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FACAM – FACULDADE DO MARANHÃO

GRADUAÇÃO – PÓS-GRADUAÇÃO – ENSINO À


DISTÂNCIA

Disciplina: Desenvolvimento Territorial e Práticas


Comunitárias
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SOBRE
DESENVOLVIMENTO

•O desenvolvimento deve ser encarado como um processo complexo


de mudanças e transformações de ordem econômica, política e,
principalmente, humana e social. Desenvolvimento nada mais é que o
crescimento – incrementos positivos no produto e na renda –
transformado para satisfazer as mais diversificadas necessidades do
ser humano, tais como: saúde, educação, habitação, transporte,
alimentação, lazer, dentre outras. (FURTADO, 1961, p.115-116).
•O desenvolvimento deve resultar do crescimento econômico e das
melhorias na qualidade de vida da população. Atrelado a isso deve-se
acrescentar “as alterações da composição do produto e a alocação de
recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os
indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego,
desigualdade, condições de saúde, alimentação, educação e moradia)”.
(VASCONCELLOS e GARCIA, 1998, p. 205)
Sandroni (1994) já considera desenvolvimento como o
crescimento econômico (incrementos positivos no
produto) acompanhado por melhorias do nível de vida
dos cidadãos e por alterações estruturais na economia.
Para ele, o desenvolvimento depende das
características de cada país ou região. Isto é, depende
do seu passado histórico, da posição e extensão
geográficas, das condições demográficas, da cultura e
dos recursos naturais que possuem.
CONCEITO DE TERRITÓRIO

• SOUZA (2001) salienta que o território é um espaço definido e


delimitado por e a partir de relações de poder, e que o poder não se
restringe ao Estado e não se confunde com violência e dominação.
Assim, o conceito de território deve abarcar mais que o território do
Estado-Nação.
TERRITÓRIO
Existem 3 elementos fundamentais sem os quais não se poderá
formar um "Estado", são o Povo, o elemento Humano, o Território, o
elemento físico e por fim o Poder Político, que sustenta a organização
do Estado.
• Na visão de Marcelo Lopes de Souza, o território deve ser apreendido
em múltiplas vertentes com diversas funções. Mesmo privilegiando as
transformações provenientes do poder no território, o autor aponta a
existência de múltiplos territórios, principalmente nas grandes cidades,
como o território da prostituição, do narcotráfico, dos homossexuais,
das gangues e outros que podem ser temporários ou permanentes.

•O conceito de território não deve ser confundido com o de espaço ou


de lugar, estando muito ligado à ideia de domínio ou de gestão de uma
determinada área.
INDICADOR SOCIAL ESTATÍSTICO DE
DESENVOLVIMENTO

•O IDH é uma medida importante concebida pela ONU (Organização


das Nações Unidas) para avaliar a qualidade de vida e o
desenvolvimento econômico de uma população;

• Vida longa e saudável (esperança de vida à nascença);

• Educação (taxa de alfabetização de adultos e a taxa bruta combinada


de alunos matriculados no ensino primário, secundário e superior);

• Nível de vida digno (calculado pelo Produto Interno Bruto por


habitante, em dólares).
CONCEITO DE COMUNIDADE

•O termo Comunidade vem sendo utilizado, nos últimos


tempos, de forma desordenada, o que contribui para uma
confusão conceitual que esvazia seu significado. Qualquer
agrupamento tem sido chamado de comunidade, sejam
bairros, vilas, cidades, segmentos religiosos, segmentos
sociais etc.
Como nos mostra Bauman
(2003, p. 7), “comunidade
produz uma sensação boa por
causa dos significados que a
palavra carrega”: é a segurança
em meio à hostilidade.
• Tonnies (1973, p. 104), apoia-se nas relações entre mãe e filho, entre
esposos e entre irmãos e irmãs que se reconhecem filhos da mesma
mãe para explicar um tipo de comunidade. A existência de processos
comunitários estaria ligada, em primeiro lugar, aos laços de sangue,
em segundo lugar à aproximação espacial, e em terceiro lugar à
aproximação espiritual.

• Tonnies (1995, p. 239), considera que as características da


comunidade podem estar relacionadas a três gêneros de
comunidades: a) parentesco; b) vizinhança; c) amizade.
Para Buber (1987, p. 39), a humanidade se originou em uma
comunidade primitiva, passou pela escravidão da sociedade e
“chegará a uma nova comunidade, mas sim a comunhão de
escolhas, a vontade comum, a partilha de um mesmo ideal, noções
atualmente primordiais para se estender as comunidades virtuais.
A QUESTÃO LOCAL E AS
COMUNIDADES TRADICIONAIS
• Bourdin (2001, p. 25) ao discutir o lugar da dimensão local na
sociedade contemporânea por meio de um paradigma do
local, propõe pensar que a localidade às vezes não passa de
uma circunscrição projetada por uma autoridade, em razão de
princípios que vão desde a história a critérios puramente
técnicos. Em outros casos, ela exprime a proximidade, o
encontro diário, em outro ainda, a existência de um conjunto
de especificidades sociais, culturais bem partilhadas.
• Bourdin (2001, p. 25-57), acredita que a vulgata localista
pode ser apanhada em três dimensões: o local necessário; o
local herdado; o local construído.

