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Atividade e Resumo para as turmas do 3º ano - Nação, Território e Estado

País e Estado

É necessário, contudo, estabelecer a diferença entre Estado e País. Enquanto o primeiro é uma
instituição formada por povo, território e governo, o segundo é um conceito genérico
referente a tudo o que se encontra no território dominado por um Estado e apresenta
características físicas, naturais, econômicas, sociais, culturais e outras. No nosso caso, o Brasil
é o país e a República Federativa do Brasil é o Estado.

Nação

Por outro lado, o conceito de Nação, por sua vez, também possui suas diferenças e
particularidades em relação aos demais termos supracitados. Nação significa uma união entre
um mesmo povo com um sentimento de pertencimento e de união entre si, compartilhando,
muitas vezes, um conjunto mais ou menos definido de culturas, práticas sociais, idiomas, entre
outros. Assim sendo, nem sempre uma nação equivale a um Estado, ou a um país ou, até
mesmo, a um território, havendo, dessa forma, muitas nações sem território e sem uma
soberania territorial constituída.

A Espanha é um exemplo clássico de Estado multinacional, ou seja, com um grande número de


nações vivendo em seu território. Existem os espanhóis, mas também existem os catalães,
uma nação atualmente sem um Estado soberano e, portanto, sem um território político
definido, além dos bascos, navarros e alguns outros. A maior parte dessas nações reivindica,
inclusive, a criação de seus Estados independentes, com a delimitação de seus respectivos
territórios, algo que ainda não foi conseguido.

Outro exemplo de nação sem território são os Curdos, conhecidos por serem a maior de todas
as nações sem um Estado correspondente, de forma que seu povo habita vários países
situados ao longo do Oriente Médio, no continente asiático. Essa nação vem solicitando a
vários países e instituições internacionais a criação de seu país, que se chamaria Curdistão.

Nacionalismo

Muitos Estados, para garantirem o exercício de suas soberanias em seus territórios, tentam
criar entre os seus habitantes um sentimento nacional, ou seja, a ideia de que aquele país
equivale a uma nação geral, o que costuma ser chamado de nacionalismo. O estímulo ao
nacionalismo é visto com bons olhos por muitas pessoas no sentido de essas valorizarem os
seus territórios e suas populações, mas é preciso ter cuidado, pois os fatos históricos já
demonstraram que um nacionalismo extremo pode provocar uma onda de fascismo. Nesse
caso, o governo e até as pessoas passam a considerar que a sua nação (ou “raça”) é
naturalmente superior às demais, justificando ações bélicas e formas de preconceito diversas,
tal qual foi o caso do Nazismo na Alemanha em meados do século XX.
Estado Nação

Um estado-nação é uma área geográfica que pode ser identificada como possuidora de uma
política legítima, que pelos próprios meios, constitui um governo soberano. Enquanto um
estado é uma entidade política e geopolítica, uma nação é uma unidade étnica e cultural. O
termo "estado-nação" implica em uma situação onde os dois são coincidentes. O Estado-nação
afirma-se por meio de uma ideologia, uma estrutura jurídica, a capacidade de impor uma
soberania, sobre um povo, num dado território com fronteiras, com uma moeda própria e
forças armadas próprias também.

O conceito de um estado-nação pode ser comparado e contrastado com o de um estado


multinacional, cidades-estado, impérios, confederações, e outras formações de estados dos
quais podem sobrepor-se. Ao longo da história, existiram estados-nações em diferentes
épocas e lugares do mundo, e atualmente representam a forma dominante de organização
geopolítica mundial.

O Estado nação é essencialmente formado por três elementos:

1. O Território

Território é uma área delimitada e definida pela relação entre diferentes indivíduos ou grupos.
Sua acepção pode ser tida, primordialmente, em dois aspectos distintos: no âmbito do direito
administrativo o termo irá se referir à porção da superfície terrestre onde existe a validade de
determinado contrato social (por exemplo: a Constituição da República Federativa do Brasil é
vigente em todo o território nacional); por outro lado, é um termo que se refere às inúmeras
interações humanas com o meio natural e que irão definir as diversas formas de expressão
desta interação (por exemplo: a paisagem urbana). Sendo muito utilizado nas ciências
biológicas para referir à porção da superfície terrestre onde determinada espécie ocorre (por
exemplo: animais territorialistas).

