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Prémio Robin Cosgrove 2008/2009 – Edição ibero-americana

Espaços de Sociabilidade entre Comunidades afins.

Jonn Darc * -1-

Sistema de Espaços de Sociabilidade

entre Comunidades afins.

Constatações sobre a fragilidade na sustentabilidade do Planeta

Terra e da Região Metropolitana de São Paulo: Aquecimento global;

mudança no clima e desgelo dos pólos; esgotamento da capacidade do

Planeta absorver dejetos; poluição atmosférica, hídrica e do solo.

enquanto os problemas brasileiros: pobreza extrema e miséria absoluta;

baixo IDH; desemprego, déficit habitacional; devastação do Suporte

Biofísico;preservação do Aqüífero Guarani; crescimento populacional

nas bordas metropolitanas; grandes latifúndios e mecanização da

produção agrícola; distribuição da posse da terra no Brasil; distribuição

de renda.

Nas Região Metropolitana de São Paulo existe: alto crescimento

populacional na periferias; ocupação ilegal de áreas de manancial e de

encostas; favelização; elevado preço da terra em regiões com mais

infra-estrutura; passagem de cargas em áreas urbanas; trânsito com

alto nível de congestionamento; falta de vias e infra-estrutura de meios

de transporte alternativos. Em conjunto temos o crescimento

desordenado das cidades dormitório, locais que dispõem de poucas

áreas de lazer. Sua população possui baixa consciência ambiental, o

que agrava a fragilidade da Represa Paiva Castro, do Parque Estadual


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do Juquery e também da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de

São Paulo.

Região Metropolitana de São Paulo

Região Norte

FONTE: EMPLASA, SITE.

Por causa das lacunas deixadas no território pela Política do

Estado, o Movimento dos Sem Terra invadiu a área afim de ocupar com

um Assentamento Rural. Esta ação resultou na divisão da área da

antiga Fazenda São Roque, e abriga o projeto da Comuna da Terra

Dom Tomás Balduíno,e as expectativas o movimento para o futuro das

Comunas situadas as Margens da Metrópole.


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Morfologia 1, legitimidade 2, fundamentabilidade 3, são os

elementos base do Modelo Relacional desenvolvido pelo professor e

doutor arquiteto Sylvio de Barros Sawaya. Estes se relacionam com as

instâncias espaciais, seus agentes e atores e tem como objetivo

sistematizar as decisões, com todos os envolvidos nas diferentes

escalas em que se tomam as decisões, refletidas no lugar.

Esse Sonho de Integração Social, pode acontecer pelo

conhecimento mútuo entre todos os envolvidos no Processo

Participativo de qualquer Projeto Coletivo. Identificar e mostrar as

diferentes visões de mundo, com o objetivo de reduzir as tensões

presentes nas diferentes disputas territoriais. Isso significa unir as

partes em prol dos interesses coletivos, respeitadas as diferentes

necessidades individuais e coletivas, estas bem explicitas, para a plena

compreensão dos fixos e fluxos espaciais. Só assim o individuo pode se

posicionar diante daquilo que lhe é mostrado como verdade, sem

armadilhas. Hoje, montadas por um Sistema que aprisiona a existência

humana das pessoas de baixa renda, casas sem identidade, bairros

1 modo como elementos se relacionam, como se conformam os lugares de


encontro entre vizinhos no Ambiente Urbano, através dela podemos também
desenhar Espaços de Sociabilidade, Equipamentos Urbanos e toda Infra-
estrutura Urbana, todos em total equilíbrio com o Ecossistema Terrestre. (Notas
de aula. Projeto Sensível e Projeto tecnológico. FAU - USP, 2006.)
2 radicalização do conceito, a partir da sociedade mercantil urbana no século
XVII. A arquitetura formaliza espaços democráticos que são um Direito de todo
cidadão brasileiro, mas que poucos tem consciência de que além de ser
desumano é também ilegal, viver sem acesso aos Direitos Humanos
Fundamentais. (Notas de aula. Projeto Sensível e Projeto tecnológico. FAU -
USP, 2006.)
3 diz respeito aquilo que é permanente, estrutura aquilo que é transitório. É
regido pelo Sagrado e o Profano na sociedade, dimensão em que se estabelece
as relações de valor e poder. (Notas de aula. Projeto Sensível e Projeto
tecnológico. FAU - USP, 2006.)
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desprovidos de estruturas e infra estruturas, sem transporte digno,