•O local necessário é caracterizado pelo sentimento de


pertença a um grupo comunitário, que poderia ser
caracterizado pelos vínculos de sangue, da língua e do
território. Para o autor, este vínculo comunitário estaria
apoiado em uma antropologia localista que é composta por
fatores históricos, etnológicos e pelo que o autor chamou de
“evidência de falta”.
• Em última instância o local é a busca pelas raízes, em
satisfazer o sentimento de pertença que existe no âmago dos
indivíduos, de viver-junto, da vida em família, do pertencer a
um “nós”. O local herdado relaciona-se aos aspectos
históricos e representa o peso que o passado pode ter sobre
o presente, portanto, leva em conta a genealogia e suas
relações familiares: “o local é, pois, um lugar privilegiado de
manifestação delas, se admitirmos que as estruturas
antropológicas são principalmente um conjunto de
representações e de códigos transmitidos pela prática, como
os mitos se exprimem nos ritos” (BOURDIN, 2001, p. 43).
• Por fim, o local construído é visto como uma forma social que
constitui um nível de integração das ações e dos atores, dos
grupos e das trocas. Essa forma é caracterizada pela relação
privilegiada com um lugar, que varia em sua intensidade e em seu
conteúdo. A questão se desloca então da definição substancial do
local à articulação dos diferentes lugares de integração, à sua
importância, à riqueza de seu conteúdo (BOURDIN, 2001, p. 56).
Povos e Comunidades Tradicionais

•A Constituição Federal de 1988 diz que: Povos e Comunidades


Tradicionais são grupos que possuem culturas diferentes da cultura
predominante na sociedade e se reconhecem como tal. Estes grupos
devem se organizar de forma distinta, ocupar e usar territórios e
recursos naturais para manter sua cultura, tanto no que diz respeito à
organização social quanto à religião, economia e ancestralidade.
Povos e Comunidades
Tradicionais
Exemplos: Indígenas; Quilombolas , Quebradeiras de coco.
• os chamados povos e comunidades tradicionais no país, são
correspondentes a oito milhões de brasileiros os quais ocupam ¼
do território nacional, estes, são excluídos do processo democrático
e das políticas públicas.

•A Constituição de 1988 abriu o diálogo democrático com as


comunidades tradicionais por meio da consagração do pluralismo
jurídico e democrático, bem como o reconhecimento dos seus
direitos.
•O Decreto nº 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, conceitua as
comunidades e povos tradicionais como grupos culturalmente
diferenciados e que se reconhecem como tais. Possuem formas
próprias de organização social, ocupam e usam territórios tradicionais,
além de recursos naturais, como condição para sua reprodução
cultural, social, religiosa, ancestral e econômica. Para tanto, se
utilizam de conhecimentos, inovações e práticas geradas e
transmitidas pela tradição. Assim, são comunidades tradicionais:
povos indígenas, quilombolas, populações ribeirinhas, ciganos, povos
de terreiro, dentre outras.
Características Das Culturas e
Comunidades Tradicionais
• Dependência e até simbiose com a natureza, os ciclos naturais e os
recursos naturais renováveis a partir do qual se constrói um "modo de vida";

• Conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos que se reflete na


elaboração de estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais

• Noção de território ou espaço onde o grupo se reproduz econômica e


socialmente;

• - Moradia e ocupação desse território por várias gerações, ainda que alguns
membros individuais possam ter-se deslocado para os centros urbanos e
voltado para a terra dos seus antepassados;
• Reduzida acumulação de capital;

• Importância dada à unidade familiar, doméstica ou comunal e às


relações de parentesco ou de compadrio para o exercício das
atividades econômicas, sociais e culturais;

• Importância de mito e rituais associados à caça, à pesca e a atividades


extrativistas;

•A tecnologia utilizada é relativamente simples, de impacto limitado


sobre o meio ambiente. Há uma reduzida divisão técnica e social do
trabalho, sobressaindo o trabalho artesanal;

•- Fraco poder político, que em geral reside com os grupos de poder dos
centros urbanos;
Populações Tradicionais e Meio Ambiente

• A relação entre as populações tradicionais e o meio ambiente é positiva


quando há possibilidade de manter o progresso humano, de maneira
sustentável até um futuro longínquo.

• Existem pelo menos 24 estados no Brasil com comunidades quilombolas:


Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás,
Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba,
Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e
Tocantins.
O profissional de Serviço Social
• Possui uma formação generalista, respaldado na Lei 8662/93,
possibilitando uma atuação em diversas áreas; saúde, família, idoso,
ONGs, gênero, criança e adolescente, empresa, justiça, no estado,
em recursos humanos, meio ambiente, educação e comunidade.