2. Um Povo

É unânime a necessidade do povo como elemento para a constituição e existência do Estado,


sendo certo afirmar, por isso mesmo, que não é possível a existência do Estado sem ele,
notadamente porque, em última análise, é para ele que o Estado se forma.

3. Soberania
A soberania está relacionada ao poder ou a autoridade exercida por um determinado
território.

Territorialidade

É um princípio de Direito que permite estabelecer ou delimitar a área geográfica em que um


Estado exercerá a sua soberania. Essa área geográfica é o território, que constitui a base
geográfica do poder. O território compreende a terra firme, as águas aí compreendidas
(exemplos: rios e lagos), o mar territorial, o subsolo, a plataforma continental, bem como o
espaço aéreo correspondente ao domínio terrestre e ao mar territorial.

Fronteiras

A fronteira é o limite entre duas partes distintas, por exemplo, dois países, dois estados. As
fronteiras representam muito mais do que uma mera divisão e unificação dos pontos diversos.
Elas determinam também a área territorial precisa de um Estado, a sua base física.

Principais tipos de fronteira:

Fronteiras políticas

O espaço onde o Estado Nacional exerce sua soberania também é chamado território. Esses
territórios são separados por limites, que muitas vezes são acidentes naturais (rios, lagos,
cadeias de montanhas). Algumas vezes, esses limites são apenas rua ou uma estrada. De
qualquer forma, construídos pela natureza, ou não, esses limites foram estabelecidos após
séculos de um passado que envolveu guerras, acordos, conquistas e tratados.

Se, por um lado, as fronteiras são elementos de separação de povos e culturas, elas podem
significar também uma aproximação entre nações vizinhas, quando essa separação territorial
não implica disputas e rivalidades.

As fronteiras políticas podem ser:

-Fronteiras efetivas, que representam limites territoriais reconhecidos internacionalmente,


como a fronteira entre Brasil e Uruguai.

-Fronteiras em litígio, onde existe um limite territorial de fato, sobre o qual não há acordo, ou
que está sujeito a arbitragem, como ocorre com Vene¬zuela e Suriname.

Existem ainda as fronteiros indefinidas, onde não foram demarcados limites fixos entre os
Estados; os limites mostram, apenas, áreas aproximadas de soberania, como, por exemplo,
entre lêmen e Arábia Saudita.
Podemos representar essas fronteiras através da cartografia. A cada um desses territórios
delimitados chamamos países. Hoje, no planisfério político, temos 192 países. Eram apenas 82,
em 1950. À medida que novos países são acrescentados no mapa-múndi, aumenta o número
de disputas de fronteiras internacionais.

Oceanos e as Fronteiras Políticas

Os oceanos também são objetos de legislação internacional, uma vez que são muito ricos em
recursos pesqueiros e exploração de petróleo, além de serem via de circulação de comercio
internacional e de turismo.

O Continente Sem Fronteiras

A Antártida é o único continente que não tem fronteiras políticas. Existe um acordo
internacional, o Tratado da Antártida, assinado em 1961.

Outras Fronteiras da Globalização:

Fronteiras Naturais

São determinadas por elementos da natureza. São as chamadas faixas de transição, que
funcionam como fronteiras entre ecossistemas diferentes. No Brasil, por exemplo, os
ecossistemas amazônicos e da caatinga são separados pela Zona dos Cocais (Meio-Norte). Em
escala global, os semi-desertos formam uma fronteira natural ao longo dos desertos.

Fronteiras Supranacionais

Fronteiras que separam grupos de nações. Tanto podem ser naturais (como as fronteiras entre
continentes e subcontinentes, como no caso das Américas, separadas do restante por oceano)
ou cultural (regiões com diferentes idiomas, religiões, etc) ou geopolítica (nações pertencentes
ao NAFTA, OTAN, etc).