pessoas que sobrevivem as margens, atuando como Exército de

Reserva do Sistema que pune, invés de educar.

Foucault sabia que o Sistema Prisional não integra ninguém a

sociedade, apenas cria um mundo infernal para quem não se enquadra

no modo de vida e de consumo capitalista. De Acumulação de riquezas

materiais, como carros, imóveis, jóias, roupas de grife, e por outro lado

massacrando a individualidade do trabalhador, os empregados dos

estabelecimentos dos diferentes setores do sistema econômico vigente.

Com seus horários rígidos e longos, as longas distâncias do trajeto

entre o trabalho e o local de moradia, fruto da Segregação Espacial

causada pela especulação imobiliária na Região Metropolitana de São

Paulo4.

O filósofo francês Pierre Bourdieu, diz: “ a estrutura das relações

entre o campo religioso e o campo do poder comanda, em cada

conjuntura, a configuração da estrutura das relações constitutivas do

campo religioso que cumpre uma função externa de legitimação da

ordem estabelecida na medida em que a manutenção da ordem

simbólica, ao passo que a subversão simbólica da ordem simbólica só

consegue afetar a ordem política quando se faz acompanhar por uma

subversão política desta ordem. ... a autoridade propriamente religiosa e

a força temporal que as diferentes instâncias religiosas podem mobilizar

em sua luta pela legitimidade religiosa dependem diretamente do peso

dos leigos por elas mobilizados na estrutura das relações de forçam

4 VILLACA, Flávio, 1998.


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entre as classes. ...”5 portanto o objetivo é romper com os discursos da

racionalidade hegemônica, através da interpretação dos fenômenos das

espacialidades e contemporaneidades em busca da identificação, não

apenas do que reluz diante do novo, mas que resiste e transforma. O

que resistir, são os Fundamentos de uma sociedade.

O homem comum, também tem consciência da Vida Real,

apesar de não saber a causa da causa das coisas (que é o

conhecimento filosófico), e também da Crise de Valores e banalização

do mal, vivenciados pela contemporaneidade. Mas não compreende

direito, como se posicionar diante da esquizofrenia coletiva que vivemos

em nossa contemporaneidade. Bourdieu complementa, afirma que

criadores e críticos das produções culturais da atualidade, são iniciados

que tem um conhecimento hermético, “... – isto ocorre porque a

intervenção do ‘grande público’ chega a ameaçar a pretensão do campo

ao monopólio da consagração cultural.”6

Contrapor essa cultura das aparências, herança deixada por

uma aristocracia escravocrata no Brasil, requer um Projeto Coletivo da

Sociedade baseado em valores, diferentes da nossa sociedade atual.

Hoje valoriza o consumo de um ideal de beleza desprovido de qualquer

sentido ou significado. Isso confunde as crianças e os jovens, o que é

perigoso para aqueles com famílias desestruturadas, pois sem

orientação podem seguir por caminhos que as tornem vítimas da

violência.

5 BOURDIEU, Pierre, 2005.


6 BOURDIEU, Pierre, 2005. (p. 107)
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O jurista Miguel Reale afirmou que o fenômeno jurídico possui 3

dimensões, na teoria tridimensional, o Modelo Jurídico é um conjunto

de normas que determina ação em contrato como constituição. Está

dividido em dimensões: fática, fenomenológica (axiológica) e normativa.

Tudo isso é cultural e portanto construído, suas relações são estudadas

na academia pelas ciências como Antropologia, Sociologia, etc.