• Os Assistentes Sociais devem ter o compromisso com os princípios


ético político do seu Código, ou seja, um projeto pautado na
equidade, justiça social e sem nenhuma forma de discriminação.
Cabe ao Assistente Social:
• Buscar dentro da realidade concreta de cada comunidade elementos
que propiciem a população uma reflexão sobre sua realidade, para que
esta cresça e tenha a sua autonomia;

• Intervir na realidade da comunidade, consolidando de forma


democrática o acesso e a garantia dos direitos sociais e sendo um
mobilizador de recursos comunitários;

• Postura criativa, versátil, dinâmica, reflexiva, flexível e prepositiva, bem


como estratégias de intervenção que possibilitem diversas ações.
Cabe ao Assistente Social:
•A articulação tanto com entidades da sociedade civil, quanto a
órgãos públicos é de suma relevância no desencadear do trabalho
do assistente social dentro da comunidade, pois deve estar
assessorando e apoiando os movimentos sociais, fazendo valer os
princípios da sua legislação e acima de tudo, buscando não apenas
mudanças na micro realidade, mais também na macro realidade –
transformação social.
Educação Popular

• Educação Popular aparece como uma estratégia fundamental para o


fortalecimento e a valorização da teoria produzida pela camada
popular, bem como servindo para a conscientização do DC como
ideologia que sirva ao crescimento e a autonomia da classe
dominada.
Cidadania e Educação Popular

•Sua aplicação e difusão se dão a partir do trabalho das


lideranças da parcela da população organizada.

•Inicialmente os movimentos populares eram vistos apenas como


grupos que reivindicam questões básicas relativas ao problema da
habitação, saúde, educação, uso do solo, serviços etc.

• Segundo Gohn o caráter educativo dos movimentos populares


reside no fato de que a educação é autoconstruída no processo,
surgindo de diferentes fontes e modos.
Educação Popular

• Na primeira fase da educação popular no Brasil, os principais textos


eram produzidos pelas ciências sociais, abordando a formação da
identidade nacional e as fases do desenvolvimento brasileiro;

•A década de 1960 sofre influência da sociologia francesa, promovendo


uma safra de estudos brilhantes sobre a realidade brasileira;

• Na década de 1970, ocorreram críticas aos programas e métodos de


educação popular por parte de vários estudiosos.

• Por outro lado, a conjuntura política daquele período se voltava para a


busca de alternativas para saída do regime militar.
Educação Popular
• Tudo que estimulasse o saber dos oprimidos, as energias da
sociedade civil, a fala do povo era incorporado como
alternativa política possível (GOHN, 2005), tornando a
educação popular o centro das discussões.
Educação Popular

• Segundo Gohn (2005, p. 51) o caráter educativo dos movimentos


populares reside no fato de que a educação é autoconstruída no
processo, surgindo diferentes fontes do educativo e do sabe.

• Na medida em que o saber vai se difundindo em instrumento das


classes populares, os movimentos detêm determinado poder para
atingirem seus objetivos, gerando mobilizações e inquietações que
podem pôr em risco o poder constituído, ainda que seja um poder nos
ditos populares.
Educação Popular

• A “educação é um direito de todas as pessoas resguardado pela


Política Nacional de Educação independente de gênero, etnia,
religião ou classe social” (BRASIL, 1988).

• Segundo Pereira (2008), se pretendemos oferecer aos alunos de


hoje um conhecimento significativo, o papel do educador é
desconstruir o conhecimento produzido pela cultura dominante e
ajudar a construir um outro saber com a participação dos segmentos
menos privilegiados de nossa sociedade, ou seja, é necessário que
esses segmentos sejam protagonistas desse processo.
Paulo Freire lutava contra um tipo de educação alienada da
realidade dos educandos, a qual ele denominava bancária,
enfatizando a necessidade de construção de uma pedagogia da
resistência aos processos de opressão
Participação Social

• A participação popular, entendida como o envolvimento da sociedade


mediante conselhos na discussão, análise, acompanhamento e
avaliação de políticas e programas da área, é uma condição
essencial para o seu funcionamento, conforme previsto em lei.

•A participação é definida de forma diferente pela legislação a partir


de 1990, ocorrendo principalmente através dos conselhos, cujo
formato institucional é definido por legislação local, ainda que os
parâmetros para a estruturação sejam dados pela legislação federal
Mas o que é controle social?
Mas o que é controle social?
•É a participação da população na gestão pública que garante aos
cidadãos espaços para influir nas políticas públicas, além de
possibilitar o acompanhamento, a avaliação e a fiscalização das
instituições públicas e organizações não governamentais, visando
assegurar os interesses da sociedade.

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