Fronteiras Econômicas

Fronteiras econômicas: por fronteiras econômicas, podemos entender o processo de


formação de mercados regionais em todo mundo advindo da globalização ( como o Mercosul,
NAFTA, União Europeia, APEC) nos quais em muitos desses megablocos econômicos é
permitida a livre circulação de pessoas, bens e serviços, ou mesmo os limites econômicos entre
os setores de produção dentro de um determinado território, por exemplo no estado do Rio
de Janeiro temos um setor Metal-Mecânico no sul do estado e a atividade extrativista no
norte, com a exploração de petróleo, passando pela indústria têxtil na região serrana.

Fronteiras Culturais

Fronteiras culturais: as fronteiras culturais são os limites territoriais entre os grupos étnicos e
religiosos, caso por exemplo, dos índios no Brasil, ou num plano internacional, do povo Basco
na Espanha, ou do povo palestino. Em muitas dessas fronteiras podemos explicar conflitos
étnicos entre muitos desses grupos. Uma relação de uma determinada cultura impede que se
chegue a outra. O que acaba muitas vezes gerando esses atritos.

Fronteiras Tecnológicas

O mundo globalizado também têm sua fronteira criada pelas desigualdades sociais,
econômicas e de acesso à tecnologia: a linha que divide o mundo rico (países do norte) do
mundo pobre (países do sul).

Atividades:

1) A análise geográfica é feita a partir de várias lentes e conceitos. Assim, é preciso conhecer
bem esses conceitos para que a leitura da sociedade e do espaço seja feita de forma
adequada. Pensando por esse prisma, observe o conceito a seguir:

“É uma instituição formada por povo, território e governo. Representa, portanto, um conjunto
de instituições públicas que administra um território, procurando atender os anseios e
interesses de sua população.”

A que conceito refere-se a afirmação acima?

a) Território

b) Nação

c) Estado

d) Governo

2) A respeito do conceito de território, é correto afirmar que:


I) Ao nos referirmos ao território brasileiro, referimo-nos ao espaço soberano reconhecido
internacionalmente.

II) Os limites do território podem ser bem definidos ou não muito claros. As fronteiras podem
variar de acordo com o espaço em análise.

III) Na Geografia, há um consenso exato sobre o que seja o conceito básico de território. Esse
conceito é único para todas as análises espaciais, sociais e territoriais.

IV) É possível entender o conceito de território como sendo o espaço geográfico apropriado e
delimitado por relações de soberania e poder.

Estão corretas as alternativas:

a) I, III e IV.

b) I, II e IV.

c) I e III.

d) Todas as alternativas.

3) Complete as frases abaixo:

a) A palavra __________________, corresponde a um país soberano, politicamente organizado


em um território.

a) Estado b) Província c) País d) Território

b). Uma _______________ é formada por um conjunto de pessoas que construíram costumes,
tradições, histórias, formas de produzir e organizar-se em um território, conferindo-lhe
identidade cultural e espacial. Essa identidade coletiva gera uma consciência nacional que
compartilha hábitos, costumes, língua, religião e que, por sua vez, possibilita a construção de
uma história comum.

a) Governo b) Nação c) País d) Povo

4) Associe cada um dos termos aos seus respectivos conceitos.

(A) Estado (B) Nação (C) Território (D) País

( ) Território politicamente delimitado por fronteiras, com unidade político-administrativa, em


geral, habitado por uma comunidade com história própria. Possui um Estado constituído e
uma Constituição.

( ) Base física sobre a qual um Estado exerce sua soberania. Pode ser delimitado por fronteiras
naturais ou artificiais; é formado pelo solo continental e insular, o subsolo, o espaço aéreo e o
território marítimo.

( ) Coletivo humano que possui características comuns, como a língua e a religião. Seus
membros estão ligados por laços históricos, étnicos e culturais.
( ) Ordenamento jurídico que regula a convivência dos habitantes de um país. Dele fazem
parte o poder Legislativo, o poder Executivo e o poder Judiciário, País, nação, território e
Estado

5) Marque na segunda coluna a correspondência correta em relação a primeira coluna:

1º Coluna:

1- Limite

2- Fronteira

2º Coluna:

( ) Estabelecido por acordos e tratados.