Portanto está Fundamentado no Modo de Vida da sociedade que a

propõe7.

A ONU neste ponto tem papel fundamental na universalização

dos Direitos Humanos Fundamentais, em 1948 faz a Declaração

Universal dos Direitos da Pessoa Humana. Continua lutando para que

as nações em que estes, ainda não são respeitados pelo poder

temporal, sejam instituídos de forma democrática, como em Serra Leoa.

O que na prática quer dizer que o Direito Real está ligado ao momento

histórico, assim como o Renascimento só floresceu após a Igreja

Católica ter sido reformada, para então se realizar na dimensão física.

Espaço arquitetônico projetado pode inter-facear diferentes

atores ou soluções na busca por relações simbiônticas voltadas para

melhorar a qualidade de vida dos moradores das cidades

contemporâneas. Contrapondo a lógica do mercado imobiliário, guiado

pelos axiomas da economia capitalista. Assim o preenchimento do

espaço virtual, com lugares que permitam aos agentes e atores, que

atuam no espaço físico comum, se comunicarem em busca da

otimização de suas ações. Esse processo tem como conseqüência a

redução de custos operacionais; maior transparência, o que significa

7 N.A., 2007.
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maior confiabilidade; e a tessitura social. Este último, no sentido de se

formar um conjunto de idéias que permita caracterizar uma nação.

A consolidação da democracia pode acontecer por meio da

participação popular nas decisões sobre as Políticas Públicas no

território a ser blindado economicamente. Os Espaços de Sociabilidade

Virtuais servem para reivindicar as ações dos responsáveis legais, para

que assim todos e tudo possam conviver em harmonia, ajudando a

reduzir a violência estrutural imposta pelo modelo da Matriz Econômica

do Sistema Capitalista.

Mas a questão do real valor da terra, que é perene e que

portanto precisa ser muito bem cuidada, tal como uma jóia que se deixa

para as futuras gerações? Outra questão é a do Espaço Vital, ou seja, o

espaço necessário para a expansão territorial de um povo? Nosso

desejo, tentamos esboçar no desenho das vias, e também quando

estabelecemos o posicionamento dos usos que determinamos para a

Área de Proteção Ambiental (APA) “Odette Rocha” (Anexo I).

Para tanto, faltaria definir quais Relações de Sociabilidade entre

os homens, seus grupos e com a Estrutura do Prático Inerte8,

pretendemos estabelecer. É assim que serão determinados quais inputs

e outputs9 iremos ligar e desligar no local. Assim poderemos definir

quais espaços pedagógicos projetar; também como poderão estimular a

noção de cidadania, através da consciência de cidadania, formar o

cidadão; fazer a costura do Tecido Urbano na Estrutura do Suporte

8 SANTOS, Milton, 1996.


9 MODESTO, Luiz, 2007.
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Biofísico sem agredir sua dinâmica, bordado ponto a ponto. Tudo isso

definido pela tessitura das Relações Sociais.

Este é o Sonho: que todos juntos pudéssemos nos unir ao redor

do objetivo de projetar coletivamente o Espaço Público (o físico e o

virtual). No caso poderíamos até mesmo pensar na moda como forma

de identificar o indivíduo sem massificação, esta que na realidade

poderia ser algo mais clássico e ligado ao estilo, não a aquilo que é

efêmero, de forma a desestimular o consumo sem critério.

Frank Lloyd Wright, crítica a miséria do homem nas grandes

cidades afirmando: “nenhum cidadão pode criar algo além de

máquinas.”... “O cidadão verdadeiramente ‘urbanizado’ torna-se um

vendedor de idéias rentáveis, um viajante que explora as fraquezas

humanas especulando com as idéias e invenções dos outros, um

parasita do espírito”... “Ele trocou seu contato original com os rios, os

bosques, os campos e os animais pela agitação permanente, a

contaminação do óxido de carbono e um conjunto de celas de aluguel

instaladas sobre a rigidez de um solo artificial.”...” a própria vida é cada

vez menos ‘suportável’ na grande cidade. A vida do cidadão ‘urbanizado’

é artificial e gregária; torna-se a aventura cega de um animal

artificioso.”10

Wright fala também sobre democracia: “A democracia não pode

se permitir ao luxo de confundir a simples personalidade com a

verdadeira individualidade humana. Do mesmo modo como a vontade

10 CHOAY, Françoise, 2002.


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humana e o puro intelecto nunca poderão produzir uma individualidade

autêntica.”

