃO CULTURAL: nessa


concepção, o conteúdo simbólico-
cultural delimita o território, dando-lhe
identidade. Nesse sentido, o território
é visto como produto da apropriação
simbólica de um grupo em relação
ao seu espaço vivido.
• DIMENSÃO ECONÔMICA: vertente econômica focaliza o
espaço como fonte de recursos e/ou incorporado no embate
entre classes sociais; e na relação capital-trabalho, como
produto da divisão territorial do trabalho.
“Região”

• O termo apresenta diferentes sentidos, remetendo à ideia de


localização e extensão de um dado fenômeno; como unidade
administrativa, definida em uma escala subnacional sobre a qual
o poder e o controle do Estado se exercem. Está associado à
diferenciação de área, ao reconhecimento de que a Terra é
formada por áreas diferentes entre si.

Fonte da imagem: Dantas e Morais, 2012.


“Região”

• A diferenciação de áreas aparece na própria configuração do


espaço natural, isto é, na integração em área dos elementos da
natureza.

• Na trajetória de elaboração do conceito, passou-se a admitir que


a conformação regional não se define apenas pelas suas
características naturais, mas também pelo processo histórico
de ocupação e construção do espaço, que estabelece
diferenciações de natureza social, econômica, política e cultural
entre as áreas.
• Nesse sentido, a diferenciação de áreas é resultante das
relações entre os homens e entre estes e a natureza.
“AULA DE HOJE”

• ESPAÇO GEOGRÁFICO: espaço natural modificado pelo trabalho humano


através do trabalho.

• HOMEM E A NATUREZA: inicialmente apenas para a sobrevivência, com a


globalização deu espaço ao consumo.

• PAISAGEM: resultado de como o homem vê e se vê na natureza.

• LUGAR: onde o homem possui identidade e vivência. (NÃO-LUGAR)

• TERRITÓRIO: disputa pela posse (PODER).

• REGIÃO: separação de características de determinada porção geográfica.


ATIVIDADE:

A partir das definições trabalhadas em sala de aula, apresente e


justifique um exemplo que você considere estar a eles vinculado:

-Paisagem;
-Lugar;
-Não-Lugar;
-Território;
-Região;

ESCREVER CERCA DE 1 PÁGINA, COLOCANDO O SEU NOME


E A SUA TURMA NO CABEÇALHO DA PÁGINA, NO NOME DO
ARQUIVO (PDF) E NO ASSUNTO DO EMAIL
ENVIAR PARA EDUARDO.RIFFEL@IFFARROUPILHA.EDU.BR
ATÉ QUARTA FEIRA (21/04/2021)
REFERÊNCIAS:

CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. São Paulo: Ática, 1990.

MENDONÇA, F.; KOSEL, S. (Org.). Elementos de epistemologia da geografia contemporânea. Curitiba:


UFPR, 2004.

HAESBAERT, R. Territórios alternativos. São Paulo: Contexto, 2002.

______. O mito da desterritorialização: do fim dos territórios à multiterritorialidade. Rio de Janeiro:


Bertrand Brasil, 2004.

SANTOS, D. A invenção do espaço: diálogos em torno do significado de uma categoria. São Paulo:
UNESP, 2002.

SANTOS, M. Por uma geografia nova: da crítica da geografia a uma geografia crítica. São Paulo:
HUCITEC, 1978.

______. Pensando o espaço do homem. São Paulo: HUCITEC, 1986.

______. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: HUCITEC, 1996.

Você também pode gostar