( ) É uma faixa do território.

( ) Pode ser marítima ou terrestre.

( ) Definidos por acidentes geográficos ou marcos sobre o terreno.

6) Escreve V para verdadeiro e F para falso nas afirmações a seguir.

a) ( ) Todo país é um Estado-nação.

b) ( ) O Estado é a forma como a sociedade se organiza politicamente. É o ordenamento


jurídico que regula a convivência dos habitantes de um país.

c) ( ) Os tibetanos são exemplo de um Estado sem nação.

d) ( ) Não existe nação sem território próprio

7) Relacione:

a) País

b) Fronteira política

c) Território

d) Território marítimo

e) Estado

f) Nação

( ) É a forma como a sociedade se organiza politicamente; é o ordenamento jurídico que


regula a convivência dos habitantes de um país; o conjunto das instituições com seus
funcionários que organizam e administram a sociedade.
( ) É a faixa de mar que se estende da costa de um território até certa distância da mesma. O
estado exerce sobre o mar territorial sua soberania.

( ) Coletivo humano com características comuns; um povo que fala a mesma língua,que tem
as sua tradições , costumes e religião, ligados por laços históricos e culturais .

( ) É a base física sobre a qual um Estado exerce sua soberania; o território é delimitado por
fronteiras políticas . O território de um país é formado pelo solo continental e insular (cercado
de águas, como uma ilha), o subsolo, o espaço aéreo e o território marítimo.

( )Território politicamente delimitado por fronteiras com unidade político-administraiva


(Estado), habitado por uma comunidade (nação) com história própria representada.

8) O conceito de nação, por levar em conta aspectos considerados subjetivos, como identidade
e sensação de pertencimento, possui uma variedade de análises, com enfoques e
características distintas. A respeito da concepção de nação, assinale a alternativa incorreta:

a) Nem sempre uma nação equivale a um Estado ou a um país ou, até mesmo, a um território,
podendo haver, então, muitas nações sem território e sem uma soberania territorial
constituída.

b) Dentro do território espanhol existem várias nações, como a nação basca, catalã, navarra,
andaluz e galega.

c) Um exemplo conhecido de nação sem território definido são os curdos, que habitam vários
países ao longo do Oriente Médio.

d) As nações que não possuem território soberano delimitado, como os curdos e os bascos,
não almejam o reconhecimento de territórios. Historicamente foram construindo uma
trajetória de identificação e pertencimento ao Estado que os acolheu.

e) O conceito de nação foi utilizado muitas vezes como estratégia ideológica de manipulação
de uma população. Exemplo disso é a tentativa de construção do nacionalismo, em que
governos tentam criar entre os seus habitantes um sentimento nacional, ou seja, a ideia de
que aquele país equivale a uma nação geral.

9) “Alguns conflitos na Europa tiveram origem vários séculos atrás e relacionam-se ao processo
de incorporação de territórios e de grupos étnicos minoritários, como é o caso da dominação
inglesa sobre os irlandeses e a espanhola sobre os bascos”.

(Lucci, Elian Alabi; Anselmo Lázaro Branco e Cláudio Mendonça. Território e sociedade no
mundo globalizado: Geografia Geral e do Brasil. Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2005 p.390.)

Sobre o tema dos conflitos étnicos nacionais, assinale a alternativa correta:

a) Os povos bascos são marcados pela luta por autonomia da região basca e pelo
empreendimento separatista na Espanha, com o objetivo de se criar um País Basco, que
tomaria todo o território espanhol.
b) A Irlanda do Norte é uma nação independente da Grã-Bretanha, com quem forma apenas
uma integração territorial e econômica.

c) O grupo terrorista basco ETA, apesar de lutar pela criação do País Basco, não conta com o
apoio da maioria basca e, desde 2006, anunciou a deposição de suas armas.

d) A luta da Irlanda do Norte por sua independência frente ao território britânico foi marcada
por muitos conflitos e, ainda hoje, não existe previsão de pacificação entre as duas partes, com
a realização de atentados terroristas praticamente todos os dias.