Milton Santos, em 8/01/2001, disse em entrevista ao jornal Folha

de São Paulo: “A globalização, tal como ela se relaciona com o Brasil,

criou uma seletividade maior ainda no uso dos Recursos Públicos, que

se tornaram muito mais orientados para a vida produtiva que para a

problemática social.”

As idéias assim sem ligação com o local ficam fora do lugar, e o

lugar permanece fora das idéias11. A prática do Planejamento Urbano no

Brasil é bem diferente da retórica dos políticos brasileiros. Portanto qual

seria o melhor Sistema de Informação e Comunicação, que fosse capaz

de garantir a ética nas Relações Financeiras?

Pensamos em associar um SIC ao projeto físico da APA “Odette

Rocha”, através dele o espaço territorial seria apropriado, por um

caminho de relacionamentos com a Estrutura do Prático Inerte de

Sartre12. Através das novas tecnologias poderíamos ter consciência de

coisas que não conseguiríamos antes, enfim uma infinidade de

possibilidades de se relacionar visualmente, em tempo real, pela

internet, instrumentos novos voltados para o trabalho, diversão e Vida

Activa. E por que não, para elaborarmos nossa Razão Comunicativa

Habermasiana, potencializada a enésima potencia? Esta seria a quinta

dimensão segundo o filósofo e escritor Roberto Costa Pinho.

11 MARICATO, Ermínia. IN: ARANTES, 2000.


12 SANTOS, 1996.
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Uma alternativa ao atual Modelo Econômico Capitalista é a

Economia Solidária. No projeto físico da APA “Odette Rocha”,

procuramos através da preservação dos recursos hídricos, criar uma

simbiose entre aqueles que dividem o mesmo território. A permanência

das vias no topo e sobre a linha da jusante, tornam essas áreas já

naturalmente frágeis, mais suscetíveis a erosão. A Rede Hídrica é a

espinha dorsal, e determina como será o desenho das vias no local. Se

apenas repetíssemos o modelo de malha ortogonal, das vias usadas no

Tecido Urbano da maioria dos bairros de São Paulo, estaríamos criando

um novo processo de desertificação para a área, onde as nascentes

seriam suprimidas ou canalizadas, e a rede hídrica poluída.

Características que demonstram a falta de ética daqueles, que tomam

as decisões políticas e econômicas no território do Estado de São

Paulo.

Portanto para garantir a qualidade das ações dos atores e

agentes do território abrangido pelo projeto, no novo desenho do

Sistema Viário procuramos locar as vias a meia encosta, o que permite

a preservação dos topos, da mesma forma a linha do montante fica

protegida. As matas ciliares também foram preservadas, além de toda a

área de mata existente ter sido incluída como Área de Proteção, assim

como prevê a recuperação das áreas com feições de Capoeira e

Campo, conforme o desenho do Zoneamento da APA “Odette Rocha”.

Pensamos em permitir que haja diversificação genética para a

continuidade da Vida Silvestre dos animais terrestres. Isso propicia criar

Espaços de Sociabilidade entre a realidade do Suporte Biofísico e sua

Biodiversidade, dimensão a estar presente nas relações de

territorialidade que atuam no território supra delimitado. Essa escala


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afirma o local, onde também procura manter a mesma estrutura de

relações sociais, portanto se torna imprescindível esse nível de detalhe.

“O Espaço deixa de ser Espaço e passa e ser Tempo”13, através

de formas e fluxos que se relacionam na Estrutura do Prático Inerte.

Espaço é Natureza, o Planeta Terra é o espaço, o que é diferente do

nosso Universo Cultural que podemos chamar de mundo. Os Atores

Sociais agem com base em um Projeto Político de Sociedade, seus

Agentes, no Sentido de Pertencimento, são aqueles que possuem

Identidade Sócio Territorial. O Território é Divisão Política, e pode ser

dividido em Instância Social. É historicamente construído pelas ações

de toda a coletividade. Já aquilo que é territorial, segundo as teorias de

bases endógenas14, pode criar resistência ao processo de

globalização. São relações que se estabelecem no Espaço, físico ou

virtual, e que objetivam fortalecer a economia local. Isso acontece

quando existe Identidade Cultural dos usuários do Espaço, que

permitem assim o Acontecer Solidário, gerando uma Cultura da Paz.

Existe um sonho de uma sociedade solidária e utópica,

fundamentada15 no desenvolvimento endógeno e sustentável. Na qual

todos tenham oportunidades iguais desde o ventre materno, sendo o

bem estar do Ser Humano em todas as escalas, o seu foco. Neste

capítulo tentamos mostrar as possibilidades de Espaços de

13 SANTOS, Milton. 1996.


14 LEMES, Manoel. N.A., 2005.
15 SAWAYA, N.A.
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Sociabilidade com as pessoas e coisas que fazem parte do território da

antiga Fazenda São Roque.

Criar a infra estrutura necessária para que a Quarta Geração de

Direitos16 (definição criticada pelo professor Paulo Bonavides que afirma

que o Direito não pode ser fragmentado), seja materializada no Espaço

Pleno. A saber, entende-se que tais diretos se referem: aos Bio direitos;

a pluralidade Democrática; direito a informação; direito a comunicação

com outras esferas culturais. É preciso lembrar das mulheres, que são

oprimidas e vitimas facilmente de violência sexual, assim como dos

grupos sociais mais vulneráveis como as crianças, idosos e deficientes.

É preciso mudar a realidade atual na qual a constituição se

tornou uma expressão polissêmica, na qual cada um vê aquilo que quer.

Essa questão só poderá ser resolvida com espaços que possibilitem

amplas discussões com toda sociedade, pois a efetivação do Direito a

comunicação exige a criação de léxico comum e formação da Razão

Comunicativa Habermasiana.

Mas para que eles possam existir, o profissional arquiteto

planejador deve propor espaços onde possamos viver em comunhão

com aquilo que é natural, com animais, plantas e principalmente as

diferentes individualidades alheias17. Tarefa a ser realizada por um

numeroso time de pensadores do futuro, afinal nenhum projeto pode ser

16Idéia de Gerações de Direito foi criada por Kareo Vasak em 1979. (N. A.
Direitos Humanos Fundamentais – FD – USP), 2007.
17 FERRY, Luc, 1994.
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igual ao outro, visto que cada lugar existem diferentes especificidades

que comporão necessariamente diferentes projetos.

O trabalho do Arquiteto pode ser também desenvolver os

Sistemas de Informação Geográfica, posto que demandam Significação.

Isto feito os valores já presentes no cotidiano das comunidades, são

incorporados ao projeto, assim o local conseguira abrigar os inputs e

outputs projetados coletivamente pela sociedade, a consulta as

comunidades permite contextualização do lugar. É uma forma de

aproximar escalas tão distantes quanto as da unidade habitacional e da

cidade, isso pode romper com o condicionalismo sócio-cultural que

insere a unidade habitacional em um contexto mais complexo. Busca

também a preservação dos eventuais vínculos existes, assim como seu

fortalecimento.

Para melhor compreensão da resultante dessas ações e forças,

é necessária sua sistematização, o que possibilita uma manipulação

mais rápida e precisa destes dados, mostrando a realidade. Os

sistemas devem estar conectados a ‘blogs’ de acesso público, sobre os

problemas enfrentados pela administração pública no exercício de suas

funções.