10) (FATEC) “Palavras de ordem, símbolos, propaganda, atos públicos, vandalismo e violência
são, atualmente, manifestações de hostilidade frequentes contra estrangeiros na Europa. Os
países onde mais intensamente têm ocorrido conflitos são Alemanha, França, Inglaterra,
Bélgica e Suíça.”

(MOREIRA, Igor e AURICCHIO, Elizabeth. Construindo o espaço mundial. 3.ª ed. São Paulo:
Ática, 2007, p. 37. Adaptado.)

Sobre o fenômeno social enfocado pelo texto, é válido afirmar que se trata de conflitos:

a) civis e militares, relacionados às formas históricas de exploração dos países do chamado


Terceiro Mundo.

b) ligados ao nacionalismo, ao racismo e à xenofobia, no contexto globalizado das grandes


migrações internacionais.

c) entre imigrantes das diversas nacionalidades que invadem a Europa, atualmente, na disputa
por empregos e por melhores condições de vida.

d) culturais, principalmente causados pelo conflito armado entre países católicos e


protestantes, mas também, sobretudo, conflitos contra países islâmicos.

e) étnicos e sociais decorrentes das dificuldades de desenvolvimento de países europeus em


continuar a sua industrialização nos setores tecnológicos de ponta.

11)PUC-RIO)

CONTRA O VÉU ISLÂMICO — FRANÇA PROÍBE USO DA BURCA (14/10/2009)

CIGANOS EXPULSOS DA FRANÇA SERÃO 950 DENTRO DE UMA SEMANA (25/08/2010)

Fontes: Google.imagens.com.br e Vera Monteiro/Agências

A partir das imagens das reportagens selecionadas, responda o que se pede:


a) Explique o que é XENOFOBIA e como ela afeta a pluralidade cultural no espaço europeu.

b) Indique UMA CAUSA CULTURAL da proibição do uso do véu islâmico e UMA CAUSA
ECONÔMICA da expulsão dos ciganos pelo atual governo francês.

12)(UENP) Leia atentamente o fragmento de texto a seguir. Trata-se de uma entrevista com o
sociólogo Zigmunt Bauman.

Poderia falar mais amplamente sobre os riscos da modernidade?

Uma das características do que chamo de "modernidade sólida" era que as maiores ameaças
para a existência humana eram muito mais óbvias. Os perigos eram reais, palpáveis, e não
havia muito mistério sobre o que fazer para neutralizá-los ou, ao menos, aliviá-los. Era óbvio,
por exemplo, que alimento, e só alimento, era o remédio para a fome.

Os riscos de hoje são de outra ordem, não se pode sentir ou tocar muitos deles, apesar de
estarmos todos expostos, em algum grau, a suas consequências. Não podemos, por exemplo,
cheirar, ouvir, ver ou tocar as condições climáticas que gradativamente, mas sem trégua, estão
se deteriorando. O mesmo acontece com os níveis de radiação e de poluição, a diminuição das
matérias-primas e das fontes de energia não renováveis, e os processos de globalização sem
controle político ou ético, que solapam as bases de nossa existência e sobrecarregam a vida
dos indivíduos com um grau de incerteza e ansiedade sem precedentes.

Diferentemente dos perigos antigos, os riscos que envolvem a condição humana no mundo
das dependências globais podem não só deixar de ser notados, mas também deixar de ser
minimizados mesmo quando notados. As ações necessárias para exterminar ou limitar os
riscos podem ser desviadas das verdadeiras fontes do perigo e canalizadas para alvos errados.
Quando a complexidade da situação é descartada, fica fácil apontar para aquilo que está mais
à mão como causa das incertezas e das ansiedades modernas. Veja, por exemplo, o caso das
manifestações contra imigrantes que ocorrem na Europa. Vistos como "o inimigo" próximo,
eles são apontados como os culpados pelas frustrações da sociedade, como aqueles que põem
obstáculos aos projetos de vida dos demais cidadãos. A noção de "solicitante de asilo" adquire,
assim, uma conotação negativa, ao mesmo tempo em que as leis que regem a imigração e a
naturalização se tornam mais restritivas, e a promessa de construção de "centros de detenção"
para estrangeiros confere vantagens eleitorais a plataformas políticas.

Para confrontar sua condição existencial e enfrentar seus desafios, a humanidade precisa se
colocar acima dos dados da experiência a que tem acesso como indivíduo. Ou seja, a
percepção individual, para ser ampliada, necessita da assistência de intérpretes munidos com
dados não amplamente disponíveis à experiência individual. E a Sociologia, como parte
integrante desse processo interpretativo — um processo que, cumpre lembrar, está em
andamento e é permanentemente inconclusivo —, constitui um empenho constante para
ampliar os horizontes cognitivos dos indivíduos e uma voz potencialmente poderosa nesse
diálogo sem fim com a condição humana.

PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia. Entrevista com Zigmunt Bauman. Tempo soc. [online].
2004

Sobre a questão dos imigrantes na Europa, julgue a veracidade das proposições abaixo.
I. A França começou a ser lentamente islamizada, em consequência de ondas sucessivas de
novas migrações, nomeadamente das suas antigas colônias africanas, na sua maioria
islamizadas. O número de muçulmanos não parou de aumentar (cerca de 10% da população
francesa). Os grandes valores republicanos, com que a França integrava facilmente os
imigrantes europeus, começaram a não surtirem efeito. A França começou então a depurar as
suas referências culturais para se ajustar a esta nova realidade.

II. A Inglaterra e a Holanda adotaram um modelo próprio de integração: o multiculturalismo,


isto é, cada imigrantes pode ter os valores que quiser, viver como entender, praticar a sua
religião, mas não pode é interferir na ordem instituída. Tudo isto em nome da tolerância e dos
direitos do indivíduo. A verdade é que essas sociedades acabaram por entrar numa lógica
segregacionista: naturais para um lado, estrangeiros para outro.

III. A Alemanha e a Suíça levaram até às últimas consequências o modelo segregacionista,


impondo uma clara separação entre "naturais" e "imigrantes. Estes últimos são mantidos,
desde a sua chegada, a distância, sendo-lhes dito que não passam de mão-de-obra
descartável, sempre que a situação o exija. Apesar do elevado número de imigrantes turcos
existentes na Alemanha, a verdade é que apenas um pequeno número conseguiu naturalizar-
se alemão.

Pode-se afirmar que é(são) verdadeira(s):

a) todas

b) apenas II e III

c) apenas I e II

d) apenas I e III

e) nenhuma

13) (UERJ) Cada um, de cada lugar do mundo, tem de assinalar em seu endereço eletrônico o
país onde mora e de onde fala (.br, .ar, .mx, etc.); aquele que fala a partir dos EUA não precisa
apor .us ao seu endereço e, assim, é como se falasse de lugar-nenhum, tornando familiar que
cada qual se veja, sempre, de um lugar determinado, enquanto haveria aqueles que falam
como se fossem do mundo e não de nenhuma parte específica.

Adaptado de Carlos Walter Porto-Gonçalves In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do sa

ber. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

O texto acima contém uma reflexão acerca de um aspecto importante das redes mundiais de
produção e circulação de conhecimento. Segundo o autor, essas redes são marcadas pelo
conceito de:

a) pluralismo

b) autoritarismo

c) nacionalismo

d) etnocentrismo
e) idealismo

14) (UERJ) Um dos grandes desafios do século XXI para tornar o mundo melhor é o de
aprender a conviver com os outros, aceitar e respeitar os que são diferentes na cultura, na
religião, nos costumes, na sexualidade etc. A intolerância, os preconceitos, as discriminações e
o racismo, no entanto, vêm crescendo. Sobre esse assunto, é CORRETO afirmar:

a) o princípio de que todos os seres humanos são iguais, independentemente de sexo, cor da
pele, orientação sexual, local de nascimento, valores culturais, existe de direito e de fato nas
sociedades democráticas.

b) o racismo consiste numa tendência a desvalorizar certos grupos étnicos, sociais ou culturais,
atribuindo-lhes características inferiores e manifesta-se na segregação e rejeição de valores
culturais.

c) os neonazistas, os carecas, os arianos, entre outros, são grupos organizados que visam
combater os preconceitos, sobretudo contra migrantes pobres.

d) a xenofobia e a homofobia atingem em maior grau os indígenas, os negros e a mulher,


considerados inferiores em determinadas sociedades.