Espaço Vital é expresso pelas necessidades territoriais de uma

sociedade em função do seu desenvolvimento tecnológico, isto segundo

Ratzel18. Já a Social Democracia inglesa, assim como outros

movimentos políticos, diz que é a razão de ser do Estado. Mas

infelizmente, No Congres Internacional d’Architecture Moderne, em

18 CASTRO, Iná E., CORREA, Roberto, GOMES, Paulo. 1995.


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1928 foi dito: “A Arquitetura Moderna reduziu o espaço individual, junto

com certas necessidades individuais, doravante desprovida de uma

verdadeira justificativa”. Ate hoje ninguém fez nada para devolver ao

brasileiro o Espaço Vital necessário para desenvolver outras formas de

viver, tornando-o escravos, condicionados a um Modo de Vida

Escravocrata, que chega na América Latina com a invasão portuguesa,

que dizimou milhões de tribos indígenas que partilhavam de um Modo

de Vida Livre de qualquer servidão. Então, como fazer justiça?

O arquiteto norte-americano Halprin abstraiu o conceito de

espacialização de uma peça musical de teatro, para o Processo

Participativo de Projeto, assim como todos os campo do esforço

humano. Esse método possibilita a incorporação de diferentes

dimensões ao mesmo tempo, com isso o primeiro projeto pode mudar

completamente, se assim todos preferirem. São ciclos que ele

estabeleceu quatro elementos de fundamentação: R = “Resource whit

are what you have to work with.”; S = Score (“a printed piece of music

showing at the parts for the instruments or voices”): descrição do

processo dominante do desempenho; V = Valuation -> avaliação com

análise de resultados das ações, possibilidades escolhidas e decisões

tomadas; P = Processo, aquilo que integra tudo.

A Paisagem ... “como conformação em câmbio de processos

naturais e humanos num sítio (lugar, região). É, portanto um termo

complexo, a implicar em sínteses diversas, posto que a realidade

‘designada’ é complexa e interativa. Como arquitetos creio que nos

interesse um conceito operativo para nossas práticas, as quais


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envolvem a intelecção e a organização do espaço em escalas

diversas19.

Lugar é também complexo de relações de localização

determinada, pode ser Espaço banal, cotidiano, da existência do

Evento. Lugar da percepção empírica do mundo, a cidade é local de

encontros, as cidades gregas possuíam cerca 5000 famílias, o que

determinava um número de aproximadamente 25000 pessoas. Platão

afirma que as cidades devem ter um limite, senão fica difícil manter a

ordem.

Os lugares se articulam horizontalmente no território e

verticalmente em rede para ação dos atores sub-locais e são únicos,

híbridos e singulares contem e são contidos pelo global. Sua

valorização deve ser orientada para além da valorização das formas do

lugar, compreendendo também o Sistema de ações do lugar,

preexistentes e potenciais. A relação da ação econômica no Território,

pode ser o meio do ensinamento do ciclo da água e das conseqüências

que o mesmo sofrerá, no caso da continuidade dos atuais: nível de

emissão de poluentes no Ambiente Natural; e utilização dos Recursos

Naturais sem os devidos estudos sobre o Impacto Ambiental dessas

ações.

Qual o Modelo de Sociedade que poderá sobreviver aos

problemas ambientais que existem no Planeta? Qual a filosofia

exemplifica as qualidades necessárias, e as ensinara à humanidade

sobre essa Nova Era de transformação para um modelo que privilegie o

19 SATO, Clara, 2007.


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real valor do Ser Humano e da vida no Planeta Terra? Qual o Modo de

Vida que deveremos adotar para sobreviver às catástrofes, provocadas

pelo homem, que estão por vir? Quem deverá estar (ou está) no

comando dessa transformação? Ela acontece de modo eficiente? Como

será a Matriz desse novo Sistema? Como garantir a estabilidade das

relações de Força e Poder?

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A n e x o :

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