15) (UPB) Os movimentos separatistas - regionais, religiosos e étnico-nacionais - são marcas


que reordenam os territórios pertencentes a diversas sociedades mundiais. Em alguns países,
grupos étnico-nacionais diferentes convivem tranqüilamente, enquanto que, em outros, há
sérios conflitos e movimentos sociais que acabam redefinindo os territórios. Um exemplo é a
África do Sul, que, ao longo dos anos de 1980 e de 1990, com a questão do Apartheid, teve
vários conceitos associados a essa barreira ideológica. Nesse sentido, associe cada termo
citado, na 1ª coluna, ao respectivo significado descrito, na 2ª coluna:

(1) Muro Antiimigração

(2) Comunidade

(3) Identidade étnico-cultural

(4) Etnia

(5) Sociedade

( ) É contrário(a) ao espírito de cooperação, contraponto da relação bilateral em seu conjunto,


e prevalece para garantir a segurança na fronteira, gerando um clima de tensão entre as
comunidades fronteiriças.

( ) Está associado(a) a determinadas formas de organização social que surgem e se


desenvolvem através da experiência de grupos humanos identificados por crenças, normas,
idiomas e técnicas,

aprovadas pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.


( ) É constituído(a) por comunidades diferenciadas pela cor da pele, por uma cultura específica
e pela origem em uma dada população nacional.

A seqüência correta é:

a) 1, 3, 4

b) 1, 2, 3

c) 2, 3, 5

d) 1, 2, 4

e) 2, 4, 5

16) (UNIFACS) O perfil racial da Fundação Unipalmares é único na América do Sul e há poucas
como ela no mundo. O projeto excita e atrai muita gente, como Jairo Abud, professor titular da
Fundação Getúlio Vargas, que se apresentou à Unipalmares no início de 2005. A diretora,
acanhada, disse que não teria como pagá-lo. Ele respondeu: “Não estou perguntando quanto
ou como a senhora vai me pagar, estou dizendo que vou dar aula aqui”.

Inevitável provocar a diretora sobre o tema da democracia racial: “Minhas opiniões sobre isso
se

aprofundaram. Hoje eu posso falar a partir de um conhecimento empírico. Eu discordava da


democracia racial de Gilberto Freyre, sacava as dificuldades do negro. A importância disto aqui
é que nossos alunos têm uma melhoria macro: observo mudanças no modo de eles falarem,
de se comportar, a postura, as roupas, o padrão de consumo. Eles começam a ler e selecionar
o que lêem. Não importa o que aconteça daqui pra frente, nós já conseguimos fazer nosso
aluno entender que aqui ele pode, e alguém da família dele pode também. Olha, estou
vivendo a democracia racial pela primeira vez”.(ZIBORDI, 2007, p. 8).

A questão racial no Brasil tem suas origens históricas na escravidão e na situação do negro
após a Abolição. Ações políticas, como a da Unipalmares, representam, no contexto da
sociedade brasileira,

a) uma comprovação da existência da democracia racial no país, fruto da miscigenação étnica


que deu origem ao povo brasileiro.

b) uma política de ação afirmativa, que, através de mecanismos compensatórios, busca corrigir
uma injustiça social no país.

c) o reforço do preconceito racial, pois prova a incapacidade intelectual dos negros para
ingressarem na universidade sem mecanismos facilitadores.

d) a tese de que a diferenciação ocorre por critérios sociais e não de cor, na medida em que
não existem manifestações de racismo na sociedade brasileira.

e) um retrocesso, ao permitir o ingresso na universidade de pessoas desqualificadas,


utilizando-se apenas do critério racial e nenhum mecanismo de aferição de conhecimento

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